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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Contra a crise, a velha receita neoliberal


Olá alunos, 

Ao contrário da suposição de que o neoliberalismo estaria fadado à ruína em decorrência da crise econômica internacional, a superação desta tem sido guiada por medidas de cunho claramente neoliberal. Como expõe o autor do texto, a importância dessa questão advém do fato de que seus desdobramentos delinearão o panorama socioeconômico vindouro. 
Esperamos que gostem e participem.

Lucas Dadalto e Silvana Gomes
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense


Quando a crise internacional explodiu, há pouco mais de cinco anos, alguns diziam que o neoliberalismo estava derrotado. Outros mostraram certa incredulidade no que observavam do processo econômico. Os mais otimistas, porém, estavam ansiosos para, de fato, implementarem medidas que contornassem a crise e pudesse provocar novos ciclos virtuosos na economia global.
Infelizmente, exceto no combate à crise de confiança e crédito, nada de novo no front foi nos apresentado. Pelo contrário. A tese segundo a qual o neoliberalismo estava em xeque desmanchou-se no ar. As medidas para o enfrentamento da crise foram, na realidade, a intensificação do neoliberalismo implementado a partir dos anos oitenta.
Basta observar o que vem ocorrendo na Eurolândia: redução dos direitos trabalhistas, demissões, contenção de gastos públicos etc. A receita típica para concentração de capital e concentração da renda. Isso sem contar a baixa credibilidade na política, haja vista, Itália e Grécia. A primeira enfrentou seríssimas dificuldades em formar um governo que coordenasse e implementasse, oxalá, novas formas de execução de política econômica. A segunda optou-se por eleger ou omitir-se, em não formar um governo que pudesse enfrentar a crise com certa altivez, mesmo com desemprego em alta, equivalente a mais que o dobro da média do bloco europeu, 12% da PEA (população economicamente ativa) sendo que 50% dos jovens gregos estão desempregados.
É praticamente comum, nas mais variadas opiniões, que o enfrentamento dessa crisetenha mais contornos políticos do que econômicos. No entanto, a política patina. Por quê? Por uma razão muito simples: as grandes corporações estão no domínio sobre os ditames da política econômica; portanto, mesmo com efêmeros avanços na política, como na França, a margem de manobra de mudanças na condução econômica são praticamente nulas, pois há um conjunto de engenhocas econômicas e financeiras beneficiando o grande capital podendo interferir diretamente nos rendimentos, podendo ameaçar sua competitividade, concentração e liderança de mercado e, é claro, a chantagem ao desemprego. Neste sentido, é mais do que evidente que conquistas daqueles(as) que vivem do trabalho estão completamente ameaçados via arrocho salarial, desemprego, redução e precarização das políticas públicas, sociais e de previdência.
O vencedor desta batalha poderá ditar novas formas de organização econômica e social como ocorreu no fim dos anos 70 e início dos anos 80, contaminando todo planeta. Não vamos esquecer que os países mais pobres ou menos desenvolvidos, principalmente na década de 90, viveram anos funestos até o início da primeira década do século XXI.
Portanto, a crise europeia e sua possível solução atrasada ou tardia nos interessa, não só devido às relações econômicas, comerciais e financeiras, mas também porque é necessário saber como as grandes corporações se comportarão frente ao novo cenário desenhado.
Aos curtoprazistas preocupados com a inflação do próximo mês e/ou se o Banco Central elevará a Selic ou não, devemos pensar em como nos preparar para o próximo passo, ou seja, em como enfrentaremos uma possível nova onda neoliberal? E a competitividade de nossas indústrias? A ampliação da renda e do investimento? Como e em que medidas o Estado brasileiro será altivo em relação ao novo cenário? Para tal, dois ingredientes são essenciais: educação e inovação tecnológica, além daquilo que produzimos e representamos mundo afora na conjuntura multipolarizada atual. Se nos reivindicamos capitalistas, então deveremos pensar nas expectativas futuras e como construí-las.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Sempre desconfiei dos que diziam que o neoliberalismo acabaria depois da crise na Europa. A intensificação do neoliberalismo, com as medidas de austeridades, parecem por hora a única medida plausível de ser adotada, já que gera resultados de curto-prazo. A Alemanha, um dos países que mais aproximou-se do neoliberalismo sofreu os efeitos da crise menos intensamente, provando que (talvez) o neoliberalismo tenha dado certo lá.

      Agora, o autor do texto toda em uma questão muito importante e que é pouco discutida no contexto da crise. Quando explicita: "Se nos reivindicamos capitalistas, então deveremos pensar nas expectativas futuras e como construí-las", o autor nos alerta para um futuro onde haverá um outro modo de fazer a economia e que os países emergentes deverão se adequar a nova realidade.Como correr atrás das oportunidades e inserir-se no mercado internacional? O próprio texto dá a resposta: educação e inovação tecnológica. Os dois itens, entretanto, aparecem timidamente na agenda política da gestão atual e deverão tornar-se questões de primeira ordem (nos próximos governos) se o Brasil pretende, de fato, consolidar-se no cenário industrial internacional.

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  2. A grande questão é: O neoliberalismo é realmente a única forma viável de se resolver a crise?
    Porque, ao meu ver, não é a mais apropriada.
    Para ''salvar a economia'', certas medidas são adotadas. Mas e toda uma população sendo envolvida nesse processo, sendo altamente prejudicada pelo mesmo, não é levada em consideração? Estamos falando de vidas, que ao meu ver são muito mais importantes do que qualquer PIB. Refletindo pelo lado econômico, tenho de concordar que as medidas podem dar certo, mas pelo lado social, considero uma verdadeira catástrofe. Por esse motivo, o questionamento inicial se torna necessário, sendo de alta importância sua abertura ao debate.

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  3. Muito bom ter o feedback dos alunos.
    É a partir desse tipo de reflexão que avançamos.
    Agradecemos a participaçao e seguimos adiante.

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