Olá alunos,
Pouco conhecido e falado, infelizmente, entre nós estudantes de Direito,
Luiz Gama exercia a advocacia sem mesmo ser advogado. Com uma história
emocionante, o negro liberto, foi de extrema importância para o período
imperial brasileiro... Libertou mais de 500 escravos por via judicial. A
postagem de hoje pretende trazer um pouco mais de sua trajetória a fim de nos
inspirarmos em figuras de tamanha maestria como esta.
Gostaríamos de agradecer aos alunos
da disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense,
Ana Clara S. Lima Peixoto, Henrique A. Soares, Yasmin de Souza
Soares, Lívia Maria, Ricardo Fonseca Santos, Sheilayne Carneiro da Silva e
Thais Vidal, do turno noturno, pela indicação da notícia.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges.
Monitoras da disciplina “Economia
Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
Negro liberto que
se tornou libertador de negros, Luiz Gonzaga Pinto da Gama (1830-1882) ficou
conhecido como um rábula que conseguiu alforriar, pela via judicial, mais de
500 escravos.
O rábula exercia a advocacia sem ser advogado.
Numa reescrita tardia
da História, sua designação vai mudar. Na noite da próxima terça-feira, 3, em
cerimônia na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Luiz Gama deve receber da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 133 anos após a sua morte, o título de advogado.
"No atual modelo
da advocacia brasileira, é a primeira vez que tal homenagem é conferida",
afirma o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho.
"Já era hora de
ele ter esse reconhecimento oficial", avalia o advogado Silvio Luiz de Almeida,
professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e
presidente do Instituto Luiz Gama (ILG).
"Além de ter sido
um homem importante na questão do abolicionismo, foi grande jurista e advogado
de teses brilhantes."
"Embora não fosse
advogado, Gama era um grande defensor da abolição e sua atuação como rábula
livrou inúmeras pessoas dos grilhões escravistas", pontua o presidente da
OAB.
Na cerimônia, Luiz Gama
será representado por um tataraneto, um de seus 20 e tantos descendentes vivos,
o engenheiro e empresário Benemar França, de 68 anos.
"Tomei contato com
a biografia desse meu antepassado quando estava no 2º ano do ginasial e um
professor de História pediu que pesquisássemos, cada um, sobre as nossas
famílias, a nossa genealogia", conta.
"O que descobri
encheu-me de orgulho." Além da condecoração póstuma, o evento Luiz Gama:
Ideias e Legado do Líder Abolicionista prevê dois dias de palestras e debates
no Mackenzie.
Autor da biografia Luiz
Gama: O Advogado dos Escravos, publicada pela editora Lettera.doc em 2010, o
advogado Nelson Câmara acredita que a iniciativa da OAB é correta "embora
serôdia", ou seja, tardia. "Era um sujeito de grande
luminosidade", afirma Câmara.
Autodidata
Nascido em Salvador,
filho de um português com uma escrava liberta, foi vendido como escravo pelo
próprio pai quando tinha 10 anos. Alforriado sete anos mais tarde, estudou
Direito como autodidata e passou a exercer a função, defendendo escravos.
Também foi ativista político, poeta e jornalista.
Ele bem que tentou
cursar Direito no Largo São Francisco. "Mas a aristocracia cafeeira da
época não permitiu, porque ele era negro", atesta Câmara.
"Mesmo assim, era
assíduo frequentador da biblioteca de lá." No prefácio do livro, o jurista
Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça, afirma que Gama foi "o negro
mais importante do século 19".
Por complicações da
diabete, o abolicionista Gama, entretanto, morreria seis anos antes de a Lei
Áurea ser promulgada. Dez por cento da população paulistana, de acordo com estimativas
da época, compareceu ao seu enterro - São Paulo contava então com 40 mil
habitantes.
A multidão começou a
chegar ao Cemitério da Consolação, onde ocorreu o sepultamento, ao meio-dia - o
enterro estava marcado para as 16 horas.
Não houve transporte oficial
para o cortejo fúnebre. Do bairro do Brás, onde ele morava, o caixão veio
passando de mão em mão até chegar à sepultura, num gesto coletivo.
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