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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Brics, 18 anos: o sobe e desce econômico em 3 momentos-chave

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 Olá alunos, 

A notícia de hoje apresenta uma retrospectiva da história dos países BRICS, destacando momentos importantes em relação ao bloco, bem como uma breve reflexão a respeito do tema. 

Esperamos que gostem e participem!

Lucas Pessôa é membro do Grupo de Pesquisa "Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito" - GPEIA

A criação do termo Bric para se referir ao Brasil, Rússia, Índia e China completa 18 anos neste mês.

Naquela época, o grupo de quatro países — que em 2011 ganhou mais um integrante, a África do Sul — ganhou destaque pelo potencial de crescimento econômico que eles apresentavam.

O acrônimo Bric foi usado pelo mercado financeiro para se referir às economias emergentes antes de o grupo começar a se reunir.


Confira, em três pontos, como foi a evolução do crescimento econômico nos países do grupo de 2001 até agora:

1. Criação do termo 'Bric' (2001)


Em novembro de 2001, o economista britânico Jim O'Neill escreveu um relatório em que tratou o Brasil, a Rússia, a Índia e a China como um grupo. O motivo: o grande potencial de crescimento econômico que ele enxergou nos quatro países.

Naquele ano, a China já tinha um crescimento muito acima dos demais países: o PIB chinês cresceu 8,4%, o russo avançou 5,1% e o indiano, 4,9%. O crescimento brasileiro foi bem menor que os demais: 1,4%.

A média de crescimento no mundo em 2001 foi de 2,5%, segundo a série histórica do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Embora o mercado financeiro já tenha ficado de olho nos quatro países depois do relatório de O'Neill para o Goldman Sachs, foi só em 2006 que as reuniões de cooperação entre os quatro países começaram de maneira informal, segundo o Itamaraty, com a reunião dos chanceleres desses países no âmbito da Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Em 2006, os quatro países já tinham aumentado seus índices de crescimento: a China na frente, com 12,7% e o Brasil, por último, com 4% de crescimento. Esse incremento do PIB também aconteceu na média mundial, que foi de 5,5% naquele ano.


2. Primeira cúpula e os efeitos da crise financeira (2009)


Foi só em 2009 que os encontros passaram a ser anuais e a contar com a presença dos chefes de Estado e governo. A primeira cúpula aconteceu em Ecaterimburgo, na Rússia. Lá, os países defenderam maior representatividade das economias emergentes nas instituições financeiras internacionais.
Naquele período, o mundo sofria as consequências da crise financeira de 2008 e a média de crescimento mundial foi uma retração de 0,1%. Os países emergentes, é claro, também sofreram o baque.

Brasil e Rússia tiveram resultados negativos em 2009, com retrações de 0,1% e 7,8%, respectivamente. A China manteve o resultado no azul, com crescimento de 9,4%, mas o resultado foi inferior ao de anos anteriores. No mesmo período, a Índia cresceu 8,5%.

Em 2010, contudo, tanto a China quanto a Índia tiveram resultados acima dos 10%. O Brasil também teve uma forte recuperação, com um avanço no PIB de 7,5%.

Depois desse ano, o Brasil nunca mais cresceu de forma tão intensa.

O desempenho "decepcionante" da economia brasileira nos últimos anos se deve à forte dependência do preço das commodities, segundo O'Neill.

"O que é necessário é que o Brasil reduza sua dependência das commodities — o que é fácil de falar, mas difícil de fazer. Também é importante reduzir a participação do governo na economia e criar um ambiente para estimular investimentos privados", disse, em entrevista à BBC News Brasil.

Em 2011, a África do Sul se juntou formalmente ao grupo, que passou a ser chamado Brics. Naquele ano, o país cresceu 3,3%.


3. Qual será o crescimento dos países do Brics em 2019?


Nesta semana, o Brasil sedia em Brasília a cúpula do Brics, sob o comando do presidente Jair Bolsonaro, um crítico do multilateralismo e fiel aliado do governo americano de Donald Trump. É a segunda vez que a capital brasileira é sede do encontro — a primeira foi em 2010.

Na entrevista à BBC News Brasil, às vésperas do encontro, O'Neill questionou o resultado dessas reuniões e defende que os países busquem mais ações conjuntas para problemas que têm em comum

"Eles geralmente parecem desfrutar apenas do simbolismo da reunião, em vez de realmente adotar políticas. Eu disse a um amigo na semana passada: 'alguém notaria se não houvesse reunião do Brics?'", afirmou

O economista, que é ex-secretário do Tesouro do Reino Unido e integrante da Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico, diz que se orgulha de os países se reunirem como "grupo político" e que há uma importância simbólica nesses encontros, mas diz que os resultados não têm sido interessantes.

"Sugiro que os líderes dos Brics se perguntem: 'o que já fizemos como resultado de uma reunião para melhorar nossas economias individualmente e coletivamente?'", diz O'Neill.

E, enquanto a economia mundial sofre uma desaceleração com os efeitos da guerra comercial entre Estados Unidos e China, como deve ser o crescimento das economias dos Brics neste ano?


A projeção do FMI aponta que apenas a China e a Índia terão um crescimento significativo em 2019 — de 6,1% cada um. Ao mesmo tempo, Brasil, Rússia e África do Sul terão crescimento próximo a 1%.

No entanto, na comparação com o desempenho em 2018, os países do Brics, inclusive a China e a Índia, crescerão menos neste ano, segundo as previsões. O FMI também reduziu em outubro a expectativa de crescimento mundial para 3% neste ano.

Embora aponte que a economia mundial está "definitivamente desacelerando", O'Neill não acredita que uma recessão esteja próxima.

Quase duas décadas depois do famoso relatório, O'Neill diz que, na avaliação do grupo como um todo, considera que a expectativa dele em 2001 se concretizou, por causa do peso da economia chinesa dentro do grupo.

"Apesar da decepção com o Brasil e Rússia — que foi considerável —, se você olhar para o agregado, o desenvolvimento dos Bric aconteceu como eu imaginava, porque aconteceu com a China o que eu imaginava. A Índia também está perto do que eu imaginava, mas Brasil e Rússia, particularmente na última década, decepcionaram", concluiu.




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