Olá alunos,
A epidemia de ebola tem feito muitas vítimas na África e pode ameaçar a economia de alguns países. A postagem de hoje expõe os transtornos econômicos que a epidemia esta causando e suas consequências.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
A epidemia de ebola continua a afligir a África Ocidental.
Agora o Senegal também anunciou o primeiro caso da doença. Depois da Libéria,
Serra Leoa é o país mais afetado pela epidemia. De acordo com dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), já foram registrados mais de mil casos da
infecção.
Isso começa a atingir também a economia. O presidente do
Banco de Desenvolvimento Africano (AfDB, na sigla em inglês) não deixa dúvidas
quanto à situação econômica desconfortável em Serra Leoa. "Existem
prognósticos que apontam uma redução de até 4% do Produto Interno Bruto (PIB)
de 2014 em relação ao ano anterior", afirmou Donald Kaberuka à agência de
notícias Reuters ao visitar o país da África Ocidental.
Segundo Kaberuka, a epidemia não só está fazendo com que
projetos econômicos sejam cancelados, como também está provocando a fuga de
empresários do país. Em comunicado, o AfDB permanece mais cauteloso. A nota
aponta uma queda de 1,5 ponto percentual no PIB dos países afetados. "Mas
mesmo que a OMS não tenha emitido nenhuma proibição de viagem, o dano é
grande", afirmou Kaberuka:
"Companhias aéreas privadas interromperam
o tráfego aéreo. Isso tem efeito sobre o turismo e o comércio."
Quênia, Senegal e África do Sul lançaram restrições de
viagem devido a epidemia.
O fato é que a reputação de Serra Leoa e dos países vizinhos
também afetados Guiné e Libéria tem sofrido muito desde a eclosão da epidemia –
também entre os homens de negócios africanos. "Ebola é uma doença
horrível, todos nós estamos preocupados", disse o empresário malauiano
Desmond Dudwa Phiri. Quase 6 mil quilômetros o separam de Freetown, capital de
Serra Leoa.
"Até mesmo aqui no Malawi as pessoas estão em alerta.
Prestamos muita atenção para que estrangeiros façam exame médico antes de
entrar em nosso país", afirmou. Para ele, não é surpresa o fato de o
comércio interno africano estar sofrendo. "Quando um país é atingido por
uma doença infecciosa, as pessoas preferem a saúde ao lucro financeiro",
explicou o empresário.
Precaução
justificada?
"Esta também é a razão pela qual países como o Quênia,
Senegal e África do Sul introduziram restrições de viagem", afirmou
Desmond Dudwa Phiri. Tais países proíbem a entrada de cidadãos provenientes dos
países afetados. "É claro que a economia sofre. Esses países são
dependentes da receita de suas exportações." Em 2014, Serra Leoa
estabeleceu como meta exportar diamantes no valor de 220 milhões de dólares
para os EUA.
"O ministério responsável já anunciou que essa meta não
poderá ser atingida", disse o empresário, explicando que os mineiros
estariam com medo, já que a região de diamantes se encontra nas áreas mais afetadas
pela epidemia. Segundo especialistas, a retirada de pessoal internacional
também prejudica os negócios.
Os diamantes de Serra Leoa se encontram nas regiões afetadas
pelo ebola.
Christoph Kannengiesser, diretor da Associação Empresarial
Alemã-Africana, afirmou estar claro que a epidemia tem sérias consequências
econômicas para a maioria dos países afetados. Kannengiesser, no entanto,
advertiu do pânico exagerado: os "pesos-pesados econômicos" da região
– Nigéria, Gana, Costa do Marfim e Senegal – foram até agora pouco afetados
pela crise. Embora a associação recomende cautela às empresas nesses países,
ela também aconselha que tais empresas permaneçam ali.
"A curto ou médio prazo, a África não vai ser guiada
pelo ebola, mas por uma classe média crescente e por uma política econômica
favorável aos empresários", afirmou Kannengiesser à Deutsche Welle.
Segundo ele, a África continua a ser um dos grandes mercados em crescimento.
África é mais que um
país
Além disso, Kannengiesser espera o chamado efeito catch-up,
ou seja, a possibilidade de economias mais pobres crescerem mais rapidamente
que as mais ricas. "Relações comerciais, relações com os fornecedores,
abertura de escritórios de vendas: tudo isso será apenas adiado para quando não
existirem mais as restrições", acredita Ele afirmou estar otimista que
isso poderá acontecer já em poucos meses.
Kannengiesser também acusou empresas internacionais de
praticarem pouca diferenciação. "Agora, a África aparece novamente como um
continente de crises, guerras e catástrofes. Mas os casos de ebola foram
registrados em apenas seis dos 54 países africanos", ressaltou
Kannengiesser.
Também o empresário malauiano Desmond Dudwa Phiri falou de
um "problema de imagem" do continente. "Muitas pessoas pensam
que a África é um só país. Quando elas ouvem notícias ruins de um país, elas
pensam que isso vale para todo o continente", reclamou. "Por esse
motivo, é certo que os desenvolvimentos na África Ocidental também irão afetar
a economia em outras regiões", disse o empresário.