Olá alunos,
A crise economia iniciada em 2008 ainda surte efeitos. A postagem de hoje analisa as "soluções" receitadas por instituições internacionais como o FIM e o Banco Mundial. Além disso, trás em sua avaliação comentários relacionados às políticas econômicas anticíclicas e a autores como John Maynard Keynes e Joseph Schumpeter.
A crise economia iniciada em 2008 ainda surte efeitos. A postagem de hoje analisa as "soluções" receitadas por instituições internacionais como o FIM e o Banco Mundial. Além disso, trás em sua avaliação comentários relacionados às políticas econômicas anticíclicas e a autores como John Maynard Keynes e Joseph Schumpeter.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Não faz muito tempo e o mundo sofreu as repercussões da
globalização da crise econômica desencadeada na Zona do Euro cujo estopim foi
aceso nos Estados Unidos.
Desde 2008, com a crise dos sub-primes, títulos imobiliários sem lastro, transacionados no mercado financeiro americano e mais tarde não honrados, o sistema de contas dos bancos não fechou suas contas, levando de roldão os débitos e créditos das demais instituições e empresas envolvidas.
O castelo de cartas desabou afetando bancos americanos e estrangeiros, uns mais outros menos, incluindo falências. A onda de quebradeira chegou às contas de governos, então em situações precárias, expondo as fragilidades financeiras diferenciadas, entre outros países, da Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda.
A ortodoxia econômica desses governos, pressionada, mas abençoada pela União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e sistema bancário mundial, levou à arquitetura de políticas econômicas, chamadas de ajuste, para correção das fragilidades dos sistemas financeiros e dos desequilíbrios macroeconômicos.
O propósito explícito e a ordem implícita eram a urgência e a necessidade de cobrir os rombos financeiros dos governos, cujos papeis e títulos lançados ao mercado para financiar seus programas e projetos não tinham caixas suficientes para serem resgatados.
Daí muitas negociações, renegociações, extensões dos prazos dos papeis e títulos, cobranças de parcelas, enfim, toda a sorte de cartas jogadas à mesa para que os bancos garantissem o máximo de retorno dos recursos adiantados aos papeis sem lastro. Tudo pelo sistema bancário e financeiro.
Pois bem, o que tiveram a ver os sub-primes lá nos Estados Unidos com toda a encrenca provocada na Europa? Simplificadamente, os sub-primes foram financiados com recursos dos bancos americanos de início, depois entraram bancos estrangeiros. Europeus, japoneses e chineses recompraram esses títulos através de outras transações financeiras com os bancos americanos.
A globalização financeira torna temerária assim qualquer falha no sistema de pagamentos entre os bancos, desde a dívida de pequena monta, àquela de bilhões de dólares. Muito bem, quais foram então as correções praticadas pelos governos para não só salvar a credibilidade das economias dos países quanto a dos seus bancos?
As correções vieram embrulhadas em pacotes de papeis com cores distintas, mas essencialmente os mesmos nos conteúdos respectivos. A ortodoxia econômica é irmã siamesa da ortodoxia financeira. Os bancos exigem medidas drásticas das políticas econômicas para garantir que o sistema de crédito e débito volte a funcionar, mais cedo ou mais tarde. No limite com o menor risco de quebra possível. Mesmo que eventualmente tenha que se deixar os anéis nas mesas de negociação para não perder os dedos.
Assim, as políticas ortodoxas vieram de roldão sobre as economias dos países endividados. Até a França, Inglaterra e Alemanha, em menor grau, entraram na dança. Quais foram os pacotes? Dinheiro restrito para crédito, taxas altas de juros, câmbio desvalorizado e livre (sem controle), gastos públicos reduzidos ao mínimo, tarifas e impostos aumentados. Segurar gastos e pagamentos para que o mercado haja como quiser para se recuperar.
Um verdadeiro ciclone sobre as economias dos países da Zona do Euro. O aprofundamento proposital do ciclo de crise do sistema capitalista daqueles países pelas políticas econômicas dos respectivos governos esgarçou suas economias. Crescimentos negativos, comércio exterior reduzido, produção industrial em queda, demanda em declínio.
E a globalização tratou de empurrar os efeitos do ciclone para os demais países das Américas (incluindo Estados Unidos), mais África, Ásia, China, Japão e Europa Oriental. O Brasil foi um dos poucos que, embora afetado, conseguiu se manter com inflação sob controle, baixo desemprego, salários reais sem perdas e crescimento menor, mas positivo.
A política econômica do governo brasileiro foi heterodoxa, anticíclica, como todo bom texto de economia que explique bem a interpretação dada por John Maynard Keynes. Com características próprias e medidas específicas, ela conseguiu segurar firme o manche do avião brasileiro sem deixa-lo despencar das alturas.
Assim, não reduziu o dinheiro para crédito, manteve as taxas de juros em níveis razoáveis, não cortou os gastos públicos e não aumentou tributos. Claro que adotou salvaguardas, entre elas a garantia do superávit primário, o que, no entanto, não restringiu as metas sociais. Dadas a força e a solidez dos pilares econômicos, o câmbio, embora livre, não foi golpeado pela especulação e se manteve nos intervalos de segurança aceitáveis.
Uma espécie de criação distributiva foi a implementação da política econômica no Brasil nos últimos 12 anos. Nem foi somente a destruição criadora proposta por Joseph Schumpeter, quando os setores atrasados dão lugar aos tecnologicamente mais avançados.
Nem a criação destrutiva, essa desastrosa, quando o sistema financeiro toma as rédeas para garantir o sistema de pagamentos entre os bancos, “racionalizando” a economia. Começando com as reengenharias de produção e se beneficiando de toda a ortodoxia econômica que amarra as atividades produtivas em estreitos limites de atuação. Como acontece com a crise que ainda hoje se alastra pela Zona do Euro e mundo afora.
A economia brasileira não cresce hoje mais do que precisa justamente por conta dos efeitos da crise sobre a entrada dos investimentos bem como do volume das compras externas. Daí a opção de expansão do mercado interno, dando vez e voz aos pobres e necessitados.
Na crise tanto os investidores quanto as empresas adotam cautela, ao contrário da proposta keynesiana. Esperam pela mudança do cenário mundial para voltarem a investir e comprar. Resta ao Brasil seguir com crescimento baixo, mas positivo, garantindo condições sociais sólidas para a maioria da população. Entre elas a mais destacada, a queda da desigualdade de rendas, nunca dantes observada no território em todos os tempos.
A opção brasileira foi a de resguardar as conquistas sociais e manter a economia a fogo brando até que a crise se extinga. Caso contrário, o País sofreria as agruras que os povos europeus mais atingidos sentiram e ainda sentem. Desemprego alto, salários reduzidos, dívidas impagáveis, perdas de moradia, depressões e suicídios.
O ciclone ameaça chegar aqui, no entanto, conforme propostas do candidato à Presidência da oposição. Avalia estar o salário mínimo muito elevado, a inflação sem controle, o setor produtivo sem estímulo. Remédios? Exatamente os mesmos adotados pelos países da Zona do Euro.
Desde 2008, com a crise dos sub-primes, títulos imobiliários sem lastro, transacionados no mercado financeiro americano e mais tarde não honrados, o sistema de contas dos bancos não fechou suas contas, levando de roldão os débitos e créditos das demais instituições e empresas envolvidas.
O castelo de cartas desabou afetando bancos americanos e estrangeiros, uns mais outros menos, incluindo falências. A onda de quebradeira chegou às contas de governos, então em situações precárias, expondo as fragilidades financeiras diferenciadas, entre outros países, da Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda.
A ortodoxia econômica desses governos, pressionada, mas abençoada pela União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e sistema bancário mundial, levou à arquitetura de políticas econômicas, chamadas de ajuste, para correção das fragilidades dos sistemas financeiros e dos desequilíbrios macroeconômicos.
O propósito explícito e a ordem implícita eram a urgência e a necessidade de cobrir os rombos financeiros dos governos, cujos papeis e títulos lançados ao mercado para financiar seus programas e projetos não tinham caixas suficientes para serem resgatados.
Daí muitas negociações, renegociações, extensões dos prazos dos papeis e títulos, cobranças de parcelas, enfim, toda a sorte de cartas jogadas à mesa para que os bancos garantissem o máximo de retorno dos recursos adiantados aos papeis sem lastro. Tudo pelo sistema bancário e financeiro.
Pois bem, o que tiveram a ver os sub-primes lá nos Estados Unidos com toda a encrenca provocada na Europa? Simplificadamente, os sub-primes foram financiados com recursos dos bancos americanos de início, depois entraram bancos estrangeiros. Europeus, japoneses e chineses recompraram esses títulos através de outras transações financeiras com os bancos americanos.
A globalização financeira torna temerária assim qualquer falha no sistema de pagamentos entre os bancos, desde a dívida de pequena monta, àquela de bilhões de dólares. Muito bem, quais foram então as correções praticadas pelos governos para não só salvar a credibilidade das economias dos países quanto a dos seus bancos?
As correções vieram embrulhadas em pacotes de papeis com cores distintas, mas essencialmente os mesmos nos conteúdos respectivos. A ortodoxia econômica é irmã siamesa da ortodoxia financeira. Os bancos exigem medidas drásticas das políticas econômicas para garantir que o sistema de crédito e débito volte a funcionar, mais cedo ou mais tarde. No limite com o menor risco de quebra possível. Mesmo que eventualmente tenha que se deixar os anéis nas mesas de negociação para não perder os dedos.
Assim, as políticas ortodoxas vieram de roldão sobre as economias dos países endividados. Até a França, Inglaterra e Alemanha, em menor grau, entraram na dança. Quais foram os pacotes? Dinheiro restrito para crédito, taxas altas de juros, câmbio desvalorizado e livre (sem controle), gastos públicos reduzidos ao mínimo, tarifas e impostos aumentados. Segurar gastos e pagamentos para que o mercado haja como quiser para se recuperar.
Um verdadeiro ciclone sobre as economias dos países da Zona do Euro. O aprofundamento proposital do ciclo de crise do sistema capitalista daqueles países pelas políticas econômicas dos respectivos governos esgarçou suas economias. Crescimentos negativos, comércio exterior reduzido, produção industrial em queda, demanda em declínio.
E a globalização tratou de empurrar os efeitos do ciclone para os demais países das Américas (incluindo Estados Unidos), mais África, Ásia, China, Japão e Europa Oriental. O Brasil foi um dos poucos que, embora afetado, conseguiu se manter com inflação sob controle, baixo desemprego, salários reais sem perdas e crescimento menor, mas positivo.
A política econômica do governo brasileiro foi heterodoxa, anticíclica, como todo bom texto de economia que explique bem a interpretação dada por John Maynard Keynes. Com características próprias e medidas específicas, ela conseguiu segurar firme o manche do avião brasileiro sem deixa-lo despencar das alturas.
Assim, não reduziu o dinheiro para crédito, manteve as taxas de juros em níveis razoáveis, não cortou os gastos públicos e não aumentou tributos. Claro que adotou salvaguardas, entre elas a garantia do superávit primário, o que, no entanto, não restringiu as metas sociais. Dadas a força e a solidez dos pilares econômicos, o câmbio, embora livre, não foi golpeado pela especulação e se manteve nos intervalos de segurança aceitáveis.
Uma espécie de criação distributiva foi a implementação da política econômica no Brasil nos últimos 12 anos. Nem foi somente a destruição criadora proposta por Joseph Schumpeter, quando os setores atrasados dão lugar aos tecnologicamente mais avançados.
Nem a criação destrutiva, essa desastrosa, quando o sistema financeiro toma as rédeas para garantir o sistema de pagamentos entre os bancos, “racionalizando” a economia. Começando com as reengenharias de produção e se beneficiando de toda a ortodoxia econômica que amarra as atividades produtivas em estreitos limites de atuação. Como acontece com a crise que ainda hoje se alastra pela Zona do Euro e mundo afora.
A economia brasileira não cresce hoje mais do que precisa justamente por conta dos efeitos da crise sobre a entrada dos investimentos bem como do volume das compras externas. Daí a opção de expansão do mercado interno, dando vez e voz aos pobres e necessitados.
Na crise tanto os investidores quanto as empresas adotam cautela, ao contrário da proposta keynesiana. Esperam pela mudança do cenário mundial para voltarem a investir e comprar. Resta ao Brasil seguir com crescimento baixo, mas positivo, garantindo condições sociais sólidas para a maioria da população. Entre elas a mais destacada, a queda da desigualdade de rendas, nunca dantes observada no território em todos os tempos.
A opção brasileira foi a de resguardar as conquistas sociais e manter a economia a fogo brando até que a crise se extinga. Caso contrário, o País sofreria as agruras que os povos europeus mais atingidos sentiram e ainda sentem. Desemprego alto, salários reduzidos, dívidas impagáveis, perdas de moradia, depressões e suicídios.
O ciclone ameaça chegar aqui, no entanto, conforme propostas do candidato à Presidência da oposição. Avalia estar o salário mínimo muito elevado, a inflação sem controle, o setor produtivo sem estímulo. Remédios? Exatamente os mesmos adotados pelos países da Zona do Euro.
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