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sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sete estratégias para se proteger da inflação em alta


Olá alunos,

Em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,41%, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação à inflação de 2013 (de 5,91%). Foi a maior alta anual de preços desde 2011, quando a inflação ficou em 6,5%. A postagem de hoje oferece dicas de como gerenciar o dinheiro diante dessa alta dos preços.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


O índice de inflação divulgado pelo IBGE nesta sexta-feira mostrou o que muitos brasileiros já estão há algum tempo sentido no bolso - uma aceleração da alta de preços.

Em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,41%, uma alta de 0,5 ponto percentual em relação à inflação de 2013 (de 5,91%). Foi a maior alta anual de preços desde 2011, quando a inflação ficou em 6,5%.

O resultado ficou abaixo do teto da meta definido pelo Banco Central (de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para cima e para baixo), mas o ano já começa com economistas e analistas de mercado prevendo uma inflação acima da meta em 2015 (6,56%).

"A inflação de dezembro (de 0,78%), ainda que maior que a de novembro (0,51%), acabou levando o índice para baixo por uma questão estatística: em 2013 os preços haviam subido muito no mesmo período (0,92%). Foi isso que segurou o índice de 2014 nesse final de 2014. Mas em 2015 haverá uma pressão muito grande dos preços administrados, então será ainda mais complicado cumprir a meta", diz o economista Paulo Picchetti, especialista em índices de inflação da Fundação Getúlio Vargas.

Quer saber como proteger seu dinheiro da alta de preços e fazer o salário voltar a sobrar no fim do mês? A BBC Consultou analistas financeiros e economistas que sugerem sete estratégias:

1) Invista

 

Quanto maior a inflação, mais se perde ao deixar o dinheiro poupado parado e maior deve ser a remuneração de um investimento para que se consiga obter ganhos reais com ele.

Diante da atual volatilidade do cenário econômico, muitos analistas financeiros têm recomendado investimentos em renda fixa, como títulos do tesouro ou fundos de investimento e outros produtos financeiros atrelados a esses títulos (LCI, LCA e CDB).

"E como a expectativa é que os juros parem de subir entre abril e meados do ano, a preferência seria pelos pré-fixados", diz Michael Viriato, professor do Insper.

A poupança, apesar da vantagem de ser isenta de Imposto de Renda e taxas de administração, perde cada vez mais atratividade com a alta dos juros. "No ano passado, por exemplo, quem investiu em poupança teve um ganho real de cerca de 0,6%, quase nada", diz Viriato.

Para o economista e consultor financeiro William Eid, uma opção para quem tem mais recursos (mais de US$ 100 mil) é investir em títulos brasileiros no exterior. "Diversas empresas emitem títulos no exterior", diz ele. "Além da proteção contra inflação, ainda temos a proteção cambial."

No passado os imóveis já foram considerados uma boa proteção contra a inflação. Para Eid, porém, as perspectivas ruins para o crescimento da economia, que devem frear o mercado imobiliário, tornam a opção menos atrativa.

"Os imóveis foram um bom investimento há alguns anos porque se valorizaram bastante, mas isso foi algo pontual. Hoje não recomendo como investimento", concorda Viriato.

2) Negocie aumentos

 

Para que o dinheiro continue (ou comece) a sobrar no final do mês, mesmo com a alta dos preços, especialistas recomendam que, sempre que possível, se negocie os aumentos de produtos e serviços consumidos.

"É claro que você não pode pechinchar o preço da carne em um supermercado, mas talvez possa fazê-lo em um mercado de bairro em que compra com frequência", diz Mauro Calil, consultor financeiro e fundador da Academia do Dinheiro.

“Se os aumentos da escola de seu filho não são razoáveis – se são de 10%, 20% muito mais altos que a inflação oficial (de 6,41%), vale a pena se juntar com outros pais para questionar o porquê desse aumento e pedir uma redução”, diz o economista Samy Dana, da FGV.

“Afinal, seu salário não vai subir tudo isso.”

3) Pesquise preços

 

Nos tempos de hiperinflação, nos anos 80 e 90, era preciso correr de uma loja a outra para pesquisar preços. E muitas vezes ao concluir qual o local mais barato, o consumidor era surpreendido por um reajuste de preços no local.

Hoje, não só a inflação em patamares mais baixos facilita a comparação, como a internet é um grande aliado de quem quer se proteger da alta de preços.

"Pesquisar preços é uma tarefa que todo consumidor deve fazer antes de ir as compras - e hoje, com a internet, isso está muito mais fácil ", diz Dana.

Ele diz que hoje as pessoas podem não só entrar no site das empresas para conferir preços, como também há uma série de apps e sites em que as pessoas podem comparar diversos lugares (como o Buscapé, Zoom e Dica de Preços, para mencionar alguns exemplos).

4) Adie compras

 

Muitos comércios fazem promoções depois de datas festivas. Por isso, comprar o que você precisa em janeiro, em vez de dezembro, pode significar preços bem mais baixos.

Segundo os analistas, quanto mais um consumidor adiar a compra melhor - e não só por causa da possibilidade de conseguir promoções.

"Muitas vezes as pessoas não compram por necessidade, mas por impulso", diz Viriato, do Insper.

"Ao esperar um tempo antes de comprar elas têm a chance de perceber se realmente precisam - ou querem - fazer a aquisição. Além disso, com mais tempo para pesquisar podem descobrir que a compra não era um bom negócio."

5) Substitua itens de consumo

 

Uma forma de reduzir o impacto da inflação sobre o seu orçamento é cortar os produtos que você percebe que estão ficando mais caros e substituí-los por outros produtos ou similares de outras marcas.

É claro que ninguém é obrigado a substituir carne por frango ou ovo - sugestão feita pelo ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda Márcio Holland, que causou grande polêmica no ano passado.

"Mas cada um pode fazer uma análise de seu perfil de gastos para entender quais produtos e serviços são de fato importantes em sua vida e quais são o que eu chamo de 'gastos tolos', ou seja, aquelas coisas em que as pessoas acabam gastando muito, mas que não lhes trazem um bem-estar duradouro", diz Calil.

"São esses gastos que devem ser cortados ou substituídos."

Viriato, do Insper, dá o exemplo do item "alimentação fora de casa" um dos que mais subiu no ano passado, segundo o IBGE.

"Pode ser difícil para o trabalhador levar almoço para o trabalho - ele vai ter de cozinhar, transportar e guardar o almoço em algum lugar. Mas se ele conseguir levar ao menos o lanche, provavelmente terá mais dinheiro no fim do mês", diz.

6) Compras coletivas

 

Segundo Dana, outro recurso que pode ajudar os consumidores a driblar a alta de preços são as compras coletivas nos clubes de compras e 'atacarejos' - lojas que vendem no atacado para pessoas físicas.

Tais lojas oferecem um preço bem mais vantajoso para compras de grande quantidade. "Muitas famílias estão se juntando para poder comprar nesses lugares sem ter de ficar com um estoque gigantesco em casa", diz ele.

De acordo com a consultoria Nielsen, no primeiro semestre do ano passado, as vendas nos atacarejos cresceram 9% em relação a 2013.

Os preços seriam menores que os do varejo em 69% dos itens pesquisados pela Nielsen. E, segundo Calil, podem chegar a ser 30% mais baixos.

Um dos cuidados que devem ser tomados por quem adota por essa opção, porém, é checar o prazo de validade dos produtos. Também é preciso considerar que alguns clubes de compras cobram uma anuidade de seus associados.

7) Estoque produtos baratos

 

Para alguns consultores, vale a pena comprar em grande quantidade um produto que a família consome com frequência se ele for encontrado em promoção.

"Se você tem um bebê, numa promoção cada fralda de um pacote pode sair por menos de R$ 1, por exemplo, metade do que você pode chegar a pagar se tiver de comprar o produto na urgência, em uma farmácia de bairro. Então vale a pena estocar", diz Calil.

É claro que não é todo produto que pode ser estocado. E também é preciso medir bem as quantidades, para evitar o desperdício.

"A inflação que temos hoje ainda está muito longe da inflação que vivemos nos anos 80, então não podemos exagerar ao fazer estoque", diz Viriato.

"No caso da carne, por exemplo, provavelmente os custos de se ter um freezer para manter o alimento seriam altos. Além disso, às vezes a família consome ou desperdiça mais porque sabe que a dispensa está cheia."

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Vivemos em um mundo mais rico... para quem?

Olá alunos,

Em média, um cidadão comum hoje tem padrões de vida superiores aos do passado, ou seja, em termos econômicos, o mundo melhorou. A postagem de hoje busca analisar como se deu esse crescimento econômico mundial e indagar a quem ele atingiu.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


Estamos ficando mais ricos. Certamente não todos nós, nem no planeta nem em todos os países. Mas, em média, um cidadão comum hoje tem padrões de vida superiores aos do passado.

Uma das formas de medir isso é pela quantidade de produtos e serviços produzidos em média por pessoa, o PIB per capita. Para a população global, esse índice subiu quase quatro vezes em seis décadas até 2010.

Há diferenças significativas entre os países: na China, o crescimento foi oito vezes. Na Coreia do Sul e em Taiwan foi ainda maior: em média, o país e o território estão 25 vezes mais ricos do que em 1950.

Outros países, no entanto, a maioria deles na África, viram o PIB per capita diminuir. Na República Democrática do Congo, o padrão médio de vida caiu para menos da metade no mesmo período.


Esses números devem ser lidos com cautela: eles não captam fatores intangíveis que afetam a qualidade de vida, como os laços comunitários ou padrões ambientais. Também há ressalvas técnicas quanto a comparar números em dólares e ajustá-los para levar em conta a inflação e obter termos reais comparáveis durante um longo período de tempo.

Mas os números foram tirados do que é provavelmente o banco de dados histórico mais respeitado, o Projeto Maddison, criado pelo falecido professor Angus Maddison. A história que eles contam é clara: em termos econômicos, o mundo melhorou.

Um benefício disso é que estamos vivendo mais. Em meados do século passado, um bebê recém-nascido tinha uma expectativa de vida de 50 anos. Hoje, a esperança de vida é de 70. Novamente, há variações enormes entre países, mas a tendência é favorável em quase todas as nações (Botswana é a única onde a expectativa de vida caiu, em alguns meses).

Há muitos fatores por trás de vidas mais longas, mas crescimento econômico significa que podemos gastar mais na nossa saúde, nutrição e em água limpa para beber.

A história é parecida se olharmos com cuidado para os padrões de vida: a propriedade de carros aumentou 30% nos primeiros sete anos do século, antes de caírem um pouco durante a recessão global. Esse aumento foi particularmente expressivo em países de renda média e baixa.




Desigualdade

De volta às estatísticas sobre padrão de vida, há um outro motivo pelo qual o PIB per capita não permite uma leitura mais ampla da realidade: esse número não leva em consideração a distribuição de renda e mudanças em padrões de desigualdade.

Pode ser que o padrão de vida esteja aumentando apenas para os mais ricos.

Vejamos, por exemplo, os Estados Unidos, país cuja abundância de dados facilita estudos. Em 2013, a renda média real (ou seja, descontada a inflação) dos lares mais pobres subiu 1,4% nos 40 anos anteriores. Nos lares mais ricos, esse índice foi de 44%.




Dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo que reúne nações ricas e algumas emergentes, também indicam que a desigualdade está crescendo entre os países-membros. A medição usa como referência o coeficiente de Gini, no qual os números mais altos indicam distribuição de renda mais desigual. Esse índice subiu nos anos recentes.

Há, claro, um debate bastante vigoroso a respeito de quão negativo é esse aumento da desigualdade, e a respeito das políticas que podem ou devem ser empregadas para combater este fenômeno.

O aumento da desigualdade é um lembrete de que, por mais que o mundo tenha enriquecido, muitas pessoas não sentiram os efeitos da bonança.



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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Brasil é uma das economias mais fechadas entre as maiores do mundo, diz estudo

Olá alunos, O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto poderia trazer para o país e busca apartamentos para alugar em santos analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados. Esperamos que gostem e participem. Fellype Fagundes e Carlos Araújo Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Olá alunos, O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto poderia trazer para o país e busca apartamentos para alugar em santos analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados. Esperamos que gostem e participem. Fellype Fagundes e Carlos Araújo Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 Projeto Transul: Articulação Brics-Unasul como alavanca do desenvolvimento brasileiro Olá alunos, O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto apartamentos para alugar em santos poderia trazer para o país e busca analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados. Esperamos que gostem e participem. Fellype Fagundes e Carlos Araújo Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 Projeto Transul: Articulação Brics-Unasul como alavanca do desenvolvimento brasileiro Olá alunos, O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto apartamentos para alugar em santos poderia trazer para o país e busca analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados. Esperamos que gostem e participem. Fellype Fagundes e Carlos Araújo Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015 Projeto Transul: Articulação Brics-Unasul como alavanca do desenvolvimento brasileiro Olá alunos, O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto apartamentos para alugar em santos poderia trazer para o país e busca analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados. Esperamos que gostem e participem. Fellype Fagundes e Carlos Araújo Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense





Olá alunos,

De acordo com o levantamento de Otaviano Canuto, a corrente de comércio brasileira (importações mais exportações) representa apenas 27,6% do PIB, contra uma média de 55% das seis maiores economias globais. A postagem de hoje busca analisar os fatores que levaram a esse cenário e como modifica-lo.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


O Brasil é um dos países mais fechados entre as maiores economias mundiais e paga um preço alto por isso. Essa é a conclusão de um estudo do economista Otaviano Canuto, ex-secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e consultor-sênior do Banco Mundial. Para ele, o País ficou isolado de uma revolução nos processos globais, na qual as cadeias de valor se fragmentaram, ou seja, com diversas etapas sendo feitas em países diferentes.

De acordo com o levantamento de Canuto, a corrente de comércio brasileira (importações mais exportações) representa apenas 27,6% do PIB, contra uma média de 55% das seis maiores economias globais. Dado o tamanho da economia brasileira, o economista estima que a corrente de comércio deveria ser de quase 85%. Mesmo levando em conta a dimensão territorial e populacional do País, assim como fatores tradicionalmente associados à abertura comercial, como urbanização e participação da indústria no PIB, o Brasil ainda fica para trás.

O artigo afirma que pouquíssimas companhias brasileiras exportam. São menos de 20 mil empresas acessando os mercados internacionais, quase o mesmo número observado na Noruega. Entretanto, com uma população de 5 milhões de habitantes, os noruegueses têm uma exportadora por cada 250 pessoas, enquanto no Brasil esse número é de uma para 10 mil. Mesmo dentre os exportadores brasileiros, a concentração é muito grande. Os 25% maiores exportadores respondem por 98% das receitas obtidas.

"A extraordinária falta de abertura do Brasil e seu pequeno número de exportadores estão fortemente relacionados com o fato de que as empresas brasileiras são pobremente integradas nas cadeias de valor transnacionais", diz Canuto no artigo. Segundo ele, existem diversos fatores para explicar a não inserção do País nas cadeias globais, como as condições logísticas precárias e os altos custos de transação relacionados ao comércio internacional, assim como políticas deliberadas para favorecer o conteúdo local.

Em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Canuto afirma que a chamada política de "campeões nacionais" do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colabora para a manutenção do cenário descrito acima. Lembrando que existe um processo natural de sobrevivência das companhias que conseguem auferir ganhos de escala, o economista diz que não há necessidade de ampliar essa assimetria, ainda mais "dada a escassez e o custo de financiamento de longo prazo no Brasil".

Ele defende que é preciso abrir a economia brasileira, permitindo que setores ineficientes sejam expostos à competição internacional e fortalecendo as áreas nas quais o Brasil possui vantagens comparativas. Logicamente, existe o risco de aumento do desemprego em meio a esse processo de transição, pelo menos no curto prazo.

Canuto diz que, primeiramente, o aumento do desemprego é um risco, não certeza. Além disso, a experiência mostra que "quanto menos barreiras se colocam para a transferência de mão de obra, quanto menos foco houver na retenção de empregos que já existem, o custo de ajustamento é mais baixo". Outro fator é que o custo de manter artificialmente setores ineficientes é maior do que o possível custo social, já que os empresários que atuam nessas áreas sabem que não têm muito futuro e acabam abandonando os investimentos.

Ao mesmo tempo, ele afirma perceber uma postura menos defensiva do empresariado brasileiro, que vem mostrando maior receptividade a uma agenda mais agressiva de abertura comercial. "As entidades de classe estão mais conscientes de que isso não será suficiente e que é preciso dar um passo diferente e fortalecer o que tem condições de sobreviver no longo prazo", afirma.

Entre esses setores nos quais o Brasil teria vantagens comparativas, estão aqueles ligados à extração de recursos naturais. Canuto diz que ainda existe um certo "preconceito" com o setor, já que parte dos analistas acredita que a indústria manufatureira seria um caminho melhor porque gera produtos com maior valor agregado e seria uma base mais forte para erigir uma matriz produtiva intensiva em ciência e tecnologia. Mas ele não concorda inteiramente com essa visão. "Entre uma agricultura sofisticada como a brasileira e a capacidade de prospecção e produção de petróleo em águas profundas que nós temos, em comparação com uma atividade de montagem com base em mão de obra não qualificada como vemos em muitas indústrias, eu prefiro muito mais os primeiros casos", comenta.

Segundo o estudioso, todos os casos de sucesso de integração ao comércio global tiveram de combater pressões políticas que defendiam maior proteção da indústria local. Ele aponta como exemplo o México, que abriu parte de sua economia e não tem apresentado taxas de crescimento muito maiores que o Brasil nos últimos anos. Entretanto, os segmentos que foram expostos à competição internacional são justamente aqueles que mais crescem e geram uma renda per capita muito mais elevada que o Brasil.

"O México só não cresce mais por conta da ineficiência da penetração das mudanças. O país corre a duas velocidades, entre os setores que foram abertos e aqueles que continuaram protegidos. Mesmo assim, a experiência mexicana revela justamente o custo que é para o Brasil se manter fechado", diz Canuto.

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Projeto Transul: Articulação Brics-Unasul como alavanca do desenvolvimento brasileiro



Olá alunos, 

O projeto Transul surge como uma possível saída para a estagnação econômica nacional. A postagem de hoje expõe os benefícios que esse projeto poderia trazer para o país e busca analisar as consequências dos ajustes econômicos anunciados.   

Esperamos que gostem e participem.   

Fellype Fagundes e Carlos Araújo 
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

A economia brasileira passa por uma fase de estagnação que pode prolongar-se por anos caso não se consiga mobilizar um conjunto de forças capaz de deslanchar um novo ciclo de crescimento sustentável. É nossa convicção que esse conjunto de forças pode resultar de uma articulação industrial com a China tendo em vista interesses recíprocos que devem ser contemplados a partir de iniciativas convergentes. Abaixo se expõem razões brasileiras que justificam iniciativa nesse sentido, o projeto Transul, e em seguida as razões chinesas para o mesmo projeto. Nas conclusões, volta-se ao exame das perspectivas econômicas brasileiras no sentido de esclarecer os estreitos graus de liberdade de nossa política macroeconômica atual se mantida no curso convencional, ortodoxo ou heterodoxo, e indica-se a contribuição que o projeto Transul poderá dar de forma a alargar esses graus de liberdade macroeconômica.

Projeto Transul: razões brasileiras

O Brasil passou por um longo ciclo de estagnação a partir dos anos 80 do século passado até o começo deste século, determinado em larga medida pela crise da dívida externa e a fragilidade do balanço de pagamentos. A partir de 2003/2004 entramos num ciclo favorável de preços e quantidades vendidas de commodities puxado sobretudo por compras da China, na época crescendo a taxas de cerca de 10% ao ano, o que nos possibilitou ampliar importações de bens de produção e de consumo, e ao mesmo tempo acumular grandes reservas internacionais a partir de superávits comerciais. Após o início da crise internacional em 2008, a economia brasileira sofreu o impacto de queda em 2009 mas teve notável recuperação em 2010, neste caso por mérito de uma política macroeconômica de cunho essencialmente anticíclico. É esse ciclo de crescimento estimulado sobretudo pelo consumo, inclusive a crédito, que se esgotou.

A retomada do crescimento dependerá de um empuxe no investimento e no consumo que não está à vista. Não há perspectiva de investimento sem perspectiva de consumo. Temos alguns nichos de crescimento do consumo/investimento com grande ou significativo poder de arraste sobre o conjunto da economia, a exemplo da cadeia do petróleo, da indústria aeronáutica, da química e do agronegócio. Não são suficientes para puxar uma retomada do crescimento a partir de zero, onde nós estamos. A cadeia do petróleo, por razões notórias, deverá sofrer o impacto das ações judiciais contra ex-altos executivos da Petrobras. A cadeia aeronáutica se caracteriza grandemente pelo outsourcing, com efeito interno limitado. A química e o conjunto do agronegócio, embora importantes nos resultados da economia até aqui, não têm potencial para puxar o crescimento do conjunto dela nos anos vindouros.

Em termos econômicos convencionais, este seria o momento da acentuação das políticas anticíclicas de cunho keynesiano, nas quais o investimento público independe do consumo de mercado e o precede, puxando o investimento privado e finalmente sendo sancionado este último pelo consumo privado, através do efeito multiplicador. Entretanto, mediante uma política fiscal flexível que liberasse o investimento público em infraestrutura, essa alternativa também parece esgotada, especialmente dentro da estrutura de relações internacionais brasileiras hoje prevalecentes (ver abaixo). Como consequência, temos que buscar uma alternativa de investimento em larga escala, capaz de puxar o ciclo econômico, independentemente das restrições macroeconômicas de curto prazo. Este é o Projeto Transul.

O Projeto Transul: Razões da China

Em sua essência, o Projeto Transul consiste na proposta de um grande acordo entre Brasil e China, a ser posteriormente estendido aos demais países BRICS e da Unasul, pelo qual a China faria o outsourcing da produção metálica e da indústria alimentícia de seu interesse estratégico em território inicialmente brasileiro, e posteriormente sul-americano e de outros países BRICS. As vantagens para o Brasil seriam óbvias: deixaríamos de ser meros exportadores de commodities agrícolas e minerais, sujeitos aos humores imprevisíveis do mercado, como agora, e agregaríamos a primeira escala de valor aos produtos primários que normalmente exportamos in natura. Para a China, haveria vantagens significativas no campo da economia no consumo de energia, no consumo de água e, sobretudo, de controle e até reversão da poluição, com garantia de fornecimento de insumos metálicos e de alimentos processados mediante contratos de longo prazo, estabilizadores das economias envolvidas.

A China está fazendo um esforço gigantesco no combate à poluição implicando investimentos da ordem de 620 bilhões de dólares em cinco anos. Num acordo com os Estados Unidos e na recente reunião mundial sobre clima em Lima, no Peru, a China se comprometeu a estabilizar os níveis de poluição até 2030. Para uma economia com energia à base sobretudo de carvão, é um compromisso significativo, que atende não apenas aos interesses mundiais como aos da própria China, tendo em vista os devastadores efeitos ambientais sobre a água e a atmosfera que a população chinesa vem sofrendo, com reflexos devastadores para a saúde pública (ver anexo). Entretanto, com uma população de 1,3 bilhão de habitantes, a China não aceitará sacrificar seus projetos de desenvolvimento e de urbanização acelerada; é justamente nesse campo que o Projeto Transul pode representar para ela uma alternativa essencial de acesso a insumos essenciais para o crescimento e a segurança alimentar.

O modelo empresarial para o Projeto Transul implica: organização de empresas binacionais China-Brasil, na forma de empresa de propósito específico, com participação de setores privado e público dos dois países, para a industrialização no Brasil de recursos naturais definidos pela demanda chinesa destinados à exportação principalmente para a China; financiamento do investimento pela China mediante garantia de contratos de fornecimento dos respectivos produtos industrializados por prazos longos, de 25 anos, no formato de Project-finance; capital e governança devem ser partilhados, com 51% do capital ordinário e maioria da governança retida pela parte brasileira; reserva de fornecimento de no mínimo 50% das máquinas e equipamentos na fase de construção das empresas para indústria de bens de capital brasileira; admissão de um número máximo de trabalhadores chineses como imigrantes temporários ou definitivos na fase de construção e de operação de cada empresa.

A organização no Brasil de cada empresa industrial ou de mineração considerará, desde a origem, a participação ativa de empresários, de instituições de defesa ambiental e de promoção social, escolhidas dentre as com maior representatividade e credibilidade no setor. Será estabelecido modelo de intervenção dessas instituições para definição organizacional de cada empresa possibilitando canais decisórios transparentes envolvendo as partes direta e indiretamente interessadas. Mediante acordo especial Brasil-China a ser embutido no acordo global do Projeto, serão estabelecidos, no caso específico de poluição, modelos realísticos para o balanço energético global de cada empresa a ser criada no Brasil de forma a relacionar a poluição mínima gerada aqui, a partir de tecnologias atuais de maior eficiência energética e de uso de água, à economia máxima em água, em energia e em geração de poluição na China.

A China poderá optar entre duas alternativas, considerando os objetivos globais que tem em seu programa ambiental, para operacionalização do Projeto Transul: uma, mais direta, que implique a retirada de quantidades específicas de produção de metal no país através de métodos tradicionais ineficientes, relacionada objetivamente com quantidade equivalente a ser produzida no Brasil e exportada para ela; outra, indireta, que associe suas necessidades crescentes de metais para sustentar seu desenvolvimento a altas taxas a capacidade produtiva nova criada no Brasil (outsourcing) e não na China. Naturalmente, pode-se optar por uma combinação dessas duas alternativas, sempre, porém, a partir de decisão eminentemente chinesa como referência para a tomada de decisão brasileira. Deve-se considerar também um período de adaptação considerando-se as capacidades produtivas existentes lá e cá.

Graus de liberdade da política econômica no Brasil

O Projeto Transul é saída quase única para a situação de estagnação da economia brasileira. Como já observado acima, são muito estreitos os graus de liberdade macroeconômica do país para um programa desenvolvimentista. Com mais de 83 bilhões de dólares de déficit em conta corrente, neste ano, temos pouquíssimo espaço para a redução da taxa básica de juros e para a eliminação do superávit primário. Ambas, junto com alguma desvalorização cambial, seriam necessárias para a implementação de um programa anticíclico tipicamente keynesiano para a retomada do ciclo de desenvolvimento. Entretanto, se isso for tentado de forma decisiva, ficará virtualmente impossível financiar o déficit em conta corrente, e corremos o risco de uma crise cambial como já aconteceu recorrentemente no passado.

O professor Mário Henrique Simonsen costumava afirmar que inflação fere, mas balança de pagamentos mata. Nossas reservas de 380 bilhões de dólares podem ser um importantíssimo instrumento intermediário para acomodar a situação externa conjuntural deficitária enquanto se tomam medidas estruturais para o reequilíbrio externo, notadamente por um vigoroso aumento das exportações, mas não para pagar cumulativamente o déficit em conta corrente na ausência de entrada de novos recursos externos. Nesse caso, a moratória a curto prazo, e a volta ao caixa socialmente adverso do FMI. E isso não é uma condição específica de país em desenvolvimento: a França de Miterrand, no início dos anos 80 do século passado, e a Inglaterra, mais recentemente, experimentaram o drama de uma crise cambial que lhes tolheu completamente margens de manobra interna para políticas econômicas de valor social.

De fato, estamos num círculo vicioso: se reduzirmos muito a taxa básica de juros, os capitais especulativos que entram com a função quase exclusiva de financiar a curtíssimo prazo o balanço de pagamentos vão evaporar. Por outro lado, uma política fiscal expansiva implicaria redução até zero do superávit primário ou, mais coerentemente enquanto a recessão persistir, um déficit primário e um déficit nominal muito maior que o atual. Isso implicaria certamente uma desclassificação do Brasil pelas agências de risco, o que levaria os capitais especulativos a exigir taxas de juros ainda mais elevadas para fechar o balanço de pagamentos. No intervalo disso, temos uma taxa cambial que deveria ser desvalorizada para estimular a exportação de manufaturados, especialmente numa conjuntura de preços e quantidades de commodities declinantes. Contudo, as consequências inflacionárias seriam extremamente negativas.

É importante assinalar que o ajuste ortodoxo proposto por uma corrente de economistas como saída para a crise de crescimento brasileira chega a ser ingênuo. A partir dele, dizem, seria restaurada a confiança do empresariado no governo e fluiriam investimentos. Isso é falacioso. Não há investimento sem prévia avaliação do potencial de demanda, exceto quando se trata de investimento público em bens públicos. Como essa segunda possibilidade está vedada pelo próprio ajuste ortodoxo, e pelas razões macroeconômicas já assinaladas, não há como o investimento público autônomo estimular a demanda e o investimento privado. O máximo que os empresários continuarão fazendo é opearem com a moeda financeira no limite dos investimentos em manutenção de capacidade. Como, aliás, acontece na Europa.

É diante desse quadro que o Projeto Transul se torna uma saída para a reversão do ciclo de baixa da economia brasileira. Teríamos investimentos produtivos diretos, de forma imediata, criando capacidade produtiva exportadora e, conjunturalmente, ajudando a reforçar o balanço de pagamentos e as reservas. A demanda derivada do processo de construções animaria imediatamente a indústria de bens de capital e a indústria de bens de consumo, iniciando um ciclo de investimentos que teria repercussão no emprego e na renda, cumulativamente. Na fase operacional dos projetos, o aumento cumulativo das exportações possibilitaria crescente redução do déficit em conta corrente e, finalmente, liberaria as travas da macroeconomia para iniciativas autônomas tanto no campo econômico quanto social.

Em uma palavra, o Projeto Transul seria estruturante de uma nova economia brasileira a partir da revolução minero-metais. Note-se que essa articulação industrial profunda com a Ásia, muito mais significativa e menos superficial que a simples articulação comercial – que na verdade não nos interessa -, não representa prejuízo para terceiros. É um jogo de soma positiva. Os países industrializados avançados, como EUA e Europa Ocidental, continuariam sendo nossos parceiros, como têm sido tradicionalmente. Apenas nos situaríamos em um eixo triangular mais confortável pelo qual poderíamos fazer excedentes comerciais manufaturados, e não simplesmente importa-los e nos expor a déficits comerciais crescentes, como é o caso atualmente, exceto em primários. Ou seja, nossos excedentes com a China reforçariam nossa capacidade de comercializar com os EUA e com a Europa Ocidental, para benefícios recíprocos.

Finalmente, convém observar que não há objetivamente possibilidade de fazer esse Projeto a não ser com a China. É ela que enfrenta problemas agudos de poluição, o que torna o outsourcing de metais vantajoso para ela. Por outro lado, não existe nenhuma outra região do mundo, fora a Ásia, que represente uma capacidade efetiva de demanda de metais capaz de justificar um rosário de projetos produtores no Brasil e, posteriormente, na América do Sul. Por outro lado, a Índia tem potencial e condições semelhantes aos da China, e poderia entrar no Projeto pelo lado da demanda de metais. A Rússia poderia entrar pelo lado da oferta, mas não tem muita energia limpa; a Austrália também, mas com deficiência em água; e a África do Sul, com problemas de mão de obra. Assim, as possibilidades são principalmente nossas. Para aproveitá-las, devemos continuar a avançar nossas conversas com a China.

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