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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Como o RCEP, o maior tratado de livre-comércio do mundo, afeta o Brasil e a América Latina


Caros leitores,

A assinatura do RCEP, vitória da China dentro do ambiente multilateral, dispõe de significado ímpar para o ambiente econômico por abarcar países que representam 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta. A possibilidade de ampliação do mercado e das relações de comércio dispõem de possibilidade de alteração significativa na cadeia de mercado atualmente constituída.

Nesta matéria, trazemos uma análise dos potenciais efeitos deste acordo para o ambiente regional latino-americano. Ainda, busca-se compreender quais serão os possíveis impactos ao Brasil enquanto exportador significativo de commodities para alguns dos países envoltos no acordo.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

Depois de uma década em construção, o maior acordo comercial do mundo aconteceu. Líderes asiáticos assinaram no domingo (15/11), em Hanói, o mega-tratado que inclui os dez membros da Associação de Nações do Sudeste Asiático, além de China, Japão, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

O acordo, Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), será maior que a União Europeia e o Acordo Estados Unidos-México-Canadá. Os membros somam quase um terço da população mundial e 29% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.

A Índia também fez parte das negociações, mas desistiu em 2019 por temer que a redução das tarifas prejudicasse seus produtores.

O acordo

O RCEP eliminará tarifas de importação pelos próximos 20 anos. O acordo também inclui dispositivos sobre propriedade intelectual, telecomunicações, serviços financeiros, comércio eletrônico e serviços profissionais.

Muitos dos países-membros já têm acordos de livre-comércio entre si, mas com limitações que podem ser superadas com o atual acordo.

"Os acordos de livre-comércio existentes costumam ser muito complexos em comparação com o RCEP", disse Deborah Elms, da organização Asian Trade Centre, à BBC em Cingapura.

Até agora, as empresas que dependem de cadeias de suprimentos globais podiam ser afetadas por tarifas, apesar de um acordo de livre-comércio, porque seus produtos tinham componentes fabricados em outro lugar. Um produto fabricado na Indonésia que contém peças fabricadas na Austrália, por exemplo, pode estar sujeito a tarifas.

No âmbito do RCEP, entretanto, os componentes de qualquer país membro serão tratados da mesma forma, o que poderia dar às empresas nos países do RCEP um incentivo para fazer parceria com fornecedores da nova aliança regional.

Qual é a sua importância geopolítica?

A ideia do RCEP nasceu em 2012 e foi vista como uma forma de a China, maior importadora e exportadora da região, se opor à influência que os Estados Unidos vinham exercendo ali durante o governo de Barack Obama.

Obama havia promovido a Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês), da qual faziam parte México, Chile e Peru, mas não a China.

O interesse pelo RCEP cresceu quando Trump retirou os EUA da Parceria Transpacífico - o país era o arquiteto do acordo e cuja economia correspondia a dois terços do total do bloco.

Na verdade, a guerra comercial entre Estados Unidos e China e a política nacionalista de Trump ("America first") acabaram com a ideia de Obama de olhar mais para a Ásia e serviram para dar força ao RCEP, que é visto como uma oportunidade de Pequim para definir a agenda comercial regional na ausência de Washington.

Como principal fonte de importações e principal destino das exportações da maioria dos membros do RCEP, a China parece ser o principal beneficiário e está bem posicionada para influenciar as regras comerciais e expandir sua influência na Ásia-Pacífico, algo que Obama queria evitar.

A Presidência de Biden mudará alguma coisa?

O comércio internacional esteve muito menos presente na agenda nesta campanha presidencial, e Biden disse relativamente pouco sobre se sua política comercial mudará significativamente ou se vai reconsiderar o retorno à Parceria Transpacífico.

Biden defende retomar uma política de multilateralismo, como durante o governo Obama, mas é prematuro falar em acordos comerciais, dados os enormes desafios que o democrata enfrentará internamente. Além disso, eventuais medidas nesse sentido correm o risco de serem vistas como prejudiciais aos sindicatos que o ajudaram a vencer nos Estados do chamado cinturão da ferrugem (região tradicionalmente industrial dos EUA).

É esperado que suas prioridades comerciais se concentrem em trabalhar com os aliados para pressionar a China e forçar mudanças na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Voltar ao que era à Parceria Transpacífico pode não acontecer no curto prazo.

Os sindicatos e os progressistas que apoiaram a eleição de Biden têm sido céticos em relação aos acordos de livre-comércio, e representantes desses grupos estão presentes em sua equipe de transição. Eles podem defender certas medidas de proteção a indústrias vulneráveis, como aço e alumínio.

Se Biden decidir se reconectar com a Ásia-Pacífico, isso pode funcionar como um contrapeso em relação à China.

Como afeta a América Latina?

O comércio bilateral entre a Ásia e a América Latina tem crescido continuamente nas últimas décadas, mas a integração entre as duas regiões tem muito espaço para avanços e pode sofrer o impacto do novo acordo, afirmam analistas.

"No curto prazo, o RCEP pode causar algum desvio comercial, limitar o crescimento do comércio entre a América Latina e a Ásia", diz Jack Caporal, especialista em comércio do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.

"No entanto, as regras comuns tornarão mais fácil para as empresas latino-americanas com presença na Ásia fazerem negócios lá", agrega Caporal. "Uma questão importante para os países latino-americanos é se eles buscarão uma integração com a Ásia individualmente ou em conjunto, como por meio da Parceria Transpacífico ou do Mercosul."

"Desde que o comércio entre a América Latina e a China explodiu, nos anos 2000, liderado quase exclusivamente pelo rápido crescimento da China e sua necessidade de matérias-primas, os países da região buscaram uma maior integração com a Ásia em geral, não apenas com a China, mas em particular com Japão, Coreia do Sul e Índia", diz à BBC News Mundo Cynthia Arnson, especialista do Wilson Center nas relações entre as duas regiões.

Arnson afirma que esse era o espírito da Parceria Transpacífico, agora dizimada na ausência dos Estados Unidos.

"A menos que o governo Biden retorne à Parceria Transpacífico, os países latino-americanos serão atraídos por uma maior participação de mercado na Ásia, que agora está representada pelo RCEP", acrescenta.

Nicolás Albertoni, professor da Universidade Católica do Uruguai e pesquisador associado do Laboratório de Política e Segurança Internacional da Universidade do Sul da Califórnia, acredita que há uma "desvantagem" para os países que não fazem parte desse tipo de mega-acordos.

"É fundamental que os países da América Latina (principalmente do Cone Sul) que não fazem parte batam à porta e peçam para fazer parte desses acordos", opina à BBC News Mundo.

E os efeitos para o Brasil?

O novo acordo deve afetar pouco a exportação de commodities brasileiras para a região, segundo especialistas em relações internacionais e comércio exterior ouvidos pela BBC News Brasil.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Bruno Hendler destaca que o acordo "faz parte de uma disputa maior, entre EUA e China, por processos de integração regional que vão muito além da redução de tarifas comerciais".

Especialista em relações da China com o Sudeste Asiático e com a América Latina, Hendler pondera que os efeitos desse tipo de acordo levam anos para serem sentidos, principalmente porque muitos países tendem a usar salvaguardas para proteger setores econômicos mais frágeis.

"O reflexo mais imediato desse acordo é a tendência de elevação de competitividade dos países asiáticos pela integração nas cadeias globais de valor, que é um processo que vem acontecendo há décadas", diz Hendler.

Para o Brasil, ele diz, o impacto não deve ser tão significativo.

"O grande mercado asiático, que é o chinês, já tem acordo de livre-comércio com países que são concorrentes do agronegócio brasileiro. O novo acordo tende a oficializar uma série de acordos que já existiam - que alguns autores chamam de prato de espaguete, em referência a essas conexões. Vejo esse acordo como um 'upgrade' de uma série de acordos bilaterais e multilaterais que já existiam entre esses países. Então, no curto prazo, acho que o agronegócio brasileiro não será tão impactado porque já tem sido impactado há anos pelo acesso privilegiado que o Sudeste Asiático tem ao mercado chinês."

O presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, espera um "impacto menor" para a exportação de commodities brasileiras.

"Tínhamos preocupação com o acordo anterior (TPP ou Parceria Transpacífico), em que os EUA, nosso grande concorrente na exportação de commodities, participavam e teriam muita vantagem. No acordo atual, o impacto para o Brasil em termos de commodities muda pouco, e em relação a produtos manufaturados já temos participação muito pequena, que continuará pequena enquanto Brasil não fizer reformas estruturais internas", diz Castro.

Especialista em geografia das relações internacionais, Gustavo Glodes Blum também diz que as correntes de comércio do Brasil com a região Ásia-Pacífico, baseada nas commodities, não serão alteradas. Ele destaca, no entanto, que o Brasil pode sentir efeitos de uma possível perda de mercado dos EUA por lá.

"O efeito mais relevante para nós talvez seja um aprofundamento da disputa por mercado, com os EUA aumentando esforços de penetrar no nosso mercado. A China cria, na prática, um mercado comum na região e isso vai prejudicar circulação de produtos americanos ali dentro", diz Blum.

O ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil Welber Barral, que classifica o acordo como uma vitória da China, avalia que "pode haver algumas concessões tarifárias para países da região, que não vão abranger o Mercosul, e isso faz o Brasil perder vantagens tarifárias na região".

Barral destaca que o Mercosul terá que procurar avançar nos acordos com a Ásia. E também aponta que empresas brasileiras que eventualmente decidam se instalar em algum dos países abrangidos pelo acordo podem se beneficiar de uma plataforma de expansão na Ásia.

'Pouco ambicioso'

Embora o RCEP tenha sido uma iniciativa dos dez países da Associação de Nações do Sudeste Asiático, ele é visto por muitos como uma alternativa apoiada pela China à Parceria Transpacífico, um acordo que exclui Pequim, mas inclui muitos países asiáticos.

Doze nações, incluindo Chile, México e Peru, assinaram a Parceria Transpacífico em 2016, antes de Trump retirar seu país do acordo em 2017.

Sem os Estados Unidos, os demais países assinaram o Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP, na sigla em inglês). Embora inclua menos países, o CPTPP reduz as tarifas ainda mais do que o RCEP e inclui disposições sobre emprego e meio ambiente.

O ex-primeiro-ministro australiano Malcolm Turnbull criticou o novo acordo ao dizer que é desatualizado.

"Haverá alarde sobre a assinatura e entrada em vigor do RCEP, mas é um acordo comercial pouco ambicioso, não devemos nos enganar", disse Turnbull, que assinou a Parceria Transpacífico em nome de seu país.

Ativistas temem a falta de medidas para proteger os trabalhadores e o meio ambiente e que isso prejudique os agricultores e pequenos negócios em um momento em que eles já estão sofrendo devido à pandemia.

Diferenças à parte

Do lado positivo, o RCEP reúne países que costumam ter relações espinhosas, como China e Japão. Além disso, tanto Austrália quanto China estão aderindo ao acordo, apesar de relatos de que a China pode boicotar algumas importações australianas por causa de diferenças políticas.

"Você pode cooperar com alguém ou simplesmente odiá-lo, assim como as pessoas. O RCEP fez um trabalho impressionante ao se separar de outras disputas", diz Elms.

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terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Convite!



Caros leitores,

Viemos convidá-los ao Webinar "Regulação da Saúde na Pandemia: Desafios para um Plano de Vacinação contra a Covid-19", promovido pelo Núcleo Avançado de Pesquisa em Regulação da Saúde (NAPS) e pela Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Evento ocorrerá no dia 16.12.2020 a partir das 18:00 e contará com a presença de:


Moderador:

Flavia Bahia - Professora e Coordenadora do Núcleo Avançado de Pesquisa em Regulação da Saúde (NAPS) da FGV Direito Rio

Palestrantes:

Maria Stella Gregori - Advogada e Consultora para empresas na área do Direito do Consumidor, Direito Regulatório e Direitos Humanos

Edson Alvisi - Professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Consultor da Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial da Saúde

Hermano Castro - Pesquisador titular da Fiocruz e Diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca - Fiocruz.


Com o início da vacinação ocorrendo em algumas das principais potencias do globo, abre-se caminho para discutir como será o processo em um país de tamanha particularidade como o Brasil, que incluem inerentes desafios a serem resolvidos pelo Poder Público. É neste sentido que o Webinar busca promover seu debate, trazendo consigo nomes renomados no assunto.

Esperamos que gostem e participem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


Inscreva-se no Webinar aqui!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A China se movimenta no tabuleiro global à espera da chegada de Biden à Casa Branca

Caros leitores,

A eleição de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos afetará drasticamente a dinâmica das relações multilaterais, diante de uma realidade de mudança de posicionamento do país na ordem globalizada. E, frente à polarização cada vez mais enfática entre China e EUA, novos questionamentos e debates insurgem nessas relações;

Nesta matéria, trazemos uma análise de como o governo chinês constituiu sua posição diante dessa mudança de quadro, trazendo consigo medidas que visam enfatizar seu protagonismo global; bem como as respostas fornecidas pelos governo norte-americano de forma a contrapor este avanço.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

Faltando dois meses para a troca de comando na Casa Branca e aguardando pistas sobre os rumos do futuro Governo de Joe Biden, a China já começou a se movimentar no tabuleiro geoestratégico global. Depois da assinatura do maior acordo comercial do mundo, o RCEP, que não tem a participação dos EUA, o presidente chinês, Xi Jinping, quer posicionar seu país como o grande líder do multilateralismo nas cúpulas internacionais que se realizam nestes dias, por videoconferência. Na cúpula da APEC― o fórum de cooperação econômica da Ásia e do Pacífico― o líder afirmou que não haverá o que ele chama de “desacoplamento”: a possibilidade de ruptura econômica absoluta entre a China e os Estados Unidos. Mas a benevolência que mostra nas cúpulas contrasta com a atitude mais áspera em relações mais espinhosas: as tensões com a Austrália, um firme aliado norte-americano, dispararam nesta semana.

No tabuleiro asiático, a ótica e as formas importam ―e muito―na condução das relações internacionais. Na cúpula da APEC, a China somou um novo ponto, depois da vitória obtida com a assinatura do RCEP no último domingo. O contraste entre as duas grandes potências não poderia ser maior. Até o último momento ainda não se sabia se por fim o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, interviria. Finalmente, na sexta-feira, ele participou de uma videoconferência com os outros líderes, mas, ao contrário de Xi, não fez nenhum discurso público. A participação foi sua primeira neste fórum desde 2017, a única ocasião em que compareceu pessoalmente a esta cúpula durante sua presidência.

Por outro lado, Xi pronunciou um amplo discurso no qual alardeou credenciais multilateralistas. “Não mudaremos de rumo nem iremos na direção contrária pela história. Não haverá desacoplamento nem formaremos grupinhos [de países] para excluir outros”, afirmou, em uma deliberada referência aos Estados Unidos. “Abrir-nos para o mundo exterior é uma política nacional primordial e não vamos relaxá-la em momento algum”, prometeu.

Encruzilhada

Esta cúpula acontece em um momento de encruzilhada, quando o panorama econômico mundial é incerto devido aos estragos da pandemia do coronavírus, os países asiáticos ―como o resto do mundo, com a notável exceção da própria China―assistiram a um declínio em sua atividade econômica e Pequim finaliza os detalhes dos planos que até 2025 devem transformar a China em um país de renda alta e, até 2035, em uma potência desenvolvida.

Uma das chaves para atingir esses objetivos é a chamada estratégia de “dupla circulação”, o desenvolvimento do mercado interno ―muito especialmente por meio da inovação tecnológica― para proteger a economia nacional dos efeitos da desglobalização e das tensões comerciais com os Estados Unidos. Embora esse novo modelo tenha gerado temores de que a China possa se dirigir para um sistema mais autárquico, Pequim insiste que um mercado interno mais robusto contribuirá para relações comerciais mais intensas com o resto do mundo. Uma mensagem que Xi reiterou: “vamos reduzir ainda mais as tarifas e os custos institucionais, desenvolveremos uma série de zonas modelo de inovação e promoção das importações comerciais e ampliaremos nossas importações de bens e serviços de alta qualidade de outros países”, disse o presidente chinês.

Pressa

Depois da assinatura do RCEP, na semana passada, a China quer implementá-lo o mais rápido possível. Na quarta-feira, o primeiro-ministro Li Keqiang liderou uma reunião do Conselho de Estado, o Governo chinês, para começar a colocá-lo em funcionamento. “Criar a maior área de livre-comércio do mundo contribuirá para estabilizar as cadeias de suprimento e as cadeias industriais”, declarou Li Keqiang. Por seu lado, o diretor do Instituto de Mercado Internacional do Ministério do Comércio, Bai Ming, destacou que a aplicação do pacto pode acelerar a negociação de outros que Pequim tem nas mãos, incluindo o tratado de investimentos com a União Europeia ou o de livre-comércio trilateral com a Coreia do Sul e o Japão.

No período de transição política nos Estados Unidos, “optar pela liberalização comercial é um grande fator positivo para a imagem da China e provavelmente mais relevante em termos econômicos do que qualquer outra opção mais agressiva”, como gestos a Taiwan ou nas águas em disputa no Mar do Sul da China, diz Alicia García-Herrero, economista-chefe para a Ásia do banco de investimento Natixis, em um comunicado depois da assinatura do RCEP.

Junto da cenoura das promessas de unidade e cooperação com os países parceiros, a China, cada vez mais confortável e assertiva em seu papel de potência em ascensão, também insiste que não hesitará em usar o bastão para defender o que considera seus interesses-chave. Essa vara se agita cada vez mais ameaçadora contra a Austrália, país com o qual as relações já vinham se deteriorando. Neste ano, as exigências de Canberra em relação a uma investigação sobre a origem do novo coronavírus, seu veto ao 5G chinês e uma série de acordos de colaboração militar com outros países da região converteram a deterioração gradual em uma queda livre.

Depois de uma série de restrições de fato às importações de produtos do país oceânico, de lagosta a minério de ferro, esta semana, diplomatas chineses entregaram a vários veículos de comunicação australianos um documento com queixas sobre 14 áreas da relação que Pequim exige que Canberra solucione em troca de por fim às suas pressões comerciais. O documento menciona, entre outras coisas, as atividades críticas contra Pequim por parte de laboratórios de ideias e de meios de comunicação. “A China está irritada. Se você fizer da China uma inimiga, a China será inimiga”, disse um diplomata do país a um repórter do jornal Sydney Morning Herald.

Os EUA também tomam posições

Enquanto isso, o administração Trump, prestes a deixar o poder, ainda move o tabuleiro que Biden herdará nas relações bilaterais. Um documento de 74 páginas divulgado pelo Departamento de Estado considera que a China aspira “revisar fundamentalmente a ordem mundial, colocando a República Popular da China no centro e cumprindo as metas autoritárias e as ambições hegemônicas de Pequim”. O texto, intitulado ‘Os Elementos do Desafio Chinês’, descreve os passos que Washington deve dar para contrariar essas intenções.

O relatório recomenda que os Estados Unidos mantenham as Forças Armadas mais poderosas do mundo “ao mesmo tempo em que melhorem a colaboração de segurança, com base em interesses comuns e uma responsabilidade compartilhada”, com seus aliados. Também enfatiza a necessidade de fortalecer a ordem mundial “livre, aberta e baseada no Estado de direito” criada depois da Segunda Guerra Mundial. Reavaliar e fortalecer seu sistema de alianças, educar os cidadãos norte-americanos sobre os desafios que a China representa e “defender os princípios da liberdade mediante o exemplo” também fazem parte das medidas a serem tomadas.

Como esperado, Pequim reagiu com duras críticas ao documento. Na entrevista coletiva diária do Ministério das Relações Exteriores, o porta-voz Zhao Lijian acusou o relatório de ser “uma mentira antichinesa” redigida por “fósseis da Guerra Fria no Departamento de Estado”.

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Webinar - Convite!


Caros leitores,

Viemos convidá-los para o Webinar "Dilemas do Multilateralismo: Desafios para o Brasil", promovido pelo Núcleo de Multilateralismo do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) em conjunto com a Fundação Konrad Adenauer (KAS). O Evento ocorrerá no dia 11 de dezembro a partir as 10:00 e contará com a participação de:


Abertura:

- Luciana Gama Muniz, Diretora de Projetos do CEBRI


- Kevin Oswald, Representante Adjunto da Fundação Konrad Adenauer no Brasil


- Gelson Fonseca Junior, Conselheiro do CEBRI


Debatedores:

- Lia Valls, Senior Fellow do CEBRI e Professora do Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais da Universidade doEstado do Rio de Janeiro

- Caetano Penna, Professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

- Maria Regina Soares de Lima, Professora do Instituto de Estudos Sociais e Polítcos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

- Francisco Gaetani. Professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas

- Moderação: Carlos Milani, Senior Fellow do CEBRI e Professor e Vice-Diretor do Instituto de Estudos Sociais e Polítcos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Com os novos desafios para o multilateralismo, abre-se uma nova discussão acerca de como isso afetará o Brasil. Desta forma o Webinar traz consigo nomes especializados na matéria para enriquecer o debate.


Esperamos que gostem e participem!


Lucas Pessoa e Ygor Alonso são membros do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


Inscreva-se no Webinar aqui!

domingo, 6 de dezembro de 2020

Convite - Live

Caros Leitores,

Viemos convidá-los para a primeira Live da serie realizada pelo GPEIA/UFF no Instagram.

O evento tem como intuito trazer a discussão acerca do tema: “Os Desafios Contemporâneos ao Multilateralismo” e contará com a participação de Gabriel Rached - Professor do PPGSD/UFF e Coordenador do Grupo de Pesquisa Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF) - e mediação de Rafaela Mello, pesquisadora do GPEIA e Mestranda do IRI/PUC-Rio.

O Evento ocorrerá no dia 8 de dezembro a partir as 18:00 no perfil @seminarioestadoeinstituicoes no Instagram


Sigam o perfil para acompanhar o evento. Esperamos que gostem e participem!

Lucas Pessoa e Ygor Alonso são membros do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Webinar - Convite!

Caros leitores,

Viemos convidá-los para o Webinar da série "Governo Biden: impactos para o Brasil - Espaço cívico e o combate à desinformação", promovido pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI). O Evento ocorrerá no dia 7 de dezembro a partir as 18:00 e contará com a participação de:


- Patricia Campos Mello, Senior Fellow do CEBRI e Repórter Especial e Colunista da Folha de São Paulo

- Ilona Szabó, Conselheira do CEBRI e Cofundadora e Presidente do Instituto Igarapé

- Fernanda Magnotta, Senior Fellow do CEBRI e Coordenadora do Curso de Relações Internacionais da FAAP

- Abertura e moderação: Carla Duarte, Diretora de Relações Institucionais e Comunicação do CEBRI

Com a eleição de Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos, abre-se uma nova discussão acerca de como isso afetará o Brasil. Desta forma o Webinar traz consigo nomes especializados na matéria para enriquecer o debate.


Esperamos que gostem e participem!


Lucas Pessoa e Ygor Alonso são membros do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


Inscreva-se no Webinar aqui!