Ola alunos,
Relatório
do banco Crédit Suisse admite: aristocracia financeira serviu-se da crise para
enriquecer ainda mais. Agora, 85 miltibilionários têm tanta riqueza quanto
metade do planeta. A postagem de hoje pretende trazer uma abordagem realista da
proporção que a desigualdade social e econômica atingiu, e suas conseqüências.
Esperamos que gostem e participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges
Monitoras da disciplina "Ecnomia
Politica e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
2015 será
lembrado como o primeiro ano da série histórica no qual a riqueza de 1% da
população mundial alcançou a metade do valor total de ativos. Em outras
palavras: 1% da população mundial, aqueles que têm um patrimônio avaliado em
760.000 dólares (2,96 milhões de reais), possuem tanto dinheiro líquido e
investido quanto o 99% restante da população mundial. Essa enorme
disparidade entre privilegiados e o resto da Humanidade, longe de
diminuir, continua aumentando desde o início da Grande
Recessão, em 2008. A estatística do Credit Suisse, uma das
mais confiáveis, deixa somente uma leitura possível: os ricos sairão da crise
sendo mais ricos, tanto em termos absolutos como relativos, e os pobres,
relativamente mais pobres.
No Brasil, a renda média
doméstica triplicou entre 2000 e 2014, aumentando de 8.000 dólares por adulto
para 23.400, segundo o relatório. A desigualdade, no entanto, ainda persiste no
país, que possui um padrão educativo desproporcional, e ainda a presença de um
setor formal e outro informal da economia, aponta o relatório.
Em O Preço da Desigualdade, um dos últimos
livros de Joseph E.
Stiglitz, o Nobel de Economia utilizou uma poderosa imagem da Oxfam para
ilustrar a dimensão do problema da desigualdade no mundo: um ônibus que por
ventura transporte 85 dos maiores multimilionários mundiais conterá tanta
riqueza quanto a metade mais pobre da população mundial.
Hoje,
essa impactante imagem, plenamente em voga, ganha a companhia de outras que
deixam latente a crescente
desigualdade entre os privilegiados e o resto do mundo: um de
cada 100 habitantes do mundo tem tanto quanto os 99 restantes; 0,7% da
população mundial monopoliza 45,2% da riqueza total e os 10% mais ricos têm 88%
dos ativos totais, segundo a nova edição do estudo anual de riqueza publicado
na segunda-feira pelo banco suíço Credit Suisse, feito com dados do patrimônio
de 4,8 bilhões de adultos de mais de 200 países.
O que
causou esse novo aumento da disparidade? A entidade financeira aponta a melhora
dos mercados financeiros: a riqueza dos mais ricos é mais sensível às subidas
de preço de ações de empresas e outros ativos financeiros que a do restante da
população. No último ano, os índices de referência dos mercados das principais
bolsas europeias e norte-americanas, o Eurotoxx 50 e o S&P 500, subiram mais de 10%.
Outro
dado dá base à tese do aumento da desigualdade: ainda que o número dos muito
ricos (aqueles que têm um patrimônio igual ou superior aos 50 milhões de
dólares [195 milhões de reais]) tenha perdido aproximadamente 800 pessoas desde
2014 por conta da força da moeda norte-americana frente ao resto das grandes
divisas, o número de ultrarricos (aqueles que têm 500 milhões de dólares [1,95
bilhão de reais]) ou mais aumentou “ligeiramente”, segundo o
Credit Suisse, para quase 124.000 pessoas. Nem sequer o ajuste pela
taxa de câmbio é capaz de neutralizar o aumento. Por país, quase a metade dos
muitos ricos vive nos EUA (59.000 pessoas),
10.000 deles vivem na China e 5.400 vivem no Reino Unido.
Com esses
dados, não é de se estranhar a satisfação mostrada na segunda-feira pelo
responsável pela Gestão de Patrimônios do Credit Suisse para a Europa, o
Oriente Médio e a África, Michael O’Sullivan: seu negócio não deixou de crescer desde o
estouro da maior crise desde a Segunda Guerra
Mundial. “Nossa indústria está em pleno crescimento, a riqueza
seguirá com sua trajetória de subida”. Suas previsões não podem ser mais
eloquentes. O número de pessoas com um patrimônio superior a um milhão de
dólares (3,9 milhões de reais) crescerá 46% nos próximos cinco anos, até chegar
aos 49 milhões de indivíduos.
Toda a
riqueza mundial em seu conjunto, por outro lado, crescerá até 2020 um robusto,
mas inferior, índice de 39%. Na Espanha, o número de pessoas com patrimônio
superior a um milhão de dólares (3,90 milhões de reais) chegou em 2015 a
360.000 pessoas, 21% a menos do que no mesmo período em 2014. A Espanha é o nono país
que mais perdeu milionários no último exercício. Da mesma forma que o restante
da zona do euro, a evolução é distorcida pela fragilidade do euro frente à
moeda norte-americana.
A classe
média chinesa já é a mais numerosa do mundo
A China,
o melhor expoente dos anos dourados dos emergentes que começam a chegar ao seu
fim, já é o país do mundo com mais pessoas na classe média. Segundo o relatório
anual de riqueza mundial do Credit Suisse, 109 milhões de moradores do gigante
asiático têm ativos avaliados entre 50.000 e 500.000 dólares –195.000 a 1,95
milhão de reais–, a categoria estabelecida pelo banco suíço. Essa quantidade
equivale à renda média de quase dois anos e oferece uma proteção “substancial”
contra a perda de emprego, uma queda brusca na entrada de rendimentos ou um
gasto de emergência.
Ainda que
a distribuição de renda na China esteja muito distante de ser igualitária, a
expansão da classe média seguiu um caminho paralelo à evolução de sua economia:
com um crescimento maior – o gigante asiático cresceu dois dígitos em oito dos
últimos 20 anos e se transformou na imagem do milagre emergente – mais pessoas
entram na classe média. Em 2015, o Estado asiático superou os EUA (92 milhões)
como o primeiro país em número de pessoas na classe média. O Japão (62 milhões
de habitantes na classe média), a Itália (29 milhões), a Alemanha (28 milhões),
o Reino Unido (28 milhões) e a França (24 milhões).
Diferenças
regionais
Por
região, 46% da classe média mundial vive na Ásia-Pacífico; 29% moram na Europa,
berço do Estado de bem-estar social, e 16% na América. Em termos relativos, por
outro lado, a América do Norte – com os Estados Unidos e o Canadá na liderança
– aparece como o maior expoente da classe média, com 39% dos adultos dentro
dessa faixa, seguida pela Europa, onde um em cada três maiores de idade são
classe média. A proporção desaba na América Latina (11%) e na Ásia-Pacífico, a
região mais povoada do globo e na qual somente um em cada 10 habitantes está
dentro da categoria estabelecida pelo Credit Suisse.
Segundo
os números da entidade financeira, 664 milhões de pessoas em todo o mundo podem
ser consideradas de classe média, somente 14% da população adulta global. Dessa
cifra, 96 milhões de pessoas (2% do total), têm uma riqueza avaliada em mais de
meio milhão de dólares (1,95 milhão de reais).
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