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terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Com 124 obras, Brasil lançará plano de integração sul-americana

Caros Leitores,

O debate acerca do processo integração sul-americana possui inúmeras nuances em uma trajetória de avanços e retrocessos. Por representar um ator importante nesse contexto, o Brasil está prestes a retomar, em 2024, o plano de integração para a América do Sul através de projetos de infraestrutura.

Em meio à cúpula do Mercosul, o Brasil apresentou aos países vizinhos um plano com 124 projetos em 11 estados fronteiriços. Haverá apoio bilionário de organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a antiga Corporação Andina de Fomento (CAF), além do BNDES.

Para compreender esse cenário, trazemos essa semana uma notícia que apresenta as potencialidades e desafios envolvidos no processo de integração que entrará em curso na região a partir deste ano.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.

De janeiro a outubro deste ano, o estado de Rondônia importou US$ 7 milhões em azeitonas para atender o consumo local. Quase tudo vem do vizinho Peru. Em linha reta, a distância entre a zona produtora e os supermercados de Porto Velho é de aproximadamente dois mil quilômetros.

Mas o que prevalece, por limitações de infraestrutura, é uma grande volta ao redor do continente. A produção de azeitonas desce para o litoral peruano. É embarcada em navios que começam a viagem pelo Pacífico, cruzam o Canal do Panamá e terminam em Santos.

Do maior porto brasileiro, as azeitonas peruanas sobem por todo o país em um extenuante percurso de caminhão até Rondônia. A operação logística completa, que poderia levar dias, dura semanas.

A falta de integração física na América do Sul já foi alvo de planos grandiosos no passado, como a IIRSA (iniciativa lançada por Fernando Henrique Cardoso no ano 2000) ou o Cosiplan (um braço da extinta Unasul que Luiz Inácio Lula da Silva tentou impulsionar em seus dois primeiros mandatos). Ficou no sonho de um continente unido por estradas, pontes, ferrovias.

Agora, o governo brasileiro está prestes a retomar o plano de união sul-americana pela infraestrutura. Tudo em bases amplamente realistas e sem obras consideradas faraônicas, promete-se desta vez.

Em meio à cúpula do Mercosul, o Brasil apresentou aos países vizinhos um plano com 124 projetos em 11 estados fronteiriços. Haverá apoio bilionário de organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a antiga Corporação Andina de Fomento (CAF), além do BNDES.

Em território brasileiro, todas as obras foram incluídas no Novo PAC e têm previsão de aportes públicos ou de investimento privado, como é o caso da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que levará energia do sistema interligado nacional a Roraima e poderá abastecer também a Venezuela por meio da rede já existente.

“Nós podemos acreditar que agora sairá do papel. Da mesma forma como a reforma tributária demorou 30 anos para ficar madura e pronta para se tornar realidade, o projeto de integração regional está maduro o suficiente, depois de muito diálogo e de muitas conversas para termos definitivamente”, disse à CNN a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Tebet já apresentou o plano ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deu aval à sua continuidade. A ministra lembrou que o próprio Lula, ao reunir todos os presidentes da América do Sul em maio, demonstrou claramente sua prioridade à região. Na ocasião, foi assinado o Consenso de Brasília – documento que relança as bases do processo de maior integração.

“Estamos falando de aumentar o comércio, diminuir a pobreza e a desigualdade nos estados fronteiriços, de desenvolver turismo e cultura”, acrescentou Tebet.

Da mesma forma que o longo percurso das azeitonas peruanas evidencia a falta de caminhos adequados na América do Sul, os supermercados de Georgetown (capital da Guiana) são abastecidos com batatas vindas do Canadá. “E poderiam vir de Roraima”, ressalta a ministra.

Serão cinco rotas de integração e desenvolvimento:

  • Rota da Ilha das Guianas: inclui integralmente os estados do Amapá e de Roraima e partes do território do Amazonas e do Pará, sendo fronteiriça com a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e a Venezuela.
  • Rota Multimodal Manta-Manaus: contempla inteiramente o estado Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligando-se por via fluvial a Colômbia, Peru e Equador.
  • Amazonas e partes dos territórios de Roraima, Pará e Amapá, interligando-se por via fluvial a Comlômbia, Peru e Equador.
  • Rota do Quadrante Rondon: formado pelos estrados do Acre e de Rondônia, por toda a porção oeste de Mato Grosso, com conexões via Bolívia e Peru.
  • Rondônia, por toda a porção oeste de Mato Grosso, com conexões via Bolívia e Peru.

Nesta quinta-feira (7) à noite, quatro bancos de desenvolvimento vão assinar um acordo de cooperação em que se comprometem a prestar apoio técnico e financeiro para os projetos. Segundo relatos feitos à CNN, o valor será multibilionário. Farão parte, além do BNDES, o BID e a CAF (rebatizada de Banco de Desenvolvimento da América Latina). O Fonplata – formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia – também vai participar.

Pelo menos metade dos financiamentos deverá ser destinada para outros países da América do Sul — que não o Brasil. Muitos tem dificuldades orçamentárias para tocar sua parte das obras e alguns enfrentam escassez de crédito internacional.

Projetos

Durante quatro meses, o governo federal realizou 22 reuniões com autoridades de 11 estados fronteiriços, além de ministros dos governos sul-americanos. Os trabalhos foram conduzidos por dois secretários do Ministério do Planejamento: João Villaverde (Articulação Institucional) e Renata Amaral (Assuntos Internacionais e Desenvolvimento).

O Brasil tem 16,9 mil quilômetros de fronteiras com outras dez nações. Essa faixa contempla 588 municípios brasileiros, dos quais 33 são cidades-gêmeas (coladas as de países vizinhos). Apesar disso, existem apenas 15 pontes internacionais. Projetos emblemáticos de integração, como a usina binacional de Itaipu e o gasoduto Brasil-Bolívia, já têm décadas de operação.

Nenhum empreendimento de grande porte saiu do papel nos últimos anos. Agora, novos projetos já começam a avançar. O corredor bioceânico, que ligará o Mato Grosso do Sul aos portos do Chile, promete economizar 14 dias no frete marítimo dos grãos colhidos no Centro-Oeste até os mercados asiáticos.

A ponte entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai) está em plena execução. Do lado paraguaio, a rodovia está sendo pavimentada. Da mesma forma, há obras no trecho argentino que permitirá a passagem pelos Andes.

No mês passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) lançou edital para a construção de uma ponte sobre o rio Mamoré que conectará as cidades de Guajará-Mirim (RO) e Guayaramerín (Bolívia). A obra é orçada em R$ 430 milhões, deve ficar pronta em 36 meses e já tem recursos garantidos no PAC.

Outro projeto importante é a Hidrovia do Mercosul, com 1.850 quilômetros de vias navegáveis, em um sistema hidroviário que abrange mais de 300 municípios brasileiros no sul do país. Esse sistema se conectará à Lagoa dos Patos e à Lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. As ações incluem obras de dragagem, implantação de gerenciamento de tráfego de navios e sinalização adequada.

Além de obras de engenharia, muitas intervenções previstas envolvem questões aduaneiras, como a preparação ou modernização de postos da Receita Federal e da Vigilância Sanitária, a fim de agilizar o desembaraço de mercadorias e a travessia de cidadãos.

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Quais são os países com maior desigualdade social do mundo?

 

Caros Leitores, 

A disparidade na distribuição de renda é um desafio histórico no desenvolvimento de diversas nações, especialmente aquelas classificadas como de médio e baixo desenvolvimento. Apesar das buscas de avanço nessa seara, a temática da desigualdade social permanece sendo um tema sensível dado que a disparidade entre produção de riqueza e o bem-estar social ainda representa uma triste realidade em diversas partes do globo.

Para discutir esse tema, trazemos essa semana uma notícia contemplando como essa questão se apresenta de forma emblemática em países da África e da América Latina que, em especial, têm enfrentado de forma mais acentuada este desafio, conforme apontam dados do Índice de Gini, um coeficiente que mede a concentração de renda.

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Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.

A disparidade na distribuição de renda é um desafio histórico no desenvolvimento de diversas nações, especialmente aquelas classificadas como de médio e baixo desenvolvimento. Países da África e da América do Sul e Central, em especial, têm enfrentado de forma mais acentuada este desafio, conforme apontam dados do Índice de Gini, um coeficiente que mede a concentração de renda.


A medida estatística varia de 0 a 100. Quanto mais alto o número, maior é a desigualdade. Portanto, se a renda fosse distribuída com perfeita igualdade o índice seria zero. O cálculo é feito por meio de uma fórmula matemática que analisa a distribuição acumulada da renda em relação à distribuição acumulada da população que recebe essa renda.


De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2021/2022, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em maio deste ano, que disponibiliza coeficientes de Gini calculados com os dados mais recentes de cada país entre 2010 e 2021, a África do Sul desponta como a nação de maior desigualdade social. O índice alto se repete em outras nações da África: entre os 15 países mais desiguais, 10 estão no continente.


Países da América Central e do Sul também escancaram a divisão irregular de renda, de acordo com o relatório do PNUD. A Colômbia é o país mais socialmente desigual fora da África, com coeficiente de Gini 54,2.


Segundo os dados do relatório da ONU, o Brasil figura em 14º lugar, dividindo a posição com o Congo, que também tem índice 48,9. De acordo com dados do IBGE de maio de 2022, a parcela de 1% dos brasileiros mais ricos ganha uma renda média mensal 32,5 vezes maior que o rendimento da metade mais pobre da população do País. Em 2022, segundo o IBGE, o País teve o menor resultado no coeficiente de Gini desde 2012.


Ranking completo de países mais desiguais segundo o coeficiente de Gini:


01. África do Sul (63)

02. Namíbia (59,1)

03. Zâmbia - (57,1)

04. República Centro Africana (56,2)

05. Essuatíni - (54,6)

06. Colômbia (54,2)

07.Moçambique (54)

08. Botsuana (53,3)

09. Angola (51,3)

10. Santa Lúcia - (51,2)

11. Zimbabué (50,3)

12. Panamá (49,8)

13. Costa Rica (49,3)

14. Brasil e Congo (48,9)

15. Guatemala (48,3)

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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A integração da América do Sul em risco

Caros Leitores, 

O debate acerca do processo integração sul-americana possui inúmeras nuances em uma trajetória de avanços e retrocessos. Por representar um ator importante nesse contexto, o Brasil está prestes a retomar, em 2024, o plano de integração para a América do Sul através de projetos de infraestrutura. Por outro lado, a ascensão de governos de tendência mais conservadora tende a sinalizar na direção de não priorizar essa agenda.

Para compreender esse cenário, composto pelo embate entre uma postura mais autônoma e um posicionamento mais dependente para o subcontinente, trazemos essa semana uma notícia que apresenta os movimentos e riscos do processo de integração em curso na região.

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Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.


Em um mundo multipolar, de três grandes protagonistas políticos e econômicos - Estados Unidos, União Europeia e China - o mais efetivo caminho para os países sul-americanos passarem a pesar mais nesta balança é aquele de agirem em bloco. Tomados isoladamente, cada país da região terá menor capacidade de interferência permanente. Obviamente que sabemos das formas clássicas utilizadas pela potência continental para obstruir este processo de integração, como o oferecimento de vantagens singulares para aquele país que se disponha a ser dissidente neste processo.

Os seis anos, somados, de governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro no plano da integração sul-americana foram de retrocessos e obliteração das relações entre os Estados da região. A furiosa onda de ascensão das ideias e políticas de direita e de extrema direita acontecida naquele período permitiu que se estigmatizassem negativamente todas as iniciativas de integração sul-americana, ainda mais seus aspectos de afirmação de soberania nacional. Houve um “giro” do centro da política de relações internacionais para uma reaproximação com os Estados Unidos, o que significou um retrocesso nas relações regionais e um esfriamento em relação aos países europeus.

Essa política internacional esteve diretamente relacionada com a política econômica majoritária do período marcado pela “comoditização” da economia brasileira, voltada à exportação de produtos extrativos e agrícolas com baixa geração de emprego e de pouca capacidade de densificação e complexificação dos serviços e novas tecnologias.

O resultado foi que o Brasil se reposicionou no cenário global de forma subsidiária, recuando progressivamente em sua capacidade política nas relações internacionais. Foi uma espécie de “joia” cobrada pelo rentismo internacional para essa associação aos países centrais do Ocidente, onde o Brasil acabou por cumprir um papel logístico, abastecendo o grande comércio global com produtos primários e servindo ao rentismo com altas taxas de juros e dividendos financeiros.

A política do governo Lula inflexionou, durante o ano de 2023, o continente sul-americano para uma expectativa mais forte no sentido de retomar a agenda da integração. Houve expectativa convergente com a eleição de Gustavo Petro na Colômbia e Gabriel Boric no Chile. Contudo, outros novos governos como do Paraguai e Equador têm posições menos ativas neste sentido.

Neste novo momento de debate e confronto entre políticas integracionistas e anti-integracionistas há três aspectos distintos a serem enfrentados: a fragmentação das relações produzidas entre os países, a reinserção efetiva da Venezuela no bloco e as relações diretas e individuais com as superpotências econômicas EUA e China. O fato é que a base da compreensão do governo brasileiro sobre a integração é, precisamente, a importância da América do Sul agir como bloco econômico e político. Estratégia esta que enfrenta desafios, inclusive entre governos progressistas e de esquerda. Colômbia e Chile, por exemplo, têm um histórico de relações com os EUA bem distinto das relações do Brasil. Já a linha dos governos de direita é privilegiar a relação singular com as economias centrais.

Efetivamente, o tema da integração se identifica com os governos à esquerda. Enquanto governos à direita o esfriam ou efetivamente rejeitam a integração sul-americana como política. O papel ocupado, muito astutamente, diga-se de passagem, por Lacalle Pou, presidente do Uruguai, é uma evidência deste alinhamento político. Sem deixar de comparecer ou negar as relações e encontros entre os países sul-americanos, o governo uruguaio tem adotado uma política de obstrução suave à integração, sempre interpondo questões críticas, tais como a possibilidade de acordos singulares e a crítica ao governo venezuelano. Contudo a posição de Pou deve perder espaço para a de Javier Milei, bem mais agressiva e explícita.

As posições de Milei devem significar novas dificuldades nesta relação. A posição já externada por seu governo sobre o afastamento do Brics já aponta a ampliação das restrições à formação de um bloco sul-americano, uma vez que coloca as duas maiores economias da região, Brasil e Argentina, em posições muito distintas no cenário mundial. Sem a Argentina, a própria posição do Brasil no Brics se enfraquece.

Na Argentina, o histrionismo de Milei, próprio da extrema direita e do ultra neoliberalismo, deixou um pouco à sombra a política em relação à região. As propostas de bimonetarismo, que deixariam o dólar estadunidense circular livremente no país, com aumento da autonomia do Banco Central, simplificação das atividades financeiras, reforma trabalhista para diminuir direitos e a centralidade do ajuste fiscal, parecem repetir os passos de Temer-Bolsonaro, contudo, em um período de tempo condensado. As primeiras medidas de Milei são violentas, autoritárias, antissoberanas e antipopulares para surpresa de zero pessoas no planeta, incluindo-se o presidente Lula.

Será uma nova e distinta situação da vivida nos primeiros dois governos de Lula, para quem a integração é de alta importância para sua política econômica e geopolítica. Milei jogará não somente a Argentina em um ciclo de crise como toda a América do Sul. Tempos difíceis virão.

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

1% mais rico do mundo emite tanto CO2 quanto os 66% da parcela mais pobre

 

Caros Leitores, 

O 1% mais rico da população mundial (77 milhões de pessoas) foi responsável por 16% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa, em 2019. Esse valor equivale a mesma quantidade emitida pelos 66% ou dois terços mais pobres da humanidade (5 bilhões de pessoas). Já os 10% mais ricos do mundo são responsáveis por 50% das emissões globais de CO2.

Os dados são do relatório “Igualdade Climática: um Planeta para os 99%”, lançado recentemente pela organização não governamental e sem fins lucrativos Oxfam International.

A entidade aponta que os super-ricos têm muitos investimentos em indústrias poluentes e seus estilos de vida resultam em grandes emissões de CO2, impulsionando, assim, o aquecimento global.

Para discutir esse tema, trazemos nesta semana uma notícia acerca dos impactos das emissões para 2030 e como a questão do aquecimento global necessita ser revisitada em um processo envolvendo a articulação de políticas de curto, médio e longo prazo.

Esperamos que gostem e compartilhem! 

Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.

O 1% mais rico da população mundial (77 milhões de pessoas) foi responsável por 16% das emissões globais de dióxido de carbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa, em 2019. Esse valor equivale a mesma quantidade emitida pelos 66% ou dois terços mais pobres da humanidade (5 bilhões de pessoas).

Já os 10% mais ricos do mundo são responsáveis por 50% das emissões globais de CO2.

Os dados são do relatório “Igualdade Climática: um Planeta para os 99%”, lançado nesta segunda-feira (20) pela organização não governamental e sem fins lucrativos Oxfam International.

A entidade internacional aponta que os super-ricos têm muitos investimentos em indústrias poluentes e seus estilos de vida resultam em grandes emissões de CO2, impulsionando, assim, o aquecimento global.

Outro dado relevante do documento é que as emissões globais anuais do 1% mais rico da população anulam, todos os anos, a economia de carbono de quase um milhão de turbinas eólicas terrestres.

Além disso, em 2030, apenas as emissões desta pequena parcela da população mundial deverá ser 22 vezes superior ao limite seguro de emissões permitidas para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, meta estabelecida no Acordo de Paris.

“É inaceitável que o 1% mais rico continue liderando o mundo ladeira abaixo para um colapso planetário. E quem vem sofrendo o impacto dos danos dessa viagem é a maioria da população. São as bilhões de pessoas impactadas por enchentes, secas, perdas de território, aquecimento e baixa de temperatura desproporcional, problemas de saúde e pobreza”, afirmou Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

Uma outra projeção do relatório aponta que um imposto global de 60% sobre os rendimentos do 1% mais rico do mundo arrecadaria US$6,4 trilhões, valor que poderia ser usado para financiar energias renováveis.

Katia Maia defende que a sociedade deve se mobilizar e pressionar os governos para que uma taxação ocorra.

“É preciso fazer a conexão entre o excesso de riqueza e o colapso climático. Está passando da hora dos super-ricos serem taxados mundialmente. Essa é uma forma de levantar recursos para enfrentar de maneira mais eficaz as mudanças climáticas e as desigualdades”, declarou.

“Os mais ricos do mundo continuam a enriquecer, explorando as pessoas e o planeta para seu próprio ganho. Este relatório da Oxfam deixa isto evidentemente claro: estas não são questões separadas. O colapso climático e a desigualdade estão interligados e alimentam-se mutuamente. Se quisermos superar um, devemos superar ambos”, afirmou Greta Thunberg, ativista do clima.

O relatório da Oxfam foi elaborado com dados do Stockholm Environment Institute – SEI (Instituto Ambiental de Estocolmo) e avalia os dados nacionais de emissões de consumo para 196 países de 1990 a 2019, do Global Carbon Atlas (Atlas Global de Carbono), que cobre quase 99% das emissões globais.

Os dados de renda nacional e os números populacionais foram obtidos do Penn World Table (PWT) e do Banco Mundial.

O documento é publicado às vésperas da Cúpula Climática da ONU, a COP 28, que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano. Um dos temas centrais da COP 28 é a necessidade de manter a meta de aumento de 1,5°C na temperatura global para evitar um colapso climático.

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