Olá alunos,
Quando a crise atinge a principal empresa do
país, debates sobre o assunto viram correntes. No Clube de Engenharia do RJ,
Maurício Metri, economista da UFRJ, debate a importância econômica do petróleo
e os desafios da Petrobrás. A notícia de hoje pretende abordar quais as próximas
perspectivas para uma de nossas maiores riquezas, estratégica não só para nosso país mas também para as principais potências do mundo.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges
Monitoras da Disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade
Federal Fluminense.
O petróleo tem papel fundamental na estratégia das
superpotências interessadas em segurança energética e acesso às reservas fora
de seus territórios, bem como pode ser uma garantia para projetos de
desenvolvimento em países produtores e exportadores. Neste caso, a Petrobras e as reservas descobertas pela
empresa podem abrir muitas perspectivas para o Brasil, mas também abrigam
desafios para um projeto soberano de desenvolvimento.
Segundo o professor Maurício Metri, economista da UFRJ,
além da segurança energética há outras três razões estratégicas pelas quais o
uso deste recurso natural ainda permanecerá importante por bastante tempo:
influência decisiva na hierarquia monetária internacional, alívio para o
estrangulamento externo do balanço de pagamentos (no caso dos exportadores) e
instrumento de política externa.
“O petróleo tem papel central nas estratégias das
superpotências e o objetivo primordial é mitigar suas vulnerabilidades de
abastecimento, algo decisivo na Segunda Guerra. Tanto que Hitler rompeu o
tratado de não agressão que tinha assinado com Stalin e atacou a União
Soviética”, disse Metri em sua palestra no seminário “Uma estratégia para o Brasil, um plano para a
Petrobras – Aspectos estratégicos e geopolíticos que influenciam o
planejamento estratégico e de negócios da Petrobras”, em andamento no Clube de
Engenharia, no Rio.
O professor da UFRJ destacou o papel decisivo do petróleo
na manutenção do dólar como moeda de referência para trocas internacionais, com
óbvias consequências na política externa das superpotências, que inclui a inserção
de suas petroleiras neste cenário, tanto pela via diplomática quanto pelo
caminho da guerra.
“Como estamos submetidos a um sistema competitivo, a
expansão de uns pode significar o estrangulamento de outros. Precisando
garantir abastecimento, muitos dos aliados dos EUA saíram da Segunda Guerra
endividados em dólar”, comentou.
Numa fase seguinte, aproveitando as tensões entre China e
União Soviética, os Estados Unidos abririam seu mercado interno para os
chineses e se aproximariam da Arábia Saudita. “A China se tornou o novo grande
parceiro estratégico nesta diplomacia triangular desenvolvida pelos EUA. Em
1973, antes do choque do petróleo, [o ex-secretário de Estado dos EUA Henry]
Kissinger e bancos ingleses e americanos se uniram para exigir que a Arábia
Saudita permanecesse comercializando seu petróleo em dólar. Assim, garantiram a
cotação do petróleo em dólar e que os depósitos dos recursos financeiros
continuassem sendo feitos em sistemas que operassem em dólar”, lembrou.
Em seu processo de industrialização, vivido entre os anos
1930 e 1980, o Brasil saiu-se bem, segundo o palestrante, ao enfrentar o
problema da dependência de dólares ao usar as exportações de café como meio
driblar o estrangulamento externo, enquanto a União Soviética usou o petróleo
para o mesmo fim. No entanto, “a pressão competitiva, a elevação das taxas de
juros e a derrubada dos preços do petróleo deram à vitória aos EUA na Guerra
Fria sem necessidade de confronto armado com os russos, já que geraram
incapacidade de importação na URSS”, disse Metri.
O seminário “Uma estratégia para o Brasil, um plano para
a Petrobrás – Aspectos estratégicos e geopolíticos que influenciam o
planejamento estratégico e de negócios da Petrobras”, é uma realização da
Associação de Engenheiros da Petrobrás (AEPET), em parceria com a UFRJ e o
Clube de Engenharia. O evento, que conta com o apoio de CartaCapital,
prossegue nesta quarta-feira 23, com palestra do economista e pesquisador da
UFRJ Raphael Padula.
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