Olá alunos,
Desde 2002 o Brasil vem se beneficiando da expansão do comércio mundial. A postagem de hoje expõe as mudanças necessárias para a continuidade do crescimento econômico frente ao novo contexto dos mercados internacionais.
Desde 2002 o Brasil vem se beneficiando da expansão do comércio mundial. A postagem de hoje expõe as mudanças necessárias para a continuidade do crescimento econômico frente ao novo contexto dos mercados internacionais.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Há cada vez
mais dificuldades para manter o desenvolvimento econômico e a distribuição de
renda.
A economia
brasileira, desde 2002, foi beneficiada pela expansão do comércio mundial –
devido em parte ao vigor da economia chinesa –, período que aproveitamos para
crescer e para ampliar a inclusão social, criando um robusto mercado interno.
Colhemos os efeitos de uma distribuição de renda facilitada pelos ganhos
externos proporcionados, até recentemente, pela melhora de nossas “relações de
troca”.
Tais sucessos
esconderam a necessidade e a urgência de convencermos a sociedade a realizar as
mudanças estruturais necessárias para a continuidade do crescimento econômico e
social quando o ciclo de prosperidade mundial terminasse. A partir de 2010, o
“vento de popa” que nos ajudou transformou-se em “vento de proa” e hoje
encontramos cada vez mais dificuldades para manter o desenvolvimento da economia e dar continuidade ao processo redistributivo.
Na semana em
que o assunto dominante foi a inauguração do campeonato mundial do jogo de
bola, tive a oportunidade de participar – como em todas as manhãs das
segundas-feiras – do Jornal Gente, da Rede Bandeirantes de Rádio, quando José
Paulo de Andrade trouxe à pauta os resultados de uma sondagem do Instituto
Brasileiro de Economia (Ibre) com a expectativa de queda nos investimentos de
importantes setores da indústria este ano, em relação ao ano passado. A
pesquisa mostra que a preocupação dominante é com os investimentos para aumento
da eficiência produtiva e aponta três motivos para a redução das expectativas:
a limitação de recursos; as incertezas quanto à demanda; e a brutalidade da
carga tributária.
O
investimento depende basicamente das expectativas; se o empresário tem uma
expectativa de crescimento da economia que permite esperar uma taxa melhor de
retorno do investimento, ele se dispõe a tomar emprestado; mas, se enxerga uma
situação mais cinzenta, ele vai adiando a decisão.
Pela
pesquisa entende-se, hoje, que o investimento não é para incrementar a
produção; a indústria investe para aumentar a eficiência produtiva, o que
significa a perspectiva de substituir mão de obra por um estoque de capital um
pouco mais sofisticado. Esse resultado informa que o PIB vai crescer um pouco
mais lentamente do que tem crescido.
As três questões
estão relacionadas: a primeira resposta indica que tem havido menos lucro e
menor taxa de retorno para o setor. Para manter seu valor na Bolsa a empresa
tem de garantir o nível dos dividendos, o que é uma questão de sobrevivência,
porque, se começar a ter suas ações perdendo valor, ela passa a enfrentar uma
porção de dificuldades, tem problemas de financiamento e outros mais; o segundo
fator é aquele que citamos antes, que leva à expectativa do empresário se a
economia brasileira vai crescer mais vigorosamente e quanto à demanda
particular de seu produto no mercado interno e às mudanças do comportamento do
comércio exterior.
O terceiro
item – o peso dos impostos – é o que concentrou a maioria das respostas
justificando a retração dos investimentos na pesquisa: com uma carga tributária
bruta de uns 37% do PIB (com “viés” de aumento, considerados os projetos em
andamento nas duas Casas do Congresso), as decisões de investimento tornam-se
mais penosas a cada dia.
Não é
preciso buscar muitas explicações para a queda da taxa de crescimento do Brasil
nas últimas três décadas: a soma da redução dramática dos investimentos
públicos e privados na infraestrutura, com um aumento não menos dramático da
carga tributária bruta. Há pouco mais de 30 anos, quando o Brasil crescia “a
taxas chinesas”, acima de 7% de expansão do PIB, a carga tributária bruta era
de 24% e o investimento público era de 5% na infraestrutura. Hoje, com a carga
tributária de 37%, o investimento público na infraestrutura não chega a 3% do
PIB, que, somados ao déficit significam que o governo está tomando da sociedade
perto de 40% de tudo o que ela produz no ano. Com quase nenhum retorno.
É por isso
que o crescimento brasileiro murchou. A possibilidade de retomarmos o ritmo
mais acelerado de desenvolvimento e continuarmos a reduzir o nível de
desigualdade ainda existente vai exigir uma profunda mudança de todo o sistema
de apropriação e distribuição dos recursos pelos governos, começando com um
“orçamento de base zero” que elimine os programas que subsistem por inércia,
indo até a crítica cuidadosa da eficiência de todas as ações fiscais!
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