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sábado, 28 de setembro de 2013

Por que a taxa de desemprego permanece baixa?


Olá alunos,

O texto que segue ajuda a elucidar o porquê de a taxa de desemprego permanecer baixa a despeito do arrefecimento do ritmo de crescimento da economia brasileira. Nesse sentido, o autor defende que os mecanismos de oferta e demanda são determinantes para tanto.
Esperamos que gostem e participem.

Juliana Padilha e Silvana Gomes
Monitoras da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

A economia brasileira tem crescido de forma modesta desde 2011. Era esperado que a taxa de desemprego aumentasse. Mas isto não ocorreu. Muitos dizem que ainda vai ocorrer, que existiria uma suposta defasagem: primeiro a economia desacelera, depois vem o aumento da taxa de desemprego. Há muitos que torcem por isso. Mas não é provável que isto ocorra.
O ponto focal é que a taxa de desemprego depende da oferta e da demanda de mão de obra. A oferta de mão de obra é feita pelos trabalhadores. Já a demanda é feita pelos empresários. O modesto crescimento econômico reduziu o ritmo de crescimento da demanda por trabalho. Contudo, ocorreu que a oferta de trabalho também reduziu o seu ritmo de crescimento. Isto explica a manutenção da taxa no patamar que está.
A geração de postos de trabalho formais (com carteira assinada, os celetistas) é o melhor indicador da demanda empresarial por mão de obra. Depois de 2010, a economia brasileira entrou numa fase de crescimento modesto e, portanto, a demanda por trabalho está desacelerando. Quando é feita a comparação da geração de empregos com carteira de janeiro a julho de 2009 a 2013 é revelado o tamanho do problema (ver o gráfico). Manobras não recomendadas da política econômica explicam grande parte da redução do ritmo de busca empresarial por novos trabalhadores.
A oferta de mão de obra depende de diversos fatores. Há fatores demográficos, entre outros. Os dados dos Censos de 2000 e 2010 revelam que está havendo uma desaceleração no ritmo de crescimento da população em idade laboral. A população entre 18 e 59 anos cresceu somente 20,8% entre os dois Censos. Muito importante também, a população de jovens de 18 anos caiu 10% e a de 19 decresceu 6,1%. Vale a pena comparar: entre 2003 e 2012, a demanda empresarial por trabalhadores formalizados cresceu 63% - resultado: o desemprego nas regiões metropolitanas caiu de 12,3%, em 2003, para 5,5%, em 2012.
Ademais, há outros motivos que estão retardando a entrada de jovens no mercado de trabalho. As condições benéficas criadas no período 2003-2013 possibilitaram o ingresso de grande parte da juventude brasileira no ensino superior. São jovens que vão para a universidade e muitos não precisam simultaneamente buscar trabalho. Os números são reveladores.
Houve aumento significativo de matrículas no ensino superior. Em 2003, eram 3.989.366; em 2011, alcançaram 6.765.540. Aumento de 70%. As universidades federais tinham 583.843 matrículas, em 2003; este montante aumentou para 1.003.014, em 2011. Além disso, os programas do governo federal Fies e Prouni que concedem bolsas em instituições privadas de ensino superior alcançou um milhão de beneficiados em 2013.
A própria redução do desemprego e a elevação dos rendimentos do trabalho, que já ocorreram, também explicam a redução da oferta de mão de obra. É um caso típico aquela situação onde pai e mãe estão empregados com uma renda familiar minimamente satisfatória e, em consequência, podem oferecer aos filhos a oportunidade de estudar sem ter que buscar trabalho e engrossar o exército daqueles que ofertam mão de obra.
Em conclusão, a taxa de desemprego depende da demanda e da oferta de trabalho. No Brasil, a oferta tem sido “generosa” e, assim, o modesto crescimento econômico não tem se transformado em desemprego. Deve-se reconhecer que a diminuição do ritmo de crescimento da oferta de trabalho é também obra de políticas públicas corretas (do Ministério da Educação, principalmente). Contudo, a redução do ritmo de crescimento da demanda por trabalho é igualmente obra das políticas governamentais. Neste caso, foram e são políticas equivocadas.

2 comentários:

  1. Ótimo artigo! Claro e sucinto. Pena que na parte mais interessante ele acaba... Mesmo que brevemente, ele indica o interesse do estado em manter uma taxa de desemprego natural. A eliminação do desemprego estrutural é quase total, no entanto a taxa de crescimento econômico baixa faz com que essa taxa remanescente de desemprego permaneça constante.

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  2. É bem o que o texto fala mesmo, que a taxa de desemprego depende da demanda e da oferta de trabalho. No Brasil até que está ocorrendo uma oferta de empregos "generosa"; podemos trazer à discussão a necessária mão-de-obra para as obras advindas com os grandes eventos que estão ocorrendo no país, entre outros. Válido ressaltar também a crescente participação dos jovens e adultos no ensino superior, o que também é o um fator para analisar porque os jovens estão "trabalhando menos". Nesse comparativo, pode-se entender porque a taxa desemprego permanece baixa, pois o que é ofertado é logo preenchido, pois não há tantos querendo os mesmos empregos como antigamente, visto tais situações (e muitas outras) supramencionadas.

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