Olá
alunos,
No
ano das Olimpíadas muitas questões estão em pauta, como: Impacto do evento para
a cidade do Rio, Economia, Transporte, Emprego, Investimento. A postagem de
hoje pretende nos inteirar melhor sobre o assunto, buscando maiores
esclarecimentos.
Gostaríamos de agradecer aos alunos da disciplina
“Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense, Lucas de
Souza e Oliveira, Carollina do Carmo, Yuri da Costa Campos Ferreira, Letícia de
Oliveira Machado, Gabriel de Araújo, Pedro Moreira Alonso e Jessica Belmonte
dos Santos Neto, pela indicação da notícia.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges.
Monitoras da disciplina “Economia Política
e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
O
governo brasileiro havia prometido que a Copa do Mundo contribuiria para a
geração de renda e emprego, impulsionando os investimentos e a economia do
país.
Na
prática, ao menos o efeito de curto prazo do evento parece ter sido o oposto
(embora ainda haja quem defenda que o Brasil pode colher no longo prazo os
frutos da exposição midiática conseguida com o Mundial).
Os
feriados e paralisações provocadas pelos Jogos tiveram um impacto negativo na
produção industrial e na economia como um todo, sendo responsabilizados pelo
próprio governo pela queda de 0,6% do PIB no segundo semestre de 2014.
O
que esperar, então, da Olimpíada - que, ao que tudo indica, ocorrerá em um
momento ainda mais delicado para a economia brasileira?
Os
Jogos vão dificultar a retomada do crescimento ou podem contribuir para criar
um clima de otimismo - o que alguns economistas chamam de feel good
factor - que favoreça a volta dos investimentos?
Estudos
de impacto
Quando
o Rio de Janeiro ainda competia com Madri, Tóquio e Chicago para ser a sede dos
Jogos Olímpicos, em setembro de 2009, um estudo encomendado pelo Ministério dos
Esportes à Fundação Instituto de Administração (FIA) estimava que a competição
poderia movimentar US$ 51 bilhões em recursos e gerar 120 mil empregos.
O
estudo defendia que os investimentos feitos para o evento teriam um efeito
multiplicador amplo e diversificado sobre a economia, que duraria anos. O
impacto também seria positivo fora do Rio de Janeiro - cerca de metade desses
postos de trabalho beneficiariam moradores de outros Estados.
Em
janeiro de 2014, um relatório preliminar de outro estudo, encomendado pelo
Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos à Universidade Federal do Rio de
Janeiro, também defendia que o evento pode proporcionar "benefícios para
as economias local, regional e nacional, ao estimular investimentos
incrementais e estruturais."
E
em dezembro, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, defendeu numa
audiência pública que a Olimpíada será marcada pela economia de recursos
públicos, obras finalizadas no prazo e um legado econômico e social
significativo.
"Tenho
muita convicção de que a história da Olimpíada é bastante diferente do que foi
a história confusa da Copa do Mundo. O modelo construído e a maneira como está
se fazendo, inclusive do ponto de vista orçamentário, é algo bastante
diferente", disse ele.
"(A
Olimpíada) é uma oportunidade de mostrar um Brasil diferente do país que atrasa
licitações e superfatura preços. (...) É uma enorme oportunidade de
transformação", completou, mencionando, em seguida, a expansão da rede
hoteleira do Rio de Janeiro.
Economistas
e especialistas ouvidos pela BBC Brasil, porém, têm uma visão mais cética sobre
o possível impacto dos Jogos na economia.
Juan
Jensen, da Consultoria Tendências, por exemplo, nota que, tanto em alcance
geográfico quanto temporal, a Olimpíada é um evento menor que a Copa. Por isso
tende a ter um impacto ainda menos relevante para a economia brasileira como um
todo.
Ceticismo
Para
começar, os torneios duram apenas duas semanas - não quatro, como no Mundial.
À
exceção dos jogos de futebol, todas as competições ocorrem no Rio de Janeiro,
enquanto na Copa eram 12 cidades-sede.
Além
disso, apesar de a primeira vista parecer muito, os R$ 38 bilhões de
investimentos ligados à Olimpíada são pouco significativos em um país com um
PIB de R$ 4 trilhões.
"No
longo prazo de fato existe a possibilidade de que a Olimpíada ajude a promover
o Rio como destino turístico mundo afora. Se tudo ocorrer como previsto, sem
incidentes de violência, podemos ter um ganho em termos de imagem", diz
Jensen.
"Mas
a essa altura não é uma Olimpíada bem organizada que vai mudar o humor do
empresário ou convencer estrangeiros a investirem no Brasil. O que convence o
investidor é ver que o país está crescendo e que tem um ambiente institucional
favorável, respeito às regras e etc."
Otto
Nogami, professor do Insper, concorda - e acrescenta que, mesmo os efeitos
positivos de longo prazo, não estão garantidos.
"Sempre
existe o risco de que, se houver qualquer problema durante o evento, a imagem
do Rio saia enfraquecida", diz ele.
"Além
disso, mesmo olhando apenas para a economia do Estado que recebe os Jogos, é
preciso considerar que também haverá feriados e paralisações, que podem
neutralizar os efeitos positivos de gastos mais aquecidos em determinados
setores."
Evidência
empírica
Para
Wolfgang Maennig, especialista em economia do esporte da Universidade de
Hamburgo, que vem estudando há anos os impactos econômicos de grandes eventos
esportivos, essas competições "costumam ser um jogo de soma zero".
Segundo
ele, estudos empíricos não captaram nenhum efeito significativo dos Jogos na
geração de emprego, renda e arrecadação de impostos.
No
que diz respeito ao fluxo de turistas, muitas cidades-sede de Copas ou
Olimpíadas teriam até registrado quedas, uma vez que turistas tradicionais e
corporativos costumam evitar esses destinos durante as competições.
"Uma
Olimpíada é, basicamente, uma grande festa. As pessoas ficam mais felizes. É um
momento de celebração do esporte para ser lembrado por muitos anos - mas não
mais que isso", diz Maennig, que foi campeão olímpico de remo pela
Alemanha Ocidental e esteve em todas as Olimpíadas realizadas desde 1984.
"Mas
por que uma cidade quer ser sede dos Jogos Olímpicos? Para celebrar o esporte?
Não, na grande maioria dos casos é para conseguir maior poder de barganha na
competição por recursos federais para obras de infraestrutura."
Segundo
Maennig, o problema é que, para legitimar essas candidaturas, muitos governos
acabam apresentando estudos de impacto com estimativas infladas de geração de
emprego e renda.
"Em
quase todo país que compete para sediar uma Copa ou Olimpíada é a mesma coisa.
Por isso, a primeira coisa que precisamos fazer para ajustar essas expectativas
é acabar com esses estudos de impacto prometendo milhares de emprego",
opina.
Pedro
Trengrouse, especialista em Gestão, Marketing e Direito no Esporte da FGV, que
foi consultor da ONU para a Copa, ressalta que a Olimpíada deve deixar um
legado de infraestrutura positivo para o Rio de Janeiro em particular, na
medida em que já contribuiu para concentrar investimentos do governo federal na
cidade.
"Mas
não adianta colocar as Copas ou Olimpíadas de verão ou inverno como solução de
problemas econômicos que não tem nada a ver com esses eventos esportivos",
opina ele.
"No
mundo inteiro já há um debate amplo sobre os custos e benefícios de se receber
essas competições justamente porque se percebeu que, ao menos do ponto de vista
econômico, nem sempre a conta fecha. Não é a toa que em muitos lugares a
questão já está sendo levada a plebiscito."
O
Ministério dos Esportes não comenta sobre o impacto econômico da Olimpíada, mas
ressalta que o evento deixará um legado importante no campo social e esportivo
que beneficiará todos os Estados da federação, ao contribuir para colocar o
Brasil no caminho de se tornar "uma potência esportiva".
"Desde
que o Brasil conquistou o direito de sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos
de 2016, o governo federal tem atuado para que o legado do maior evento
esportivo do planeta contemple todos os Estados e o Distrito Federal", diz
uma nota do Ministério.
A
nota menciona a construção de 12 centros de treinamento de diversas
modalidades, 261 Centros de Iniciação do Esporte, 46 pistas oficiais de
atletismo e dez instalações olímpicas no Rio de Janeiro, além da compra de
equipamentos de ponta em vários Estados.
"Os
investimentos, superiores a R$ 4 bilhões, têm proporcionado a construção e a
consolidação de uma Rede Nacional de Treinamento, com unidades que beneficiarão
brasileiros em todas as regiões, contribuindo para a formação de novas gerações
de atletas."
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