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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Peso de dívidas das famílias cresce, e consumo deve cair





 Olá alunos,

A combinação de alguns fatores econômicos promete aumentar a parcela da renda das famílias comprometida com dívidas. A postagem de hoje expõe quais são esses fatores e os possíveis impactos que essa conjuntura pode ter sobre a economia.

Esperamos que gostem e participem.

Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

A combinação entre elevação da taxa de juros, expansão mais moderada dos prazos de empréstimo e aumentos menores dos salários fará com que a parcela da renda das famílias comprometida com encargos de dívidas suba para nível recorde. 

Essa tendência deverá contribuir para frear ainda a expansão do consumo das famílias, que já vem perdendo ritmo. A projeção é do banco Credit Suisse.

“A taxa básica de juros está subindo e o aumento da renda disponível é o menor em muitos anos”, diz Nilson Teixeira, economista-chefe do Credit Suisse.

A instituição espera que a fatia dos rendimentos destinada a pagamento de juros e amortizações -que já vem subindo- salte de 21,9% em fevereiro para 23% no fim de 2014 e siga em trajetória ascendente até atingir 23,7% em dezembro de 2015.

Até agora, o percentual mais alto já registrado no país foi de 23% em janeiro de 2012.

Apesar do ciclo de alta da Selic (taxa básica de juros) a partir de abril de 2013, a fatia da renda disponível das famílias atadas a pagamento de encargos de dívidas recuou entre o fim de 2012 e de 2013.

IMPACTO DA SELIC

Segundo o Credit Suisse, a redução dos juros por parte dos bancos públicos em linhas com operações de crédito rotativo do cartão de crédito ajuda a explicar a queda.

Outro fator foi à desaceleração na oferta de financiamento para a compra de veículos na esteira do esforço dos bancos privados para limpar duas carteiras de crédito inadimplentes.

No entanto, o impacto da elevação de Selic sobre as taxas dos financiamentos bancários já vem sendo sentido e aumentará ainda mais.

O economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio, ressalta que os juros das linhas para pessoas físicas com recursos livres (sem incluir financiamentos imobiliários) atingiu 41,6% em março, nível mais alto desde fevereiro de 2012:

“Até dezembro, esse movimento foi parcialmente atenuado por um aumento nos prazos dos empréstimos que já está perdendo fôlego.”

No caso do crédito imobiliário, os juros para pessoas físicas com recursos direcionados aumentaram de 7,8% no primeiro trimestre de 2013 para 9,4% no mesmo período deste ano.

CASA PRÓPRIA

Tendências nos financiamentos para compra da casa própria têm se tornado cada vez mais importantes para as famílias brasileiras.

Entre 2008 e o primeiro trimestre de 2014, a parcela do crédito imobiliário no estoque de crédito para pessoas físicas quase triplicou, saltando de 11% para 28%.

Nas estimativas do Credit Suisse, o crédito imobiliário continuará se expandindo, mas em ritmo mais modesto.

Segundo Bentes, a procura por financiamento para a compra de bens duráveis deve continuar piorando.
Ele ressalta que o custo dos empréstimos (sem incluir o crédito imobiliário) já vem subindo quase no mesmo ritmo do aumento mais modesto da massa salarial:

“Segmentos do comércio mais dependentes de crédito, como móveis, eletroeletrônicos e artigos de informática são os que mais sofrerão.”

INFLAÇÃO

Fernanda Della Rosa, assessora econômica da Fecomercio-SP, afirma que, além da alta dos juros, a inflação mais elevada tem contribuído para o maior pessimismo entre os consumidores.

Indicador da instituição que mede a confiança das famílias despencou de 155,6 em abril de 2013 para 119,7 no mesmo mês deste ano (o índice varia de 0 a 200). 

Segundo a economista, isso tem levado os brasileiros a colocarem o pé no freio na procura por crédito.

“Tudo isso indica que não há perspectiva de melhora dos indicadores macroeconômicos no curto prazo.”

O economista Fábio Bentes acredita que a combinação de aumentos de salários mais minguados e juros em alta resultará em aumento da inadimplência de pessoas físicas do atual nível de 6,5% para 7% no segundo semestre deste ano.

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