Olá alunos,
A notícia em questão diz respeito as expectativas de crescimento das economias mundiais segundo o FMI. Destaca-se, nessa análise, o crescimento dos países emergentes, que devem, segundo as previsões, apresentar as maiores evoluções econômicas de 2019.
Esperamos que gostem e participem.
Lucas Pessôa é monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
O grande destaque de 2019 serão novamente os países emergentes e as economias em desenvolvimento. Em seus ombros estará a grande missão de manter o crescimento econômico mundial no ano. Em um momento em que os rufares da desaceleração econômica e fim de um ciclo estão cada vez mais próximos, esses países continuarão por mais um ano a ser o motor da economia mundial e, se tudo se mantiver como previsto, vão aguentar melhor o tranco do que as economias avançadas, graças, entre outras coisas, à redução dos preços do petróleo. O preço do Brent caiu 20% no ano.
A economia mundial crescerá 3,7% em 2019, segundo as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), patamar semelhante ao registrado nos últimos dois anos, embora com composição desigual. Se durante 2017 e 2018 as economias avançadas deram impulso ao crescimento mundial, passando do avanço de 2,34% em 2017 para 2,36% neste ano, elas experimentarão uma desaceleração no ano que vem, caindo para 2,13% em razão do comportamento dos Estados Unidos e da zona do euro.
Com a preocupação com a desaceleração econômica em alta, o BBVA Research alerta que aumentaram as dúvidas sobre o avanço mundial nos próximos trimestres.
Os efeitos da reforma fiscal promovida pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na economia do país estão começando a se esgotar – em 2019, seu PIB crescerá 2,5%, quatro décimos abaixo do deste ano –, o que levou o Federal Reserve a desacelerar o ritmo de aumento das taxas de juros previsto para o próximo ano.
Depois de um 2018 em que a instituição elevou o preço do dinheiro nos EUA em quatro ocasiões, para o próximo ano só prevê mais duas e reduziu a margem que leva em conta uma política monetária neutra. Já o Banco Central Europeu (BCE) reconheceu a desaceleração na economia europeia, mas mantém sua programação inalterada, pela qual pretende acabar com a política de juros superbaixos no segundo semestre de 2019.
Tudo isso poderia levar a uma ligeira depreciação do dólar frente a outras moedas, ao se esgotar o impulso que teve este ano e que tem sido o fator desencadeador do forte castigo experimentado pelas divisas de nações emergentes, como o peso argentino e a lira turca, também afetada pelo conflito político com Washington.
No BBVA Research os analistas se concentram em dois eventos que ocorrerão no início do ano: o diálogo entre Washington e Pequim para tentar deter a guerra comercial; e a consumação do Brexit. Elementos-chave para o BBVA para "reduzir a prolongada e elevada incerteza que poderia inviabilizar o esperado pouso suave da economia mundial".
O Parlamento britânico terá que decidir em 14 de janeiro se vota a favor ou contra o acordo de saída da União Europeia alcançado com os demais países do bloco. Desse voto dependerá a contenção da economia britânica e da zona do euro em maior ou menor grau. Assim, enquanto o FMI prevê que o PIB britânico aumentará nos próximos cinco anos, o Banco da Inglaterra alertou para uma possível contração de 8% dos níveis atuais até 2023.
Na zona do euro, o motor da economia alemã vai manter seu ritmo (1,9%), bem como o francês (1,6%), esperando que o efeito das mobilizações dos coletes amarelos se reduza. Malta continuará a ser o país da zona do euro com o maior crescimento (4,6%), embora reduza seu ritmo em nove décimos. Chipre (4,2%) e República Eslovaca (4,1%) melhoram dois décimos. A zona do euro como um todo crescerá 1,9%.
Xavier Hovasse, responsável por renda variável dos emergentes na Carmignac, ressalta que além do modo como a disputa comercial com os Estados Unidosserá resolvida, a China “está tentando escorar a economia com políticas anticíclicas, que certamente entrarão em vigor em 2019". Mas ele observa que "a flexibilidade do gigante asiático é cada vez menor [seu PIB se contrairá neste ano e assim continuará no próximo], já que não registra mais um superávit em conta corrente e esse financiamento de longo prazo na forma de investimento estrangeiro direto caiu drasticamente, o que prejudica a balança de pagamentos do país".
A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, já alertou em outubro que "se as atuais disputas comerciais sofrerem uma escalada, isso poderia causar um choque econômico em um número maior de economias emergentes e em desenvolvimento". Enquanto esperam para ver como se desdobram os acontecimentos, as economias emergentes que registrarão o maior aumento em seu PIB em 2019 são, segundo o FMI, o Iêmen e a Líbia, que crescerão mais de 10%. No primeiro caso, as estimativas do órgão internacional colidem com a realidade de um dos países mais pobres do mundo árabe, também imerso em uma crise humanitária que afeta 19 milhões de pessoas. A Líbia, por sua vez, ainda passa por instabilidade sete anos após a morte do ditador Muammar Gaddafi.
Entre as grandes economias emergentes – os BRICS, no jargão do mercado– , a Índia continuará em expansão pelo terceiro ano consecutivo: seu PIB crescerá mais, 7,4%, enquanto o Brasil verá sua economia avançar, segundo estimativas, 2,37%, pelas políticas do próximo presidente, Jair Bolsonaro. A expansão da economia da África do Sul dobrará e a da Rússia aumentará ligeiramente.
Do milagre islandês à extrema volatilidade de Macau
Em 2016, o PIB da Islândia cresceu 7,35% e o país se tornou o de crescimento mais rápido entre todas as economias avançadas. Uma posição que ocupou apenas oito anos depois da eclosão de uma crise econômica que arrastou os três principais bancos comerciais e fez com que sua economia se contraísse 6,8% em 2009, esmagada pelo setor financeiro e a grave situação em que o país mergulhou. A Islândia registrará em 2019 um nada desprezível crescimento de 2,9% do seu PIB – soma sete anos consecutivos com a economia se expandindo acima de 2% ao ano – e situará sua taxa de desemprego em 3,3%, longe do 7,6% alcançados em 2010.
A evolução da economia de Macau nos últimos dez anos bem merece ser comparada a uma montanha russa. Esta região administrativa chinesa, conhecida por ser o centro nervoso do jogo na Ásia e na China – é a única área do país onde os cassinos são legais –, cresceu em 2008, o primeiro ano da crise financeira, 3,4%, que se reduziu a menos de metade no ano seguinte. Seu PIB se expandiu 25,3% em 2010 e chegou a se contrair 21,6% cinco anos depois. Seus pouco mais de 28 quilômetros quadrados de extensão abrigam uma das regiões com maior renda per capita no mundo, segundo estimativas do FMI.
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