Olá alunos,
Mais uma vez, trataremos de um pensador econômico sobre o qual nos debruçamos ao longo do curso: John Maynard Keynes. Também com base em uma adaptação de trechos do livro "A Economia das Crises", será oferecida uma breve exposição acerca do seu princípio da demanda efetiva.
Esperamos que gostem e participem.
Lucas Dadalto e Silvana Gomes
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
O economista mais importante que surgiu da Grande Depressão
– e provavelmente o mais importante economista do século XX – foi John Maynard
Keynes. Seu mais famoso trabalho foi a Teoria
Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, publicado em 1936. A Teoria Geral é um trabalho extremamente
complexo e desafia qualquer interpretação fácil. Talvez seja mais simples
entender Keynes se observarmos o modo como ele se afastou do caminho trilhado
pelos economistas das escolas Clássica e Neoclássica.
Na década de 1930, a
maioria dos economistas ligados a esses campos acreditava que a economia era
capaz de se autorregular. Além disso, eles supunham que o pleno emprego é o
estado natural dos acontecimentos e que, quando os salários sobem demais, a
economia inevitavelmente se contrai. Com o aumento do subemprego, os salários
começam a cair. Conforme o senso comum, quando os salários caíam, os
empregadores começavam novamente a admitir pessoal, incentivados pela
perspectiva de maiores lucros. O ciclo então começa de novo.
Keynes abordou o problema de uma perspectiva inteiramente
diferente. O que de fato determina os níveis de emprego, argumentava ele, é a
demanda efetiva ou agregada – a demanda coletiva por bens e serviços numa dada
economia; se os salários forem cortados e os trabalhadores demitidos, as
pessoas consomem menos, e a demanda cai. Esse argumento contradizia o sendo
comum da época. Com a queda da demanda, os empresários relutariam em investir,
o que levaria a novos cortes de salários ou demissões.
Do mesmo modo, os consumidores comuns poupariam mais e
gastariam menos – objetivos louváveis, com certeza, mas isso deprimiria ainda
mais a demanda. Segundo Keynes, esse tipo de retração se tornaria um ciclo
automático, com a economia entrando em “equilíbrio de subemprego”, um estado de
animação suspensa no qual os trabalhadores continuariam desempregados e as
fábricas fechariam. Então, com a demanda menor que a oferta de bens, as
empresas seriam forçadas a baixar os preços para vender suas mercadorias; essa
deflação – que fora grave durante a Grande Depressão – reduziria ainda mais os
lucros e os fluxos de caixa.
Ele percebeu que tal processo era conduzido mais pelo
coração que pela mente. Em tudo isso, Keynes reconheceu que as decisões
econômicas não resultam de um mero cálculo matemático: são impulsivas e
condicionadas pelos acontecimentos, incertas e condicionais. Para Keynes, a
solução era simples: o governo interviria e criaria demanda, invertendo a
espiral descendente. Essa ideia tornou-se uma ortodoxia nos anos do pós-guerra,
quando governos no mundo inteiro adotaram as recomendações de Keynes, com o
intuito de evitar que as crises econômicas se aprofundassem.
Esse texto é uma adaptação de trechos extraídos das páginas 57-60
do livro "A Economia das Crises", cujos autores são Nouriel Roubini e
Stephen Mihm.