Olá
alunos,
Enfrentando
uma recessão e uma crise com o Congresso, a presidente Dilma Rousseff viaja
nesta semana ao México em busca de parcerias para reavivar a economia nacional.
A postagem de hoje busca trazer informações para uma nova perspectiva para a economia
brasileira.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges. Monitoras da
discplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
Segundo diplomatas, Dilma pretende ampliar as
exportações de produtos brasileiros para a segunda maior economia
latino-americana e atrair mais investimentos mexicanos ao Brasil.
A visita ocorre durante uma rara maratona
diplomática da presidente: na semana passada, ela recebeu em Brasília líderes
da China e do Uruguai, e no fim de junho viajará aos Estados Unidos para se
reunir com o presidente Barack Obama.
A presidente chega à Cidade do México nesta segunda
à noite e volta ao Brasil na quarta. Será a primeira visita de Estado -
modalidade mais formal no linguajar diplomático - de um líder brasileiro ao
México desde 2007, embora nesse intervalo Dilma e o ex-presidente Lula tenham
viajado ao país para encontros multilaterais. A viagem será ainda uma retribuição à visita do
presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, ao Brasil após sua eleição, em 2012.
ONIPRESENÇA MEXICANA
Embora jamais tenham sido aliados muito próximos e
nutram certa rivalidade regional, Brasil e México vêm se acercando nos últimos
anos, num movimento liderado por empresários dos dois lados.
Segundo o governo brasileiro, o México é hoje o
quarto maior investidor do Brasil, atrás da União Europeia, Estados Unidos e
Japão. Empresas mexicanas já injetaram US$ 23 bilhões (R$ 71 bilhões) na
economia brasileira.
Carros e autopeças respondem por metade das
transações entre os dois países, que somaram US$ 9 bilhões (R$ 28 bilhões) em
2014. O embaixador do Brasil no México, Marcos Raposo
Lopes, diz que os brasileiros ignoram estar cercados por produtos de empresas
mexicanas em seu cotidiano.
Ele lembra que a mexicana Mabe é dona das marcas de
eletrodomésticos Bosch, Dako, Continental e GE. A Bimbo, gigante mexicana do
setor alimentício, comercializa o pão Pullmann, e a Coca-Cola vendida no Brasil
é engarrafada pela mexicana Femsa.
Também são mexicanas a fabricante de canos Amanco,
as telefônicas Claro e Embratel (gerida pela América Móvil) e a rede de cinema
Cinépolis. Apesar disso, diz o embaixador, "pergunte a um
brasileiro se ele já teve contato com algum produto mexicano e ele provavelmente
dirá que não."
"Brasileiros e mexicanos sabem muito pouco
sobre o país do outro, e os estereótipos ainda predominam dos dois lados."
EXPORTAÇÕES NA MIRA
Já os investimentos brasileiros no México são mais
tímidos e somam US$ 2 bilhões (R$ 6 bilhões), embora estejam aumentando. A brasileira Braskem está construindo com a
mexicana Idesa um polo petroquímico no Estado de Veracruz, e a Gerdau ergue um
complexo siderúrgico em Hidalgo. Os dois investimentos totalizam US$ 5,6 bilhões
(R$ 17 bilhões).
Em sua visita, Dilma deve assinar com o presidente
Peña Nieto um acordo para facilitar investimentos entre os dois países. Será a
terceira vez que o Brasil firma um acordo desse tipo (os países já contemplados
são Angola e Moçambique).
Outra prioridade de Dilma, diz o embaixador Marcos
Raposo Lopes, será ampliar as exportações brasileiras para o México.
Segundo o governo, o comércio entre os dois países
dobrou nos últimos dez anos e o México é hoje o décimo primeiro maior
importador de produtos brasileiros.
Carros e autopeças respondem por metade das
transações, que somaram US$ 9 bilhões (R$ 28 bilhões) em 2014. O México tem
saldo favorável de US$ 1,6 bilhão (R$ 4,9 bilhões) na relação.
Dilma tentará reduzir barreiras a produtos
brasileiros em outras áreas. Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria),
80% dos setores industriais brasileiros defendem diminuir as tarifas comerciais
entre os dois países. A organização cobra o governo a avançar nas negociações
rumo a um acordo de livre comércio com o México.
O acerto dependeria de um aval dos demais sócios do
Brasil no Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela). O bloco já se
comprometeu a negociar um acordo comercial amplo com o México no futuro.
'ALGUNS PASSOS À FRENTE'
Para João Augusto de Castro Neves, diretor de
América Latina da consultoria Eurasia Group, em Washington, as dificuldades
econômicas enfrentadas pelo Brasil têm forçado Dilma - tida como mais avessa à
diplomacia que seus antecessores - a buscar parcerias no exterior para aliviar
a situação.
"Normalmente, líderes de países com problemas
domésticos recorrem à política externa, onde têm mais liberdade para
atuar."
Nesse cenário, diz Neves, o México é atraente por
viver um momento econômico mais favorável que muitos países latino-americanos
que têm a China como maior parceiro comercial.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) estima que o
país crescerá 3% neste ano. O ritmo é inferior ao que registrou no início da
década, mas lhe deixa à frente de Brasil (-1%), Argentina (-0,3%) e Venezuela
(-7%), que sofrem com a desaceleração da economia chinesa.
O México, por sua vez, tem se beneficiado da
recuperação dos Estados Unidos, de longe seu principal parceiro comercial e
investidor.
Por vender poucas matérias-primas à China, Neves
diz que o México não viveu a bonança que muitos países latino-americanos
tiveram na última década. Para crescer mais, diz ele, o país teve que optar por
um caminho alternativo, abrindo-se ao comércio e promovendo reformas
estruturais para se tornar mais competitivo.
O país liderou as negociações para a criação da
Aliança do Pacífico, bloco criado em 2012 que une quatro nações
latino-americanas, e hoje mantém acordos de livre comércio com 45 países.
Essas ações, diz ele, deixaram o México "alguns
passos à frente" de outros países vizinhos - entre os quais o Brasil -
que, diante da desaceleração chinesa, "se veem agora pressionadas a
promover reformas liberalizantes".
"É interessante para o Brasil olhar para o
México, ver que estão melhores do que nós e aprender com sua trajetória."
POLÍTICAS PROIBICIONISTAS
Se no campo econômico os dois países vêm se
aproximando, politicamente ainda há uma grande distância entre ambos, diz Paulo
José dos Reis Pereira, professor de relações internacionais da PUC-SP.
Segundo Pereira, por uma "necessidade de
sobrevivência", o México sempre se voltou aos Estados Unidos, o que
relegou os vizinhos ao sul ao segundo plano.
Há ainda divergências pontuais entre os dois
países. O México se opõe ao pleito do Brasil por uma cadeira no Conselho de
Segurança da ONU, uma das maiores ambições da política externa nacional. E num
sinal de certo distanciamento, o Brasil apoiou a candidatura vitoriosa da
francesa Christine Lagarde na última eleição à direção do FMI, embora o
mexicano Agustín Carstens estivesse na disputa.
Para Pereira, porém, há espaço e razões para que os
dois países também se aproximem politicamente.
Ele diz que tanto Brasil quanto México sofrem os
efeitos de suas políticas para as drogas, que enfocaram a proibição e a
repressão ao tráfico mas não puseram fim à violência.
Segundo o professor, o México "tem acenado com
a possibilidade" de repensar essas políticas, consolidadas por uma
convenção da ONU da década de 1960. No ano que vem, a Assembleia Geral das
Nações Unidas discutirá o tema numa sessão especial.
Ele diz que, hoje, a cooperação entre Brasil e
México nesse campo é "praticamente inexistente" fora de fóruns
multilaterais, mas que "os dois países poderiam ter um protagonismo na
proposição de novas políticas de regulação das drogas".
"É um caminho possível e, mais do que isso,
desejável."
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