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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ebola causa impacto econômico na África Ocidental





Olá alunos,


A epidemia de ebola tem feito muitas vítimas na África e pode ameaçar a economia de alguns países. A postagem de hoje expõe os transtornos econômicos que a epidemia esta causando e suas consequências. 


Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
 

A epidemia de ebola continua a afligir a África Ocidental. Agora o Senegal também anunciou o primeiro caso da doença. Depois da Libéria, Serra Leoa é o país mais afetado pela epidemia. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), já foram registrados mais de mil casos da infecção.

Isso começa a atingir também a economia. O presidente do Banco de Desenvolvimento Africano (AfDB, na sigla em inglês) não deixa dúvidas quanto à situação econômica desconfortável em Serra Leoa. "Existem prognósticos que apontam uma redução de até 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2014 em relação ao ano anterior", afirmou Donald Kaberuka à agência de notícias Reuters ao visitar o país da África Ocidental.
Segundo Kaberuka, a epidemia não só está fazendo com que projetos econômicos sejam cancelados, como também está provocando a fuga de empresários do país. Em comunicado, o AfDB permanece mais cauteloso. A nota aponta uma queda de 1,5 ponto percentual no PIB dos países afetados. "Mas mesmo que a OMS não tenha emitido nenhuma proibição de viagem, o dano é grande", afirmou Kaberuka: 
"Companhias aéreas privadas interromperam o tráfego aéreo. Isso tem efeito sobre o turismo e o comércio."
Quênia, Senegal e África do Sul lançaram restrições de viagem devido a epidemia.

O fato é que a reputação de Serra Leoa e dos países vizinhos também afetados Guiné e Libéria tem sofrido muito desde a eclosão da epidemia – também entre os homens de negócios africanos. "Ebola é uma doença horrível, todos nós estamos preocupados", disse o empresário malauiano Desmond Dudwa Phiri. Quase 6 mil quilômetros o separam de Freetown, capital de Serra Leoa.

"Até mesmo aqui no Malawi as pessoas estão em alerta. Prestamos muita atenção para que estrangeiros façam exame médico antes de entrar em nosso país", afirmou. Para ele, não é surpresa o fato de o comércio interno africano estar sofrendo. "Quando um país é atingido por uma doença infecciosa, as pessoas preferem a saúde ao lucro financeiro", explicou o empresário.

Precaução justificada?

"Esta também é a razão pela qual países como o Quênia, Senegal e África do Sul introduziram restrições de viagem", afirmou Desmond Dudwa Phiri. Tais países proíbem a entrada de cidadãos provenientes dos países afetados. "É claro que a economia sofre. Esses países são dependentes da receita de suas exportações." Em 2014, Serra Leoa estabeleceu como meta exportar diamantes no valor de 220 milhões de dólares para os EUA.

"O ministério responsável já anunciou que essa meta não poderá ser atingida", disse o empresário, explicando que os mineiros estariam com medo, já que a região de diamantes se encontra nas áreas mais afetadas pela epidemia. Segundo especialistas, a retirada de pessoal internacional também prejudica os negócios.

Os diamantes de Serra Leoa se encontram nas regiões afetadas pelo ebola.

Christoph Kannengiesser, diretor da Associação Empresarial Alemã-Africana, afirmou estar claro que a epidemia tem sérias consequências econômicas para a maioria dos países afetados. Kannengiesser, no entanto, advertiu do pânico exagerado: os "pesos-pesados econômicos" da região – Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal – foram até agora pouco afetados pela crise. Embora a associação recomende cautela às empresas nesses países, ela também aconselha que tais empresas permaneçam ali.

"A curto ou médio prazo, a África não vai ser guiada pelo ebola, mas por uma classe média crescente e por uma política econômica favorável aos empresários", afirmou Kannengiesser à Deutsche Welle. Segundo ele, a África continua a ser um dos grandes mercados em crescimento.

África é mais que um país

Além disso, Kannengiesser espera o chamado efeito catch-up, ou seja, a possibilidade de economias mais pobres crescerem mais rapidamente que as mais ricas. "Relações comerciais, relações com os fornecedores, abertura de escritórios de vendas: tudo isso será apenas adiado para quando não existirem mais as restrições", acredita Ele afirmou estar otimista que isso poderá acontecer já em poucos meses.

Kannengiesser também acusou empresas internacionais de praticarem pouca diferenciação. "Agora, a África aparece novamente como um continente de crises, guerras e catástrofes. Mas os casos de ebola foram registrados em apenas seis dos 54 países africanos", ressaltou Kannengiesser.

Também o empresário malauiano Desmond Dudwa Phiri falou de um "problema de imagem" do continente. "Muitas pessoas pensam que a África é um só país. Quando elas ouvem notícias ruins de um país, elas pensam que isso vale para todo o continente", reclamou. "Por esse motivo, é certo que os desenvolvimentos na África Ocidental também irão afetar a economia em outras regiões", disse o empresário.

sábado, 27 de setembro de 2014

Recessão no Brasil deverá ter impacto regional, dizem analistas




Olá alunos,

A recessão técnica no Brasil deve representar mais um percalço para economia da América Latina. A postagem de hoje expõe as previsões de crescimento para os próximos meses e as consequências que elas podem ter para região.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

A recessão do Brasil deverá ser mais um revés para a economia da América Latina, já atingida com a crise na Venezuela e o calote da Argentina.

O Produto Interno Bruto (PIB) do país, maior economia da região, recuou 0,6% no último trimestre na comparação com o trimestre anterior e 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do IBGE divulgados na sexta-feira.

O órgão revisou para baixo o resultado do primeiro trimestre - de crescimento de 0,2% para queda de 0,2%, o que colocou o país em "recessão técnica", quando há dois trimestres seguidos de crescimento negativo.

O governo culpou a realização da Copa do Mundo - responsável pela redução de dias úteis com o decreto de feriados -, e a crise internacional como motivos da desaceleração, mas analistas advertem para problemas estruturais que freiam o crescimento do país, cujos efeitos são sentidos em toda a região.

"Isto afeta muito a região porque o (Brasil) é o maior país da América Latina. Todos os países que têm relações comerciais com o Brasil vão sofrer o impacto", disse Margarida Gutierrez, professora de Macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Especialistas já previam um retrocesso da economia no segundo trimestre, mas os números vieram piores do que o estimado.

Entre os fatores que puxaram o PIB para baixo estão a queda de 5,4% nos investimentos neste trimestre e a redução de 1,5% na produção da indústria. Também houve uma queda de 0,5% nos serviços e 0,7% nos gastos do governo.

O resultado já é sentido: empresas que têm negócios com parceiros no Brasil já estão com perspectivas de queda nas relações comerciais, disse Gustavo Segre, diretor do Center Group, empresa de consultoria de negócios na América Latina, em Buenos Aires.

A previsão, segundo ele, é que as grandes indústrias da região com negócios no Brasil sofram um impacto maior, mas que o país ainda é visto como atraente por muitas empresas pelo seu tamanho e mercado consumidor.

Problemas com vizinhos

O Brasil parece sentir também os problemas econômicos nas vizinhas Argentina e Venezuela, dois grandes parceiros regionais e integrantes do Mercosul.

As tensões parecem estar se acirrando.

"Se as economias que compram de nós não conseguirem reverter essa situação, dificilmente nossos setores exportadores poderão ser competitivos", disse o ministro de Economia argentino, Axel Kicillof, que se reuniu nesta semana com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Já Mantega queixou-se, na sexta-feira, da queda das exportações de automóveis para a Argentina como uma das razões do recuo do crescimento brasileiro.

Mantega negou que haja recessão e disse que a queda do PIB foi pequena e não afetou o desempenho nem o consumo. Ele previu uma recuperação para o segundo semestre.

No entanto, ele admitiu que deverá haver uma revisão da previsão de crescimento para este ano, atualmente de 1,8%. Economistas acreditam que a expansão do PIB deverá ser inferior a 1%.

Margarida, da UFRJ, diz que a queda dos investimentos reflete uma desconfiança na economia e incertezas sobre um possível reajuste em 2015 - há expectativa de aumento em preços de combustíveis e energia -, e que a indústria perde competitividade com um real forte e custos altos de produção.

Tal cenário tende a atingir os fluxos comerciais na região, segundo ela. "Isto vai atrasar investimentos e reduzir níveis de produção", disse.

O anúncio - a cinco semanas das eleições - é também um golpe duro para campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), e servirá de munição para seus principais rivais - Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).

"Esta recessão mostra a exaustão de um modelo de crescimento centrado no consumo interno", disse Eduardo Velho, economista-chefe da empresa de investimentos INVX Global, em São Paulo.

"É um bom retrato do que a economia está sofrendo - desaceleração da indústria, queda em investimento", disse ele, argumentando que profundas reformas serão necessárias, independente de quem for eleito em outubro.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

O poder dos paraísos fiscais: mais um debate interditado na mídia




Olá alunos,

O desvio de dinheiro para paraísos fiscais é uma barreira à justiça tributária e pode ameaçar a soberania de alguns países. A postagem de hoje expõe os malefícios econômicos gerados por esse extravio de recursos. 

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


Os paraísos fiscais são a sustentação do modelo do novo poder financeiro global. Concentram de um terço a metade de toda a riqueza produzida no mundo, um montante estimado entre US$ 21 trilhões e US$ 32 trilhões. Ameaçam a soberania dos países e impedem a justiça tributária, condição necessária à justiça social. Mas, apesar de tudo isso, não rendem manchetes na imprensa brasileira.

“Não se discute os paraísos fiscais e centros offshore nos jornais brasileiros. E, quando se discute, é de forma pitoresca, como se fossem ilhas paradisíacas banhadas pelo sol tropical onde alguns milionários botam seu dinheiro. Não se discute a importância central que eles têm no capitalismo pós-moderno e para evitar a justiça social por meio da reforma tributária”, afirma Antonio Martins, da TTF Brasil.

Colaborador da Carta Maior e professor de pós-graduação da PUC/SP em economia e administração, Ladislau Dowbor, confirma. Segundo ele, a mesma TV globo que investe contra políticos não permite, por exemplo, que o nome de empresas e corporações sejam citados em entrevistas. “Ninguém discute o assunto. Em especial a mídia, que pode desancar governos, mas não empresas”, acrescenta.

Ele explica que é relativamente recente a divulgação dos dados a respeito dos paraísos fiscais. Mas mesmo as poucas pesquisas já realizadas sobre o tema dão conta do perigo que representam para as democracias. Como exemplo, cita estudo do insuspeito Instituto Federal Suíço de Pesquisa Tecnológica traçou o primeiro mapa global de controle coorporativo, que apontou um cenário desolador, inédito na história da humanidade.

“Eles chegaram a 737 corporações que controlam basicamente 80% dos recursos corporativos mundiais. E, dentre estas, há um núcleo duro, de 147, que controlam 40%. Desse total, três quartos são grupos financeiros. Então, na realidade, não são mais corporações produtivas que controlam a riqueza. (...) Criou-se, de fato, um grande cassino global”, esclareceu.

Segundo o professor, essa concentração de muitos recursos nas mãos de poucas instituições financeiras, em grande parte alojadas em paraísos fiscais, perturba a economia em geral a tal ponto que os países mais ricos do mundo já se debruçaram sobre o tema pela menos duas vezes, durante reuniões do G-20. “Não é só papo de gente da esquerda. É um problema planetário geral”, pontuou.

Segundo ele, a estimativa é que de US$ 21 trilhões a US$ 32 trilhões estejam em paraísos fiscais, ou seja, de um terço à metade de toda a riqueza produzida no planeta, já que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial é de US$ 70 trilhões. “O resultado é um caos econômico planetário. Uma gente que produz uma guerra fiscal, e os governos que tentam fazer sistema tributário se desloca para outra área. A economia financeira gera impotência frente às crises que estamos vivendo".

De acordo com a auditora da Receita Federal, Clair Hickman, paraísos fiscais são países ou territórios que não cobram impostos ou cobram muito pouco, além de garantir aos seus clientes total sigilo nas operações. A maioria são centros offshore, ou seja, aceitam contas de clientes não residentes naquele país. E também não exigem presença física das empresas que, normalmente, não passam de uma caixas postais.

Ainda segundo ela, quem aplica em paraísos fiscais e centros offshore são grandes empresas e pessoas muito ricas que querem esconder seus patrimônios e não pagar impostos. Por isso, permitir a blindagem do patrimônio dos seus clientes é uma outra característica deles. “São pessoas e empresas que não querem pagar seus credores, o fisco ou mesmo partilhar o patrimônio com o cônjuge, em caso de separação”, explicou.

A auditora fiscal esclarece que a forma utilizada para a transferência de lucros dos países de origem para os paraísos fiscais normalmente envolvem sofisticadas operações financeiras. Como exemplo, citou o caso de uma hipotética empresa brasileira de mineração que, para fugir dos impostos do país, cria uma subsidiária na Suíça, reconhecido paraíso fiscal.  “A empresa brasileira vende todo o minério de ferro a preços baixos para esta subsidiária, que vende a preços de mercado para a China. Assim, se livra do pagamento dos impostos brasileiros e guarda o lucro nos paraísos fiscais”, explicou.

Clair afirmou que, apesar da empresa do exemplo ser hipotética, a operação já é tão batida que, se todo o minério que vai para a Suíça ficasse lá, o país não passaria de um monte de ferro. “O destino final é a China, mas a compra passa pela Suíça que é onde ficarão os lucros”, acrescenta. Entretanto, como é uma operação legal, nem o Brasil nem os demais países afetados pelo negócio podem fazem nada a respeito. “Se a empresa brasileira vende o minério para a subsidiária a um custo baixo, de cerca de 15% para não pagar impostos, o fisco brasileiro deixa de arrecadar 34%”, quantificou.

Outro exemplo citado por ela foi o da empresa de medicamentos Clarkson, do Reino Unido. Como a taxação do fisco na Inglaterra é de 35%, a empresa abriu uma subsidiária em Luxemburgo, um grande centro offshore, onde a taxação é de cerca de 0,5%. “A matriz pediu um grande empréstimo para a subsidiária, pagou a juros exorbitantes e, assim, reduziu seus lucros n Inglaterra para não pagar mais impostos”, contou.

De acordo com Clair, a empresa brasileira Vale do Rio Doce também criou uma subsidiária suíça para fugir dos impostos.  A Suíça só exigiu que a empresa abrisse no país um escritório para empregar 35 pessoas, porque a Vale declarou que a expectativa de lucro era de US$ 35 milhões. Entretanto, para se aproveitar das isenções, levou o lucro de várias subsidiárias para lá e acabou fechando o ano com US$ 5 bilhões.

Para a auditora fiscal, com este sistema ganham os muito ricos e as grandes corporações, e perdem os contribuintes e os governos dos países.