Olá
alunos,
A
plataforma, desenvolvida pelo banco comunitário Palmas em parceria com a
empresa de tecnologia MadeApp, começou a operar como um projeto-piloto em março
no Ceará e deve chegar a outras regiões do Brasil nas próximas semanas. Até o
fim de junho, estão previstos lançamentos de moedas sociais eletrônicas em
comunidades de São Paulo, Espírito Santo e Pará. A postagem de hoje
pretende mostrar os benefícios dessa arma.
Gostaríamos de
agradecer aos alunos do 1º período da Universidade Federal Fluminense, do
turno noturno: Alice Rocha, Alice Meireles, Flávia Belo, Ariel Castro, Douglas
Ferreira e Izabella Delfino.
Esperamos
que gostem e participem.
Joyce
Borgatti e Palloma Borges.
Monitoras
da disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
Faz
um mês que a pedagoga Marcia Rodrigues, de 43 anos, moradora do Conjunto
Palmeiras, em Fortaleza, paga as compras de mercado pelo celular mesmo, sem ter
conta corrente ou cartão de crédito. Ela faz parte do grupo de 220 pessoas que
já usa o e-dinheiro Palmas, a versão eletrônica da moeda social de mesmo nome
que circula há 14 anos na região. “Facilitou muito a minha vida não ter mais de
andar com dinheiro de um lado para o outro. Além disso, consigo controlar
melhor as contas por causa dos registros no aplicativo”, diz Marcia.
“Acreditamos
que já no primeiro ano haverá 1 milhão de usuários em todo o País e uma
circulação de R$ 25 milhões (em moedas sociais)”, estima o diretor da Rede
Brasileira de Bancos Comunitários e coordenador do Banco Palmas, Joaquim
Melo.
Hoje,
existem no Brasil 107 moedas sociais. Elas foram criadas por bancos
comunitários com o objetivo de que o dinheiro dos moradores circulasse dentro
das próprias comunidades, ou seja, que o consumo local fosse estimulado e,
assim, gerasse emprego e renda nessas regiões. O lastro delas é em real: uma
Palma, por exemplo, tem de equivaler a um real. Além disso, a circulação é
restrita a uma região e, diferente da moeda oficial, só aceita quem
quiser.
Segundo
a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), órgão ligado ao
Ministério do Trabalho que acompanha o funcionamento dos bancos comunitários,
uma das exigências para a implementação das moedas sociais é a de que o volume
em circulação tenha o mesmo quantitativo em real depositado no banco
comunitário. Não há um marco legal desse tipo de iniciativa, mas o
funcionamento é monitorado pelo Banco Central.
Para
o pesquisador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da
FGV-SP Eduardo Diniz, a principal vantagem da migração dessas moedas para a
versão eletrônica tem a ver com o custo. “Para os bancos comunitários, o custo
de impressão é muito alto. Essa é uma das principais reclamações. Além disso, a
versão eletrônica acaba trazendo mais credibilidade para a moeda e,
consequentemente, mais circulação”, observa.
O
ex-diretor do banco central da Bélgica e professor de Desenvolvimento
Sustentável da Universidade de Sorbonne, Bernard Lietaer, explica que as moedas
complementares são parte da era da informação e, portanto, que a digitalização
delas é uma importante parte desse movimento. “No começo da era industrial, as
pessoas diziam que tudo iria mudar, menos os cavalos. Porque foram eles que
puxaram as primeiras máquinas e os primeiros trens. Agora, na era da
informação, as pessoas afirmam que tudo vai mudar, menos o dinheiro. Mas dinheiro
é informação. É espantoso que as pessoas acreditem que o sistema financeiro não
vai mudar”, explica o especialista que acompanha o caso do Banco Palmas, no
Brasil.
Funcionamento
O
e-dinheiro funciona assim: a pessoa faz o download do aplicativo e se cadastra
na plataforma de forma gratuita com seu número de CPF. Em seguida, deposita no
banco comunitário um determinado valor em reais que será convertido em um saldo
eletrônico na plataforma.
A
distribuidora de alimentos e bebidas do comerciante Josemar Chaves, de 41 anos,
foi um dos primeiros estabelecimentos a adotar o e-dinheiro como forma de
pagamento no Conjunto Palmeiras (hoje há 30 cadastrados). Chaves destaca que
ainda são poucos os clientes que usam a plataforma, mas que há facilidades no
seu uso. “As taxas que pago para o Banco Palmas por meio do aplicativo são
próximas ao que pago nas bandeiras de cartão de crédito tradicional e nas quais
tenho mais clientes. Mas, via aplicativo, eu recebo o dinheiro na hora, não
preciso esperar os 30 dias. Isso ajuda o meu capital de giro e as compras que
tenho de fazer de forma mais imediata”, explica o comerciante.
Operações
podem ser feitas por celular sem internet
A
plataforma e-dinheiro, idealizada pelo Banco Palmas em parceria com a empresa
MadeApp, permite que pagamentos e transações sejam realizadas pelo celular
ainda que o aparelho não seja smartphone. Isso porque as operações podem ser
feitas por mensagens de texto (SMS), funcionalidade disponível nos aparelhos
mais simples.
Nesse
caso, o usuário tem de obrigatoriamente ir ao banco comunitário para cadastrar
o número dele na rede atendida pela plataforma.
A
partir daí, quando quiser realizar alguma transferência, envia uma SMS para o
número 27800 com a palavra “transferir”, seguida do número de destino (celular
também cadastrado na plataforma). A mensagem é recebida por uma central da
MadeApp que, então, faz a transferência. Além dessa função, os celulares mais
simples podem também consultar o saldo.
“Esse
é um diferencial do nosso aplicativo. Há diversas plataformas de pagamento via
celular que só funcionam em smartphones, e outras, mais antigas, que só
funcionam via SMS. Nós conseguimos contemplar os dois sistemas”, afirma o
diretor e fundador da MadeApp, João Bosco Lima.
Lima
explica que também é possível realizar operações entre dois smartphones caso
apenas um deles tenha acesso à internet móvel. Nesse caso, o aparelho que
estiver online lê o QR-code (código de barras que pode ser lido por celulares)
disponível no outro celular e a operação é realizada.
Foi
essa funcionalidade que mais impressionou Cleberson Pereira, agente de finanças
do Banco Comunitário União Sampaio, que funciona há seis anos no Jardim Maria
Sampaio, zona sul da capital paulista. A comunidade deve lançar o Sampaio
e-dinheiro dia 13. “Estamos com boas perspectivas em relação à implementação da
moeda eletrônica. Poderemos aumentar o nosso lastro e assim alavancar todas as
nossas práticas de economia solidária.”
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