Olá alunos,
Nem ano de crise em todo o Brasil, presidente busca
convencer empresários americanos a investir no Brasil e afastar temores sobre
turbulência política no país. A postagem de hoje vêm nos trazer a íntegra de
sua visita aos EUA.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges. Monitoras da
disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
Ao lado de vários de seus principais ministros, a
presidente Dilma Rousseff dedicou boa parte do terceiro dia de sua visita aos
Estados Unidos a tentar convencer empresários americanos a investir no Brasil e
afastar temores sobre a turbulência política no país gerada pela Operação Lava
Jato.
Enfrentando uma recessão e denúncias de envolvimento
de dirigentes do PT e ministros do governo no escândalo da Petrobras, Dilma
buscou mostrar a investidores em Nova York que o Brasil tem avançado no combate
à corrupção e que o governo está aberto a sugestões do setor privado.
Em público, empresários que participaram das
reuniões com a presidente elogiaram o ajuste fiscal promovido pelo governo e
afirmaram que o Brasil apresenta boas perspectivas econômicas no longo prazo. Reservadamente, porém, dois executivos disseram
temer que novas revelações da Lava Jato dificultem ainda mais a capacidade de
Dilma para governar e levar adiante as reformas prometidas.
A presidente se reuniu nesta segunda-feira com
representantes de bancos de investimentos e de várias empresas americanas nos
ramos industrial, varejista e do agronegócio com atividades no Brasil, entre as
quais Coca Cola, Dupont, Walmart, Caterpillar, GM e GE.
Dilma disse que um de seus objetivos era mostrar que
o ajuste fiscal não é só uma estratégia para resolver problemas de curto prazo
como a inflação, mas também engloba ações "estruturais" para fazer o
país voltar a crescer. Ela citou entre essas ações mudanças recentes que
farão o governo gastar menos com pensões por mortes e com seguro desemprego,
além de esforços "para ampliar a participação do crédito privado no
crédito global do país" e "ampliar a presença dos mercados de
capitais no financiamento de longo prazo da infraestrutura".
As últimas medidas visam diminuir o papel do BNDES
(Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) na economia e os custos
que o governo tem com empréstimos subsidiados do banco.
A agenda desta segunda-feira começou com uma visita
de Dilma ao The Wall Street Journal, maior jornal econômico americano,
onde ela se reuniu com Rupert Murdoch, dono do diário e de um dos principais
conglomerados jornalístico do mundo, a News Corp.
Em sua edição desta segunda, o WSJ publicou um
encarte publicitário pago pelo governo brasileiro sobre os leilões no país na
área de infraestrutura. À tarde, Dilma tratou dos leilões no encerramento de um
seminário com empresários.
Instabilidade
política
O governo tenta impedir que as denúncias de
corrupção na Lava Jato afastem investidores dos leilões.
Um dos ministros a falar no seminário, Nelson
Barbosa (Planejamento) afirmou a jornalistas que a operação "causa alguma
incerteza maior de curto prazo, mas não prejudica as expectativas de longo
prazo que são mais importantes nesse tipo de projeto".
Segundo ele, o Brasil "tem uma tradição de
transparência no uso de recursos públicos e de respeito aos contratos" que
o torna atraente a investidores.
Outro ministro presente na visita, Armando Monteiro
(Indústria) disse que nenhum executivo tratou nas reuniões com Dilma dos
efeitos políticos e econômicos da Lava Jato.
"A presidente é quem tomou a iniciativa de
dizer que o Brasil está (se) aperfeiçoando, que a Petrobrás está aperfeiçoando
a sua governança, adotando medidas, renovando o conselho, a gestão", disse
ele.
Segundo Monteiro, Dilma afirmou aos empresários que
o Ministério Público no Brasil é autônomo e que não há interferência do governo
nas investigações do órgão.
Tom
otimista
Em declarações a jornalistas após seus encontros com
a presidente, empresários adotaram um tom otimista. "O Brasil é um mercado importante para nós e
estamos comprometidos com seu futuro", disse David Cheesewright,
presidente da rede de supermercados Walmart.
Ele se disse "encorajado" pelas reformas
do governo e por "esforços para tornar mais simples gerenciar negócios e
melhorar o sistema de impostos".
O brasileiro Carlos Brito, CEO da gigante de bebidas
AB Inbev, elogiou a iniciativa de Dilma de se aproximar dos empresários na
visita. Segundo ele, a presidente afirmou que "estará aberta a
sugestões" do grupo.
Para Andre Gluski, presidente da AES, dona da
Eletropaulo, "o público em geral ficou muito impressionado" com o
discurso de Dilma. Ele também se disse otimista sobre a perpectiva de
investimentos no Brasil no longo prazo.
Em privado, porém, executivos de duas empresas com
representantes nas reuniões disseram que os desdobramentos da Lava Jato geram
incertezas sobre a economia brasileira e a capacidade de Dilma de governar. Um deles se disse receoso de que, conforme as
denúncias se aproximam do alto escalão do governo, Dilma se fragilize e o
ajuste fiscal fique comprometido, o que "tiraria o Brasil dos
trilhos".
Ele afirmou que, embora no longo prazo o Brasil siga
sendo um mercado promissor para sua empresa, algumas decisões de investimento
poderão ser adiadas até que o ajuste fiscal se consolide e se conheça toda a
extensão das denúncias da Lava Jato.
Delegação
desfalcada
No dia anterior, a presidente ouviu em Nova York
executivos de multinacionais brasileiras. A Lava Jato desfalcou a delegação
empresarial nacional.
Normalmente presentes em missões como essa, as
principais empreiteiras brasileiras, que tiveram executivos presos na operação
─ entre as quais Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e OAS ─, não
enviaram representantes para a visita de Dilma aos Estados Unidos.
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