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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Convite!

Seminario_Analise_Conjuntural

Alunos, viemos convidá-los a participar do 1º Seminário de Análise Conjuntural de 2018


"O IBRE, o Instituto Brasileiro de Economia da FGV, convida para o 1º Seminário de Análise Conjuntural de 2018. Na ocasião, se apresentarão as projeções do Instituto para o crescimento do PIB e de outras variáveis macroecômicas, além de análises do comportamento da inflação, das políticas fiscal e monetária, das expectativas dos agentes econômicos, da economia internacional e do mercado de trabalho.

No encontro também se analisarão as perspectivas para as eleições deste ano e os impactos que a economia poderá ter sobre o resultado eleitoral."



Será no dia 08 de março de 16h às 18h, no Auditório FGV 9 de julho - Rua Itapeva, 432, térreo, Bela Vista, São Paulo/SP.




quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O espetáculo circense de Davos

trump
Olá alunos.
A notícia de hoje traz uma opinião do economista Delfim Neto sobre a situação da última reunião anual de Davos.
Esperamos que gostem e participem,
Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
A melhor definição das reuniões anuais de Davos é do ilustre ministro Rubens Ricupero: “Um circo com muitos picadeiros”. Trata-se de uma vitrine para expor as preocupações dos poucos milhares materialmente mais bem-sucedidos cidadãos do mundo em relação aos bilhões que não tiveram a mesma sorte.
A sensação de Davos foi o presidente Trump. No seu discurso – surpreendendo o auditório –, relativizou o seu conceito de “isolacionismo”. Tentou mostrar que “América Primeiro” não é, exatamente, “América Sozinha”. Sem surpresa, reafirmou seu preconceito contra a imprensa livre, chamando-a de “nojenta e perversa”.
Sua mensagem foi clara. “Não pode haver livre-comércio se alguns países exploram o sistema à custa de outros”... “Não vamos mais fechar os olhos para práticas econômicas injustas, incluindo o roubo em larga escala de propriedade intelectual, subsídios à indústria e planejamento econômico conduzido pelo Estado.”
Reabriu as questões que tem tratado com pouca inteligência desde a campanha eleitoral, dando a entender que tudo o que disse pode ser revisto... desde que se mudem as regras do jogo! O problema é que o “jogo”, a atual “ordem” mundial, é produto do planejamento geopolítico dos próprios EUA, desde o fim da Segunda Guerra Mundial. As facilidades concedidas à recuperação rápida da Alemanha e do Japão, ocupados por eles, destinavam-se a criar obstáculos na Europa e na Ásia à expansão soviética.
A própria China é produto de uma rara personalidade, Deng Xiaoping, e do inteligente oportunismo da política externa dos EUA. Quando Mao se separou de Stalin, juntou a “fome” com a “vontade de comer” que Nixon e Kissinger souberam aproveitar para isolar ainda mais a União Soviética, que, finalmente, sucumbiu em 1989.
O discurso de Trump foi uma verdadeira confissão de culpa que deveria ter sido seguida por um pedido de desculpas. O mundo que está aí é produto da “Pax Americana”, isto é, da estratégia geopolítica americana dos últimos 70 anos. A questão central é por que Trump se elegeu, apesar de sua falta de compostura e do seu viés autoritário no que se supõe ser a mais sólida democracia do mundo?
A resposta é: porque sua mensagem atingiu setores minoritários que há mais de 40 anos sofrem as agruras da aceitação, pelos políticos, de uma teoria do comércio internacional que há 200 anos chama atenção para as “vantagens” da liberdade comercial, sem considerar que a adaptação da economia real pode levar à punição e ao desperdício por muitos anos do mais nobre fator de produção: o trabalho humano.
Os economistas que assessoraram os governos nessa política venderam “ideologia” como ciência. Recentemente, pesquisas empíricas mais cuidadosas mostraram que a liberalização do comércio sem as precauções necessárias aumenta mesmo a produtividade do trabalhador que continua empregado. O problema é que, sem atenção necessária aos que deverão ser deslocados, isso pode gerar um desperdício do fator trabalho acompanhado por uma inconveniente redistribuição da renda.
Um exemplo típico dessa ideologia é a afirmação apodítica do talvez maior teórico atual do comércio internacional, Paul Krugman, Nobel de 2008: “A recomendação dos economistas pela liberdade de comércio é essencialmente unilateral: ao adotá-la o país serve aos seus próprios interesses, não importa o que os outros façam” [Journal of Economic Literature, 35(1)1997: 113-120]. Perguntem para ele o que pensa hoje, ou melhor, leiam o que ele vem escrevendo (e aconselhando!) mais recentemente.
É claro que a eleição de Trump é um fenômeno muito mais complexo que tem muitas “causas”, algumas não independentes. Em 11 de janeiro de 2018, o New York Timespublicou um interessantíssimo artigo de T. B. Edsal, “Robôs não votam, mas eles ajudaram a eleger Trump”, em que usa os resultados de um finíssimo artigo de D. Acemoglu e Restrepo, P. (“Robots and Jobs: Evidence from US Labor Market” – 17/3/2017), que conclui que o uso de mais um robô/1.000 trabalhadores tende a reduzir a relação emprego/população entre 0,18% e 0,34%, e os salários entre 0,25% e 0,50%.
A correlação inversa entre a densidade de robôs/1.000 trabalhadores e a densidade de votos de Trump é notável, um efeito que se somou às consequências das importações da China e do México. Diante desses fatos, a conclusão “otimista” de Davos-2018 não pode deixar de ser preocupante.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Qual é o caminho do desenvolvimento?

DESENVOLVIMENTO
Olá alunos.
A notícia de hoje discute um pouco os caminhos do desenvolvimento nacional, tendo em vista a atual conjuntura social, econômica e política do país.
Esperamos que gostem e participem,
Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
A retomada do desenvolvimento exige a recomposição do Estado, atingido por mudanças significativas executadas sem o devido cuidado e o necessário debate. Para assumir essa reconstrução, a sociedade precisará desafiar os limites do mercado, isto é, admitir que ele não é algo natural e imutável, mas uma construção política.
O encaminhamento do processo requer ainda a rejeição da versão apresentada pelos países avançados acerca da sua própria evolução econômica, base das imposições que eles fazem aos subdesenvolvidos e aos emergentes através de organismos como FMI e Banco Mundial. Foram estas algumas das análises e proposições apresentadas no Fórum do Desenvolvimento, realizado, em dezembro, em Belo Horizonte, pela Associação Brasileira de Desenvolvimento, Banco Interamericano e Organização das Cooperativas. 
É preciso ignorar o que as principais nações pregam e tomar como referência somente a sua prática, recomendaram alguns conferencistas. Ao contrário do que dizem os desenvolvidos, seu progresso teve por base as mesmas políticas que hoje condenam quando realizadas por países em busca do avanço econômico, a exemplo do uso de companhias estatais, manutenção de empresas privadas nacionais no País, protecionismo, subsídios, crédito favorecido e apoios de toda ordem à indústria. 
O sistema nacional de fomento representado pela ABDE é formado por 30 instituições detentoras de 50% dos ativos financeiros domésticos e teve importância fundamental nos períodos de desenvolvimento do País. Um dos seus integrantes, o BNDES, é o terceiro maior banco do gênero no mundo, financiador das principais obras de infraestrutura e do parque industrial doméstico. O Banco do Brasil, a Caixa, os bancos do Nordeste, da Amazônia e de Desenvolvimento de Minas Gerais, do Espírito Santo e do Extremo Sul fazem parte do grupo.
A distância entre a situação atual do País e a meta do desenvolvimento dá uma ideia da envergadura do desafio. Nos últimos anos, além da recessão ocorreu também uma mudança no perfil de crescimento, perceptível no comportamento do chamado PIB potencial. Esse indicador mede a capacidade produtiva instalada, portanto, aumenta quando se investe em produtividade e capital e é um bom sinalizador do desempenho futuro da economia.
“Em 2008 e 2009, tivemos uma recessão, mas o PIB potencial foi pouco afetado naquele momento, assim como em outros movimentos cíclicos. Agora a economia está se recuperando em termos de PIB observado, mas não de PIB potencial, e essa é uma revelação muito triste sobre o Brasil. É a certeza do crescimento futuro que faz com que os atores invistam hoje, mas de país do futuro nos tornamos o país da dúvida”, criticou Carlos Alexandre Jorge da Costa, diretor de Planejamento, Crédito e Tecnologia do BNDES.
De 1999 a 2013, disse, a renda per capita nacional cresceu 1,9% no Brasil e 1,6% na média dos países da OCDE. “Muitos se contentam com isso, mas o País já almejou mais, e quando aceita um desempenho tão baixo é porque parou de sonhar, acomodou-se, jogou a toalha do desenvolvimento. Nesse ritmo de 1,9% ao ano, demoraríamos 335 anos para atingir a renda per capita da OCDE. Temos de ser mais ambiciosos, acelerar o nosso PIB potencial com mais investimento e maior produtividade”, alertou o diretor do BNDES.
Aos problemas econômicos somam-se dificuldades político-institucionais. “O Estado, decisivo no desenvolvimento, passa no Brasil por mudanças significativas feitas sem o devido cuidado e o necessário debate com a sociedade”, analisou Marco Aurélio Crocco, presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
Não existe capacidade de gerar desenvolvimento, que requer investimento, planejamento de longo prazo e coordenação, se as instituições não estiverem funcionando minimamente, sublinhou Crocco. É preciso que os Poderes exerçam o seu papel, moderado por pesos e contrapesos e que a sociedade possa se articular e se expressar de forma organizada. Ninguém investe sem garantia de que as mesmas regras de interpretação dos fatos vigentes hoje valerão também no futuro.
“Se o País não recuperar a normalidade institucional, política e social, viveremos uma ruptura muito séria. O impeachment, do modo como foi feito, passou a sensação de que tudo é possível. Setores da sociedade tentam abocanhar o máximo, acreditam que podem fazer qualquer coisa. Aumento dos planos de saúde para idosos, mudança do Código Florestal, extinção de leis trabalhistas, tudo é alcançável para quem tem mais poder e acesso àqueles que legislam. No comportamento social, o aumento das agressões, da homofobia, os escrachos contra os artistas indicam a mesma percepção de “vale tudo”. Os limites de poder e os canais para disputar ideias e fazer acordos, isso acabou. Nessas condições, não há como ter desenvolvimento econômico sustentável”, apontou Crocco.
Novos movimentos nos Estados Unidos e na Europa sugerem, entretanto, a possibilidade de se encerrar o ciclo mundial de mais de 30 anos de neoliberalismo, previu o professor de Economia de Cambridge Ha-Joon Chang, no evento da ABDE. Essa ideologia falhou por completo, disse, e as evidências do fracasso são o irrisório crescimento mundial nos últimos 25 anos e o aumento assustador da desigualdade. “O salário médio dos EUA está congelado desde os anos 1960. Uma falha clara da política neoliberal”, ressaltou Chang.
O fiasco e os estragos do neoliberalismo reavivaram a importância de os países subdesenvolvidos e os emergentes extraírem lições do percurso das nações avançadas quando estas procuravam se desenvolver. Todas foram um dia ex-fornecedoras de matérias-primas e produtos de baixo valor agregado e só conseguiram ascender com a utilização ampla do Estado, do protecionismo e dos subsídios, chama atenção o professor. Seguiram, portanto, o rumo oposto ao preconizado pelo neoliberalismo e assim tiveram êxito. “É preciso dizer aos neoliberais que seus automóveis Toyota só existem porque o Japão foi protecionista”, sugeriu o economista.
Toyota foi inaugurada em 1926 como fabricante de máquinas têxteis simples e em 1933 passou a produzir carros. O governo japonês impediu, em 1939, a entrada das concorrentes General Motors e Ford e anos depois chegou a financiar a montadora nacional com dinheiro do Banco Central. A primeira exportação para os EUA, do modelo de passeio Toyopet, em 1958, foi motivo de orgulho para os japoneses.
Os experientes compradores norte-americanos relutaram, entretanto, em adquirir um carro proveniente de um lugar onde eram fabricados apenas produtos de segunda categoria. As vendas do subcompacto foram um fiasco e o fabricante retirou-o do mercado americano. O desastre provocou um grande debate no Japão. Os liberais disseram que o Estado nem deveria considerar o investimento no setor e precisava abrir o país para as marcas estrangeiras. Muitos argumentaram que a empresa deveria se restringir ao seu negócio original de fabricação de máquinas têxteis, posto que o principal item de exportação era a seda. “Os protecionistas prevaleceram, entretanto, e hoje a Toyota é a maior indústria automobilística do mundo”, ressaltou Chang.
O caso do Japão, disse, está longe de ser excepcional. Todos os países ricos, exceto a Holanda e a Suíça, usaram o protecionismo por longos períodos para desenvolver suas economias. Essa é a história do capitalismo e ela mostra que a ortodoxia está errada. É preciso contestar a teoria de que o mercado não pode ser questionado pela sociedade e pela política. Não é um fenômeno natural, mas um constructo político, e sem desafiar os seus limites não se constrói uma sociedade decente. Ele é importante, sim, mas acompanhado de proteção e regulação, ensinou o professor.
As hoje execradas empresas estatais, por exemplo, foram fundamentais na estruturação das economias avançadas. Tiveram papel-chave nas industrializações da Alemanha nos setores têxtil e siderúrgico, e do Japão, nos segmentos siderúrgico e de construção naval. Foram usadas extensivamente também na França, Finlândia, Noruega, Taiwan e Cingapura no pós-Guerra.
Mesmo nos Estados Unidos, que se vangloriam de ter só 1% do PIB proveniente de estatais, as Forças Armadas desenvolveram de modo pioneiro os computadores, a internet, o GPS, os semicondutores, os aviões sofisticados e os principais elementos do iPhone, todos de ampla utilização pelo setor privado. Sem a Petrobras, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Eletrobras, a Embrapa e ex-estatais como a Embraer, cabe acrescentar, o Brasil jamais teria estruturado a indústria e o agronegócio moderno e seria só um exportador de primários, condição à qual corre o risco de retornar sob o atual governo.
O neoliberalismo demonizou de tal modo o Estado – escreveu Chang em Bad Samaritans: The Guilty Secrets of Rich Nations and the Threat to Global Prosperity – que a Singapore Airlines, a mais premiada companhia aérea do mundo, não anuncia que é estatal. A Renault, a coreana Posco e a Embraer escondem o fato de terem se tornado empresas de classe mundial antes de serem privatizadas. Poucos sabem que o governo da Baixa Saxônia, na Alemanha, é o maior acionista da Volkswagen, com participação de 18,6%.
A Posco é um dos inúmeros exemplos de sucesso industrial viabilizado pelo Estado. No início dos anos 1960, o Banco Mundial negou o pedido da Coreia do Sul de financiamento para construção da sua primeira usina siderúrgica, alegando que o projeto era inviável. Naquela época, observou Chang, a renda per capita do país era 3% da dos Estados Unidos, enquanto a do Brasil era 2,5 vezes maior do que a coreana.
Os principais itens de exportação eram peixes, roupas baratas, perucas e placas de madeira compensada. Sem jazidas de ferro e de carvão, que são as matérias-primas básicas da siderurgia,  e impossibilitada de importá-las da China por causa da Guerra Fria, precisaria adquiri-las na Austrália. O governo coreano assumiu, entretanto, o empreendimento e, em 1973, a empresa tornou-se uma das mais eficientes do setor e uma das maiores do mundo.
Segundo Chang, “há ainda quem diga que nos subdesenvolvidos o histórico da ação estatal é péssimo, mas os números mostram que os anos de substituição de exportações foram muito melhores”. Entre 1960 e 1980, de estatização significativa, o PIB per capitacresceu 3,1% em média na América Latina, enquanto na era neoliberal, de 1980 a 2016, avançou só 0,8%. Na África Subsaariana, as médias foram 1,6% e 0,3%. Nos países desenvolvidos, o crescimento foi de 3% no primeiro período e de 2,5% no segundo.
“As pessoas acham que a Inglaterra inventou o livre-comércio, mas só conseguiu chegar à sua posição por meio do subsídio, com políticas semelhantes àquelas que seriam adotadas por Japão e Coreia. Por 130 anos, as maiores tarifas de importação foram as inglesas. Adam Smith dizia o que o Banco Mundial diz hoje: não tentem se industrializar artificialmente, isso será ruim. Evidentemente, os americanos não deram bola para isso: o presidente Thomas Jefferson disse que tal proposição era ridícula. Até a Segunda Guerra Mundial, os EUA permaneceram como um dos países mais protecionistas do mundo”, contabilizou o professor.
Quem combate a industrialização dos subdesenvolvidos e emergentes quase sempre enaltece o papel do setor de serviços, apontado como a redenção nessa suposta era pós-industrial. Não é bem assim, sugere a análise de Chang de que há  “enorme exagero” na história de sucesso do comércio de serviços da Índia, enaltecida pelos neoliberais: “Entre 2008 e 2016, o superávit do setor de serviços atingiu 1,1% do PIB, irrisório diante do déficit comercial de mercadorias, de 14%. Se não aumentar em sete vezes seu superávit de serviços, a Índia não poderá manter seu ritmo de crescimento sem sérios problemas no balanço de pagamentos. Especializada em serviços de baixa intensidade de conhecimento, o pequeno êxito do país é muito vulnerável ao avanço da inteligência artificial. Quem acha, portanto, que aqui no Brasil a desindustrialização vai funcionar, cuidado!”, alertou o economista.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Os riscos para a economia mundial em 2018

Wall Street
Olá alunos.
A notícia de hoje comenta, a partir da perspectiva de três especialistas, alguns dos riscos que poderiam afetar a economia global em 2018.
Esperamos que gostem e participem,
Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Riscos estão sempre rondando qualquer economia.
Alguns podem ser mais difíceis de se antecipar do que outros, como uma guerra, um colapso repentino dos mercados financeiros ou um desastre natural de grandes proporções.
Mas, em determinados casos, há sinais que alertam os economistas para potenciais ameaças e que permitem fazer previsões no curto e no médio prazo.
Neste início de 2018, diversos organismos internacionais listaram as possíveis ameaças à economia mundial. Apesar da previsão de crescimento de 3,1% para este ano, ainda existem incógnitas e ameaças latentes.
Confira abaixo algumas dos riscos projetados para o ano, de acordo com especialistas consultados pela BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC:

José Juan Ruiz, economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID):

Riscos geopolíticos e de estabilidade das instituições e das regras globais. Qual será o futuro da Organização Mundial do Comércio e do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)? Haverá uma escalada das tensões entre EUA e Coreia do Norte, ou entre EUA e China? Estas são algumas das incertezas que podem prejudicar a economia.
Queda do crescimento da produtividade, tanto em países desenvolvidos como emergentes. Hoje a produtividade cresce menos do que no passado, porque mundo ainda não sabe como utilizar bem as novas tecnologias nos sistemas produtivos. Outro elemento que influi nessa dinâmica é o envelhecimento crescente da população, que diminui a faixa dos economicamente ativos.
A surpresa da inflação. Há um consenso amplo no mundo de que estamos em uma fase de inflações estruturalmente baixas, com condições monetárias muito favoráveis e mercados abundantes que criam riqueza financeira com pouca volatilidade. Isso provocou uma sincronização da recuperação econômica. Mas, se a inflação subir nos Estados Unidos (que é o esperado), pode haver um aumento na taxa de juros e mudanças nesse cenário.
Aumento dos níveis de endividamento do setor privado e também dos próprios países. Com isso, alguns recursos que seriam usados em investimentos ou em programas sociais terão que ser destinados a pagar a dívida.
Há um dilema moral. As empresas precisam apostar no bem comum, e não apenas nos lucros dos acionistas. Isso é um risco, mas levanta a questão sobre como elas podem ganhar legitimidade perante uma sociedade cada vez mais cansada do aumento da desigualdade. Eu acredito que esse debate pode ter um efeito importante.

Alicia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal):

Mudança climática. Este é o maior desafio que estamos enfrentando. O aquecimento global, os desastres naturais, a escassez de água e a contaminação podem colocar 122 milhões de pessoas na pobreza extrema, além das que já estão nessa situação hoje.
- Crescente desigualdade. O aumento da desigualdade de renda e a polarização social são consequências adversas da hiperglobalização, especialmente no mundo desenvolvido. Hoje existem oito pessoas que concentram uma riqueza equivalente à de 50% da população mundial mais pobre. A desigualdade ameaça a sustentabilidade econômica e social do atual modelo de desenvolvimento; seus custos ameaçam o bem-estar, o investimento e a inovação.
Diminuição da confiança na democracia. Uma cultura baseada em privilégios transforma as diferenças em desigualdades. Estas tensões sociais, combinadas com incertezas, têm enfraquecido a confiança pública nas instituições democráticas.
Crise do multilateralismo. Os grandes e persistentes desequilíbrios na conta corrente dos países, juntamente com as mudanças de localização de empresas e a piora nas condições de trabalho, têm provocado um ressurgimento do protecionismo em muitos lugares. Isso, combinado com negociações comerciais ineficientes, enfraquece o sistema de comércio multilateral internacional.
Impacto desigual da revolução tecnológica. Mais de 40% da humanidade continua desconectada, não participa e nem tem voz na nova economia digital. Assim como as novas tecnologias redefinem os produtos e o mercado de trabalho, a distribuição desigual e o consumo dessas tecnologias afetam o crescimento e criam novas desigualdades.

Carlos Arteta, economista líder do Grupo de Perspectivas Globais de Desenvolvimento do Banco Mundial:

Endurecimento abrupto das condições internacionais de financiamento. Isso pode acontecer caso os mercados financeiros reavaliem a velocidade com que os bancos centrais doa países desenvolvidos normalizam suas políticas monetárias. Por exemplo, se a inflação nessas economias crescer mais do que o previsto.
Reajuste muito rápido nos mercados de ações. Este risco tem aumentado devido a níveis muito altos registrados nas bolsas de valores mais importantes do mundo, assim como baixas taxas de juros. Essas condições poderiam mudar rapidamente e gerar tensão financeira.
Aumento das restrições ao comércio. A ameaça tem crescido diante das tendências protecionistas de algumas das economias mais importantes do mundo, como a dos Estados Unidos.
Crescimento da incerteza na política econômica. Mudanças drásticas na condução da economia poderiam afetar as decisões de investimento.
Aumento das tensões geopolíticas. Um endurecimento das tensões na península coreana ou no Oriente Médio, por exemplo, poderia minar a confiança e prejudicar a atividade econômica.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Reforma trabalhista: Entre mitos e retrocessos

Olá alunos.
A notícia de hoje oferece dura crítica, mais pelo aspecto jurídico, à reforma trabalhista.
Esperamos que gostem e participem,
Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Desde 1943, os trabalhadores brasileiros têm na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) a base legal que rege os contratos de trabalho, em geral. Em 1988, a Constituição chamada cidadã veio consagrar, como direitos sociais, diversos direitos trabalhistas, desde a garantia do salário-mínimo para todos até a proteção ao mercado de trabalho da mulher, passando pela fixação expressa da duração máxima do trabalho a oito horas diárias e 44 horas semanais.
Muito mais que tratar da compra e venda da força de trabalho, ambas as normas conceberam o trabalhador como sujeito de direitos. E, se este arcabouço normativo não é ainda o ideal, é, certamente, um patamar mínimo interessante, que pode ser melhorado. Ocorre que o advento da Lei 13.467/2017, a chamada reforma trabalhista, traduz-se em movimento contrário, pois promove o desmonte da teia de proteção jurídica trabalhista.
Sem o efetivo debate em torno do seu texto com os destinatários de mudanças tão profundas – a sociedade, tal lei, cuja vigência se inicia neste sábado (11), padece não apenas do vício de ilegitimidade, mas viola frontalmente a Constituição Federal, os tratados e convenções internacionais, em especial os da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e os princípios basilares do direito do trabalho.
A dita reforma trabalhista consagra práticas há muito combatidas, como o trabalho intermitente (contratação de funcionário por períodos específicos), a pejotização e a terceirização. Todas elas são a verdadeira tradução da negativa de direitos mais básicos, como o de todo trabalhador ter uma relação de emprego protegida contra despedida arbitrária, por exemplo, direito expressamente assegurado na Constituição.
Não se sustenta do ponto de vista teórico, nem empírico, a relação entre a precarização das relações de trabalho e o crescimento da economia e a consequente criação de empregos. Há evidências em outros países que utilizaram a mesma estratégia, sob o argumento de gerar empregos, como Espanha e México, por exemplo, que a retirada de direitos e a mutilação das relações de trabalho têm como resultado a redução da massa salarial e o inevitável empobrecimento da população trabalhadora, com o aprofundamento da desigualdade social.
Além disso, a lei em questão enfraquece a fonte de financiamento dos sindicatos, e consequentemente todo o sistema sindical, e a eles confere a "missão" de negociar direitos, podendo renunciá-los ainda que estejam garantidos por lei, sem qualquer contrapartida para os trabalhadores. Não bastasse isso, o acesso do trabalhador à Justiça, onde tradicionalmente lhe mandam "procurar seus direitos", também foi dificultado, mesmo quando ele goze da gratuidade da Justiça.
Na essência, a reforma trabalhista desconsidera a peculiar desigualdade dos polos da relação trabalhista, ignora a hipossuficiência do trabalhador e subverte a lógica protetiva do direito do trabalho, deixando o trabalhador à mercê de quem explora a mão de obra.
Para enfrentarmos este virulento ataque aos direitos sociais, mais que nunca é preciso fazermos valer a Constituição, as normas internacionais e concretizar o trabalho decente preconizado pela OIT, bem como os princípios da dignidade humana e do valor social do trabalho. À sociedade, para a garantia de seus direitos, cabe exigir Justiça e Ministério Público independentes e fiscalização do trabalho forte.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Plataforma do Ipea reúne dados sobre as regiões metropolitanas brasileiras

New York

Olá alunos.
A notícia de hoje apresenta uma plataforma de monitoramento do IPEA das condições socioeconômicas das várias regiões metropolitanas brasileiras.
Esperamos que gostem e participem,
Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Está disponível um dossiê completo sobre cada uma das principais RMs brasileiras: histórico, estrutura institucional, dados socioeconômicos e demográficos
Quase metade da população brasileira vive em regiões metropolitanas. São 83 RMs institucionalizadas no Brasil desde a década de 1970. Buscando compreender e detalhar as características dessas regiões, o Ipea conta com sua mais nova plataforma: Governança Metropolitana no Brasil. Ela reúne livros, relatórios de pesquisa, dados socioeconômicos, informações jurídicas e institucionais, além de indicadores acerca da gestão e governança nas principais regiões metropolitanas do país desde 2011.
"O monitoramento da situação socioeconômica, especialmente em infraestrutura urbana, é estratégico para o desenvolvimento do Brasil e para acompanhar a qualidade de vida das pessoas que vivem nessas localidades", defende o coordenador do projeto, o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Marco Aurélio Costa.
A plataforma é fruto do projeto homônimo, cuja composição, por meio da Rede Ipea, agrega instituições de pesquisa, estudos e levantamentos do quadro político-institucional das regiões metropolitanas brasileiras.
Fácil acesso
A plataforma conta com uma interface de fácil acesso que agrupa todos os produtos do projeto, além de possuir uma aba que concentra toda legislação referente às regiões metropolitanas no Brasil. "A principal aba disponível é a Biblioteca, que reúne os três livros já lançados pelo projeto, todos os relatórios institucionais e também uma base de dados socioeconômicos", explicou Bárbara Oliveira Marguti, coordenadora técnica do projeto.
Caso tenham alguma sugestão de inclusão de informações, os usuários podem encaminhar e-mail para faleconosco@ipea.gov.br.
Acesse a plataforma em: brasilmetropolitano.ipea.gov.br

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Banco Mundial admite que manipulou dados sobre o Chile contra o Governo de Bachelet

Michelle Bachelet

Olá alunos.

A notícia de hoje comenta a recente (13/01) revelação do Banco Mundial, de que, de fato, manipulou dados para prejudicar o Chile, mais precisamente, o governo socialista de Michelle Bachelet.

Esperamos que gostem e participem,

Lauro HCMSJr é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

A edição do The Wall Street Journal (WSJ) deste sábado, 13 de janeiro, causou um profundo impacto no mundo da política e da economia chilenas. O economia-chefe do Banco Mundial, Paul Romer, reconheceu ao jornal que o organismo financeiro, oficialmente subordinado às Nações Unidas, alterou seu ranking de competitividade empresarial e prejudicou o Chile – e, mais especificamente, Michelle Bachelet. Trata-se do relatório Doing Business, em que a posição do Chile caiu constantemente durante o mandato da socialista (2006-2010), subiu no Governo de direita de Sebastián Piñera (2010-2014) e voltou a cair quando a médica assumiu um novo mandato (2014-2018). Nesses 12 anos, o Chile flutuou entre o posto 25 e o 57.

As variações teriam ocorrido “por motivações políticas”, segundo as palavras de Romer ao WSJ. “Quero pedir desculpas pessoalmente ao Chile e a qualquer outro país ao qual possamos ter transmitido uma impressão errada”, afirmou o economista.
A presidenta Bachelet, que termina o segundo mandato em março, reagiu imediatamente através do Twitter. “Muito preocupante o que ocorreu com o ranking de competitividade do Banco Mundial. Além do impacto negativo da posição do Chile, a alteração prejudica a credibilidade de uma instituição que deve contar com a confiança da comunidade internacional”, escreveu a socialista.
“Dada a gravidade do ocorrido, como Governo pediremos formalmente ao Banco Mundial uma completa investigação. Os rankings que as instituições internacionais administram devem ser confiáveis, já que têm impacto no investimento e no desenvolvimento dos países”, afirmou Bachelet, que integra o Sistema das Nações Unidas. Entre 2010 e 2013, ela liderou a ONU Mulheres em Nova York e, a partir de junho, encabeçará o programa Aliança para a Saúde da Mãe, do Recém-Nascido e da Criança, da Organização Mundial da Saúde (OMS), no lugar de Graça Machel, viúva de Nelson Mandela. Além disso, soube-se há alguns meses que participará de um novo organismo mediador de conflitos internacionais da ONU, ao qual foi convocada pelo secretário-geral da organização, António Guterres.
O economista-chefe do Banco Mundial disse que os índices de competitividade chilenos serão corrigidos e recalculados. Nos últimos quatro anos, por exemplo, a queda do Chile foi provocada, quase em sua totalidade, pela alteração da metodologia de análise, não por mudanças nas medidas permanentes do ambiente comercial do país. “Com base nas coisas que estávamos medindo antes, as condições comerciais não pioraram no Chile sob a administração de Bachelet”, completou Romer.
O ministro chileno da Economia, Jorge Rodríguez, declarou que a alteração do ranking “é de uma imoralidade poucas vezes vista”. “É um escândalo de grandes proporções, pois o que indica é que teria sido manipulado pelo economista encarregado de sua elaboração (Augusto López-Claros), para que fosse vista uma piora econômica durante o Governo da presidenta Michelle Bachelet, com intenções basicamente políticas”.
Após a entrevista de Romer ao WSJ, o Banco Mundial anunciou em nota que realizará uma investigação para esclarecer os fatos. “Em razão das preocupações e de nosso compromisso com a integridade e a transparência, realizaremos uma revisão externa dos indicadores correspondentes ao Chile no relatório Doing Business.” O organismo, porém, defendeu a imparcialidade da classificação em seus 15 anos de existência, definindo-a como “uma ferramenta inestimável para os países que buscam melhorar seu clima de negócios, acompanhando milhares de reformas”.
López-Claros, o especialista do Banco Mundial acusado de manipular os dados de competitividade do Chile, disse num e-mail à Bloomberg que as acusações de manipulação política “não têm nenhum fundamento” e que a mudança metodológica foi “totalmente justificada e transparente”.
O segundo Governo de Bachelet foi marcado por transformações estruturais e por um crescimento econômico discreto, de 1,8% em média. Seus críticos acusam a socialista de gerar instabilidade com reformas mal implementadas, como a tributária, e de deixar de lado o crescimento econômico, uma das bandeiras com as quais Piñera foi eleito para o período 2018-2022.