Olá alunos,
O Brasil oferecerá ao FMI uma alternativa para aprovar a reforma na estrutura de cotas da instituição. A postagem de hoje expõe os motivos pelos quais essa mudança é importante e as consequências que ela traria.
O Brasil oferecerá ao FMI uma alternativa para aprovar a reforma na estrutura de cotas da instituição. A postagem de hoje expõe os motivos pelos quais essa mudança é importante e as consequências que ela traria.
Esperamos que gostem e participem.
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Fellype Fagundes e Carlos Araújo
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
O Brasil oferecerá ao Fundo Monetário Internacional (FMI)
uma alternativa para aprovar a reforma na estrutura de cotas da instituição que
aumentaria o peso do voto de países emergentes sem que isso dependa do trâmite
da questão no Congresso americano.
Em discurso neste sábado para o Comitê Monetário e
Financeiro Internacional, o órgão político do FMI, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, proporá desvincular o tema das cotas do resto da reforma.
Alguns elementos desta reforma do FMI aprovada em 2010 mexem
com o estatuto do Fundo, e por isso requerem ratificação dos legislativos
nacionais de seus países membros. Porém, sem o sinal verde do Congresso dos
Estados Unidos, onde a questão está parada há quatro anos, as mudanças se
tornam inviáveis.
Mantega defenderá que essa desvinculação "é legalmente
factível e nos permitiria avançar independente do que acontece no Congresso
americano".
Paralisia
A revisão geral das cotas – a 14ª do órgão – duplicaria a
capacidade de empréstimo da instituição para US$ 737 bilhões e elevaria em
cerca de 6 pontos percentuais o peso dos votos do grupo de países-membro
emergentes e em desenvolvimento.
Neste novo cenário, Brasil, Índia, China e Rússia ficariam
entre os dez maiores cotistas do Fundo e deteriam conjuntamente 14,1% das cotas
(contra 11% hoje em dia). O poder de voto dos brasileiros aumentaria de 1,72% para
2,21%.
Já o peso do voto americano cairia marginalmente, de 16,7%
para 16,5%.
Até o fim de março, segundo o FMI, a mudança tinha recebido
o aval de 144 países, que respondem por cerca de 76% das cotas. Entretanto, a
modificação precisa da aprovação de 85% dos cotistas, o que significa que, sem
o sinal verde dos Estados Unidos, a conta não fecha.
Mas a questão não avança há quatro anos no Congresso
americano devido a disputas políticas internas.
"A demora extraordinária na aprovação da reforma de
cota e governança de 2010 pelo Congresso americano é preocupante e danosa para
o FMI. Todo o esforço dirigido a estas reformas dos governos dos países membros
e do Comitê Executivo está sendo desperdiçado", discursará Mantega neste
sábado.
"Alternativas para avançar com as reformas devem ser
encontradas enquanto o principal acionista não resolve seus problemas
políticos."
Frustração
Nesta sexta-feira, as frustrações com a paralisia do
legislativo americano borbulharam durante as reuniões do G20 – o grupo de
principais economias emergentes e avançadas do mundo – e dos Brics.
O atual presidente do G20, o ministro australiano do
Tesouro, Joe Hockey, disse que o Congresso americano está "desapontando
todo mundo" e que "o fracasso em finalizar este tema prejudica a
posição global dos EUA, ao invés de fortalecê-la".
"A comunidade internacional precisa trabalhar para
garantir que o FMI tenha recursos adequados para suprir todas as nossas
necessidades futuras. Também precisamos ter uma representação equilibrada no
Fundo", afirmou o australiano.
Em comunicado, o G20 disse que, se as reformas de 2010 não
forem ratificadas pelo Congresso americano até o fim do ano, o grupo solicitará
ao FMI que "desenvolva novas opções para seguir com a questão" e
agende discussões sobre estas opções.
Na quinta-feira, o vice-presidente do BC chinês, Yi Gang,
disse que o adiamento das reformas erode a liderança do G20 e a legitimidade do
FMI.
Apesar das tensões, a diretora-gerente do FMI, Christine
Lagarde, disse na quinta-feira que é prematuro falar de um “plano B” para as
reformas.
"Espero que consigamos esgotar todas as oportunidades
do 'plano A' e não acho que a instituição deva mudar para um 'plano B' até ter
certeza de que o 'plano A' definitivamente não dará certo", afirmou
Lagarde. "Não estou preparada para fazer isso até agora."
Próxima reforma
Paralelamente à discussão sobre a 14ª reforma do Fundo,
correm as discussões sobre quando iniciar a 15ª, cujo início das discussões já
foi adiado para janeiro de 2015.
Em seu discurso, Mantega exigirá que o FMI comece a discutir
"imediatamente" a revisão de cotas seguinte, argumentando que estas
são "um elemento crucial voltado para o futuro" da reforma atual que
está travada no Legislativo dos EUA.
"Relembro-os mais uma vez que os países emergentes e em
desenvolvimento só concordaram com a reforma de 2010, com sua mudança limitada
no poder de voto, em troca do compromisso com uma revisão ampla da fórmula de
cotas e a conclusão rápida da 15ª revisão."
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