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domingo, 1 de novembro de 2015

Petróleo é pilar de soberania e desenvolvimento



Olá alunos,

Quando a crise atinge a principal empresa do país, debates sobre o assunto viram correntes. No Clube de Engenharia do RJ, Maurício Metri, economista da UFRJ, debate a importância econômica do petróleo e os desafios da Petrobrás. A notícia de hoje pretende abordar quais as próximas perspectivas para uma de nossas maiores riquezas, estratégica não só para nosso país mas também para as principais potências do mundo. 

Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges
Monitoras da Disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.

O petróleo tem papel fundamental na estratégia das superpotências interessadas em segurança energética e acesso às reservas fora de seus territórios, bem como pode ser uma garantia para projetos de desenvolvimento em países produtores e exportadores. Neste caso, a Petrobras e as reservas descobertas pela empresa podem abrir muitas perspectivas para o Brasil, mas também abrigam desafios para um projeto soberano de desenvolvimento.

Segundo o professor Maurício Metri, economista da UFRJ, além da segurança energética há outras três razões estratégicas pelas quais o uso deste recurso natural ainda permanecerá importante por bastante tempo: influência decisiva na hierarquia monetária internacional, alívio para o estrangulamento externo do balanço de pagamentos (no caso dos exportadores) e instrumento de política externa.

“O petróleo tem papel central nas estratégias das superpotências e o objetivo primordial é mitigar suas vulnerabilidades de abastecimento, algo decisivo na Segunda Guerra. Tanto que Hitler rompeu o tratado de não agressão que tinha assinado com Stalin e atacou a União Soviética”, disse Metri em sua palestra no seminário “Uma estratégia para o Brasil, um plano para a Petrobras – Aspectos estratégicos e geopolíticos que influenciam o planejamento estratégico e de negócios da Petrobras”, em andamento no Clube de Engenharia, no Rio.

O professor da UFRJ destacou o papel decisivo do petróleo na manutenção do dólar como moeda de referência para trocas internacionais, com óbvias consequências na política externa das superpotências, que inclui a inserção de suas petroleiras neste cenário, tanto pela via diplomática quanto pelo caminho da guerra.

“Como estamos submetidos a um sistema competitivo, a expansão de uns pode significar o estrangulamento de outros. Precisando garantir abastecimento, muitos dos aliados dos EUA saíram da Segunda Guerra endividados em dólar”, comentou.

Numa fase seguinte, aproveitando as tensões entre China e União Soviética, os Estados Unidos abririam seu mercado interno para os chineses e se aproximariam da Arábia Saudita. “A China se tornou o novo grande parceiro estratégico nesta diplomacia triangular desenvolvida pelos EUA. Em 1973, antes do choque do petróleo, [o ex-secretário de Estado dos EUA Henry] Kissinger e bancos ingleses e americanos se uniram para exigir que a Arábia Saudita permanecesse comercializando seu petróleo em dólar. Assim, garantiram a cotação do petróleo em dólar e que os depósitos dos recursos financeiros continuassem sendo feitos em sistemas que operassem em dólar”, lembrou.

Em seu processo de industrialização, vivido entre os anos 1930 e 1980, o Brasil saiu-se bem, segundo o palestrante, ao enfrentar o problema da dependência de dólares ao usar as exportações de café como meio driblar o estrangulamento externo, enquanto a União Soviética usou o petróleo para o mesmo fim. No entanto, “a pressão competitiva, a elevação das taxas de juros e a derrubada dos preços do petróleo deram à vitória aos EUA na Guerra Fria sem necessidade de confronto armado com os russos, já que geraram incapacidade de importação na URSS”, disse Metri.

O seminário “Uma estratégia para o Brasil, um plano para a Petrobrás – Aspectos estratégicos e geopolíticos que influenciam o planejamento estratégico e de negócios da Petrobras”, é uma realização da Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET), em parceria com a UFRJ e o Clube de Engenharia. O evento, que conta com o apoio de CartaCapital, prossegue nesta quarta-feira 23, com palestra do economista e pesquisador da UFRJ Raphael Padula.


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