Olá alunos,
A presente notícia diz respeito as consequências geradas pela saída do Reino Unido da União Europeia, destacando o impacto que as economias europeias e as principais economias mundiais sofreriam.
Lucas Pessôa é membro do Grupo de Pesquisa "Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito" - GPEIA
A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) deverá custar bilhões de euros anualmente às economias de toda a Europa em razão, principalmente, das tarifas sobre bens e serviços que passarão a valer, atingindo particularmente as rendas dos alemães e dos próprios britânicos. O impacto será significativamente maior se a saída se der sem um acordo entre as partes.
Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira (21/03), na Alemanha, pela Fundação Bertelsmann, o prejuízo deverá ser gerado pela alta nos preços de bens e serviços, por causa das tarifas que devem entrar em vigor quando o Reino Unido não fizer mais parte do mercado comum.
"A saída britânica significa menos competição entre bens e serviços, o que leva a um aumento nos preços e também a um crescimento menor dos salários", afirmou Dominic Ponattu, um dos autores do estudo.
"O Brexit poderá causar sérios danos aos alicerces da maior região econômica do mundo. Bruxelas e Londres devem fazer todo o possível para chegar a um acordo", afirmou o presidente do Instituto Bertelsmann, Aart de Geus.
A poucos dias da data-limite para a saída britânica, no dia 29 de março, ainda não há definição se haverá ou não um acordo entre o Reino Unido e as demais 27 nações da UE.
A primeira-ministra britânica tenta convencer os parlamentares de seu país a aprovarem o acordo negociado por ela em Bruxelas – rejeitado duas vezes no Parlamento. Ela pediu aos líderes europeus uma extensão do prazo final até o dia 30 de junho, que será debatido na reunião de cúpula da UE nesta quinta-feira.
Segundo o estudo, cidadãos da UE perderão cerca de 40 bilhões de euros a cada ano em seus rendimentos caso a saída britânica ocorra sem um acordo. Para os britânicos, as perdas anuais neste cenário seriam de 57 bilhões de euros. Com acordo, elas caem para 32 bilhões de euros.
Os países cujas economias se baseiam em grande parte nas exportações, como a Alemanha e a França, serão os mais prejudicados pela falta de um acordo. Segundo o estudo, as perdas anuais na Alemanha serão de cerca de 10 bilhões de euros. Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB) alemão per capita deverá ser reduzido em 115 euros.
Esse cenário é agravado pela proximidade geográfica da Alemanha com o Reino Unido e pelos inúmeros laços existentes entre a principal economia e maior exportador do continente com os britânicos.
Os incentivos para novos investimentos e inovações deverão sofrer reduções, o que poderá gerar impactos negativos na produtividade dos negócios e resultar em perdas nos ganhos dos trabalhadores. Segundo o estudo, os centros industriais e de exportação da Alemanha nos estados da Baviera e de Baden-Württemberg, no sul do país, e na Renânia do Norte-Vestfália, no oeste, deverão ser os mais atingidos.
Em 2017, o Reino Unido foi um dos cinco principais destinos das exportações alemãs, comprando cerca de 85 bilhões de euros em produtos. Também a França e a Itália deverão sofrer perdas significativas de renda, que deverão chegar a 8 bilhões e 4 bilhões de euros, respectivamente.
Caso Londres consiga chegar a um acordo com os líderes europeus, o impacto sobre as economias de ambas as partes deverá ser bem menor. No evento de uma saída ordenada, as perdas na UE deverão corresponder quase à metade do prejuízo previsto no caso da falta de acordo, chegando a 22 bilhões de euros. Para a Alemanha, os danos seriam de 5 bilhões de euros, e no caso do Reino Unido, de 32 bilhões de euros.
A saída britânica, principalmente se ocorrer de forma desordenada, deverá beneficiar países como os Estados Unidos e a China. As rendas nos EUA poderão subir cerca de 13 bilhões de euros anualmente no caso de uma falta de acordo entre Londres e Bruxelas.
Neste cenário, a China ganharia em torno de 5 bilhões por ano, enquanto as rendas na Rússia poderão aumentar em 260 milhões de euros anualmente. "As cadeias europeias de agregação de valor são negativamente afetadas pelo Brexit", disse Ponattu. "Isso poderá fazer com que o comércio entre a Europa e o resto do mundo se torne mais caro e menos atraente."
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