Olá alunos,
A postagem de hoje aponta para mais um dos efeitos da crise econômica de 2008: as mudanças ocasionadas no Fundo Monetário Internacional. Diversamente do que se verificava anteriormente, o FMI tem se caracterizado, na atualidade, pela busca de uma análise que leve em consideração as particularidades atinentes a cada país e que não se ocupe somente de aspectos fiscais, mas que possua maior abrangência.
Esperamos que gostem e participem.
Lucas Dadalto e Silvana Gomes
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense
Divulgado no final da semana passada, o ultimo relatório do
FMI (Fundo Monetário Internacional) traz um balanço amplo da economia
internacional.
A principal conclusão do relatório
é sobre as discrepâncias no ritmo de recuperação das diversas economias.
Para se obter crescimento sustentado e equilibrado, constata o relatório, há a
necessidade de que o ritmo de recuperação seja similar em todos os países, que
seja inclusivo e fundado na economia verde.
Em relação ao ritmo de recuperação, o Fundo identifica três
grupos de países distintos.
O Grupo 1 é formado pelos mercados
emergentes. Para eles, o Fundo recomenda reconstruir o espaço público e reforçar
a regulação e a supervisão financeira. Os de baixa renda devem focar suas
políticas na construção de infraestrutura e nas políticas sociais.
O Grupo 2 tem os Estados Unidos. O
FMI considera que foi evitado o precipício fiscal – decorrente do impasse entre
o Congresso e o Executivo. Mas que o país precisa acertar o ritmo do ajuste
fiscal, melhorando a sua qualidade.
O Grupo 3 é a Zona do Euro.
Considera-se que muitas medidas foram tomadas em curto espaço de tempo. Mas há
a necessidade de maior saneamento bancário e de se avançar na união bancária,
de maneira a fortalecer o sistema bancário contra a contaminação. Também
considerou positivo o afrouxamento monetário no Japão e os planos do país de
reduzir a dívida pública e promover reformas estruturais para conferir maior
eficiência à economia.
O principal alerta do trabalho é
quanto aos riscos do setor financeiro, que ainda não foi completamente saneado.
E faz um alerta até agora pouco escutado: os ajustes precisam manter a
equidade, protegendo os segmentos mais vulneráveis da população e promovendo o
crescimento e o emprego. Os ajustes precisam ser justos, para terem
legitimidade política.
Uma das grandes ameaças trazidas
pela crise seria a fragmentação das ações nacionais, comprometendo a cooperação.
Como se recorda, o agravamento da crise de 1929 – que acabou levando à Segunda
Guerra Mundial – se deveu às guerras comerciais e cambiais entre países.
Agora, há um monitoramento
permanente sobre os riscos iminentes, as correias de transmissão capazes de
provocar efeitos em cadeia nos diversos países. A grande mudança do banco foi a
criação de um Relatório do Setor Externo, destinado a dar uma visão mais
prospectiva em relação às contas externas dos diversos países, acabando com a
miopia de centrar todos os diagnósticos na questão fiscal.
São curiosas as mudanças que a
crise trouxe ao Banco. Antes, havia receita única para os diversos países. Para
qualquer problemas com as contas externas, o único remédio receitado era o
ajuste fiscal. Ele teria que ser suficientemente profundo para reduzir as
importações e gerar excedentes para exportação, fossem quais fossem as
consequências sobre emprego, renda e crescimento.
Agora, o discurso do Fundo enfatiza
a importância do diálogo e da persuasão e a análise das circunstâncias
específicas de cada país.
Principalmente, visa analisar o
impacto de mudanças cambiais de um país sobre os demais, além de criar um
quadro de consultas multilaterais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário