John Maynard Keynes nasceu em 1873, em Cambridge, onde passou toda a infância. Mesmo tendo viajado muito, a cidade foi seu ponto fixo em torno do qual tudo girou na sua vida. Toda sua formação cultural, sociológica e afetiva ocorreu nesta cidade, situada a 100 Km ao norte de Londres que foi, e ainda é, com sua rival Oxford, um dos principais centros universitários da GrãBretanha desde o final da Idade Média.
Seus pais Florence Ada Brown e John Neville Keynes, eram descendentes, respectivamente, de pregadores puritanos de uma linhagem de burgueses enriquecidos, e complementaram sua ascensão social tendo acesso à posição de intelectuais. Florence foi uma das primeiras mulheres diplomadas na Universidade de Cambridge. Envolveu-se com inúmeras formas de ação social e tornou-se, em 1932, Prefeita da Cidade de Cambridge. Quanto a John Neville Keynes, foi Professor de "Ciências Morais" em Cambridge, tendo escrito um importante livro de metodologia da economia: "The Scope and Method of Political Economiy" (1891).
Keynes compensava seu porte físico pouco atraente (ele era magro e alto) com um grande poder de persuasão e de fazer valer suas ideias. Sua primeira prova de bom articulado foi em Eton, onde Keynes foi admitido em 1897. Numa tradição inglesa quase aristocrática, esse colégio particular acolhia, em regime de internato, um grupo seleto de adolescentes que eram escolhidos a dedo. A maioria de favorecidos por bom relacionamento das tradicionais famílias da região. Apesar de o programa escolar valorizar disciplinas literárias e científicas, também dava importância à prática de esportes, principalmente coletivos. Keynes apreciava apenas o "jogo do muro", uma mistura de rugby e de queimado. Foi nesse colégio que Keynes inicou sua formação intelectual e sua aproximação com o círculo da alta burguesia.
A partir de 1902, Keynes prossegue seus estudos em Cambridge, período em que ele se interessou não pela Economia, mas pela Filosofia e pela Matemática. No ano seguinte, Alfred Marshall, maior economista inglês da época, cria um curso específico de economia e convida Keynes para comandá-lo. Ele recusou e, dois anos depois, se submeteu às provas de matemática obtendo uma classificação média. Após essa decepção, ele se preparou, seguindo os cursos de economia de Marshall para os exames de ingresso nos cargos públicos, realizados em 1906. Classificado em segundo, foi destacado para o departamento das Índias (Índia Office) em Londres. Nesse período prepara uma tese sobre as probabilidades, apresentada sem sucesso no ano seguinte, sendo aprovada em 1908 após uma revisão.
Em 1907 começa trilhar o seu caminho no mundo da economia ao integras o Royal Economic Society e ser transferido para o setor de receita, estatística e comércio dentro do Departamento das Índias. Keynes se demite no ano seguinte e torna-se fellow no Kings College em Cambridge, o que lhe permite ensinar sem ter uma cátedra de professor.
No ano de 1919, publicou seu ponto de vista no livro " As Consequências Econômicas da Paz". Seu trabalho teve grande impacto político em praticamente todas as nações capitalistas. Durante os anos de 1920, as suas teorias econômicas analisaram a necessidade da interferência do Estado nos mercados instáveis do pós guerra.
Keynes teve uma vida brilhante e intensa. Ele acumulava funções que desempenhava, muitas vezes no mesmo dia, como especulador da Bolsa, colaborador de políticos no auge do poder, negociador internacional, jornalista, Professor na Universidade de Cambridge, autor e diretor de teatro e ainda agricultor.
Em 1932 Keynes redigiu seu "Tratado Sobre a Reforma Econômica". Sua última obra, talvez a mais importante, foi publicada em 1936, a "Teoria Geral do Emprego, do Juros e da Moeda".
Durante a Segunda Guerra Mundial, se incorporou ao Tesouro Britânico. Em 1944 chefiou a delegação britânica na conferência de Bretton Woods (responsável por definir o sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional, estabeleceram, em julho de 1944, as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo, que deu origem ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional).
Fundador da macroeconomia moderna, Keynes é considerado o maior economista do século XX. Suas teorias influenciaram a macroeconomia tanto na teoria quanto na prática. Ele sempre defendeu uma política econômica de Estado intervencionista, na qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para inibir períodos de crise financeira internacional, recessão ou depressão. Suas teorias serviram de base para a escola de pensamento conhecida como economia keynesiana.
A escola de pensamento econômico keynesiana tem suas origens na principal obra de Keynes, chamada "Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda". Ela se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é autoregulador como pensava os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "Espírito Animal" dos empresários. De acordo com a teoria é por esse motivo e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos que querem trabalhar, que Keynes defendia a intervenção do Estado na economia. Muitos pensadores aderiram a essa escola, o que foi chamado de revolução keynesiana.
Na década de 1930, inciou uma revolução no pensamento econômico ao se opor a ideias econômicas neoclássicas que defendiam que os mercados livres ofereceriam automaticamente empregos aos trabalhadores contanto que eles fossem flexíveis em suas demandas salariais. Após a Segunda Guerra Mundial, suas ideias foram adotadas pelas principais potências econômicas do sistema. Durante as décadas de 1950 e 1960, o sucesso da economia keynesiana foi tão visível que quase todos os governos capitalistas seguiram as suas recomendações.
A influência de Keynes na política econômica declinou na década de 1970, parcialmente, como resultado de problemas que começaram a inflingir as economias norteamericanas e britânica no início da década e também devido às críticas de Milton Friedman e outros economistas neoliberais, pessimistas em relação à capacidade do Estado de regular o ciclo econômico com políticas fiscais. Entretanto, com a eclosão da crise econômica global do final da década de 2000 causou um ressurgimento do pensamento keynesiano, que forneceu a base teórica para os planos do presidente dos EUA Barack Obama, do Primeiro Ministro britânico Gordon Brown e de outros líderes mundiais para aliviar os efeitos da recessão.
Em 1999, a revista Time nomeu Keynes como uma das cem pessoas mais influentes do século XX dizendo que "sua ideia radical de que os governos devem gastar o dinheiro que não têm pode ter salvado o capitalismo". Keynes é amplamente considerado o pai da macroeconomia moderna e, de acordo com os comentaristas como John Sloman, ele é o economista mais influente do século XX.
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