Olá alunos,
A recessão técnica no Brasil deve representar mais um percalço para economia da América Latina. A postagem de hoje expõe as previsões de crescimento para os próximos meses e as consequências que elas podem ter para região.
A recessão técnica no Brasil deve representar mais um percalço para economia da América Latina. A postagem de hoje expõe as previsões de crescimento para os próximos meses e as consequências que elas podem ter para região.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
A recessão do Brasil deverá ser mais um revés para a
economia da América Latina, já atingida com a crise na Venezuela e o calote da
Argentina.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país, maior economia da
região, recuou 0,6% no último trimestre na comparação com o trimestre anterior
e 0,9% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do IBGE
divulgados na sexta-feira.
O órgão revisou para baixo o resultado do primeiro trimestre
- de crescimento de 0,2% para queda de 0,2%, o que colocou o país em
"recessão técnica", quando há dois trimestres seguidos de crescimento
negativo.
O governo culpou a realização da Copa do Mundo - responsável
pela redução de dias úteis com o decreto de feriados -, e a crise internacional
como motivos da desaceleração, mas analistas advertem para problemas
estruturais que freiam o crescimento do país, cujos efeitos são sentidos em
toda a região.
"Isto afeta muito a região porque o (Brasil) é o maior
país da América Latina. Todos os países que têm relações comerciais com o
Brasil vão sofrer o impacto", disse Margarida Gutierrez, professora de
Macroeconomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Especialistas já previam um retrocesso da economia no
segundo trimestre, mas os números vieram piores do que o estimado.
Entre os fatores que puxaram o PIB para baixo estão a queda
de 5,4% nos investimentos neste trimestre e a redução de 1,5% na produção da
indústria. Também houve uma queda de 0,5% nos serviços e 0,7% nos gastos do
governo.
O resultado já é sentido: empresas que têm negócios com
parceiros no Brasil já estão com perspectivas de queda nas relações comerciais,
disse Gustavo Segre, diretor do Center Group, empresa de consultoria de
negócios na América Latina, em Buenos Aires.
A previsão, segundo ele, é que as grandes indústrias da
região com negócios no Brasil sofram um impacto maior, mas que o país ainda é
visto como atraente por muitas empresas pelo seu tamanho e mercado consumidor.
Problemas com vizinhos
O Brasil parece sentir também os problemas econômicos nas
vizinhas Argentina e Venezuela, dois grandes parceiros regionais e integrantes
do Mercosul.
As tensões parecem estar se acirrando.
"Se as economias que compram de nós não conseguirem
reverter essa situação, dificilmente nossos setores exportadores poderão ser
competitivos", disse o ministro de Economia argentino, Axel Kicillof, que
se reuniu nesta semana com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Já Mantega queixou-se, na sexta-feira, da queda das exportações
de automóveis para a Argentina como uma das razões do recuo do crescimento
brasileiro.
Mantega negou que haja recessão e disse que a queda do PIB
foi pequena e não afetou o desempenho nem o consumo. Ele previu uma recuperação
para o segundo semestre.
No entanto, ele admitiu que deverá haver uma revisão da
previsão de crescimento para este ano, atualmente de 1,8%. Economistas
acreditam que a expansão do PIB deverá ser inferior a 1%.
Margarida, da UFRJ, diz que a queda dos investimentos
reflete uma desconfiança na economia e incertezas sobre um possível reajuste em
2015 - há expectativa de aumento em preços de combustíveis e energia -, e que a
indústria perde competitividade com um real forte e custos altos de produção.
Tal cenário tende a atingir os fluxos comerciais na região,
segundo ela. "Isto vai atrasar investimentos e reduzir níveis de
produção", disse.
O anúncio - a cinco semanas das eleições - é também um golpe
duro para campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), e servirá de
munição para seus principais rivais - Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB).
"Esta recessão mostra a exaustão de um modelo de
crescimento centrado no consumo interno", disse Eduardo Velho,
economista-chefe da empresa de investimentos INVX Global, em São Paulo.
"É um bom retrato do que a economia está sofrendo -
desaceleração da indústria, queda em investimento", disse ele,
argumentando que profundas reformas serão necessárias, independente de quem for
eleito em outubro.
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