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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Código Florestal e o pacto do Agronegócio

Olá alunos,

como vocês devem se lembrar, já postamos aqui recentemente um texto a respeito da importância do agronegócio para a economia nacional. Pois bem, nesse texto vamos relacionar o mesmo com o nascente e possível novo Código Florestal brasileiro. O texto é de autoria de Guilherme Delgado, um doutor em Economia pela Unicamp, e é bastante interessante de conteúdo tanto jurídico quanto econômico. Espero que gostem.

Yuri Antunes Moreira
Monitor da disciplina ''Economia Política e Direito'' da Universidade Federal Fluminense

Uma consequência indireta da articulação ruralista-parlamentar para afrouxamento na legislação ambiental florestal é um tácito relançamento da questão agrária ao debate público dos grandes meios de comunicação, mesmo que os publicistas que tratam desses problemas não se dêem conta. O que está em jogo na discussão do Código Florestal é o controle público-privado do território, onde os direitos de propriedade fundiária não podem ignorar o caráter social e público dos recursos naturais que integram contìnuamente esse território.
Por seu turno, ao reduzir em geral as áreas de mata ciliar (no entorno dos rios) e dispensar as propriedades com até quatro módulos rurais – das chamadas Áreas de Preservação Permanente (topos e encostas de morros e mata ciliar) – ao mesmo tempo em que propõe forte descentralização estadual municipal para cuidar de biomas nacionais – Amazonas, Cerrados, Caatinga, Pantanal, etc. (ou plurinacionais), o relatório do deputado Aldo Rebelo conseguiu a proeza de desunir partes e peças do agronegócio, até bem pouco coesas e omissas na política agrária da função social da propriedade rural.
A Embrapa, por intermédio de suas unidades de meio ambiente, subsidiou fortemente a SBPC e a Academia Brasileira de Ciências alertando e contestando as pretensões do relatório Rebelo, fazendo inclusive previsões nada lisonjeiras sobre a perda de biodiversidade e às consequências desastrosas sobre hidrologia e aumento do efeito estufa, das ações propostas pelos ruralistas.
A própria mídia televisiva – principalmente Rede Globo – deu destaque e cobertura jornalística informativa sobre questões levantadas pelo relatório Rebelo, algo que já vinha sendo feito pela grande mídia impressa, permitindo aos telespectadores e leitores formarem juízos sobre ação pública em curso na esfera parlamentar.
Ora, com o tratamento democrático da informação, num campo em que se lida com interesses classistas muito arraigados – o do agronegócio – produziu-se um curioso processo de formação de opinião pública, que de certa forma ameaça a estratégia ruralista original, que é de eliminar qualquer restrição social e ambiental aos direitos privados absolutos.
O governo federal, que até o presente se manteve na sombra, tem ou teria uma oportunidade de ouro para alterar as bases de sua aliança conservadora com os ruralistas, não estivesse ele próprio envolvido nas tratativas da “reforma” do Código Florestal, urdidas no governo Lula, sob o escudo do então Ministro da Agricultura Reynold Stephanes.
O que está ficando cada vez mais claro é uma pequena fratura no pacto do agronegócio, no qual a questão ambiental, seja por pressão urbana oriunda da intuição dos riscos climáticos associados, seja pela legítima pressão externa ligada aos impactos do efeito estufa, estariam recolocando na agenda política os novos componentes da velha questão agrária. Mas não tenhamos ilusões com a elite do poder, incluindo os novos sócios, agregados no último decênio. Não está em pauta reverter a aliança das cadeias agroindustriais, grandes proprietários fundiários e o Estado brasileiro para exportar “commodities” a qualquer custo, que é em essência a estratégia do agronegócio brasileiro. Mas talvez não se deixar engolir pelas extravagâncias deste pacto conservador.
De qualquer forma é muito didática a discussão do Código Florestal ora em curso. Ela trata indiretamente mas essencialmente dos direitos de propriedade fundiária , aflorando até mesmo um conceito praticamente em desuso – o do minifúndio, que é utilizado pelos ruralistas como argumento para isenção da pequenos imóveis rurais de cumprir a exigência de APPs (Áreas de Preservação Permanente), tese inteiramente resolvida há 55 ano no Estatuto da Terra.
Infelizmente o que não está em discussão é a absoluta frouxidão das políticas fundiária e ambiental de cumprir e fazer cumprir as regras de direito agrário e ambiental, que são ponto de partida para se conviver civilizadamente no presente e muito mai ainda no futuro. Mesmo assim, o relatório Rebelo pretende afrouxar ainda mais, aplicando provavelmente a estratégia de “por e tirar o bode da sala principal.”

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quarta-feira, 18 de julho de 2012

Hobsbawm e a América Latina

Olá alunos,

Essa postagem surge a partir de um comentário do grande e notório historiador, Eric Hobsbawm, acerca da América Latina. Texto te autoria do Bernardo Ricupero, é carregado de conteúdo político e econômico. Esperamos que gostem e participem.

Yuri Antunes
Monitor da disciplina ''Economia Política e Direito'' da Universidade Federal Fluminense.


Brasileiros têm motivos de sobra para aguardar com ansiedade um futuro lançamento editorial: How to change the world: tales of Marx and marxism (Como mudar o mundo: histórias sobre Marx e o marxismo), de Eric Hobsbawm. O historiador, que está perto de completar 94 anos, ganhou sólida reputação e grande popularidade desde seu primeiro livro sobre rebeldes primitivos, seus trabalhos sobre o “longo século 19” e o “curto século 20” tendo tido um impacto difícil de imaginar para obras de história.
Numa época de crescente especialização, os livros de Hobsbawm chamam a atenção pela abrangência, sendo capazes, por exemplo, de analisar com propriedade tanto as causas da revolução Taiping na China como o significado da orquestra de Duke Ellington. How to change the world tem especial interesse entre os 16 livros do historiador, até porque, apesar de ser conhecido como marxista, não há muitos trabalhos sobre o materialismo-histórico publicados em inglês. É verdade que esse não é propriamente o caso no Brasil, onde a monumental História do marxismo, originalmente aparecida na Itália e da qual Hobsbawm foi editor, saiu com seus 11 volumes.
Isso talvez ajude a explicar um curioso comentário que o historiador marxista faz numa recente entrevista dada ao “The Guardian”. Depois de discorrer sobre assuntos como a crise financeira mundial, a volta de interesse em Marx e os distúrbios estudantis na Inglaterra, observa: “hoje, ideologicamente, sinto-me mais em casa na América Latina”. Explica que o motivo para essa atração é que a “velha língua do século 19 e 20”, do socialismo, ainda ser praticada no continente.
Depois de uma observação como essa, talvez se esperasse elogios a Hugo Chávez e sua revolução bolivariana ou a Evo Morales e seu Estado plurinacional, já que ambos são governantes declaradamente anticapitalistas, mas Hobsbawm prefere focar sua atenção na experiência reformista do Brasil de Lula. O que lhe chama a atenção no país é uma presumida semelhança do PT com os partidos social-democratas, surgidos no final do século 19 na Europa. Mais especificamente, o partido brasileiro, assim como seus congêneres europeus, impulsionados, em grande parte, pela ação de sindicatos, teria conseguido formar uma coalizão que reuniria trabalhadores, intelectuais e pobres em geral.
A sugestão de Hobsbawm sobre a semelhança do PT com os partidos social-democratas merece ser explorada. Até porque há algumas interessantes coincidências “formais” entre esses partidos. São partidos com origem externa, não parlamentar, têm forte ligação com o movimento sindical e se organizam ou organizaram como partidos de massa. Esses são, portanto, partidos muito diferentes dos conservadores e liberais da Europa e mesmo do PMDB e PSDB brasileiros, partidos de notáveis, cuja ação basicamente se restringe ao Parlamento. Mais importante, os partidos socialdemocratas e o PT foram, nos seus respectivos países, fundamentais para a incorporação política das classes subalternas.
Pode-se inclusive argumentar que o PT dos primeiros tempos, ao buscar organizar autonomamente a classe trabalhadora, procurava tanto romper com a tradição da esquerda brasileira como se aproximar da história da esquerda da Europa, lócus clássico da representação de interesse. Não por acaso, a crítica ao chamado populismo foi decisiva nos anos heroicos do petismo. A imagem que o partido sugeria sobre si era de uma novidade radical, que poria fim a anterior manipulação dos trabalhadores que teria marcado o país.
É evidente, porém, que os mais de cem anos que separam a experiência inicial da social-democracia do PT criaram ambientes sociais e politico muito diferentes. O mundo do computador e da internet dificilmente seria entendido por homens e mulheres da época da ferrovia e da indústria pesada. Além do mais, pouco tem em comum países que começavam a ser imperialistas com um que ainda faz parte da periferia capitalista.
Não menos significativo, a experiência do PT no governo tem se aproximado, em alguns pontos, do populismo. O que ocorre tanto no “estilo” da relação do líder com as massas, como em políticas que buscam arbitrar interesses conflitantes. Getúlio e Lula frequentemente interpelavam diretamente seus seguidores, além de, em seus governos, terem sido criados órgãos para que ocorra a representação de diferentes setores sociais no interior do Estado.
Ou seja, há tanto semelhanças como diferenças notáveis entre os partidos socialdemocratas europeus do final do século 19 e o PT brasileiro. Até porque os contextos sociais e históricos em que eles aparecem são muito diferentes. Mas isso o grande historiador que é Eric Hobsbawm sabe melhor do que ninguém…

Prêmio Seae 2012

Olá alunos,

nessa postagem, divulgaremos aqui o Prêmio Seae 2012, um concurso de monografias a respeito do campo da Economia e Direito. É muito válida a participação de quem se interessar. Pode ser importantíssimo para o futuro acadêmico de vocês. Qualquer dúvida, sintam-se a vontade para me perguntar tanto aqui no Blog como no e-mail.

Yuri Antunes
Monitor da disciplina ''Economia Política e Direito'' da Universidade Federal Fluminense.



Concurso de Monografias em Advocacia da Concorrência e Regulação Econômica


Descrição
O Prêmio Seae de Monografias tem a finalidade de estimular a pesquisa acerca dos temas subjacentes à defesa da concorrência e à regulação econômica e de difundir esses temas junto à comunidade acadêmica brasileira e à sociedade em geral, reconhecendo os trabalhos de qualidade técnica e de aplicabilidade na Administração Pública.

Para a Edição 2012 do Prêmio, ass monografias deverão abordar os seguintes temas: Advocacia da Concorrência e Regulação Econômica. Por favor, acesse o
Regulamento para mais informações sobre os temas.

Data Limite
Até dia 15 de outubro de 2012.
Elegibilidade
Poderão concorrer trabalhos individuais e em grupo, de candidatos de qualquer nacionalidade, idade ou formação acadêmica (graduação ou pós-graduação).
Premiação
Serão premiados os três primeiros colocados em cada um dos dois temas previstos. A Comissão Julgadora poderá conceder até duas menções honrosas, com diploma e direito à publicação do trabalho. A premiação dos vencedores será a seguinte:
1.        Valor de R$20.000,00 para o 1º colocado em cada tema;
2.        Valor de R$10.000,00 para o 2º colocado em cada tema;
3.        Valor de R$5.000,00 para o 3º colocado em cada tema;
4.        Certificado de vencedor para os três primeiros colocados e eventuais menções honrosas;
5.        Publicação da monografia dos três primeiros colocados e eventuais menções honrosas.


Os valores dos respectivos prêmios estarão sujeitos à incidência, dedução e retenção de impostos, conforme legislação em vigor, por ocasião da data de pagamento dos prêmios. A Seae definirá o número de exemplares da publicação, tratada neste documento, que caberá a cada autor de monografia premiada.
Requisitos
As monografias deverão apresentar, preferencialmente, enfoque atual com aplicabilidade para o caso brasileiro. Somente serão consideradas as monografias cujo contexto incidir sobre defesa da concorrência ou regulação econômica.


Restrições
Cada candidato, incluindo o coautor, se houver, poderá apresentar apenas uma monografia, em um dos temas previstos. Ficam impedidos de participar:
1.        Trabalhos de autoria dos membros da comissão julgadora e dos responsáveis pela execução do concurso, lotados na Diretoria de Educação da Escola de Administração Fazendária;
2.        Capítulos de teses ou dissertações que já tenham sido premiadas; e
3.        Trabalhos premiados em concursos da Seae ou em outros concursos congêneres.
Forma de Solicitação
As inscrições deverão, obrigatoriamente, ser encaminhadas via encomenda expressa, do tipo Sedex, ou serviço similar, com data de postagem até 15 de outubro de 2012, para o seguinte endereço:

Escola de Administração Fazendária (Esaf)
VI Prêmio Seae 2011
Diretoria de Educação (Dired)
Rodovia DF-001, km 27,4
Setor de Habitações Individuais Sul, Bloco Q, Lago Sul
71686-900 Brasília-DF

A inscrição deverá conter os seguintes documentos:
1.        Ficha de Inscrição devidamente preenchida e assinada pelo autor ou representante do grupo;
2.        Comprovante de Inscrição preenchido, que será devolvido após a conferência dos documentos, como prova da aceitação da inscrição;
3.        Declaração preenchida e assinada pelo autor ou representante do grupo, informando que a monografia não caracteriza, no todo ou em parte, plágio ou autoplágio;
4.        Cópia do documento de identidade e/ou de cada integrante do grupo;
5.        Currículo atualizado, assinado e com todas as páginas rubricadas do autor e/ou de cada integrante do grupo;
6.        Cópia do diploma de graduação ou pós-graduação em curso e instituição reconhecida pelo Ministério da Educação;
7.        Uma via impressa da monografia, preferencialmente em espiral ou grampeada;
8.        Resumo da monografia com um máximo de 200 palavras, contendo até três palavras-chave sobre o trabalho;
9.        CD-ROM com os itens (7) e (8) em arquivo compatível com as versões 2003 do MS-Word, ou superior, e, quando se tratar de planilhas ou gráficos, compatível com as versões 2003 do MS-Excel, ou superior. O arquivo magnético deverá ser idêntico à monografia e ao resumo impressos.

O resultado do julgamento será publicado no Diário Oficial da União e estará disponível nos sites da Seae e da Esaf a partir do dia 27 de novembro de 2012.

A solenidade de premiação será realizada em Brasília em data a ser divulgada oportunamente. Para que participem da cerimônia de premiação, serão fornecidas diárias e passagens, em território nacional, desde que residentes fora de Brasília-DF, aos autores das monografias premiadas ou, no caso de trabalho em grupo, ao representante, inclusive àqueles com menção honrosa.
Contatos
Informações:
Fone: (61) 3412 6018
E-mail:
premio-seae.df.esaf@fazenda.gov.br
Home Page
Fonte
As informações descritas acima foram obtidas na home page da Financiadora.
Última Revisão
19/6/2012