Olá alunos,
O Fórum Econômico Mundial, que esse ano está
ocorrendo na Suíça, traz como tema central dessa edição a "Quarta
Revolução Industrial". Essa revolução é caracterizada
por mudanças nos sistemas de produção e consumo, além de um amplo uso de inteligência
artificial. Diante disso, pode-se
afirmar que o grande desafio do Brasil é manter os avanços sociais e estimular
o aumento da produtividade, visto que o crescimento da desigualdade, as
mudanças climáticas e a tendência recessiva das economias são os nossos
principais obstáculos. Essas barreiras, entretanto, podem ser ultrapassadas com
investimento estatal e políticas públicas ativas.
Gostaríamos de agradecer aos alunos do 1º período
da Universidade Federal Fluminense, do turno noturno: Thabata Ribeiro, Morgana Vidal,
Julia Janeiro Pereira, Juliana Venâncio, Fernando Ferreira Barros Nascimento,
Thereza Carolina Tannure e Eduardo Henrique Vargas, e aos alunos do turno integral:
Bruno
Falgue, Carolina Brandão, Cauan Silveira, Maria Clara
Fernandes, Clara Sestelo, João Pedro Corrêa e Pedro Odebrecht.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges.
Monitoras da disciplina “Economia Política e
Direito” da Universidade Federal Fluminense.
A edição deste ano do Fórum Econômico Mundial, em
curso em Davos, na Suíça, tem como tema central a chamada "Quarta
Revolução Industrial". Essa realidade, que já começamos a experimentar no
dia a dia, significa uma economia com forte presença de tecnologias digitais,
mobilidade e conectividade de pessoas, na qual as diferenças entre homens e
máquinas se dissolvem e cujo valor central é a informação.
Mas, será
que o Brasil está preparado para essa nova revolução?
Segundo
especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o país se saiu bem na redução de
desigualdade social na última década, mas precisa investir mais em educação e
inovação para obter ganhos em produtividade e geração de empregos nesta nova
economia.
"O
grande desafio à frente é manter os avanços sociais e estimular o aumento da
produtividade", afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal
(Comissão Econômica para América Latina e Caribe), órgão ligado à ONU.
"Novos
pactos sociais" são importantes para que esse momento de rompimento
econômico transforme-se em oportunidades, avalia.
"É
necessário construir novas alianças que transpassem partidos políticos e
viabilizem condições para a criação de um novo ciclo de investimento",
disse Bárcena. "Integrar mercados regionais em tecnologias-chave, por
exemplo com a criação de um mercado digital comum, e o incentivo a cadeias
regionais de tecnologias e produtos verdes."
O Brasil
tem elevado o investimento direto em educação. No período compreendido entre a
virada do milênio e 2013, o total cumulativo investido por estudante ao longo
da vida acadêmica, do jardim de infância à universidade, passou de R$ 106 mil
para R$ 162 mil. O aumento de mais de 50% tem base em dados do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vinculado ao Ministério da
Educação.
Ainda
assim, o Brasil permanece abaixo da média dos países ricos, conforme retrata o
Pisa, ranking internacional que avalia a qualificação de estudantes do mundo
todo.
No
levantamento de 2012 foi observado que quase metade dos alunos não apresenta
competências básicas de leitura. Além disso, outra análise da mesma
organização, mas de 2015, estimou que os estudantes brasileiros são muito
fracos na capacidade de navegar sites e compreender leituras na internet,
ficando à frente apenas da Colômbia e dos Emirados Árabes em um ranking com 31
países.
Inovação digital
As três
revoluções industriais anteriores tiveram início nos países desenvolvidos,
chegando com atraso ao Brasil. A primeira foi a iniciada no fim do século 18,
quando água e vapor foram utilizados para mover máquinas na Inglaterra. A
segunda veio do emprego de energia elétrica na produção em massa de bens de
consumo. A terceira é a do uso da informática, iniciada em meados do século
passado.
A
revolução atual, aliás, segue na esteira dessa anterior: é caracterizada por
sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. Além das
mudanças nos sistemas de produção e consumo e amplo uso de inteligência
artificial, ela também traz o desenvolvimento de energias verdes.
Com o fim
da diferenciação entre homens e máquinas, uma nova quebra do modelo de cadeias
produtivas e as interações comerciais em que consumidores atuam como
produtores, mais de 7 milhões de empregos serão perdidos, segundo relatório do
Fórum Econômico Mundial.
Como o
Brasil poderia se preparar para esse momento?
"Idealmente,
deveria implementar políticas de fortes incentivos que nivelem por cima, não
apenas na área de formação e capacitação de trabalhadores para o uso de novas
tecnologias, mas priorizando também investimentos em pesquisa e desenvolvimento
para que o país não se torne um mero consumidor de tecnologias", sugere a
Vanessa Boana Fuchs, pesquisadora do Centro de Estudos Latino-Americanos da
Universidade de St. Gallen, na Suíça.
Uma
pesquisa realizada pela consultoria Accenture estima que a participação da
economia digital no PIB do Brasil saltará dos atuais 21,3% para 24,3% em 2020 e
valerá US$ 446 bilhões (R$ 1,83 trilhão).
O mesmo
estudo aponta que o país precisa manter os níveis atuais de educação e expandir
investimentos em novas tecnologias e na geração de uma cultura digital para
acelerar ainda mais o progresso. Se o Brasil aplicar recursos ativamente nessas
áreas, a consultoria prevê que o segmento econômico poderá movimentar outros
US$ 120 bilhões (R$ 494 bilhões) além do previsto.
Neste
mês, a presidente Dilma Rousseff sancionou Marco Legal da Ciência e Tecnologia,
novo parâmetro legislativo que promete reduzir a burocracia, facilitando
investimentos em pesquisa e ciência nas iniciativas pública e privada. Além
disso, o governo anunciou edital de financiamento de R$ 200 milhões para
pesquisa e desenvolvimento.
Professor
de economia e direito da Universidade de St. Gallen, Peter Sester afirma que o
Brasil deveria estar investindo mais e ter aproveitado melhor a riqueza gerada
pela exportação de commodities, cujo preço agora está em baixa no mercado
internacional.
"O
Brasil não utilizou a renda extra em tributos e royalties de minério de ferro e
outras commodities durante o superciclo para investir consequentemente em
infraestrutura, educação, pesquisa e desenvolvimento, ou ao menos fazendo um
fundo de reserva para quando o ciclo passasse."
Para
Sester, a "ineficiência foi subsidiada com o dinheiro dos
contribuintes", criticando subsídios estatais a determinados setores.
No auge
do ciclo, o PIB brasileiro chegou a registrar crescimento de 7,5% em 2010. A
previsão do Fundo Monetário Internacional para este ano é de retração de 3,5%
na economia.
Ameaças
Bárcena
vê três ameaças no horizonte da quarta revolução industrial: o aumento da
desigualdade, as mudanças climáticas e a tendência recessiva das economias.
Desafios, afirma, que podem ser solucionados com investimento estatal e
políticas públicas ativas.
"Políticas
fiscais expansionistas podem ajudar a evitar tendências recessivas e recuperar
empregos (…). Acesso universal a educação e saúde encorajam demanda agregada e
aumento de produtividade", defende.
"Políticas
sociais voltadas ao amparo social universal e no combate à desigualdade podem
promover um incentivo crucial para a demanda minguante em todos os
lugares", acrescenta.
Para a
especialista, o investimento público deve ter um "componente
ambiental" forte, que mova a economia mundial a um caminho de baixo
carbono, ou seja, de baixa emissão de gases de efeito estufa. Essa alternativa,
afirma, contribui muito mais para a geração de empregos do que a indústria
poluente.
"O
desafio é direcionar as novas e antigas tecnologias para a utilização mais
eficiente de recursos naturais, energias renováveis e sustentável, cidades
inteligentes que possibilitem evitar desperdício de energia e produção",
avalia Vanessa Fuchs.
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