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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Economia da América Latina perde força num contexto de “incerteza e volatilidade” global.


Olá alunos, 

A notícia de hoje fala sobre a o chamado "modelo de exportação" e como a economia enfraquecida da América Latina evidencia dados pessimistas quanto ao crescimento econômico.

Agradecemos a notícia sugerida pelos alunos: Camila Guimarães Pio de Oliveira, Hyago da Cunha Nunes Fernandes, Jansen Alves Raimundo, Luccas Neves Bastos Costa Silva, e Pedro Henrique da Silva Brum. 


Esperamos que gostem e participem. 
Nathalia Marques e Lucas Pessoa são monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


América Latina e o Caribe continuarão crescendo em 2018, mas a um ritmo notavelmente inferior ao previsto antes. A economia da região se expandirá 1,5%, sete décimos a menos do que era esperado até agora pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mas três décimos a mais que em 2017, segundo o relatório anual apresentado nesta quinta-feira, 23, na Cidade do México. “Como o resto dos organismos internacionais, fomos muito otimistas”, reconhece a chefe do órgão das Nações Unidas para o desenvolvimento econômico do subcontinente latino-americano, Alicia Bárcena. O ano, porém, acabou marcado pela “alta incerteza e volatilidade” sobre a economia global e, muito especialmente, sobre o bloco emergente.
Em uma região jovem, que parte de baixos níveis de renda per capita, o aumento do consumo interno conseguirá evitar em 2018 boa parte do dano que já foi infligindo pela falta de certeza no terreno comercial, por causa dos atuais rumos protecionistas dos EUA, da valorização do dólar em relação às principais moedas latino-americanas e da firme decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA) de continuar com as altas das taxas de juros, independentemente do que diga o presidente Donald Trump. O desemprego, por sua vez, continuará ligeiramente em baixa durante o atual ano, embora a taxa urbana deva permanecer acima de 9%, um nível elevado para economias emergentes.
Como em anos anteriores, o crescimento continua descompassado entre as diferentes sub-regiões da América Latina. A área composta por América Central e México continuará liderando amplamente a tabela, com uma expansão média de 2,5% prevista para 2018 e com 3 dos 10 países mais dinâmicos da região. As ilhas do Caribe, por outro lado, crescerão a uma taxa média de 1,7%, e a América do Sul ficará aquém da média regional, com um incremento de apenas 1,2% no seu PIB, atrapalhado fundamentalmente pelos problemas da Venezuela, Argentina e Brasil.
Em entrevista ao EL PAÍS, a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, admite sua “preocupação” por uma divergência inter-regional que ameaça se tornar crônica. “Isso tem a ver com os preços das matérias-primas: se subirem, como agora, a América do Sul deveria ir melhor, e a América Central, pior. Mas o que muda tudo são os problemas de Argentina e Brasil. O primeiro é de visão de país e de consenso da Argentina, e o segundo está numa situação muito complexa, à qual se soma a incerteza política pelas eleições de outubro”.

Os três lastros da América do Sul

As diferenças de rumo não só são apenas regionais, mas também sub-regionais. A América do Sul é a melhor prova disso: embora a maior parte dos países que a integram avancem num bom ritmo, a média se vê afetada pelo mau desempenho de três grandes economias. O principal lastro é, como nos cinco últimos exercícios, a Venezuela, um país mergulhado numa grave crise econômica e institucional, onde a recessão se tornou regra. A Cepal prevê que seu PIB encolherá mais 12% neste ano, apesar da alta do preço do petróleo, o grande ativo do país. Desde 2013, a economia venezuelana retrocedeu 43%.
“Além da hiperinflação, o problema da Venezuela é que sua dívida é cada vez menos sustentável: mais escassa e mais cara. E a produção de petróleo, que se destina ao pagamento da dívida, está em baixa. É um panorama lúgubre”, salienta Bárcena. “Algumas das medidas anunciadas nos últimos dias, como a normalização do preço da gasolina, vão na direção correta. Mas são tímidas e tardias”, acrescenta Daniel Titelman, chefe da divisão de Desenvolvimento Econômico do organismo, com sede em Santiago.
O segundo maior lastro sul-americano é a Argentina, que não conseguiu superar a tormenta cambial iniciada no fim de abril, a qual provocou uma rápida desvalorização do peso (de 65%) frente ao dólar. Pela primeira vez, um organismo internacional estima que o país austral fechará 2018 no vermelho, com uma queda de 0,3%. A tendência de alta dos juros nos Estados Unidos, que acelerou a retirada de recursos dos países emergentes, castigou com especial virulência a Argentina, muito necessitada de crédito para ajudar seu déficit público. O Governo de Mauricio Macri selou em junho um acordo para receber um resgate de 50 bilhões de dólares do FMI, o que garantiria recursos até o fim do seu mandato, em 2019. Mas o respaldo financeiro não foi suficiente para frear a sangria.
O Brasil, por sua vez, foi sacudido pela greve de caminhoneiros que paralisou o país em maio. “Afetou muitíssimo, mais do que poderíamos prever”, destaca um técnico da Cepal. Entretanto, o gigante sul-americano se afasta da recessão: segundo suas projeções, crescerá 1,6%. No extremo oposto, com um crescimento previsto de 4,4%, o Paraguai se mantém como a economia mais dinâmica da América do Sul, seguido pela Bolívia (4,3%) e Chile (3,9%). Este último recupera velocidade neste ano e cresce ao ritmo mais rápido da última meia década, respaldado pelo aumento das exportações de cobre e também pelo consumo interno.
Na América Central e Caribe, a tendência é notavelmente melhor que no sul. O México, o grande expoente da área, fechará 2018 com uma expansão de 2,2%. Como vem sendo habitual nos últimos tempos, essa taxa fica bastante abaixo do que caberia esperar para um país com estrutura para crescer muito mais, porém é a quarta mais alta entre as principais nações latino-americanas. Só a superam o Chile (3,9%), Peru (3,6%) e Colômbia (2,7%), todas elas impulsionadas pelo encarecimento das matérias-primas, das quais dependem boa parte de seu crescimento. Além disso, um país caribenho – a República Dominicana – e outro do istmo centro-americano –o Panamá – liderarão em 2018 o crescimento latino-americano, com expansões de respectivamente 5,4% e 5,2%. Algumas economias menores, como Costa Rica, Honduras, Antígua e Barbuda e Granada, também despontam entre as 10 mais dinâmicas. A América Latina cresce, sim, mas pouco e a muitas velocidades distintas.

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