A postagem de hoje traz um tema bastante atual. A ''Primavera Árabe''. Muitos sabem dos seus reflexos políticos. E quanto aos seus reflexos econômicos? É uma boa oportunidade para um post já que nossa disciplina tem tudo a ver com essa questão. O texto é de autoria de Andreas Becker e Madalena Sampaio. Espero que gostem e participem.
Yuri Antunes Moreira
Monitor da disciplina ''Economia Política e Direito'' da Universidade Federal Fluminense.
Desde 2011, já foram depostos quatro chefes de Estado no mundo árabe. As
revoluções no Norte de África e no Médio Oriente tiveram poucos
reflexos económicos.
O resultado está à vista: 99 por cento das empresas no Egito são pequenas empresas, com apenas alguns funcionários, diz por seu turno Markus Loewe do Instituto Alemão de Desenvolvimento. Para estas empresas, acrescenta Loewe, a convulsão política esteve associada a cortes graves: “Até agora, vêem-se sobretudo os efeitos negativos das revoluções. Em todos os países, o crescimento económico abrandou. Não se tornou negativo, mas caiu drasticamente". Segundo ele alguns setores económicos entraram em colapso, "especialmente os setores que têm vindo a produzir para os mercados domésticos. Isto porque os gastos dos consumidores nesses países caíram acentuadamente. Desde então, a incerteza sobre desenvolvimentos futuros tem desempenhado um papel importante.”
Incertezas afastam os investidores
Para o especialista do Instituto Alemão de Investimento, a incerteza afasta os investidores estrangeiros, enquanto os sistemas de formação ultrapassados reduzem a competitividade económica, apesar dos baixos salários. “Muitos dos salários pagos por trabalhos a tempo inteiro estão perto do limiar da pobreza. E estes trabalhadores ganham tão pouco, devido à sua educação e formação insuficientes, que a produtividade laboral em todos estes países é muito mais baixa do que na maioria dos países do Leste Asiático”, sublinha Markus Lowe.
Mas há também problemas financeiros. O novo governo egípcio está a lutar contra o défice crescente. As causas incluem a fraca conjuntura económica e o aumento de custos na concessão de empréstimos.
Há ainda os subsídios de energia e alimentos, que também deixaram um buraco no orçamento, como sublinha Hanan Morsy do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento: “Os subsídios representam um quinto de todos os gastos do governo, ou seja, 20 por cento. Os subsídios também evitam que haja investimentos privados que são absolutamente necessários, por exemplo em infraestruturas.”
Egito aguarda empréstimo do FMI
O governo egípcio quer reformar o sistema de concessão de subsídios. Esta é também uma das condições prévias para um empréstimo de quase cinco mil milhões de dólares, que o Egito pediu ao FMI, o Fundo Monetário Internacional.
Segundo especialistas, os necessários investimentos em infraestruturas na região podem também ser vistos como uma oportunidade. Sobretudo para empresas do setor energético e ambiental, países como o Egito podem ser interessantes.
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