Olá
alunos,
Trazemos uma notícia que ilustra o triste e persistente quadro de desigualdade e racismo estrutural em nosso país.
Esperamos que gostem e participem!
Lucas
Pessôa é membro do Grupo de Pesquisa "Estado, Instituições e Análise
Econômica do Direito" - GPEIA
Trabalhadores brancos possuem, em média, uma renda quase 74% superior
à de pretos e pardos, uma diferença que vem se mantendo praticamente
estável nos últimos anos. Os dados são do estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (13/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De
acordo com o levantamento, pretos e pardos, que representam quase 56%
da população do Brasil, estão em desvantagem no mercado de trabalho.
Eles apresentam os piores indicadores de renda, condições de moradia,
escolaridade, acesso a bens e serviços, e estão também mais sujeitos à
violência e são parcela menor entre os que ocupam cargos de chefia.
Os
rendimentos médios mensais entre brancos é de R$ 2.796 e, entre os
pretos e pardos, é de R$ 1.608, segundo dados de 2018. Essa diferença
corresponde a 73,9%. Proporcionalmente, para cada R$ 1.000 pagos a um
branco, paga-se R$ 575 a um trabalhador preto ou pardo.
A
disparidade é um pouco menor entre quem tem curso superior. Nesse caso,
os brancos ganham por hora 45% a mais do que os pretos e pardos.
"Tal
diferença relativa corresponde a um padrão que se repete, ano a ano, na
série histórica disponível", afirma o IBGE no estudo, que considera
dados de 2012 a 2018.
Os homens brancos possuem os maiores
rendimentos. Para cada R$ 1.000 recebidos por esse grupo, são pagos R$
758 para mulheres brancas, R$ 561 para homens pretos e pardos e R$ 444
para mulheres pretas e pardas.
O fato de o diferencial de salário
por cor ou raça ser maior do que o por gênero é explicado, segundo o
instituto, por fatores como segregação ocupacional, oportunidades
educacionais e remunerações inferiores em ocupações semelhantes.
Essa
desigualdade também existe nos cargos de chefia, ocupados em cerca de
70% por brancos e em 29,9% por trabalhadores pretos e pardos.
O
levantamento do IBGE também mostra que, em 2018, apesar de representarem
54,9% da força de trabalho no país (57,7 milhões de pessoas) – enquanto
os brancos correspondem a 43,9% (46,1 milhões) – pretos e pardos somam
64,2% dos desocupados e 66,1% dos subutilizados.
A taxa de
informalidade também é maior entre os negros. Quase metade dos pretos e
pardos (47%) trabalhava informalmente no ano passado, enquanto entre os
brancos o percentual é de 35%.
O IBGE também mostra que, na
divisão entre os mais ricos e mais pobres, de cada quatro pessoas na
parcela dos 10% com menores rendimentos, três são pretas ou pardas e uma
é branca. Entre os 10% mais ricos, essa proporção é praticamente
invertida.
Na população com rendimentos mais baixos,
a porcentagem de pretos e pardos entre os que estão abaixo da linha da
pobreza é mais que o dobro dos brancos, considerando medidas adotadas
pelo Banco Mundial. À medida em que se caminha para a extrema pobreza, a
diferença aumenta ainda mais.
Condições de moradia
As
desigualdades também são refletidas nas condições de moradia. O Brasil
tem quase três vezes mais negros do que brancos vivendo
com restrições de acesso a saneamento básico. Segundo o IBGE, 45% dos
pretos e pardos não têm saneamento, enquanto a parcela entre brancos é
de 28%.
Também é maior a proporção de pretos e pardos morando em
domicílios sem coleta de lixo (12,5%, contra parcela de 6% da população
branca), sem abastecimento de água por rede geral (17,9%, contra 11,5%
dos brancos) e sem esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial
(42,8%, contra 26,5% da população branca).
Já em relação à
violência, as estatísticas acusam ter havido uma piora, principalmente
para o grupo mais desfavorecido. Enquanto a taxa de homicídios se
manteve estável na população branca entre 2012 e 2017 (16 mortes/100 mil
habitantes), ela cresceu entre a população preta e parda de 37,2 para
43,4 homicídios por 100 mil habitantes.
Índices educacionais
Por
outro lado, a proporção de pessoas pretas e pardas cursando o ensino
superior em instituições públicas brasileiras chegou a 50,3% em 2018.
Esta é a primeira vez em que os pretos e pardos ultrapassam a metade das
matrículas em universidades e faculdades públicas.
De acordo com
o IBGE, esse avanço se deve, em parte, ao sistema de cotas, que desde
2012 reserva vagas a candidatos de determinados grupos populacionais.
A
pesquisa mostra que a população negra está melhorando seus índices
educacionais, tanto de acesso como de permanência, apesar de ainda se
manter bem atrás dos índices medidos entre as pessoas brancas.
A
proporção de jovens de 18 a 24 anos pretos e pardos no ensino superior
passou de 50,5% em 2016 para 55,6% em 2018. Entre os brancos, a
proporção é de 78,8%. Na mesma faixa etária, o número de pretos e pardos
com menos de 11 anos de estudo e que não estavam frequentando a escola
caiu de 30,8% em 2016 para 28,8% em 2018, enquanto o indicador para a
população branca é de 17,4%.
Os que já haviam concluído o ensino
superior somavam 36,1% dos brancos e 18,3% dos pretos e pardos, enquanto
a taxa de ingresso no terceiro grau é de 53,2% entre os brancos e de
35,4% entre pretos e pardos. Na faixa de 18 a 24 anos que concluiu o
ensino médio, mas que não estava estudando por trabalhar ou precisar
procurar trabalho, 61,8% eram pretos ou pardos.
A taxa de
analfabetismo para pessoas acima de 15 anos entre pretos e pardos caiu
de 9,8% em 2016 para 9,1% em 2018. Entre os brancos, a taxa é de 3,9%.
Na frequência à creche ou escola, crianças pretas e pardas de até 5 anos
passaram de 49,1% para 53%, enquanto 55,8% das crianças brancas estão
nessa etapa da educação.
Nos anos iniciais do ensino fundamental,
para crianças de 6 a 10 anos, não há diferença significativa, com 96,5%
das brancas e 95,8% das pretas e pardas frequentando a escola.
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