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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Vice-chanceler russo confirma aliança dos BRICS para combater dólar

Olá Alunos,

A notícia de hoje ressalta a preocupação dos BRICS em enfraquecer a posição dominante dos EUA no mundo comercial. 

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

Precisamos encontrar métodos para mobilizar a comunidade internacional e torná-la mais resistente a essa tendência", disse o vice-ministro, referindo-se aos abusos de Washington sobre a posição privilegiada do dólar como moeda de reserva.
O vice-ministro disse que muitas nações, incluindo a própria Rússia, já foram sentidos os efeitos deste abuso e foi enfatizada a conclusão de que "é necessário diversificar as moedas de reserva mundiais, expandir o comércio em outras moedas, adotar esquemas que se esquivam dos bancos americanos".De acordo com Ryabkov, a situação atual é o resultado da "negligência por parte do resto da comunidade internacional", que não previa a possibilidade de que as elites políticas dos EUA começassem a abusar dessa posição em detrimento de outros países.
Ao mesmo tempo, Ryabkov observou que "é impossível ignorar o status dos EUA como superpotência, também no campo das finanças, de modo que esforços comuns são necessários para mudar a situação". De acordo com o diplomata, os BRICS são uma das ferramentas para conseguir isso.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Roupas de refugiados sendo queimadas mostram ao mundo um Brasil sem governo.



Olá Alunos,

A notícia de hoje revela a crise humanitária representada pelo terror da perseguição aos refugiados em território brasileiro, evidenciando ao resto do mundo, uma face do Brasil, até então desconhecida e acobertada pelos clichês. 

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

Parte da responsabilidade pelas turbas enfurecidas de brasileiros que perseguiram refugiados com paus e pedras, derrubaram suas tendas e queimaram seus pertences, neste sábado (18), em Pacaraima (RR),em resposta ao assalto e agressão a um comerciante local, deve entrar na conta de políticos, comunicadores e figuras públicas que vêm elevando o tom contra os venezuelanos que fogem da catástrofe social sob o governo Nicolás Maduro.
O discurso xenófobo acaba por incendiar um ambiente propício ao fogo. Pois outra parte da responsabilidade, a que que esparramou gasolina, deve-se ao poder público devido à sua ação insuficiente – que não têm garantido atendimento emergencial para instalar alojamentos, prover alimentação, ampliar os serviços de saúde e intermediar emprego à altura do desafio.
O acolhimento humanitário de refugiados é previsto em tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Demandas por ignorar isso enquanto vizinhos, como a Colômbia, recebem um fluxo dez vezes maior, vem do mesmo caldo ignorante que produz pérolas como a sugestão do país deixar a ONU – coisa que nos transformaria em um pária entre as nações.
Ainda mais que a maior parte desses refugiados está apenas de passagem. Dados divulgados pelo governo federal apontam que 69 mil dos 127,8 mil que cruzaram essa fronteira entre 2017 e junho de 2018 já deixaram o país.
O problema não é a fronteira (que o Ministério das Relações Exteriores e o Supremo Tribunal Federal vêm, de forma correta, mantendo aberta apesar da estapafúrdia pressão pelo contrário), mas a falta de planejamento e de execução de políticas por parte do governo federal. E diante disso, mercadores do caos aproveitam-se da situação, seja em Roraima, Brasília, São Paulo, onde for, para jogar a população local contra os que vêm de fora.
O fato de estarmos em período eleitoral, apenas piora o quadro. Há candidatos aos mais diferentes cargos que usam o preconceito ao estrangeiro como plataforma eleitoral.
O surto de violência em Pacaraima começou após um grupo de venezuelanos assaltar e espancar um comerciante, que foi hospitalizado. A solução para o ocorrido – que passaria por prender os envolvidos e levá-los a julgamento, como acontece em milhares de outros casos envolvendo brasileiros que assaltam e ferem brasileiros diariamente no país – acabou sendo um ataque contra os ''invasores'', após um protesto pacífico descambar para a perseguição aos refugiados. Venezuelanos foram empurrados de volta à fronteira e, segundo relato de Patrícia Campos Mello e Avener Prado, que estão no local pela Folha de S.Paulo, passaram a quebrar carros de brasileiros, em retaliação.
Não se pode culpar uma comunidade pobre pela presença de alguns ladrões da mesma forma que não se pode culpar um bairro rico pela presença de alguns ladrões. Por que, então, centenas de refugiados deveriam ser agredidos pela ação de alguns ladrões? Diante do ressentimento acumulado e da percepção de inação do Estado, a resposta escolhida foi a barbárie.
Há impactos claros de sobrecarga nos serviços públicos de áreas de entrada, que deveriam ter uma resposta mais rápida do governo federal. A demora para que isso aconteça apenas joga mais combustível.
Mas preocupa a crescente quantidade dos que acreditam que os estrangeiros pobres roubam empregos e pioram a crise influenciados por lideranças e por informações espalhadas pelas redes e aplicativos de mensagens de forma irresponsável. Muitos caem no conto da notícia falsa que diz que o Brasil vai gastar bilhões com Bolsa Família para refugiados, tirando da boca dos nativos, quando a entrada deles é proporcionalmente pequena para causar esse estrago. 
Os ataques xenófobos a venezuelanos reportados somam-se à violência contra bolivianos e haitianos nos últimos anos e aos pedidos de devolução de refugiados sírios lidos nas redes sociais. O problema não é com os migrantes ricos e brancos, mas com os refugiados e migrantes pobres. A verdade é que muita gente nas grandes cidades, quando questionada, não sabe de onde vem o incômodo que sente ao constatar centenas de venezuelanos, haitianos ou bolivianos andando nas ruas. Mas se fossem loiros escandinavos ricos pedindo estada, a história seria diferente.
Como já disse aqui uma vez e repito: o problema do Brasil não são fronteiras abertas para refugiados venezuelanos, haitianos, sírios. Nosso problema são a elite política e o poder econômico, que continuam mandando no país. Alguns deixam de agir para mitigar o problema. Outros jogam os pobres que aqui já estavam contra os pobres que chegam agora.
Em tempo: enquanto não houver uma articulação regional consistente para construir uma saída dialogada à grave crise na Venezuela, articulação que não passe por devaneios militares, não haverá solução definitiva para a questão dos refugiados.

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Elevador social está parado em países ricos e pobres, segundo a OCDE

Olá Alunos,

A notícia que trazemos hoje tem como objeto a questão relativa à dificuldade de ascensão e transposição da pobreza para a classe média ao redor do mundo, sendo essa uma realidade tanto em países ricos, quanto mais pobres.  

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


O "elevador social" está estagnado em vários países industrializados. Nas nações da OCDE, é necessário em média cinco gerações para um descendente de uma família pobre alcançar o padrão de vida médio em seu país, segundo um estudo divulgado pela organização. O problema envolve tanto a França quanto o Brasil. "Não há mais mobilidade social nos países da OCDE: renda, profissão e nível educacional são transmitidos de uma geração para outra", resume Gabriela Ramos, assessora especial da OCDE, ao apresentar o relatório. "Em média, nos países da OCDE, serão necessárias ao menos cinco gerações para que uma criança de uma família na parte inferior da escala de renda suba até a metade dela".
A situação é ainda pior em alguns países latino-americanos, como no Brasil, onde demoraria nove gerações, e na Colômbia, onde o número passa para onze. No Chile, assim como países como França ou Alemanha, a situação também não é melhor. Para esses países, são necessárias seis gerações para os descendentes de uma família na parte inferior da escala de renda (os 10% mais baixos) subirem para um nível médio de renda. O equivalente a "180 anos", apontou Ramos. 
Perspectivas melhores em países nórdicos 
Em compensação, na Dinamarca e em outros países nórdicos como Noruega, Finlândia ou Suécia, duas ou três gerações são suficientes para mudar a tendência. A Espanha é um dos países com maior mobilidade entre gerações em termos de renda. São necessárias quatro gerações para que um descendente de uma família com poucos recursos alcance um padrão de vida médio.
No elevador social, há menos mobilidade no topo e na parte inferior. Em média, em 16 dos 24 países da OCDE, apenas 17% das crianças de origem modesta conseguem chegar ao topo em termos de renda quando atingem a idade adulta, enquanto 42% das crianças de famílias ricas se mantém numa situação estável. "A falta de mobilidade social não é uma fatalidade, podemos melhorar. Com políticas mais avançadas podemos reforçar a igualdade de oportunidades", conclui Ramos.
(Com informações da AFP)

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Papel(ão) dos Brasil nos BRICS.


Olá Alunos,

A notícia que trazemos hoje versa a respeito do atual papel do Brasil no BRICS e a problemática a cerca de recentes eventos e um contexto conturbado nos últimos nos governos brasileiros.

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

A recém-realizada cúpula dos líderes dos BRICS, na África do Sul, marca dez anos de existência do grupo. O processo começou em 2008, por iniciativa da Rússia, que procurou Brasil, China e Índia – a África do Sul só se juntaria ao grupo mais tarde – para propor atuação conjunta. No FMI, onde eu era o diretor executivo pelo Brasil, as cadeiras do Brasil, Rússia, Índia e China começaram a coordenar-se sistematicamente em diversos temas. O mesmo aconteceu no âmbito do G-20 e das capitais.
Os ministros das Finanças e presidentes do Banco Central passaram a se reunir regularmente. Os líderes – os presidentes e, no caso da Índia, o primeiro-ministro – passaram a realizar cúpulas anuais, a primeira na Rússia, em 2009. Desde 2011, por inciativa brasileira, eles vêm-se encontrando, também, à margem das cúpulas do G-20. Assim, desde aquele ano, os líderes dos cinco países reúnem-se duas vezes por ano – e todos os cinco comparecem sempre.
Até 2017, participei da maioria dessas reuniões, no âmbito do FMI, do G-20 e do próprio processo BRICS, e posso dar testemunho da importância que os BRICS adquiriram. Logo foram percebidos como contraponto ao G-7, o grupo dos principais países desenvolvidos. Com a aguda crise econômica que atingiu os EUA e a Europa em 2008, os BRICs (ainda sem a África do Sul) foram rapidamente reconhecidos como instância de interlocução pelos demais países. O secretário do Tesouro dos EUA, Tim Geithner, chegou a pedir, em duas ocasiões, para participar das reuniões ministeriais dos BRICS. Fato insólito, que reflete a fragilidade dos EUA na fase mais aguda da crise de 2008-2009.
Qual foi o papel do Brasil nos BRICS? Não pense, leitor, que vou puxar a brasa para a nossa sardinha. Posso dizer, tranquilamente, que o Brasil foi o motor dos BRICS. Dos cinco países o nosso era o que mostrava ter mais iniciativa e capacidade de formulação. Isso culminou na cúpula dos BRICS de Fortaleza, em 2014, que foi, no meu entender, a mais importante das dez cúpulas realizadas até agora. Na ocasião, foram assinados os acordos de que levaram à criação do fundo monetário dos BRICS, chamado de Arranjo Contingente de Reservas, e o banco dos BRICS, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD). Com o estabelecimento de mecanismos de financiamento, a cooperação entre os BRICS alcançou novo patamar. Não teríamos chegado a esse ponto sem a atuação do Brasil, particularmente dos ministérios da Fazenda e das Relações Exteriores.
 As condições mudam a partir de 2015. O governo Dilma mergulha na crise que levaria ao impeachment e o Brasil perde capacidade de atuar. Com o governo Temer, o problema se agrava. O Brasil continua presente nos BRICS, mas já não tem o mesmo peso e nem exerce a mesma influência.
A atuação do governo Temer nos BRICS, como em quase tudo mais, tem sido marcada pela mediocridade. Permita-me, leitor, contar um episódio revelador. Aconteceu na cúpula de 2017, que foi em Xiamen, na China. Eu ainda era vice-presidente do NBD e estava lá. Na véspera da cúpula, os presidentes Temer e Zuma, que já haviam chegado a Xiamen, foram convidados pelo presidente Xi Jinping para um evento com empresários.
Eis o que presenciei. Toca uma música solene e os presidentes adentram o recinto. O presidente chinês na frente e o brasileiro e sul-africano atrás, como dois vassalos. Xi Jinping fala primeiro, por cerca de 40 minutos, e em seguida o protocolo anuncia que ele não poderá ficar para ouvir os discursos dos outros presidentes. Para completar a cena humilhante, volta a ressoar a música solene, e Xi Jinping se retira, seguido novamente pelos outros dois presidentes! Foi um papelão.
No período 2015-2018, aconteceu um eclipse do Brasil. E um Brasil ativo faz falta. Percebe-se certa perda de dinamismo e qualidade dos BRICS. O NBD, principal realização do grupo, tem pouco a mostrar nos seus três primeiros anos. A China está cada vez mais atuante, mas ela tem agenda estreita e “self-serving”, como observou graduado diplomata com quem conversei semana passada em Brasília.
Tudo isso pode mudar, a depender das eleições brasileiras. O novo governo brasileiro exercerá a presidência de turno dos BRICS em 2019. E indicará o novo presidente do NBD em 2020. O Brasil terá a oportunidade de destravar o banco e revigorar o processo BRICS.

EUA se retiram do Conselho de Direitos Humanos da ONU


Olá Alunos,

A notícia que trazemos hoje tem como tema a recente saída dos Estados Unidos do Conselho de Direitos Humanos da ONU, bem como as consequências nas relações políticas mundiais. 

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira 19 que estão deixando o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, mencionando como uma das principais razões um "preconceito crônico contra Israel" por parte do órgão internacional.
A decisão foi anunciada pela embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, em coletiva de imprensa em Washington. "Por muito tempo o Conselho de Direitos Humanos tem sido um protetor de agressores dos direitos humanos e uma fossa de preconceito político", acusou a diplomata.
"Os regimes mais desumanos do mundo continuam escapando do escrutínio", acrescentou Haley, afirmando que os EUA "continuarão liderando os direitos humanos fora desse conselho erroneamente batizado. Se ele for reformado, ficaremos felizes em retornar", disse. "Damos este passo porque nosso comprometimento não nos permite continuar fazendo parte de uma organização hipócrita, autocentrada, que faz gozação dos direitos humanos."
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a decisão dizendo que "teria preferido muito" que os Estados Unidos permanecessem no Conselho. "A arquitetura de direitos humanos da ONU tem um papel muito importante na promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo".
A diplomacia norte-americana já não escondia suas diferenças com o Conselho, ao qual Washington acusava de ter se mobilizado por sentimentos contrários a Israel e pela presença de países que o governo considera que não devem ter um assento.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU foi criado em 2006 para substituir a Comissão de Direitos Humanos e é formado por 47 países-membros escolhidos por maioria absoluta na Assembleia Geral da ONU.
Em junho de 2017, Haley já tinha exigido uma reforma do Conselho, e este ano Washington impulsionou um projeto de resolução que contemplava mudanças profundas neste grupo.
Entre as propostas americanas destacam-se um dispositivo para que países acusados de cometer violações dos direitos humanos possam ser excluídos do Conselho por maioria simples na Assembleia e não por voto de dois terços.
Exigia também que a questão dos "direitos humanos na Palestina" não fosse incluída na agenda de forma sistemática.
Sobre Israel, nação que os EUA defendem há tempos dentro das Nações Unidas, ela afirmou que "o foco desproporcional e a hostilidade interminável contra o país são uma prova clara de que o conselho é motivado por viés político, não por direitos humanos".
Além disso, Haley reconheceu que Washington falhou em convencer outras nações a apoiarem publicamente as propostas americanas a favor de uma reforma no órgão, além de atacar China, Cuba, Egito e Rússia por terem frustrado os esforços dos EUA nesse sentido.
A diplomata também lançou críticas contra alguns países que, apesar de compartilharem os mesmos valores de Washington e terem tentado convencer o país a permanecer no conselho, se recusaram "a desafiar seriamente o status quo". "Nenhum país teve a coragem de se juntar à nossa luta."
Haley, contudo, deixou claro que a saída dos EUA do órgão não significa "um recuo" nos compromissos do país com os direitos humanos. "Continuaremos liderando essa luta fora desse conselho que não é digno de seu nome", destacou, acrescentou que, se a entidade finalmente passar por reformas, como exige Washington, o país "ficará feliz em retornar".
Entre as reformas que os EUA vêm defendendo está garantir que nações que violam os direitos humanos não sejam eleitas para o órgão, bem como tornar mais fácil a expulsão de um Estado-membro que infrinja as normas. Atualmente, é necessário que ao menos dois terços dos 193 membros da Assembleia Geral da ONU aprovem a suspensão de um integrante.
Em declarações semelhantes, o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que "não há dúvidas de que a criação do órgão foi com boa fé, mas precisamos ser honestos: o Conselho de Direitos Humanos da ONU é um pobre defensor dos direitos humanos".
Reações
A decisão americana provocou reações de indignação nesta terça-feira por parte da comunidade internacional e de ativistas de direitos humanos, bem como de políticos americanos.
Em mensagem no Twitter, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, descreveu a notícia como "decepcionante, se não realmente surpreendente". "Dada a situação dos direitos humanos no mundo de hoje, os EUA deveriam estar intensificando [os esforços], e não recuando", escreveu.
O presidente do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o esloveno Vojislav Suc, por sua vez, alertou que o "multilateralismo e os direitos humanos estão sendo hoje diariamente desafiados", e o órgão funciona como um espaço único para discutir situações extremas e resolver problemas.
"As ações [do conselho] levam a resultados significativos para as incontestáveis vítimas de direitos humanos em todo o mundo", acrescentou o diplomata.
Em comunicado, um grupo de 12 organizações de direitos humanos, entre elas a Save The Children e a Human Rights First, declarou que a decisão "é prejudicial para a segurança nacional americana e para os interesses da política externa, além de dificultar o avanço das prioridades relativas aos direitos humanos e a ajuda às vítimas de abuso em todo o mundo".
Já o senador americano Chris Coons, do Partido Democrata, afirmou que o "erro grave" cometido por Washington ameaça enfraquecer a liderança americana no cenário global.
"O Conselho de Direitos Humanos da ONU não é perfeito, mas retirar os Estados Unidos desse importante órgão envia a mensagem clara de que o governo Trump não pretender liderar o mundo quando se trata de direitos humanos", declarou.
A decisão, contudo, foi comemorada por entidades israelenses e grupos que defendem os direitos judaicos. Ao saudar a saída americana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que seu país é "a única democracia genuína no Oriente Médio".

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Ascensão e queda da América do Sul.


Olá Alunos,

A notícia que trazemos hoje versa a respeito do atual cenário da América Latina, focando nos deslizes contemporâneos e no seu período de queda - no contexto que desencadeou essa desconstrução. 

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


No último dia 20 de abril, Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Paraguai anunciaram a suspensão, por tempo indeterminado, de sua participação na União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

O grupo alega que a organização não está funcionando adequadamente e que a polarização política tem atuado como impeditivo para a obtenção de uma posição consensuada sobre o nome do próximo secretário-geral do bloco. A vacância do cargo perdura desde o fim da gestão do colombiano Ernesto Samper, em 31 de dezembro de 2017.

Ainda que essa interrupção não signifique o fim imediato da Unasul, a decisão tomada pela metade mais rica dos países-membros coloca um grande obstáculo à sua sobrevivência, além de significar um retrocesso sem precedentes no projeto de construção da América do Sul como espaço privilegiado da diplomacia brasileira.


Da América Latina à América do Sul

A ideia de América do Sul e a restrição geográfica do conceito de vizinhança remontam à chancelaria do Barão do Rio Branco. Contudo, sua instrumentação institucional – resultando em iniciativas concretas de cooperação e integração – precisou esperar até a década de 1990. Nesse contexto, é comum reconhecer o papel fundamental do eixo Brasília-Buenos Aires, que, ao superar antigas rivalidades, possibilitou a assinatura do Tratado de Assunção (1991), dando vida ao Mercosul.

A conjuntura interamericana também contribuiu para que a América do Sul ganhasse contornos de apelo identitário, ultrapassando a condição de mera expressão geográfica. Sua “concorrente” latino-americana, que havia ganho relevo a partir da criação da Cepal e da Alalc – em 1948 e 1960, respectivamente –, perdeu operacionalidade nos anos 1990. Primeiro, porque se reconheceu que as ousadas propostas de integração regional de coloração latino-americana não conseguiram decolar. Segundo, por causa da “deserção” do México, uma vez que o país latino-americano mais importante fora da América do Sul concluiu as negociações para ingressar no Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).

O reconhecimento do compartilhamento de uma mesma matriz cultural-idiomática e a alteridade em relação aos Estados Unidos, que atuavam como fatores de sustentação da identidade latino-americana, perderam a relevância que tinham no passado. Buscou-se, a partir de então, priorizar projetos mais pragmáticos, que atentassem para o subcontinente sul-americano, ainda que isso significasse incluir dois países de herança não latina: a Guiana e o Suriname.


O nascimento da América do Sul

O papel do Brasil foi fundamental no processo de ressignificação da região. Do governo de João Figueiredo em diante, todos os presidentes brasileiros encaminharam algum projeto voltado para o subcontinente. Contudo, a América do Sul stricto sensu somente figurou na retórica oficial a partir do lançamento da proposta da Área de Livre Comércio Sul-Americana (Alcsa), de Itamar Franco. Mesmo sem lograr êxito, a Alcsa revelou uma mudança de posicionamento do governo brasileiro, que passou a visualizar na América do Sul um espaço privilegiado para a diplomacia.

Os governos seguintes deram continuidade à construção política da região. A iniciativa de Fernando Henrique Cardoso de convocar a I Reunião de Presidentes da América do Sul, em 2000, simbolizou uma mudança de paradigma nas relações interamericanas. Até aquele momento, as reuniões de cúpula assumiam um perfil ora latino-americano, ora pan-americano.

Publicado após o encerramento do encontro, o Comunicado de Brasília expressou os principais temas debatidos na reunião e indicou algumas propostas para o futuro, enfatizando a importância dos direitos humanos, da democracia, da paz regional e do aprimoramento da infraestrutura regional. É importante destacar que aquele foi o primeiro documento oficial a citar a identidade supranacional sul-americana, definida como variável passível de contribuir “para o fortalecimento de outros organismos, mecanismos ou processos regionais, com abrangência geográfica mais ampla, de que fazem parte países da América do Sul”.

Paralelamente, lançou-se a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa), de modo que as fronteiras deixassem de “constituir um elemento de isolamento e separação para tornar-se um elo para a circulação de bens e pessoas, conformando-se assim um espaço privilegiado de cooperação”.

Com alguma licença poética, pode-se afirmar que a América do Sul nasceu no ano 2000.


Em 1º de janeiro de 2003, durante a sessão de posse no Congresso Nacional, Lula anunciou que a política externa de seu governo seria orientada para “a construção de uma América do Sul politicamente estável, próspera e unida, com base em ideais democráticos e de justiça social”. O presidente também se comprometeu a fazer “florescer uma verdadeira identidade do Mercosul e da América do Sul”.

No ano seguinte, a III Reunião de Presidentes da América do Sul resultou na Declaração de Cuzco e na fundação da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa), com o objetivo de integrar o subcontinente nos âmbitos “político, social, econômico, ambiental e de infraestrutura”, tendo em vista fortalecer “a identidade própria da América do Sul”.

Em 2007, a Casa se tornou a Unasul. Em 2008, os doze chefes de Estado assinaram seu Tratado Constitutivo. Menos de quatro meses depois, a Unasul passou por seu primeiro grande teste. A Bolívia vivia uma crise separatista motivada por grupos radicais de oposição ao governo. Por meio de uma comissão ad hoc, a Unasul colaborou para isolar politicamente os manifestantes separatistas e garantir a unidade do Estado boliviano.

Em 2010, a Unasul foi igualmente importante ao buscar uma solução negociada para as tensões entre a Venezuela de Hugo Chávez e a Colômbia de Álvaro Uribe. Os dois países haviam rompido relações diplomáticas em julho, preocupando a vizinhança com a possibilidade de uma escalada das hostilidades. Após reatarem as relações, Chávez e Juan Manuel Santos – que havia tomado posse no dia 7 de agosto daquele ano– destacaram a importância da Unasul como canal privilegiado para a solução de conflitos.

Em setembro do mesmo ano, houve uma ameaça de ruptura da ordem constitucional no Equador. Policiais e militares organizaram um grande protesto contra medidas de austeridade de Rafael Correa. Pairava um clima de tensão e incerteza em várias cidades do país. O aeroporto da capital e o prédio do Congresso chegaram a ser tomados por militares, acarretando a suspensão das atividades do Legislativo. Ao discursar no principal quartel do Exército, em Quito, Correa foi insultado e atacado com bombas de gás lacrimogêneo, precisando ser hospitalizado.

Diante desse cenário preocupante, a reação da Unasul foi mais célere e dinâmica do que a de outras organizações regionais, condenando com veemência as manifestações violentas e ameaçando isolar o país em caso de golpe. Convém destacar que a posição favorável a Correa ultrapassou as preferências políticas de cada mandatário e, por sugestão do presidente conservador chileno, Sebastián Piñera, incorporou-se um Protocolo Adicional ao Tratado Constitutivo da Unasul, de modo a desencorajar casos semelhantes de tentativa de violação da ordem democrática.

Ancorada nesse protocolo, a Unasul suspendeu o Paraguai do bloco após concluir que o processo de impeachment sofrido pelo presidente Fernando Lugo, em junho de 2012, estava permeado de irregularidades, configurando um golpe parlamentar. A decisão do julgamento já se encontrava pronta antes mesmo da apresentação da defesa, que nem sequer pôde solicitar a dilação probatória. Carecendo de concretude, as acusações de “mau desempenho” de suas funções foram de caráter preponderantemente ideológico, e não de juízo de ilicitude na conduta. O Paraguai regressou à Unasul somente um ano depois, após realizar novas eleições.

Com base nos exemplos supracitados, conclui-se que a Unasul operou como um canal de diálogo capaz de assegurar a normalidade institucional dos países-membros e solucionar controvérsias, garantindo a paz regional a despeito da contribuição ou não de terceiros países e de organizações exógenas.

Paralelamente, o bloco contribuía para desenvolver um sentimento de parceria e de destino comum entre seus membros. É particularmente interessante observar os esforços para cultivar a convergência mesmo havendo muitas discordâncias ideológicas entre os governos da região. Nesse sentido, o empenho brasileiro foi determinante para evitar que a Unasul reproduzisse os equívocos e as limitações da Alba, cuja identidade apelava abertamente ao socialismo e ao antiamericanismo.

Em 2010, a América do Sul poderia ser dividida em três grandes famílias políticas: esquerda bolivariana (Bolívia, Equador, Paraguai e Venezuela), centro-esquerda (Argentina, Brasil e Uruguai) e direita (Chile, Colômbia e Peru). Contudo, a busca por soluções concertadas e a capacidade de diálogo eram valores que estavam acima das diferenças, possibilitando sanar problemas regionais.


O desmonte da América do Sul

É um erro muito grave associar a Unasul às esquerdas ou ao antiamericanismo. Primeiro, porque a Unasul é derivada da I Reunião de 2000, quando praticamente todos os países da região eram governados por presidentes de direita ou de centro-direita. Segundo, porque a Unasul sempre se posicionou de maneira suprapartidária, com abertura ao diálogo entre diferentes grupamentos ideológicos; além de defender de forma irrestrita o estado de direito e o pluralismo, conforme se pode verificar ao longo de seu Tratado Constitutivo e no texto do protocolo sobre o compromisso com a democracia.

A “desideologização” da política externa brasileira foi uma das bandeiras levantadas pelo PSDB na disputa presidencial de 2006. Dez anos depois, ao assumir a chancelaria no governo de Michel Temer, o tucano José Serra reproduziu o mesmo mote. Agora, sob a gestão de seu correligionário Aloysio Nunes, a Unasul se tornou a mais nova vítima da “diplomacia do G-Nada” de Temer.

Ainda que esse ataque à instituição não signifique seu fim, ele não deixa de ser um indicativo de que existem motivações claramente políticas por trás da posição tomada pelos seis países. Todos governados por coalizões de direita, diga-se de passagem.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Seis meses depois, um balanço da reforma trabalhista


Olá Alunos,

A notícia de hoje tem como tema as consequências da reforma trabalhista em diversos setores e a precarização do trabalho inerente  a tais consequências. 

Esperamos que gostem e participem,
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


reforma trabalhista (Lei 13.467/2017) acaba de completar seis meses de vigência. Seus primeiros efeitos, contudo, são de difícil mensuração, em especial por duas razões:
1.“Segurança jurídica”. À época da tramitação da reforma no Congresso Nacional, argumentava-se que ela traria maior segurança jurídica para os empregadores, o que equivaleria a dizer menor segurança jurídica aos empregados. No entanto, a reforma contém inconsistências do ponto de vista jurídico. Aponta-se para a inconstitucionalidade de diversos artigos nela contidos, como, por exemplo, o desrespeito ao salário mínimo por meio da contratação de autônomos e intermitentes.
Ademais, houve, no meio do caminho, o percalço da MP 808/2017, emitida em 15 de novembro de 2017, que alterou diversos pontos da reforma até 23 de abril. Sem ser aprovada pelo Congresso Nacional, contudo, a MP findou seu período de vigência e caducou. Isso implica retorno ao texto anterior. Por essa razão, as empresas foram mais cautelosas na aplicação da reforma.
2. Limitações estatísticas.  Do ponto de vista estatístico, a reforma cria novos empecilhos, pois: i) possibilita a formalização de contratos anteriormente considerados fraudulentos, como os de terceirização de atividades-fim, intermitente e autônomo com exclusividade e ii) traz problemas para a mensuração da desocupação, afinal, um intermitente que não é convocado a realizar serviços por mais de um ano, em tese, possui vínculo ativo de emprego, embora não esteja efetivamente empregado. Além das novas formas, o país conta há um bom tempo com diversas formas burladas de terceirização, sob contratos de falsas cooperativas, contratos de natureza civil etc.
Estas formas existem para dificultar a caracterização da terceirização, sobretudo quando atinge as atividades-fim ou essenciais da tomadora, dada sua ilegalidade de acordo com normas anteriores à reforma (Súmula 331 do TST).
Com a autorização da terceirização irrestrita, serão estes contratos reconhecidos como terceirização? Se sim, como será realizada a mensuração? Então, além de manifesta necessidade de revisão de conceitos fundamentais às estatísticas do trabalho, como desocupação e informalidadea reforma trabalhista entra em vigor em um período de profunda crise econômica e persistente piora nos indicadores do mercado de trabalho, o que dificulta a distinção entre fenômenos associados aos reflexos da reforma daqueles associados à recessão na economia brasileira.
O Ministério do Trabalho e Emprego, sensível às mudanças que a reforma acarreta, buscou implementar alterações nos registros administrativos sobre emprego que estão sob sua responsabilidade, como RAIS e CAGED. As novas informações ainda não foram disponibilizadas nos bancos de dados públicos do MTE, mas o Ministério tem publicado sínteses das coletas realizadas desde a entrada em vigor da reforma.
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Nível de emprego

A análise do saldo de empregos formais não aponta para recuperação dos níveis de ocupação. Depois de dois anos com saldos negativos de empregos formais em quase todos os meses, 2017 registrou saldo positivo de abril a outubro. A tímida recuperação de 2018 (+311.059) está longe de significar recomposição do estoque de empregos. Analisando os estoques de emprego formal entre janeiro de 2013 e abril de 2018, tem-se que em setembro de 2015 o estoque de empregos chegou a 41.328.193 postos (nível máximo da série), caindo para 38.205.186 para em abril de 2018. 
Quanto à variação do saldo de emprego nas regiões do país, pode ser constatado que entre janeiro e abril de 2018, o Nordeste foi a única região que apresenta saldo negativo de emprego formal (-0,61%) e o Norte apresentou crescimento inexpressivo (0,04%). Considerando-se que o estoque de empregos formais é muito maior nos estados do Sudeste e Sul, e estas regiões registraram crescimento no acumulado do ano, verifica-se uma ampliação da desigualdade regional na geração de empregos formais no país.  Os dados apontam para uma retomada das características estruturais do mercado de trabalho nestas regiões, marcadas por menores salários e maior informalidade.
Por outro lado, já se percebe os efeitos da reforma em dois aspectos:
1. Demissões por “comum acordo”. A reforma trabalhista criou um novo tipo de desligamento (Art. 484 A), a demissão por comum acordo, que autoriza extinção de contrato de trabalho mediante pagamento de metade do aviso prévio e metade da indenização sobre o FGTS; movimentação de 80% do saldo do FGTS e, ainda, retira o acesso ao seguro-desemprego.
De janeiro a abril já foram realizados 52.898 desligamentos nesta modalidade. Além do expressivo volume, nota-se o aumento da utilização desta forma de desligamento, exceto para o mês de abril, quando foram realizados menos desligamentos na economia em geral. 
As ocupações mais sujeitas a este tipo de desligamento entre novembro de 2017 e abril de 2018 foram de “Vendedor do comércio varejista”. O setor de atividade (Classe CNAE) com maior incidência de demissão por “comum acordo” foi “Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebida”, conforme as Tabelas abaixo. Quanto ao perfil, tem-se que 61% dos desligados nesta modalidade eram do sexo masculino, 39% possuíam até 29 anos e 80% possuíam escolaridade até ensino médio completo
 2.Trabalho intermitente. Desde a aprovação da reforma trabalhista, foram contratados quase 17 mil trabalhadores nesta modalidade. O trabalho intermitente foi mais utilizado nos setores do comércio, serviços e construção civil. As ocupações com maior saldo de empregos nesta modalidade de contrato são respectivamente “assistente de vendas”, “servente de obras” e “faxineiro”, apontando, mais uma vez, que a “moderna” reforma trabalhista é largamente utilizada em ocupações precárias e mais sujeitas a terceirização. Isso sem contar que 93% dos trabalhadores com contratos intermitentes possuem até o ensino médio. 
É evidente que a implementação de novas formas de contratação criados pela reforma trabalhista dependerá da estratégia das empresas de cada setor, além das disputas no seio das entidades de regulação do direito do trabalho, como sindicatos, Justiça do Trabalho, Ministérios etc. Há que se destacar a urgente necessidade de se repensar conceitos utilizados nas estatísticas de mercado de trabalho, como os conceitos de desemprego e informalidade.
De toda forma, com os dados iniciais, pode-se inferir que a reforma tem impactado setores marcados por baixos salários e alta rotatividade, como o comércio, relegando os empregados desse setor a uma situação mais aguda de precariedade. Desde o início, críticos da reforma indicaram seu alto potencial de aumentar a desigualdade.
Por fim, não está provado que flexibilizar o mercado de trabalho, como realizado pela reforma, efetivamente gere empregos: o que os estudos mostram é que a geração de empregos está ligada ao crescimento econômico. Mas, com os gastos do governo engessados e o crédito escasso, o crescimento hoje no Brasil patina por depender quase que somente do consumo das famílias (e por isso obviamente do mercado de trabalho), que é justamente a variável que se queria ajustar em 2015 com o choque recessivo.