Olá alunos,
a postagem de hoje versa sobre um assunto correlacionado com a postagem do dia 18/12. Muito se ouve sobre o fraco crescimento recente do PIB no país. Entretanto, dificilmente sabe-se o motivo. Essa postagem visa ao esclarecimento dessa questão. Espero que gostem e participem.
Yuri Antunes
Monitor da disciplina ''Economia Política e Direito'' da Universidade Federal Fluminense.
O crescimento de 0,6% do PIB no terceiro trimestre de 2012, divulgado
pelo IBGE nesta sexta-feira 30, praticamente enterrou a possibilidade
de a economia brasileira fechar o ano com alta de 1,5%. Apesar disto, os
resultados foram positivos para a agropecuária, que teve alta de 2,5%, e
a indústria que, após seguidas quedas, registrou alta de 1,1%.
Após registrar queda de 0,9% no trimestre anterior, o setor
industrial demostrou forte recuperação. Em grande parte devido à
indústria de transformação (1,5% de alta), que representa 53% do setor, e
pela construção civil (0,3%). Entretanto, o desempenho precisa ser
relativizado. Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve
queda de 0,9%, principalmente pelo baixo resultado da produção de
máquinas e equipamentos, entre outros. “O que surpreendeu foi a fraqueza
em outros setores e não o crescimento da indústria”, defende o
professor de Economista da USP Fabio Kanczuk, pós-doutor pela
Universidade de Harvard (EUA).
Entre estas surpresas estão o fraco desempenho das instituições
financeiras, o que provocou a estagnação do setor de serviços, e a queda
nos investimentos. Dois fatores responsáveis por segurar o crescimento
do PIB no terceiro trimestre.
Segundo o IBGE, a formação bruta de capital fixo (FBCF) caiu 5,6% na
comparação com o mesmo período de 2011. O FBCF é um indicador que mede o
aumento dos bens de capital das empresas (aqueles que servem para
produzir outros bens, como máquinas e equipamentos). Com isso, é
possível saber se a capacidade de produção do país cresce e se os
empresários demonstram confiança para investir.
A queda neste índice foi puxada pela baixa na importação e produção
interna de máquinas e equipamentos, além da desaceleração do crescimento
da construção civil. Esse foi o maior recuo desde o terceiro trimestre
de 2009, auge da crise mundial. “Esperava-se um índice melhor de
investimento, ou até alguma recuperação”, diz o economista Júlio Sergio
Gomes de Almeida, professor da Unicamp. “O investimento público autônomo
não está servindo como indutor de investimentos da economia como um
todo, portanto, não compensa a queda do investimento privado.”
A falta de confiança dos empresários é apontada como um fator para
deixar de lado os investimentos até que o cenário externo de crise se
resolva e a economia nacional volte a se consolidar. “O governo precisa
deixar de ser parcimonioso no incentivo ao investimento privado e
precisa destravar o investimento público. A política econômica não está
errada, mas é tímida quando deveria ser ousada.”
Em meio a isso, a taxa de investimento do PIB no terceiro trimestre
foi de 18,7% do PIB, inferior aos 20% na comparação com o ano anterior.
Uma redução influenciada, principalmente, pela queda, em volume, da
formação bruta de capital fixo.
A outra área que ajudou a puxar para baixo o PIB é o setor de
serviços, que tem o maior peso no PIB. E isso ocorreu devido ao fraco
desempenho das instituições financeiras (bancos, corretoras, seguradoras
e outros), que registram uma queda de 1,3% na comparação com o segundo
trimestre. O pior resultado desde o quarto trimestre de 2008, quando a
crise nos EUA estourou.
Segundo analistas, o governo federal teve influência nestes resultados ao pressionar pela diminuição do spread
bancário, com a queda da margem de lucro dos bancos para diminuir os
juros ao consumidor. “Houve inadimplência e os bancos tiveram resultado
ruim. É contraditório dizer que a medida adotada para melhorar a
economia tenha tido impacto negativo no PIB, mas ela não é relevante e
não deve ocorrer mais”, explica Kanczuk.
O país estaria, no entanto, no caminho certo com as medidas de
incentivo, como o corte da Selic para 7,25% ao ano. “A queda da taxa
básica de juros ajuda o setor público a economizar dinheiro e a economia
real fica mais atrativa. O governo também está se esforçando para
reduzir o custo do crédito, que é uma revolução. Mas isso tudo leva
tempo para que os resultados apareçam”. acredita Almeida. E Kanczuk
emenda: “O câmbio está ajudando, os juros e as condições estão montadas
para a economia crescer forte.”
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