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quinta-feira, 28 de maio de 2020

Crise do coronavírus expõe vulnerabilidade da globalização, diz economista

Porto em Qingdao na China 

Olá alunos,

Já não eram poucos os que questionavam modelo de produção globalizado. Contudo, com a crise gerada pela pandemia de Coovid-19 há fragilidade desse sistema de produção fica mais evidente. A notícia de hoje trata-se de uma entrevista com um economista que defende que é a hora de repensarmos nossa economia e adotar um novo modelo de produção. 

Esperamos que gostem e participem!
Lucas Pessoa é membro do Grupo de Pesquisas "Estados Instituições e Análise Econômica do Direito"



Para economista alemão Niko Paech, eficiência deve dar lugar à segurança. Ele defende um novo modelo econômico, de produção menor e regionalizada, com mais respeito ao meio ambiente e mais tempo livre.

Cadeias de logística mundial estão cada vez mais entrelaçadas

A escassez de equipamentos médicos em meio à crise do novo coronavírus expõe o ponto fraco de um modelo de produção que se baseia numa cadeia produtiva globalizada, na qual a produção de bens é distribuída pelo mundo inteiro, argumenta o economista alemão Niko Paech.

"Esse modelo é um tipo de economia de céu de brigadeiro. Quando não há crise, ele é vantajoso por reduzir os custos, mas quando um elemento desta rede em algum lugar falha, ele desmorona", afirma Paech, em entrevista à DW Brasil.

Para o professor da Universidade de Siegen, a atual pandemia pode ser uma oportunidade para o desenvolvimento de um modelo econômico mais sustentável, seguro e também mais estável diante de crises.

Em entrevista à DW Brasil, Paech, que é uma das principais vozes da chamada economia de pós-crescimento, baseada não no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas numa estrutura de abastecimento estável e sustentável, fala ainda sobre as vantagens do modelo que defende, sua importância diante das mudanças climáticas e como ele poderia ser aplicado no Brasil.

DW Brasil: A crise causada pelo novo coronavírus era previsível?

Niko Paech: A atual crise não, mas a instabilidade das redes econômicas globais, ou seja, das cadeias de logística, era previsível. Quanto mais complexo e extenso no âmbito geográfico esses entrelaçamentos e cadeias são, mais vulnerável a crises é o sistema como um todo. Num mundo onde tudo é ligado com tudo, tudo depende de tudo, por meio desse entrelaçamento internacional, não só bens e pessoas se locomovem mais rápido e se propagam, mas também todas as adversidades, como um vírus.

O que a crise do coronavírus revela sobre o atual modelo econômico?

O atual modelo de produção, que nos tornou ricos, se baseia em dividir a produção de todos os bens em vários processos únicos altamente especializados, que são deslocados pelo mundo inteiro conforme a comparação dos custos. Esse modelo é um tipo de economia de céu de brigadeiro: quando não há crise ou interrupção, ele é vantajoso por reduzir custos, mas quando um elemento dessa rede em algum lugar falha, o modelo desmorona, pois os países se fizeram cada vez mais dependentes dos entrelaçamentos globais.

Vemos isso agora na Alemanha e em outros países europeus, com a escassez de equipamentos médicos necessários. Mas também vemos que a cadeia de produção de alimentos na Alemanha depende de vários fornecedores, que devido ao custo foram deslocados para locais de produção distantes. A economia se tornou um castelo de cartas global, e quando apenas um elemento é retirado, tudo desaba. Essa vulnerabilidade do sistema econômico foi exposta com a atual crise.

O que podemos aprender com a pandemia?

Há um conflito de metas entre a eficiência técnico-econômica de uma divisão de trabalho extensa e globalizada e a estabilidade do nosso sistema de abastecimento. No futuro, nós, e também os políticos, aprenderemos, ou arcaremos com as consequências, que é melhor desistir da eficiência em prol da segurança e em prol de se tornar mais resistente a crises. Precisaremos pensar sobre trazer de volta para o país uma parte da produção para sermos capazes de produzir os bens necessários para a vida quando há uma crise econômica ou pandemia.

A pandemia pode trazer mudanças importantes para o desenvolvimento de um modelo econômico mais ambiental e estável?

A atual situação resulta em duas chances. O medo da próxima crise, que pode gerar gargalos no abastecimento ou paralisação da economia, pode fazer com que a política econômica esteja mais disposta a incentivar a produção regional, não por ela ser mais eficiente técnico-economicamente, mas por ser mais estável. Isso significa adotar as mesmas medidas que, de qualquer maneira, seriam necessárias para proteger o clima.

Por outro lado, a sociedade civil começou a aprender que uma vida modesta também pode trazer alegrias. Na Europa, nós somos muito estressados e atingimos os limites psicológicos do crescimento econômico, ou seja, não temos mais condições de aproveitar ao máximo todo o bem-estar que podemos comprar, pois nos falta tempo. Agora temos uma pausa obrigatória que não desejamos, mas que mostra para muitos que é bom não trabalhar 40 horas por semana, que é muito mais importante ter descanso. Pode ser que, depois da crise do coronavírus, cresça a disposição de viver uma vida sustentável, modesta, com menos viagens e consumo e mais tempo para amigos e vizinhos.

Por que o atual modelo econômico, baseado em crescimento, não é sustentável?


Principalmente porque se tornou impossível de sustentar ambientalmente o modelo de bem-estar, o qual não se pode estabilizar sem crescimento, por meio de progressos tecnológicos. Tentamos desacoplar a economia baseada em crescimento dos danos ambientais e isso não funcionou. Sempre se alegou que o crescimento "verde" [sustentável] foi desenvolvido na Alemanha, mas isso está errado. A Alemanha é um dos maiores pecadores ambientais, e a mudança da matriz energética alemã fracassou completamente. Todas as tentativas de possibilitar proteção climática por meio da tecnologia fracassaram. Algumas dessas tentativas não só fracassaram como produziram danos ambientais adicionais.

Quais danos?


Por exemplo, a destruição da paisagem por meio da utilização de energia renovável, como ocorre no Brasil com a construção de hidrelétricas, é extrema. A natureza está sendo destruída para supostamente produzir uma energia limpa, o que seria equivalente a substituir a cólera pela lepra. Isso não é uma solução – é transformar um problema em outro problema.

A consequência que podemos tirar dessas tentativas frustradas de resolver o problema ambiental com tecnologia é que precisamos do desmantelamento da economia para aliviar a biosfera. Desmantelar a economia não significa que ficaremos pobres, mas que começaremos a nos concentrar e nos lembrar do que realmente nos deixa felizes.

Essa economia reduzida seria então regional?

Não somente. Uma economia pós-crescimento se baseia em combinar três possibilidades do abastecimento de bens. A economia global, industrial e altamente tecnológica, a economia regional e o mero abastecimento próprio. A sugestão é desmantelar a sociedade industrial globalizada entrelaçada, não ao ponto zero, mas até alcançarmos o suficiente para que, mesmo com uma produção menor, tenhamos um bom abastecimento.

O senhor poderia dar um exemplo de como seria esse desmantelamento?

Se reduzirmos em dois terços a produção de automóveis no mundo, perderíamos empregos e teríamos menos carros. O primeiro problema poderíamos solucionar reduzindo a jornada de trabalho de 40 horas semanais para 20 horas. Assim, mesmo com um encolhimento da economia, todos teriam emprego. O segundo problema podemos solucionar andando menos de carro, ao usar o transporte público ou dividir um automóvel com outras pessoas.

Mas neste caso a renda também cairia...

Sim, mas ao não precisar mais pagar sozinho os custos de um carro, pois estou dividindo com os vizinhos, preciso de menos dinheiro para viver. Se divido, além do carro, por exemplo, a máquina de lavar, o cortador de grama, a furadeira e outros objetos, vou economizar uma grande quantidade de dinheiro. Quanto mais dinheiro economizo, menos eu preciso trabalhar e menor pode ser a economia.

Quando as pessoas precisam trabalhar apenas 20 horas, sobram 20 horas livres valiosas que podem ser usadas para produzir, sozinho ou em comunidade, coisas e alimentos, para consertar objetos ou ainda para organizar o uso comum. Dessa forma, as pessoas viverão uma vida muito mais criativa e social. Precisamos nos desacostumar de sermos apenas consumidores, precisamos ser consumidores e produtores, ou seja, prosumidores.

Esse modelo econômico de pós-crescimento seria possível num país como o Brasil?

Com certeza, porque o Brasil está no limite de sua fronteiras ambientais. Naturalmente, há no Brasil muitos setores rurais que precisam de certo desenvolvimento, mas seria um erro repetir o que fizemos no Norte global. Seria viável em cidades do Brasil começar a promover a produção em pequenas fábricas locais, o trabalho manual, a economia sustentável e sobretudo o cultivo ecológico, e assim possibilitar uma economia mais modesta, mas mais estável e autônoma.

Todos não podem ter a típica vida urbana de consumo, pois sempre há pobreza. Uma economia que se orienta fortemente nas necessidades e não na cobiça é sustentável, além de integrar a todos. Naturalmente, esse tipo de economia não é uma economia de pobreza, pois nela há consumo, mobilidade e tecnologia.

Esse modelo econômico de pós-crescimento seria, então, mais justo?


Absolutamente, pois a desigualdade é um produto da economia de consumo e do sistema financeiro. Numa sociedade de consumo, cada um pode acumular bens e dinheiro à vontade, mas numa sociedade na qual o trabalho manual e as relações sociais são o decisivo, por exemplo, quando divido algo com meu vizinho ou junto consertamos algo ou plantamos alimentos numa pequena área, nossas diferenças não podem ser tão grandes. A igualdade entre as pessoas numa economia de pós-crescimento é mais provável do que numa sociedade de consumo.

domingo, 24 de maio de 2020

Convite!

Lava Jato criou novo padrão de fazer Justiça, diz Joaquim FalcãoJoaquim Falcão: Moro 2020 - Fundação Astrojildo Pereira 

Olá Alunos,

Viemos convida-los para o evento Conversa com Sergio Moro e Joaquim Falcão organizado pelo CEBRI.

O evento ocorrerá por meio eletrônico no dia 26/05 (terça-feira) as 18:00h. Lembrem-se de se inscrever para participar!


quinta-feira, 21 de maio de 2020

Por que o preço do petróleo americano caiu abaixo de zero e como isso afeta o mundo?

Imagem com uma miniatura de equipamento de retirada de petróleo da terra. Ao fundo, valor de US$ 0 

Olá Alunos,

O fenômeno inédito do barril de petróleo ser negociado a valor negativo surpreendeu boa parte das pessoas. Hoje, a notícia a seguir trará o que explica este ocorrido.

Esperamos que gostem e participem!
Lucas Pessoa é membro do Grupo de Pesquisas "Estados Instituições e Análise Econômica do Direito".

Os mercados globais testemunharam um evento sem precedentes na História: o preço do barril do petróleo cru americano caiu para - US$ 37,63 dólares nesta segunda-feira (20/04). Com isso, a commodity atingiu um preço negativo.

Ou seja, os vendedores estavam dispostos a pagar US$ 37,63 para os clientes que quisessem fechar contratos de compra de petróleo para maio e aliviar os estoques. Há um ano, o preço desse mesmo barril era de US$ 66.

A explicação para é razoavelmente simples: com a paralisação forçada da economia mundial para tentar conter a pandemia de coronavírus, a demanda por derivados de petróleo caiu drasticamente, as refinarias reduziram a compra de óleo cru para transformar em combustíveis e os estoques de petróleo aumentaram a ponto de os produtores americanos não terem mais onde estocar sua produção a partir de maio.

Há estimados 160 milhões de barris de petróleo em estoque em todo mundo. Os produtores americanos passaram a recorrer a navios-tanque alugados para abrigar essa produção, o que fez com que o preço da mercadoria desabasse.

"Há pouco que se possa fazer para impedir que o mercado sofra mais perdas no curto prazo. Os refinadores estão rejeitando barris de petróleo cru em um ritmo histórico e com os níveis de armazenamento dos EUA subindo rapidamente, as forças do mercado infligirão ainda mais dor até atingirmos o fundo do poço, ou a epidemia arrefecer, o que ocorrer primeiro. Nesse momento, o fundo do poço é mais provável", afirmou Michael Tran, diretor gerente de estratégia global de energia da RBC Capital Markets, à Bloomberg. 

Os contratos de venda de petróleo americano para junho também enfrentam uma queda significativa, mas são negociados em valores positivos, em torno de US$ 20 por barril.
Seis semanas de tensão no mercado

A instabilidade no preço do petróleo começou com o choque nos mercados globais por causa da pandemia de coronavírus, no começo de março.

Naquele momento, com a desaceleração das produções ao redor do mundo, a Arábia Saudita propôs aos produtores da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e à Rússia, que não faz parte do consórcio, que combinassem uma redução conjunta de sua produção para tentar conter a queda abrupta do preço da commodity.

O presidente russo, Vladimir Putin, não aceitou o acordo e, em retaliação, a Arábia Saudita, maior produtora global de petróleo, ordenou o aumentou de produção de 50% da estatal petroleira Saudi Aramco, o que levou a uma oferta gigantesca no mercado e à maior queda diária nos preços do barril desde a guerra do Golfo, em 1991.

O derretimento do mercado levou a Petrobras a perder R$ 91 bilhões em valor de mercado apenas no dia 9 de março.

Naquele momento, o presidente americano, Donald Trump, anunciou que via na queda dos preços uma boa oportunidade para encher as reservas estratégicas de combustível fóssil do país e tentar afetar o controle do preço da commodity ao mesmo tempo.

"Com base no preço do petróleo, também instruí o secretário de Energia a comprar, a um preço muito bom, grandes quantidades de petróleo bruto para armazenamento na reserva estratégica dos EUA", disse Trump, em 13 de março.

"Vamos preenchê-lo até o topo, economizando bilhões e bilhões de dólares para os contribuintes americanos, ajudando nossa indústria de petróleo [e promovendo] esse maravilhoso objetivo - que alcançamos, que ninguém pensava ser possível - de independência energética", celebrou Trump. Pouco mais de um mês depois, no entanto, a boa oportunidade se converteu um erro - já que agora faltam espaços para estocagem e o preço da mercadoria caiu ainda mais.

Em 12 de abril, Arábia Saudita, Opep e Rússia chegaram a um acordo, intermediado com a ajuda de Trump, para um corte histórico na produção global: uma redução de 10%, algo em torno de 9,7 milhões de barris por dia (duas vezes mais do que foi cortado durante a crise de 2008).

Ainda assim, os mercados estão deixando claro que o acordo já nasceu defasado.

Um estudo feito pela consultoria IHS Markit antes dessa segunda-feira de queda histórica, estimou que a produção global deve cair em até 14 milhões de barris por dia conforme países como Estados Unidos e Canadá cortem sua produção para tentar conter o prejuízo, já que apenas entre fevereiro e março de 2020 os preços do barril desabaram de US$ 53 para menos de US$ 22.
 
Quem sofre com isso?

Em todo mundo, existem hoje ao menos 100 países produtores de petróleo. O mercado petrolífero respondeu sozinho por quase 4% do PIB mundial em 2019, um negócio que movimentou US$ 86 trilhões e empregou 4 milhões de pessoas.

A crise no setor afeta diretamente a economia da maior parte dos países do mundo. E o problema é que essa não é uma crise comum, uma recessão econômica regional ou uma desaceleração pontual: é uma interrupção abrupta do fluxo comercial de quase todo o mundo.

Por isso, os resultados tendem a ser ainda mais dramáticos. Bancos centrais não dispõem de instrumentos para conter as perdas.

"Será necessária uma recuperação da demanda para realmente virar o mercado e isso dependerá de como a crise da saúde se desenrolar", analisa o correspondente de economia da BBC Andrew Walker.

Com mais de 2,4 milhões de casos de covid-19 no mundo e cerca de 165 mil mortes, a curva de contágio global parece distante de cair, o que torna impossível prever uma saída para a crise de falta de demanda.

O desespero no mercado de óleo e gás americano é tal que, em uma de suas análises, no dia 17, o analista de energia Phil Flynn, do grupo Price Futures Groupe, em Chicago, incluiu, em meio aos números do mercado de petróleo, dados sobre a recuperação de pacientes de covid-19 tratados com antivirais experimentais.

Ele dizia ver com esperança os avanços, ainda não cientificamente comprovados. Seria um caminho para o alívio das medidas de quarentena, sem o qual os estoques de petróleo não vão baixar.

"Para os contratos de petróleo de maio, no entanto, qualquer alívio chegará tarde", antevia Flynn, três dias antes de os preços negativos do petróleo americano dessa segunda-feira.

sábado, 16 de maio de 2020

Recessão aumentou mortes em cidades onde gasto com assistência e saúde foi menor, diz estudo

Casas precárias, sem pintura, na beira de canal poluído 

Olá Alunos,

Como tem sido repetido por várias autoridades, a maior armadilha no combate ao coronavírus é a desinformação. Muitos acreditaram em uma alegação maldosa que distorcia os resultados de uma pesquisa científica para defender o fim do isolamento social, sob o argumento de que haveriam mais mortes por conta da recessão econômica vindoura. A notícia de hoje da voz aos autores da referida pesquisa para desfazer esse mito.

Esperamos que gostem e participem!
Lucas Pessoa é membro do Grupo de Pesquisas "Estados Instituições e Análise Econômica do Direito".

Na última recessão pela qual passou, o Brasil registrou aumento no número de mortes em municípios onde houve menos gasto com assistência social e atenção à saúde. O desemprego mais alto foi responsável por mais de 30 mil mortes adicionais entre 2012 e 2017.

Essa é a constatação de um artigo elaborado por sete pesquisadores, entre brasileiros e estrangeiros, publicado no fim do ano passado na revista Lancet Global Health.

Para surpresa dos autores, o texto começou a ser compartilhado por pessoas que defendem o fim da quarentena, como argumento de que o isolamento social poderia prejudicar a economia e portanto levar a mais mortes.

Os pesquisadores correram para dizer que as conclusões do artigo estavam sendo distorcidas e argumentaram que a discussão sobre salvar vidas ou a economia é um falso dilema.

Um dos responsáveis pelo estudo, o epidemiologista Rômulo Paes de Sousa, pesquisador da Fiocruz, disse à BBC News Brasil que "as pessoas querem fazer contraposições que não são reais, como: morrer infectado ou morrer como consequência do desemprego". Ele diz que, na verdade, as mortes dependem da resposta do governo para conter a epidemia e os efeitos dela.

"O Brasil ficou infantilizado do ponto de vista político. Discutimos coisas que não fazem sentido. Uma delas é: 'preciso que a gente saia logo do isolamento porque aí a economia vai voltar e vamos prevenir mortes no futuro em função da recessão'. Isso não faz o menor sentido. Se você sai de forma desorganizada, descontrolada, as pessoas vão se contaminar e vão começar a morrer."
O que diz o estudo?

Em países ricos, recessões passadas trouxeram redução da mortalidade, que pode ser explicada por redução em acidentes de trânsito, doenças hepáticas e doenças cardiovasculares nesses períodos.

Uma possível explicação para essas reduções é que o declínio da produtividade durante as recessões resulta em menor participação em atividades prejudiciais, como direção e consumo de álcool, redução do horário de trabalho e aumento do tempo gasto em atividades saudáveis.

Em países de baixa e média renda, no entanto, as tendências são diferentes.

A partir de dados do Ministério da Saúde, do Ministério de Desenvolvimento Social, do IBGE e do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), de 2012 a 2017, os pesquisadores decidiram verificar a relação entre recessão, desemprego e mortalidade nos municípios brasileiros.

O resultado verificado foi que a recessão brasileira contribuiu para aumentos da mortalidade, mas que gastos com saúde e proteção social mitigaram os efeitos prejudiciais à saúde, especialmente entre populações vulneráveis.

Eles identificaram que os aumentos no desemprego não foram associados a aumentos na mortalidade em municípios com maiores gastos com assistência médica e proteção social.

"Nossas descobertas destacam a importância de sistemas de proteção social apropriados nacionalmente para proteger populações em risco dos impactos adversos à saúde das recessões econômicas nos países de média e baixa renda", apontam os autores.

A mortalidade por todas as causas aumentou entre brasileiros pretos e pardos, homens, e indivíduos de 30 a 59 anos de idade.

Isso tem a ver, segundo os autores, com evidências anteriores de que os brasileiros negros e pardos têm maior probabilidade de ter um emprego informal do que os brasileiros brancos, têm renda mais baixa do que os brasileiros brancos empregados no mesmo cargo, e que têm mais chances de estar na pobreza, dependendo de investimento público em saúde e programas de proteção social.

O estudo aponta que renda mais baixa, maior risco de problemas de saúde relacionados à pobreza e aumento do estresse psicossocial estão entre os fatores que podem ter contribuído para o aumento da mortalidade durante a recessão.

As mais de 30 mil mortes adicionais que ocorreram devido ao aumento do desemprego de 2012 a 2017, segundo os pesquisadores, foram principalmente devido a câncer e doenças cardiovasculares.

Devido ao artigo, Paes de Sousa diz que muitas pessoas têm perguntado a ele qual será a quantidade de mortes devido à nova recessão que o país deve viver como consequência da pandemia. Ele pondera, no entanto, que o contexto é diferente e que é necessário, primeiro, focar em questões como: saber a quantidade de mortes devido à covid-19, se os sistemas de saúde entrarão em colapso, e as políticas para reduzir os efeitos da crise.

"A recessão não acontece de forma exclusiva", afirmou, ao comentar o cenário atual.

Auxílio emergencial

Paes de Sousa diz que foi positivo o aumento de R$ 200 para R$ 600 no auxílio emergencial para trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos e desempregados, com objetivo fornecer proteção emergencial no período de enfrentamento à crise causada pela pandemia do coronavírus.

Ele diz, no entanto, que acredita que o valor pode ser insuficiente para manter os trabalhadores em casa sem trabalhar, porque está abaixo da renda média de cerca de R$ 1.400 dos trabalhadores sem carteira assinada, segundo dados do IBGE.

"Quando fazemos transferência de recursos, queremos mudar a atitude das pessoas. Qual é o objetivo dessa transferência neste momento? Que as pessoas reduzam sua atividade laboral, sobretudo nas grandes cidades, onde circulação do vírus tende a ser maior. Se o valor não permitir que possam pagar as contas, elas podem receber benefício e ele não ser eficaz na obtenção desse propósito."

O pesquisador disse, ainda, que o país hoje falha em políticas de combate à fome. "O Brasil já teve políticas de segurança alimentar muito mais fortes e isso faz com que, hoje, a entrega de cestas básicas, por exemplo, ocorra de forma desorganizada", diz.

Ele aponta que há "iniciativas generosas de parcelas da sociedade", mas que "algumas áreas são mais próximas dos centros de distribuição e são razoavelmente atendidas, enquanto lugares mais remotos e de maior conflito social ficam descobertos".

A responsabilidade pela distribuição, ele diz, é do Estado. "Perdemos capacidade de fazer política pública de segurança alimentar e voltamos para ação de caridade."

segunda-feira, 11 de maio de 2020

De onde vem o dinheiro que países estão gastando para resgatar economia na pandemia?

https://jornalggn.com.br/sites/default/files/2020/04/epidemia-economica-covid-19-e-a-crise-capitalista-por-maurilio-lima-botelho-maurilio-covid-boitempo-218x150.jpg 

Olá alunos,

Uma dúvida comum a respeito dos elevados gastos governamentais para conter a pandemia de Coovid-19 e, posteriormente, amenizar seus impactos econômicos é de onde sairá os recursos para pagar a conta. A notícia de hoje exemplifica os artifícios que cada Estado possui para essa situação bem como as possíveis consequências dessas medidas.

Esperamos que gostem e compartilhem!
Lucas Pessoa é membro do Grupo de Pesquisas "Estados Instituições e Análise Econômica do Direito - GEPEIA"

Ao redor do mundo, países vêm liberando recursos multimilionários para combater a pandemia de coronavírus.

Mas de onde está vindo todo esse dinheiro?

Os recursos vêm, sobretudo, de empréstimos. Governos podem tomar dinheiro emprestado de diferentes formas, mas uma das mais recorrentes é por meio dos chamados títulos públicos.

Títulos públicos são contratos emitidos pelo Tesouro Nacional pelos quais investidores – desde pessoas físicas a empresas e até outros governos – emprestam dinheiro ao governo por um período de tempo determinado.

No vencimento, eles recebem o dinheiro que emprestaram com juros, ou seja, com uma determinada rentabilidade, que pode ser pré-fixada (taxa de juros fixa) ou pós-fixada.

Esses títulos são negociados no mercado financeiro, por bancos, fundos de investimento e investidores.

E como esse dinheiro é pago de volta?

Governos normalmente devolvem o dinheiro emprestado por meio da arrecadação dos impostos e, em alguns casos, lucros de suas empresas estatais, como a Petrobras, no caso do Brasil.

Só o tempo dirá se os impostos vão aumentar ou se os governos vão cortar gastos para aumentar sua liquidez (dinheiro disponível em caixa).

Mas os bancos centrais também têm um papel nisso.

O banco central é diferente dos bancos comerciais. Ele regula a oferta de moeda, os juros e o sistema bancário comercial.

Alguns bancos centrais compram títulos do governo e outros ativos. Eles criam "dinheiro novo" para pagar por isso com uma canetada.

É o chamado afrouxamento monetário.

Pode ficar mais fácil para os governos venderem os títulos que precisem se o banco central comprar parte deles.

E se o banco central mantiver o título até o vencimento, talvez o governo não precise pagar por eles.

Ou seja, o governo toma emprestado dele mesmo e paga a si mesmo.

Muitos bancos centrais ao redor do mundo já disseram que vão fazer mais afrouxamento monetário nesta pandemia.

Mas isso significa que mais dinheiro será impresso?

O afrouxamento monetário, de fato, é associado à impressão de dinheiro, mas esse dinheiro não é físico.

Alguns economista alertam para uma possível elevação dos preços, e se a oferta de dinheiro aumentar muito rápido, pode haver inflação.

Isso ainda não aconteceu, mas é possível.

Assim, esse dinheiro de emergência pode acabar sendo pago indiretamente por preços mais elevados, o que reduz o poder de compra da população em geral.

sábado, 9 de maio de 2020

Lélia e Sebastião Salgado: ajude a proteger os povos e indígenas da Amazônia do Covid.


 

Olá alunos,

A marginalização dos povos tradicionais indígenas têm sido latente desde a gênese do Estado brasileiro. Já vimos, ao longo da história o quanto o contágio de doenças pode ser fatal para a sobrevivência desses povos.

Em razão disso, é extremamente necessário que esses povos recebam um cuidado redobrado para em tempos de pandemia. Pedimos que apoiem a petição on-line para que manifestemos o nosso apoio as comunidades tradicionais da Amazônia.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

JSTOR - Acesso Gratuíto a 100 Artigos Acadêmicos.

     
 
Olá Alunos,

Durante a Pandemia de Coovid-19 a renomada plataforma de artigos científicos, JStor adotou a iniciativa de amplia o número de artigos disponíveis para suas contas gratuitas. Até o dia 30 de junho, o registro gratuito passará a ter direito a 100 artigos científicos e não mais 6 como era usual.

Esperamos que essa informação possa auxilia-los em seus estudos e pesquisas.