Olá Alunos,
A notícia de hoje é bastante correlacionada com a matéria lecionada em sala de aula pelo Professor da disciplina. Seu tema, as políticas protecionistas, foi foco de discussão doutrinária por diversas Escolas Econômicas ao longo dos anos, desde os mercantilistas, passando pelos fisiocratas e pela Escola Clássica. O excelente texto abaixo é de autoria de Luis Nassif e foi publicado no site da Carta Capital. Espero que gostem e participem.
Yuri Antunes Moreira
Monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Política econômica é a arte da escolha de escolher quem ganha e quem
perde. Mas sem comprometer o objetivo final, que é o desenvolvimento
equilibrado da economia.
Pode-se optar por políticas mais liberais, que privilegiem o capital
em detrimento do bem estar dos cidadãos. Ou por política
distributivistas que, ampliando o bem estar, comprometam a eficácia da
economia.
O cículo virtuoso da economia consiste em criar uma demanda interna,
das famílias e das empresas e fortalecer a produção interna. Mais
demanda, mais produção, mais demanda, gerando o desenvolvimento
auto-sustentável.
O câmbio deveria ser o grande instrumento de aumento ou piora da
competitividade sistêmica da economia. Sua função é definir o grau geral
de competitividade em relação a outras moedas.
Mudar o câmbio, no entanto, traz inúmeras consequências indesejáveis,
das quais a principal é a pressão sobre os preços e a redução do poder
aquisitivo, trazendo distúrbios políticos de monta.
Sem a ferramenta câmbio, há um arsenal conhecido de medidas
protecionistas, aumento da defesa comercial do país, ampliação do
conteúdo nacional nas compras públicas, desonerações fiscais.
Mas não se tem escolhas indolores. Ao movimentar uma peça, afetam-se
várias casas, fortalecendo algumas, enfraquecendo outras. Se não tomar
cuidado, esse hiperativismo da Fazenda pode trazer consequências
bastante indesejáveis.
Há que se ponderar os seguintes pontos:
1. O risco de proteger insumos em detrimento do produto final.
Quando se protege o país da entrada de produtos finais, as
consequências ocorrem apenas no bolso do consumidor: pagará mais caro
pelos similares nacionais. Pode-se privilegiar mais o consumo ou mais o emprego, mas os desdobramentos da decisão são conhecidos.
Quando são insumos, o jogo é mais complicado. Quais os efeitos sobre a
cadeia produtiva e o produto final? Há situações em que a proteção do
insumo nacional pode tirar a competitividade do produto final,
prejudicando toda a cadeia produtiva.
2. A análise acurada do similar nacional.
A proteção do produto nacional é importante, mas há que se ter
limites. Ela é virtuosa quando indutora de aumento da competitividade;
perniciosa, quando cria feudos não expostos a nenhuma forma de
competição. Para impor conteúdo nacional, tem que se ter certeza de que
ele existe e é competitivo ou poderá se tornar competitivo em um prazo
razoável.
Além disso, há um prazo para adequar o sistema de compras aos novos
fornecedores. Atualmente, há problemas de monta entre empresas
brasileiras de máquinas e equipamentos e os sistemistas da Petrobras,
para a área de plataformas marítimas. A implantação descuidada dessa
política pode matar a capacidade de geração de lucros da empresa.
3. O cuidado com a isonomia.
O ativismo da política econômica tem que obedecer a uma lógica clara
para todos os agentes e para a opinião pública. E, de preferência, os
benefícios precisam vir acompanhados de contrapartidas claras dos
agentes econômicos. A autoridade econômica tem que se impor limites, até
como maneira de se defender das pressões dos grupos mais influentes.
De fato, foi inquestionavelmente bem colocada a questão da proteção do produto nacional, quando ela é virtuosa ou perigosa. Afinal, diversas pessoas desconhecem a complexidade do mercado na economia atual e inúmeras vezes não sabem o porquê dos produtos nacionais terem pouca proteção ou nenhuma. Sem dúvida, a notícia é bastante interessante para a contemporaneidade.
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