a notícia de hoje contribui mais para termos uma idéia do tamanho da concentração de renda no Brasil, hoje uma das maiores do mundo. Chega a ser escandalosa. Em breve postarei o ranking aqui também. A notícia foi publicada no site Brasil de Fato e é de autoria de Vivian Virissimo. Espero que gostem e participem.
Yuri Antunes
Monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Estudo aponta quais os principais grupos econômicos no
Brasil que concentram o poder no país.
Em levantamento inédito, o Instituto Mais Democracia (IMD)
vai revelar na pesquisa ''Quem são os proprietários do Brasil?'' os grupos
econômicos que são recordistas em concentração de poder no país. O estudo
identifica todas as empresas que se articulam com as grandes corporações
brasileiras: Vale, Gerdau, Votorantim, JBS, Grupo Ultra, entre outras. Além
disso, um ranking vai explicitar nomes e sobrenomes dos proprietários finais
dessa intricada rede de poder empresarial.
Ao mesmo tempo, o instituto vai mostrar que essas empresas
recebem dinheiro público de estatais brasileiras sem a necessária transparência
e controle social. A pesquisa completa será divulgada no próximo dia 12 de
dezembro.
''Quem são as famílias? Quem são as pessoas? Normalmente se
diz que o capitalismo não tem rosto, não tem nome. Pelo contrário, na maioria
dos casos tem nome, sobrenome e endereço. São pessoas que se beneficiam de toda
essa estrutura vigente e inclusive de todo o recurso público que é carreado
através das estatais e do financiamento público'', explicou um dos
coordenadores da pesquisa, o cientista político e professor universitário João
Roberto Lopes Pinto.
Diferente de outros rankings divulgados pelo jornal VE e
revista Exame, o foco do Mais Democracia não será mostrar os maiores
faturamentos, mas analisar a estrutura de poder por trás das empresas que se
articulam com esses grandes grupos. ''Com outra perspectiva, o ranking da
concentração de poder econômico é um paralelo a esses rankings convencionais, é
um 'contra-ranking'. A primeira diferença é que vamos explicitar, renomear e
colocar novos nomes no debate público com base no Índice de Poder Acumulado
(IPA). E todas as empresas que estão no topo do ranking são irrigadas pelo
dinheiro público'', explicou Pinto.
Geralmente difusas e de difícil acesso, as informações
analisadas pelos pesquisadores constam em uma base de dados que está sendo construída
por uma cooperativa de jovens desenvolvedores, a Eita - Educação, Informação e
Tecnologia para a Autogestão. O ranking está sendo elaborado com base nos dados
de 400 empresas de sociedade de capital aberto que foram fornecidas para a
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado acionário
brasileiro. Além disso, informações disponíveis nas bases de dados Economática
e Econoinfo também serão incorporadas. Dessas 400 empresas iniciais, os
pesquisadores já estão monitorando mais de 5 mil empresas que atuam no interior
delas. O instituto tem como referência uma metodologia desenvolvida por
pesquisadores da Universidade de Zurich que realiza o cruzamento do faturamento
líquido dessas empresas com dados sobre a participação acionária dos
proprietários.
O pesquisador revelou algumas empresas que controlam alguns
grupos econômicos brasileiros, cujos nomes não costumam ser divulgados. ''Não é
Odebrecht é Kieppe, não é Vale é Bradesco e Previ, não é JBS é FB
Participações, que também controla a Vigor Foods, empresa que controla todo o
setor lácteo no Brasil, não é Camargo Corrêa é a Morro Vermelho'', antecipou Pinto.
O pesquisador também revelou que no ranking dos maiores proprietários, ao lado
do homem mais rico do Brasil, o empresário Eike Batista, está uma das
controladoras da Camargo Corrêa, a empresária Dirce Navarro Camargo, com
patrimônio de 13,1 bilhões de dólares.
O instituto costuma utilizar o caso da Odebrecht para
mostrar o emaranhado de articulações empresariais que compõem os grandes grupos
econômicos no modelo capitalista contemporâneo. ''A Braskem e a construtora
Odebrecht são controladas pela Odebrecht Participações, que por sua vez é
controlada pela Odebrecht Sociedade Anônima, que por sua vez é controlada pela
Odebrecht Investimento, que por sua vez é controlada pela Kieppe Participações,
depois Kieppe Patrimonial. Ou seja, Kieppe Patrimonial é o nome da Odebrecht e
por trás da Kieppe está a família Odebrechet'', explicou João Roberto.
Participação
''O enfrentamento das corporações é um debate necessário,
isto está no limite da democracia contemporânea. Com este grau de concentração,
não se pode mais tratar essas empresas como se fossem atores individuais. São
atores complexos que envolvem atores públicos. E essa rede complexa ninguém
conhece ou discute'', afirmou o cientista político.
Em 2013, o Instituto Mais Democracia pretende cruzar o ranking
dos proprietários com os dados oficiais sobre financiamento de campanha das
últimas eleições. A ideia é analisar o retorno que tiveram essas empresas que
têm com a eleição dos políticos. Além disso, uma plataforma colaborativa com
todas as informações utilizadas pelos pesquisadores será disponibilizada para a
sociedade.
Link Original: Brasil de Fato.
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