Olá alunos,
A política econômica expansionista do Brasil começa a carecer de alternativas para manter o crescimento econômico. A postagem de hoje busca analisar quais estímulos seriam possíveis para que haja uma retomada desse processo nos próximos anos.
A política econômica expansionista do Brasil começa a carecer de alternativas para manter o crescimento econômico. A postagem de hoje busca analisar quais estímulos seriam possíveis para que haja uma retomada desse processo nos próximos anos.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Diferente
das possibilidades existentes em 2009, quando o mundo enfrentava a recessão mas
o Brasil ainda tinha
condições de implantar uma política expansionista, por exemplo, o país conta
com poucas alternativas para estimular seu crescimento econômico no ano que
vem. Uma delas, o cenário internacional, não promete muito. Os Estados Unidos,
com a queda de 2,9% no primeiro trimestre, confirmou que sua recuperação ainda
será lenta. A China e a Europa tampouco apontam retomada no curto prazo. Sob
essa perspectiva, 2015 pode ser um ano preocupante.
Alex
Luiz Ferreira, professor da Universidade de São Paulo (USP), PhD em Economia pela Universidade
de Kent, destaca que, ao contrário do que se pensava, o Brasil não se
desconectou de forma alguma das economias centrais, principalmente da China,
com quem tem laços comerciais muito fortes, e com Estados Unidos e Europa,
pelos laços financeiros.
"As
economias estão muito conectadas. Se houver uma desaceleração lá fora, isso vai
impactar o Brasil. Isso ocorreu em 2009. Só que, naquela época, existia a
possibilidade de incentivar a economia doméstica com política monetária e
política fiscal, mas os sinais dos últimos anos demostram que esses canais
foram enfraquecidos. Agora há uma possibilidade menor de realizar uma política
expansionista", explica Ferreira.
O
professor de Economia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), Francisco Lopreato, lembra que o quadro brasileiro é bastante complicado. "A
questão é: Nós vamos crescer puxados por onde? O setor externo está difícil, o
setor público, difícil - a situação não está muito favorável nas contas
públicas para que o Estado amplie seus gastos; a indústria não promete muita
coisa, não há perspectiva para que ela venha a ter um comportamento muito
significativo no ano que vem, a ponto de trazer grande impacto no PIB. Só temos
as concessões, e não sei se elas garantem uma melhora por si", alerta
Lopreato.
Neste ano,
com a disputa eleitoral, "ninguém quer se aventurar diante do quadro de
incerteza que se criou".
No ano que vem, esta nuvem se afasta, mas talvez
o país ainda não tenha condições de reverter o quadro.
"A situação
no Brasil, que já não está fácil, pode ser melhorada se Estados Unidos e China
tiverem uma performance melhor. Se crescerem as barreiras e o quadro não
reverter, complica bastante. A Europa briga para não cair num quadro de
deflação. Tempo atrás, já imaginava que a Europa ia demorar uns 10 anos para
sair do buraco. Estamos no sexto ano, e sem perspectiva. Os Estados Unidos, que
até pouco tempo dava sinais interessantes, surpreendeu. A queda do PIB foi
muito expressiva. A China também não está nada bem, a demanda perdeu o
fôlego que tinha antes", esclarece.
Como
ressaltou Samuel Pessôa, economista do Ibre/FGV, durante seminário do
instituto, no mesmo período do ano passado, se projetava um crescimento da economia
norte-americana em 2014 que hoje está "completamente fora do cenário"
- um acréscimo de 3%. "A economia americana cresce menos no longo prazo e
a recuperação cíclica dela é mais lenta do que a gente imaginaria.
Evidentemente, isso tem implicações fundamentais para nós", ressaltou
Pessôa na ocasião, quando o Departamento de Comércio norte-americano ainda não
havia revisado a retração de 1% para 2,9%, no primeiro trimestre deste ano.
Estados
Unidos e China conversaram durante dois dias sobre como liderar uma saída
global da recessão, mas não chegaram a grandes conclusões, conforme aponta
reportagem publicada nesta sexta-feira (27) no alemão Die Welt. A maior realização do
encontro, aponta, talvez tenha sido a constatação de que uma reconfiguração de
suas economias é necessária, de forma que a China se torne menos dependente das
exportações e os Estados Unidos retomem poupança e investimento para
interromper o ciclo de expansão e retração - o que não chega a ser novidade.
Na Europa, a
recuperação é lenta e o continente ainda deve lidar com o alto desemprego por
algum tempo. Enquanto os países europeus tentam lidar com o legado da recessão,
líderes políticos entram em conflito. O ex-primeiro-ministro de Luxemburgo
Jean-Claude Juncker foi eleito presidente da Comissão Europeia nesta
sexta-feira (27). A candidatura foi apoiada pela chanceler alemã, Angela
Merkel, mas criticada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron,
que afirmou pelo Twitter que o bloco europeu se arrependerá da escolha e,
em entrevista coletiva, que a nomeação pode minar as posições dos governos
nacionais.
Francisco
Lopreato, no entanto, não acredita que o choque entre os líderes signifique uma
saída do Reino Unido da União Europeia, por exemplo. "Os ingleses
sabiamente, desde o começo, aceitaram o bônus e não quiseram o ônus (da União
Europeia). Não abriram mão da sua moeda, foram bem inteligentes."
Para a
Europa, Lopreato não vê nenhuma perspectiva. O que pode mudar, ressalta, é nos
Estados Unidos, no sentido dos dados do primeiro trimestre não se confirmarem
no seguinte. No Brasil, o professor aposta em uma perspectiva melhor, talvez,
para o segundo semestre de 2015.
"Dependemos,
sim, do crescimento mundial para que também aqui os investimentos cresçam.
Facilita bastante se houver uma condição favorável no cenário externo.
É muito difícil, hoje, uma situação em que eles não cresçam e o resto do
mundo cresça. Vai crescer como? Certamente, a situação brasileira fica mais
prejudicada ainda. Eu não acredito em um quadro dos mais favoráveis até, pelo
menos, talvez, o segundo semestre de 2015. Não acredito que a economia
brasileira vá afundar, porque temos as concessões. Mas minha aposta é mais em
2016 do que em 2015", conclui Lopreato.
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