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domingo, 22 de maio de 2016

Clima econômico da América Latina melhora em abril, mas permanece desfavorável



Olá alunos, 

A notícia de hoje mostra que, o indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) aponta para uma pequena melhora no cenário econômico latino a americano relativa ao mês de abril, mas revela  a necessidade de diversas mudanças que ainda precisam ser realizadas. Com relação ao Brasil, podemos mencionar como principais problemas: a falta de confiança nas políticas do governo, o déficit público, o desemprego e a falta de competitividade internacional.

Esperamos que gostem e participem.
Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) – elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a FGV tendo como fonte de dados a Ifo World Economic Survey (WES) – avançou pelo segundo trimestre consecutivo, ao passar de 72 pontos para 74 pontos entre janeiro e abril de 2016. A alta foi determinada pela melhora das expectativas. O Índice de Expectativas (IE) subiu 4 pontos, de 84 para 88 pontos; enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) ficou estável em 60 pontos.
Estes resultados, no entanto, estão distantes de serem animadores. Primeiro porque todos os indicadores estão na zona desfavorável e abaixo da média histórica dos últimos dez anos. Segundo, porque a região está com desempenho relativamente pior do que o da média mundial. O ICE do mundo registrou uma pequena melhora e situa-se agora exatamente em 100 pontos, no limite entre as zonas de clima desfavorável e favorável.
A melhora no plano mundial é liderada pelos países desenvolvidos, exceto o Japão, cujo ICE caiu 30 pontos em relação ao trimestre anterior. Nos Estados Unidos, todos os indicadores subiram e se encontram na região favorável. Na União Europeia, o ICE recuou marginalmente influenciado pelo ISA, mas permanece na zona favorável. No grupo dos principais países em desenvolvimento (BRICS), apesar de todos registrarem avanço no ICE, apenas a Índia está na zona favorável. Estamos longe, porém, de uma fase de crescimento sustentado como o que ocorreu antes da Crise de 2008. Entre julho de 2003 e janeiro de 2008, o ICE permaneceu na zona favorável capitaneado, em especial, pelo desempenho da China. 
Na amostra de países da América Latina selecionados individualmente para análise, só dois registraram ICE favorável na Sondagem de abril: Paraguai e Peru. O Paraguai já estava na zona favorável em janeiro e o aumento no indicador foi de apenas um ponto. No Peru, o ICE passou de 97 pontos para 104 pontos, com melhora tanto das avaliações sobre a situação atual e quanto das expectativas. No dia 5 de junho haverá eleições presidenciais no país e parece que os dois principais candidatos são avaliados positivamente. O IE aumentou 8 pontos, passando a 114 pontos, em abril.
Todos os outros países da América Latina registram ICE desfavorável e podem ser divididos em dois grupos. O primeiro seria o dos países com ICE desfavorável, mas com tendência de melhora. Neste grupo estariam Brasil, Colômbia, México e Uruguai. Em todos esses, a alta do ICE é liderada pelas expectativas. No Brasil, a percepção sobre a situação atual permaneceu no patamar mínimo, mas o Indicador das Expectativas (IE) cresceu 16 pontos. Nos outros países, o ISA ficou constante (México) ou piorou (Colômbia e Uruguai).  Neste grupo, o ICE mais baixo é o do Brasil (55 pontos) e o mais alto é o da Colômbia (93 pontos) seguido do México (89 pontos) e do Uruguai (85 pontos).
O outro grupo de países apresentou queda ou estabilidade do ICE entre janeiro e abril e níveis diferentes de qualidade do Clima Econômico. No Chile, o baixo preço do cobre e os debates sobre reformas trabalhistas são alguns dos fatores ressaltados por especialistas para explicar a queda no ICE de 65 pontos para 50 pontos. O ISA chegou ao patamar mínimo (20 pontos) e o IE caiu para 80 pontos. Na Argentina, as expectativas com o novo governo se acomodaram e, passada a fase de “euforia”, o ICE caiu de 166 pontos para 140 pontos, o que ainda é um ótimo resultado. À exceção de janeiro de 2016, este o maior indicador desde outubro de 2003. Venezuela e Equador permaneceram na mesma posição de janeiro de 2016. Ambos com ICEs muito baixos.
A Sondagem de abril traz a avaliação dos principais problemas que os países enfrentam para crescer. Brasil, Chile, Equador e Venezuela consideram como o principal problema a falta de confiança nas políticas do governo. O segundo principal problema no Brasil é o déficit público (o mesmo na Argentina, Colômbia e Uruguai). O terceiro problema no Brasil é desemprego (o mesmo para o Paraguai). A falta de competitividade internacional é o quarto problema para o Brasil, mas é o primeiro para a Bolívia e o Chile e o segundo para Equador, Paraguai, Peru e Uruguai.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Palestra: Direito e Política na trajetória dos ministros do Supremo (1988-2013)



Olá alunos,

O instituto de Estudos Políticos e Sociais (IESP - UERJ) estará apresentando amanhã, dia 20 de maio, das 14h às 17h, uma palestra que será ministrada pelo professor da casa Fernando Fontainha, cujo tema será "Direito e Política na trajetória dos ministros do Supremo (1988-2013)". 

Esperamos que gostem e participem.

Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense. 

Informações sobre o evento: 

Data: 20 maio | 14:00 - 17:00

Evento Navegação

Palestra: Fernando Fontainha (IESP-UERJ)
Tema: Direito e Política na trajetória dos ministros do Supremo (1988-2013)
Local: Rua da Matriz, 82, Botafogo, Rio de Janeiro - RJ

terça-feira, 17 de maio de 2016

Um bom começo


Olá alunos, 

A notícia de hoje fala sobre o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) criado pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e que vem avançando em ritmo acelerado. O diferencial do banco está em sua aspiração de ser uma instituição de escopo global, construída exclusivamente por países emergentes, sem a participação dos países ditos avançados.

Esperamos que gostem e participem. 
Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. Queria falar um pouco hoje sobre o que conseguimos alcançar nos primeiros meses de existência da instituição. Bem sei que, em meio às convulsões que vive nosso país, será difícil conectar o interesse do leitor com tema tão específico e distante, mas vou tentar mesmo assim.
Quando cheguei a Xangai, em julho de 2015, estávamos começando praticamente do zero. Tínhamos o Convênio Constitutivo, assinado em Fortaleza um ano antes, e um andar praticamente vazio de um prédio no distrito financeiro de Pudong. Agora, em abril de 2016, apenas dez meses depois, a diretoria do NBD aprovou a primeira leva de projetos do banco.
Confesso que tive dificuldade de acreditar quando o presidente do NBD, K.V. Kamath, definiu o objetivo de aprovar os primeiros projetos já no segundo trimestre de 2016. Mas conseguimos — à custa de muito trabalho e sacrifício de uma equipe ainda pequena e do apoio que tivemos dos governos dos países fundadores. No caso do projeto brasileiro, foi fundamental a parceria com o BNDES, um dos mais experientes bancos nacionais de desenvolvimento do mundo.
Foram aprovados quatro projetos, num total de US$ 811 milhões, a maior parte no campo da energia renovável, seguindo orientação recebida dos líderes do Brics por ocasião da sua última cúpula, em julho de 2015, na Rússia.
O projeto brasileiro é um empréstimo ao BNDES, de US$ 300 milhões, que será repassado a empreendimentos privados em áreas como energia eólica e solar. O projeto chinês, denominado em yuan e equivalente a US$ 81 milhões, é na área de energia solar. O sul-africano, de US$ 180 milhões, está direcionado ao financiamento de linhas de transmissão de energia elétrica. O projeto indiano é uma linha de crédito de US$ 250 milhões ao Banco Canara, destinada a projetos nas áreas solar, eólica, geotérmica e ao financiamento de pequenas hidrelétricas. Um quinto projeto, com a Rússia, está em fase avançada de negociação.
Do lado do funding, o NBD também está fazendo progresso. Em janeiro deste ano, os sócios fundadores fizeram o primeiro aporte de capital, conforme previsto no Convênio Constitutivo. A Rússia pagou adiantado a segunda parcela do seu aporte e, assim, o NBD conta com mais capital do que o previsto, num total de US$ 1 bilhão. Estamos preparando também a primeira emissão de bônus, que deve ocorrer em meados deste ano. Será um bônus verde, emitido em yuan no mercado chinês.
Assim, o NBD, em linha com o seu mandato, está se configurando como um banco “verde” tanto do lado do ativo quanto do lado do passivo. A questão da sustentabilidade dos projetos apoiados está sendo e continuará a ser um dos focos fundamentais do NBD.
Estamos apenas começando. Há uma tarefa imensa pela frente. Temos muito que aprender. Não subestimamos jamais o tamanho do desafio que este banco foi chamado a enfrentar.
Afinal, é a primeira vez que um banco que tem a aspiração de ser uma instituição de escopo global está sendo construído exclusivamente por países emergentes, sem a participação de países avançados.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Qual a força dos 28 bancos que dominam as finanças do planeta



Olá alunos, 

A notícia de hoje discute que, a crise de 2008, embora tenha causado consequências econômicas, sociais e políticas drásticas, não redefiniu aqueles que são detentores do poder financeiro global. A partir de uma análise econômica, 8 anos após o desencadeamento dessa crise, pode-se afirmar que o poder financeiro do planeta segue dominado por 28 grandes bancos internacionais, conhecidos por alguns de seus críticos como a "hidra".

Esperamos que gostem e participem.
Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


"Os Estados são reféns desta hidra bancária e são disciplinados por ela. A crise prova esse poder", afirma François Morin, autor do livro A Hidra Mundial, o Oligopólio Bancário, professor emérito da Universidade de Toulouse e membro do conselho do Banco Central francês.
"Os grandes bancos detinham os produtos tóxicos responsáveis pela crise, mas, em vez de reestruturá-los, os Estados acabaram assumindo suas obrigações - e a dívida privada se transformou em dívida pública."
Em seu livro, o pesquisador se concentra em cinco mecanismos que, segundo ele, concedem aos bancos esta hegemonia financeira, econômica e política.

1. Ativos


Os 28 bancos detêm recursos superiores aos de dívidas públicas de 200 países do planeta. Enquanto estas entidades têm ativos (bens, dinheiro, clientes, empréstimos, entre outros) que somam US$ 50,3 trilhões (R$ 178 trilhões), a dívida pública mundial é de US$ 48,9 trilhões (R$ 173,7 trilhões).
Outra forma de dimensionar a questão: há centenas de milhares de bancos no mundo, mas estes concentram 90% dos ativos financeiros bancários. Com a hiperconcentração, a queda de um ou mais destes bancos tem um potencial devastador não apenas no setor, mas na economia global.
Essa é a base do argumento no centro dos debate depois de 2008: o risco de instituições "too big to fail" (grandes demais para quebrar, em inglês).
Segundo Oscar Ugarteche, economista da Universidade Nacional Autônoma do México e autor de A Grande Mutação, que estuda o novo sistema financeiro mundial, com esse nível de concentração do poder financeiro, há "grande possibilidade" de repetição de uma crise como a de 2008.
"Estes mercados cresceram com a liberalização financeira dos últimos 30 anos", diz o economista. "Foi com sua participação nos mercados especulativos que se chegou (à crise de) 2008."

2. Criação de moeda

O sistema clássico de emissão monetária é formado por uma Casa da Moeda que imprime as notas necessárias a um Banco Central, que está posicionado no centro da cena financeira. Mas, hoje, 90% da moeda é criada por estes 28 bancos, e só 10% é de responsabilidade de bancos centrais.
A transição do dinheiro físico para o dinheiro creditício está mudando esta equação. "Estamos fechando o círculo. No começo, havia bancos que faziam operações de comércio exterior e interno. Era dinheiro-crédito. Mas não havia controle e centralização desta função", diz Ugarteche.
"Isso só começa a acontecer com a criação de um Banco Central responsável pela emissão monetária. O primeiro é o da Inglaterra no século 17. Mas, com a desregulamentação bancária dos anos 1990, estamos voltando ao princípio. Os bancos emitem crédito, e não há muito controle a respeito", afirmou.
Se antes a expansão do dinheiro era de certa forma protegida pelo nível de reserva monetária de um país, hoje em dia, este limite perdeu a relevância.
Em meio a esta total flexibilização de crédito, a consultoria McKinsey estima que a dívida total - isto é, a soma da dúvida pública, privada e individual - tenha crescido mais de US$ 57 trilhões nos últimos sete anos e, hoje, chega aos US$ 200 trilhões (R$ 710,7 trilhões), cerca de três vezes o PIB mundial.

3. Mercado cambial

A movimentação no mercado cambial é uma das maiores do mundo: US$ 6 bilhões (R$ 21,3 bilhões) diários. Cinco dos 28 bancos controlam 51% deste mercado.
"O câmbio nos Estados Unidos e no Reino Unido não depende das variáveis econômicas de um país. Basta que operadores, vinculados aos bancos, decidam que o valor de uma moeda não se sustenta para que a ataquem especulativamente", diz Ugarteche.
"Com compras ou vendas maciças, arrastam o resto dos atores do setor financeiro, provocando uma modificação no câmbio que não tem nada a ver com a saúde econômica de um país."

4. Taxas de juros

Com seu potencial financeiro, estas 28 entidades têm um peso fundamental sobre as taxas de juros. Dado o nível altíssimo de circulação diária de ativos financeiros e de dívida, qualquer variação da taxa de juros faz girar automaticamente quantidades enormes de dinheiro.
Estados Unidos, Grã-Bretanha e Comissão Europeia deram início em 2012 a uma investigação que mostrou como este nível de concentração dos bancos leva a uma manipulação do mercado.
Segundo a investigação, 11 dos 28 bancos - Bank of America, BNP-Paribas, Barclays, Citigroup, Crédit Suisse, Deutsche Bank, Goldman Sachs, HSBC, JP Morgan Chase, Royal Bank of Scotland e UBS - se comportaram como "entidades ou grupos organizados" ao manipular as taxas de juros chamadas "Libor".
A Libor é fechada diariamente em Londres e determina a taxa com que bancos emprestam. Tem impacto direto no mercado de derivativos e no que é pago por consumidores e produtores para quitar dívidas. "Nada mudou. Um escândalo parecido ocorreu recentemente com Goldman Sachs, Morgan Stanley e JP Morgan no mercado de commodities", afirma Ugarteche.

5. Derivativos


A metade dos 28 bancos produzem os chamados derivativos por US$ 710 trilhões, o equivalente a dez vezes o PIB mundial. Ugarteche ilustra o funcionamento deste mercado com um ativo financeiro bem modesto: uma vaca.
O que fazer para transformar a vaca em dinheiro? Em outras épocas, ela era vendida em troca de uma quantidade de dinheiro. Mas, hoje, outra opção é possível: uma transação futura.
Por exemplo: são vendidos o lucro em potencial que será obtido com o leite da vaca ou os bezerros que ela irá parir. É possível também vender o eventual leite que estes eventuais bezerros possam produzir, caso sejam fêmeas.
"A partir de uma vaca real, é criada uma economia fictícia construída mediante o uso de operações financeiras distintas. É um mundo de probabilidades. O bezerro é um futuro possível, nada além disso, assim como outros rendimentos obtidos a partir da vaca. O que acontece se a vaca ficar doente?", questiona Ugarteche.
Caso isso ocorra, as operações efetuadas vão para um buraco negro. E foi assim que, em 2008, desapareceram mais de US$ 200 bilhões, o que arrastou em sua queda dispositivos de segurança que supostamente garantiam todo o fluxo de valores financeiros.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Mercosul faz 25 anos em meio a novo momento de estagnação



Olá alunos,

A postagem de hoje ressalta que, no último dia 26 de março, o bloco econômico Mercosul completou 25 anos de existência, em meio a turbulências e um momento de grande estagnação. Entretanto, analisa-se que, projetos de integração só serão retomados e revitalizados se a esquerda sul-americana for capaz de derrotar a ofensiva das elites locais e do imperialismo.

Esperamos que gostem e participem.
Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense. 


Mercosul completa 25 anos com desafio de superar novo momento de estagnação
O dia 26 de março de 1991 já mostrava um mundo unipolar e globalizado após a queda do muro de Berlim e da União Soviética. Nesse dia, em Assunção, Brasil, Argentina, Uruguai e o anfitrião Paraguai assinavam o tratado que fundaria oficialmente o Mercado Comum do Sul (Mercosul), em busca de uma força maior ao continente diante das negociações globais.
Vinte e cinco anos após sua criação, em meio a crises econômicas e turbulências políticas, os países-membros enfrentam, segundo especialistas, novo momento de estagnação.

Surgimento

Fragilizados pela crise da dívida, Brasil e Argentina já discutiam, desde meados da década de 1980, uma nova fórmula para reerguer suas economias. A ideia dos então presidentes José Sarney e Raul Alfonsin, era desenvolver políticas conjuntas para posicionar as peças de seus países no tabuleiro global.
“Naquela virada para os anos 1990, a ideia do Mercosul representava uma resposta ao contexto globalizador por dois motivos: era uma espécie de reação à Alca [Área de Livre Comércio entre as Américas] e também porque, apesar de suas fragilidades, os países tinham que buscar uma alternativa de inserção internacional”, explica o coordenador do curso de Políticas e Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESPSP), Moises Marques.

No início, Mercosul foi “meramente comercial e financeiro”

O ano de 1989, no entanto, foi marcado por eleições de políticos com ideias neoliberais no continente e de alinhamento com os Estados Unidos e Europa. Fernando Collor de Mello, no Brasil, e Carlos Menem, na Argentina, foram eleitos com uma plataforma de abrir seus mercados para os produtos estrangeiros e isso aconteceu de forma unilateral. 
Por conta disso, para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Igor Fuser, o Mercosul nasce como um acordo “meramente comercial e financeiro”. 
“Os ganhos no comércio exterior das empresas sediadas no Brasil e na Argentina com o Mercosul na sua fase inicial foram tão grandes nesse período que os dois países deram um passo inesperado, a evolução do bloco para uma união aduaneira. Todos os demais aspectos da integração foram desprezados, encarando-se o Mercosul apenas sob a ótica empresarial”, mostrou.
Os números mostram que, de fato, os primeiros anos do funcionamento do Mercosul alavancaram muito as economias da região. Pegando como exemplo o Brasil, as exportações das empresas nacionais para os vizinhos sul-americanos subiu ano a ano. Argentina, Paraguai e Uruguai deixaram de importar U$$ 1,3 bilhão do Brasil em 1990 e, em 1998, passaram a comprar cerca de US$ 8,9 bilhões do país.

AIEA/Flickr

Collor e Menem, em 1991: presidentes de Brasil e Argentina assinaram tratado em Assunção que fundou Mercosul
Essa época de bonança, no entanto, acabou no final da década de 1990. O sociólogo e especialista em integração Felippe Ramos aponta que fatores como a desvalorização do real frente ao dólar, logo depois da reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e a crise da dívida argentina em 1999 levaram ao que ele chama de “esgotamento do Mercosul comercial”.
“Quando FHC desvaloriza o real, gera um aumento de exportações brasileiras para a Argentina, desequilibrando a balança comercial. A Argentina, então, começa a proteger mais a sua economia. Logo depois, veio a crise da dívida, que tem consequências até hoje. Com a negociação dos credores, isso destruiu essa primeira fase. De 1999 até 2003, há uma espécie de suspensão do Mercosul”, apontou.

Ascensão dos governos de esquerda e a prioridade ao social

Em 1999, a eleição de Hugo Chávez na Venezuela muda o xadrez geopolítico da América do Sul. No início do século XXI, outros governos de esquerda também floresceram em todos os países do bloco: Lula, no Brasil, Nestor Kirchner, na Argentina, Tabaré Vasquez no Uruguai, e, mais adiante, em 2008, Fernando Lugo no Paraguai.  
Nesse novo período, além da integração, o bloco passou a se preocupar também com colaboração entre os países. Uma das principais medidas tomadas nesse sentido foi a criação do Fundo Para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem) que se destina a financiar programas de convergência estrutural e coesão social das economias menos desenvolvidas do bloco. Com isso, o Brasil se comprometeu a bancar 70% dos recursos desse fundo; a Argentina, 27%; o Uruguai, 2%; e o Paraguai, menor economia, 1%.
Fuser destaca a importância dessa nova visão cooperativa entre os países, mas diz que o próprio governo brasileiro sempre teve uma “postura ambígua” durante esse processo.
“O governo brasileiro defendeu a integração no discurso, mas com um baixo grau de compromisso com o objetivo da construção de um espaço comum. A postura do empresariado brasileiro contribuiu muito para bloquear as iniciativas da política externa no sentido da integração. A burguesia, por um lado, trata de aproveitar as oportunidades abertas pelos esforços integracionistas para conquistar mercados e internacionalizar empresas. Por outro, sabotam qualquer proposta que aponte no sentido de uma integração estrutural sul-americana”, critica.

Integração corre riscos com crises políticas no continente

Fruto desse momento mais político foi a criação da União das Nações Sul-americanas (Unasul) em 2008. Contando com 12 membros, ela foi um dos fóruns criados para diálogos e integração política no continente.
O novo momento da integração regional, no entanto, corre riscos com as crises econômicas e políticas que o continente vive atualmente. A entrada da Venezuela como membro pleno do Mercosul em 2012 não teve o poder de dar o dinamismo necessário para o bloco porque, depois da morte de Hugo Chávez, o país mergulhou em uma crise política e econômica profunda. O cenário é parecido com o do Brasil. Já na Argentina, a vitória do liberal Maurício Macri, em 2015, deu fim à sequência de governos progressistas no país.
“Esses projetos de integração só serão retomados e revitalizados se a esquerda sul-americana for capaz de derrotar a ofensiva das elites locais e do imperialismo. Caso contrário, a Unasul e a Celac serão extintas, ou, o que é mais provável, permanecerão como instituições puramente decorativas, sem qualquer importância real”, reforçou Fuser.

Cenários para o futuro

Assim como no fim da década de 1990, inúmeros especialistas encaram que o Mercosul se encontra em outro momento de estagnação após as dificuldades que enfrentam os governos progressistas na região. Ramos acredita que dentro da política externa brasileira existiu um “modelo lulista de integração” e que ele chegou ao seu final com a crise econômica no país.
“O Brasil tinha o poder do BNDES dentro dos países sul-americanos, isso foi um fator importante dessa expansão econômica e política, mas esse modelo se esgotou com a crise. O BNDES cortou 60% desse repasse para esses projetos. A crise interna faz com que ele não conseguisse mais fazer a sua política externa. Há uma disputa por esse novo modelo, mas ainda não é claro o que vai prevalecer”, ponderou.
Um das saídas para a modernização do bloco pode ser uma que está em discussão desde 1999: o acordo do Mercosul com a União Europeia. O assunto é polêmico e divide opiniões. Marques lembra que a negociação não é fácil, mas que o acordo poderia ser uma das saídas para o bloco ganhar um novo fôlego.
“Eu não sei se seria o único passo, mas nesse momento ele é o que está na pauta e poderia dar um folego novo do Mercosul. Acontece que o Brasil sempre acabou liderando as negociações e agora que estamos em um período recessivo, ele abdica. É o momento de rever as instituições, revisar quem faz o que com quais recursos e para onde vai o Mercosul”, prevê.
Já Fuser vê um cenário propício para os Estados Unidos voltarem a exercer uma pressão sob os países sul-americanos, assim como foi na época da Alca. Ele pega o Tratado Transpacífico (TPP), que começou a sair do papel em 2015 e vai envolver grandes economias do mundo como EUA, Japão e Austrália, para ilustrar o desejo norte-americano de “anular a soberania econômica dos países periféricos e semiperiféricos”.
“Essas duas propostas aplicam uma interpretação deformada da ideia do livre comércio ao exigirem a abertura indiscriminada dos mercados dos países situados fora do eixo EUA-Japão-União Europeia ao mesmo tempo em que mantêm o protecionismo nas regiões centrais da economia global. Fora o elemento que diz respeito à aplicação de normas de propriedade intelectual mais rígidas que as atuais, em benefício das grandes multinacionais do setor farmacêuticos, a proibição de políticas de compras governamentais favoráveis às empresas nacionais e, pior do que tudo, a adoção de normas de proteção aos investimentos que anulam a soberania dos Estados no campo dos direitos trabalhistas, da defesa ambiental e das políticas de desenvolvimento”, concluiu.   

segunda-feira, 2 de maio de 2016

E se outra Guerra Mundial tiver começado?



Olá alunos, 

A postagem de hoje, a partir de uma perspectiva histórica, aborda fatos que ocorreram na Segunda Guerra Mundial e faz um paralelo desses acontecimentos com o que tem ocorrido no atual cenário político mundial, principalmente, sob o ponto de vista do poder bélico dos Estados Unidos.

Esperamos que gostem e participem.
Palloma Borges, monitora da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


Estou filmando nas Ilhas Marshall, que ficam ao norte da Austrália, no meio do Oceano Pacífico. Cada vez que digo a alguém por onde andei, perguntam: “Onde é isso?” E se dou uma pista, referindo-me a “Bikini”, perguntam: “Você quer dizer, o maiô?”
Poucos parecem saber que o maiô biquíni foi chamado assim em referência às explosões nucleares que destruíram a Ilha Bikini. Sessenta e seis dispositivos nucleares foram detonados pelos Estados Unidos nas Ilhas Marshall entre 1946 e 1958 – o equivalente a 1,6 bombas de Hiroshima a cada dia, durante doze anos.
Bikini está hoje em silêncio, contaminada e com mutações. Palmeiras crescem numa estranha formação de grade. Nada se move. Não existem pássaros. As lápides do velho cemitério ainda contêm radiação. Meus sapatos acusaram “inseguro” num medidor Geiger.
De pé na praia, observei o verde-esmeralda do Pacífico cair num vasto buraco negro. É a cratera deixada pela bomba de hidrogênio que chamaram “Bravo”. A explosão envenenou as pessoas e o meio ambiente por centenas de quilômetros, talvez para sempre.
Na viagem de volta, parei no aeroporto de Honolulu e a revista norte-americana Women’s Health (“Saúde da Mulher”) me chamou atenção. Na capa uma mulher sorridente, de biquíni, e a chamada: “Você também pode ter um corpo de biquíni.” Dias antes, nas Ilhas Marshall, eu havia entrevistado mulheres que tinham “corpos de biquíni” muito diferentes; haviam tido câncer da tireóide e outros cânceres muitas vezes fatais.
Ao contrário da mulher sorridente da capa da revista, estavam todas empobrecidas: vítimas e cobaias de uma superpotência voraz que é hoje mais perigosa do que nunca.
Falo dessa experiência como um alerta e para deter uma distração que vem consumindo tantos de nós. O fundador da propaganda moderna, Edward Bernays, descreveu esse fenômeno como “a manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões” das sociedades democráticas. Ele a chamava de “governo invisível”.
Quantas pessoas estão conscientes de que uma guerra mundial começou? No momento, é uma guerra de propaganda, de mentiras e distração, mas isso pode mudar instantaneamente – à primeira ordem errada, ao primeiro míssil.
Em 2009, o presidente Obama esteve frente a uma multidão entusiasmada no centro de Praga, coração da Europa. Prometia tornar “o mundo livre das armas nucleares”. A audiência aplaudiu e muitas pessoas choraram. Uma torrente de banalidades circulou pela mídia. Obama foi escolhido para o Prêmio Nobel da Paz em seguida.

Era tudo falso. Ele estava mentindo.

O governo Obama fabricou mais armas nucleares, mais ogivas nucleares, mais mísseis portadores de armas nucleares, mais fábricas nucleares. Os gastos com ogivas nucleares, por si só, aumentaram mais sob Obama do que sob qualquer outro presidente norte-americano. O custo, em trinta anos, é de mais de US $ 1 trilhão.
Há planos para construir uma mini bomba nuclear. É conhecida como o B61 Modelo 12. Nunca houve nada como isso. O general James Cartwright, um ex-vice-presidente do Estado-Maior Conjunto, disse: “Ao reduzi-la, [tornamos o uso dessa arma nuclear] mais imaginável.”
Nos últimos dezoito meses, vem acontecendo o maior deslocamento de forças militares desde a Segunda Guerra Mundial – liderado pelos Estados Unidos –, ao longo da fronteira oeste da Rússia. Desde que Hitler invadiu a União Soviética, nunca a Rússia foi tão pressionada por demonstração de presença militar de tal porte.
A Ucrânia – antes parte da União Soviética – tornou-se um parque temático da CIA. Ao orquestrar um golpe em Kiev, Washington passou a controlar efetivamente um regime que é vizinho da Rússia, e hostil a ela: um regime, podre integrados por nazistas, literalmente. Parlamentares de destaque da Ucrânia são descendentes políticos dos notórios grupos fascistas OUN e UPA. Eles enaltecem Hitler abertamente e clamam pela perseguição e expulsão da minoria de língua russa. Isso raramente é notícia no Ocidente; e quando aparece vem com sentido invertido, para esconder a verdade.
Na Letônia, na Lituânia e na Estônia – países vizinhos da Rússia – os militares norte-americanos vêm posicionando tropas de combate, tanques, armamento pesado. Essa extrema provocação contra o segundo poder nuclear do mundo é assistida em silêncio pelo Ocidente.
O que torna a perspectiva de guerra nuclear ainda mais perigosa é a campanha paralela contra a China. Dificilmente um dia se passa sem que a China não seja elevada ao status de “ameaça”. Conforme o almirante Harry Harris, comandante das forças norte-americans no Pacifico, a China está “levantando um grande muro de areia no Sul do Mar da China”.
Ele se refere à construção de pistas de pouso, pela China, nas Ilhas Spratly, que estão em disputa com as Filipinas – uma disputa nada prioritária até que Washington pressionasse e subornasse o governo de Manila, e o Pentágono lançasse uma campanha de propaganda por “liberdade de navegação”.
O que isso significa, na real? Significa liberdade para os navios de guerra norte-americanos patrulhar e dominar as águas costeiras da China. Agora tente imaginar a reação dos Estados Unidos, se navios de guerra fizessem o mesmo no litoral da Califórnia.
Realizei um filme chamado The War You Don’t See (A Guerra que você não vê), em que entrevistei importantes jornalistas nos Estados Unidos e Reino Unido: repórteres como Dan Rather da CBS, Rageh Omar da BBC, David Rose do Observer.
Todos disseram que, se os jornalistas e as emissoras de TV tivessem feito seu trabalho e questionado a propaganda de que Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa; se as mentiras de George W. Bush e Tony Blair não tivessem sido amplificadas e ecoadas por jornalistas, a invasão do Iraque em 2003 poderia não ter acontecido. Centenas de milhares de homens, mulheres e crianças estariam vivas hoje.
A propaganda que está cimentando o caminho para uma guerra contra a Rússia e/ou China não é diferente, em princípio. Que eu saiba, nenhum jornalista do establishment no Ocidente – equivalente a Dan Rather, digamos – questiona a razão pela qual a China está construindo pistas de pouso no Sul do Mar da China.
A resposta deve ser o óbvio ululante. Os Estados Unidos estão cercando a China com uma rede feita de bases com mísseis balísticos, grupos de combate, bombardeiros nucleares armados.
O arco letal estende-se da Austrália às ilhas do Pacífico, às Marianas e às Marshalls e Guam; até as Filipinas, Tailândia, Okinawa, Coreia; e cruza a Eurásia até o Afeganistão e a Índia. Os Estados Unidos penduraram uma corda no pescoço da China. Isso não é notícia. Silêncio na mídia. Guerra midiática.
Em 2015, em absoluto segredo, os Estados Unidos e a Austrália armaram o maior exercício militar ar-mar da história recente, conhecido como Sabre Talismã. Seu objetivo era ensaiar um plano de batalha ar-mar bloqueando rotas marítimas, como o Estreito de Málaca e o Estreito Lombok – que poderia cortar o acesso da China ao petróleo, ao gás e a outras matérias primas vitais do Oriente Médio e da África.
No circo conhecido como campanha presidencial norte-americana, Donald Trump está sendo apresentado como lunático, um fascista. Ele é odioso, com certeza; mas é também uma figura odiada pela mídia. E isso, por si só, deveria provocar nosso ceticismo.
A visão de Trump sobre migração é grotesca, mas não mais grotesca do que a de David Cameron. O Grande Deportador dos EUA não é Trump, mas o ganhador do Prêmio Nobel da Paz, Barack Obama.
Conforme um destacado comentarista liberal, Trump está “liberando as forças sombrias da violência” nos Estados Unidos. Liberando-as? Este é o país onde as crianças atiram em suas mães e a polícia trava uma guerra assassina contra os negros. Este é o país que atacou e tentou derrubar mais de cinquenta governos, muitos deles democracias, e bombardeou da Ásia até o Oriente Médio, causando a morte e a expropriação de milhões de pessoas.
Nenhum país pode igualar tal recorde de violência sistêmica. A maioria das guerras norte-americanas (quase todas contra países indefesos) foram lançadas não por presidentes republicanos, mas por democratas liberais: Truman, Kennedy, Johnson, Carter, Clinton, Obama.
Em 1947, uma série de diretivas do Conselho de Segurança Nacional apontava o objetivo primordial da política externa norte-americana: “um mundo substancialmente feito à sua própria imagem [dos Estados Unidos]”. A ideologia era o americanismo messiânico. Éramos todos americanos. Ou não. Os hereges deviam ser convertidos, subvertidos, subornados, difamados ou esmagados.
Donald Trump é sintoma disso, mas é também um dissidente. Diz que a invasão do Iraque foi um crime; não quer começar uma guerra com a Rússia e a China. O perigo, para nós, não é Trump, mas Hillary Clinton. Ela não é dissidente. Ela encarna a resiliência e a violência de um sistema cujo “excepcionalismo”famoso é totalitário, com uma face liberal de ocasião.
Conforme o dia das eleições presidenciais for se aproximando, Hillary será saudada como primeira presidente mulher, independentemente de seus crimes e mentiras – da mesma forma como Barack Obama foi elogiado como o primeiro presidente negro e os liberais engoliram seus absurdos sobre “esperança”. E a baba continua.
Descrito por Owen Jones, colunista do Guardian, como “engraçado, charmoso, com um charme que supera praticamente todos os outros políticos”, Obama outro dia enviou drones para abater 150 pessoas na Somália. Conforme o New York Times, ele mata as pessoas geralmente às terças-feiras, quando recebe uma lista de candidatos à morte por drones. Tão cool.
Na campanha presidencial de 2008, Hillary Clinton ameaçou “destruir totalmente” o Irã com armas nucleares. Como secretária de Estado de Obama, participou na derrubada do governo democrático de Honduras. Sua contribuição para a destruição da Líbia em 2011 foi quase alegre. Quando o líder líbio, coronel Kaddafi, foi publicamente sodomizado com uma faca – um assassinato possibilitado pela logística norte-americana – Clinton exultou com a morte: “Nós viemos, nós vimos, ele morreu.”
Um dos mais próximos aliados de Clinton é Madeleine Albright, ex-secretária de Estado, que criticou as jovens por não apoiar “Hillary”. Trata-se da mesma Madeleine Albright que celebrou infamemente na TV a morte de meio milhão de crianças iraquianas, considerando-as “compensadoras”.
Entre os maiores apoiadores de Hillary estão o lobby de Israel e as fábricas de armamentos que atiçam a violência no Oriente Médio. Ela e seu marido receberam uma fortuna de Wall Street. E além disso está para ser aclamada a candidata mulher, aquela que supostamente livra o país do mal Trump, demônio oficial. Entre seus apoiadores estão feministas notáveis: as seguidoras de Gloria Steinem nos Estados Unidos e de Anne Summers na Austrália.
Uma geração atrás, um culto pós-moderno hoje conhecido como “política de identidade” impediu que muita gente inteligente e de mente liberal pensasse melhor nas causas e nos indivíduos que apoiavam – tal como a falsificação de Obama e Clinton; e tal como o movimento Syriza na Grécia, falsamente progressista, que traiu o povo desse país e aliou-se com os seus inimigos.
O autocentramento, uma espécie de “eu-zismo” tornou-se o novo zeitgeist, ou sinal dos tempos, nas sociedades ocidentais privilegiadas, e assinalou o fim dos grandes movimentos coletivos contra a guerra, a injustiça social, a desigualdade, o racismo e o sexismo.
Hoje, o longo sono pode ter chegado ao fim. Os jovens estão se mobilizando novamente. Gradualmente. Os milhares no Reino Unido que apoiaram Jeremy Corbyn como líder trabalhista fazem parte desse despertar – tal como aqueles que se reuniram para apoiar o senador Bernie Sanders.
No Reino Unido, semana passada, o mais próximo aliado de Jeremy Corbyn, John McDonnell, comprometeu um governo trabalhista a pagar as dívidas dos bancos de pirataria e, na verdade, manter a austeridade, como é chamada.
Nos Estados Unidos, Bernie Sanders prometeu apoiar Clinton se, ou quando ela for escolhida candidata. Além disso, votou pelo uso de violência contra países quando considerar “certo”. Diz que Obama fez um “grande trabalho”.
O que aconteceu com a grande tradição de ação popular direta, desatrelada dos partidos? Onde estão a coragem, a imaginação e o compromisso necessários para iniciar a longa jornada por um mundo melhor, mais justo e mais pacífico? Onde estão os dissidentes nas artes, no cinema, no teatro, ma literatura?
Onde estão aqueles que vão quebrar o silêncio? Ou estamos esperando até que o primeiro míssil nuclear seja disparado?