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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Moeda e Finanças Internacionais




Olá alunos, 
A postagem de hoje aborda como se dá a relação entre a moeda do país e algumas políticas públicas. Nesse contexto, o Brasil vem se demonstrando uma estratégia inovadora em conjunto com outros países emergentes, envolvendo a criação de um Novo Banco de Desenvolvimento.
Esperamos que gostem e participem.
Ramon Reis, monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
O Brasil, no âmbito dos BRICS, tem participado de iniciativas ousadas no que se refere ao ordenamento monetário internacional, outro tema sensível entre as grandes potências.
No final do Século XIX, a Inglaterra logrou um feito original até então: impôs sua moeda nacional como a de referência internacional. Depois de um processo histórico secular, seu coroamento ocorreu com término da Guerra Franco-Prussiana (1870-71), por meio do enquadramento da França e a adesão Alemanha de Bismark ao padrão libra-ouro em 1872.
Cada etapa da internacionalização da libra teve como resultado a alavancagem da capacidade de gasto do estado inglês. A demanda por ativos denominados em libra, sobretudo moeda e títulos da dívida pública inglesa, cresceu de modo desproporcional. Estes ativos foram transformados no principal instrumento de estabilização para as demais economias nacionais. Grosso modo, o acúmulo de reservas denominadas em libras permitia-os contornar os problemas nas contas externas, ao mesmo tempo em que ampliava a capacidade de endividamento do estado inglês. Não menos importante, o sistema passou a funcionar de modo estabilizador à economia inglesa e de forma instável às demais economias por conta da liberdade de movimentos dos capitais.
No entre-guerras, ocorreu uma disputa político-diplomática entre a Inglaterra e Estados Unidos sobre a moeda de referência internacional. Nas negociações de Bretton Woods, em 1944, os Estados Unidos garantiram para si o “privilégio exorbitante” de que gozavam os ingleses. Desde então, a diplomacia monetária dos Estados Unidos seguiu sendo orientada pela mesma estratégia: veto e oposição permanente a qualquer iniciativa de substituição do dólar como moeda de referência internacional, sobretudo nas instituições financeiras multilaterais (FMI e Banco Mundial) criadas em 1944; e “precificação” em dólar de mercadorias estratégicas globais (petróleo, sobretudo).
Ao longo da história do Banco Mundial e do FMI é possível observar uma certa coerência entre as modalidades e as exigências relativas às operações financeiras dessas instituições e a política externa dos países do centro, em especial a dos EUA, o que balizou a atuação dessas instituições aos objetivos estratégicos deste país.
Nesse contexto, chamam atenção as iniciativas dos BRICS no campo financeiro internacional, sobretudo no que se refere à criação de instituições semelhantes ao FMI e ao Banco Mundial, mas cujo controle será compartilhado por um conjunto de países que antagonizam com os EUA em outras áreas sensíveis. Envolvem dois dos principais rivais dos Estados Unidos no campo militar, Rússia e China; além de Índia, Brasil e África do Sul.
A criação do Arranjo de Contingência de Reservas (uma espécie de “FMI dos BRICS”) e o Novo Banco de Desenvolvimento (o “Banco dos BRICS”) permitirá aos países com dificuldades em seus Balanço de Pagamentos o endividamento em moeda estrangeira fora da alçada de influência e do controle das instituições consagradas nos Acordos de 1944. Em caso de sucesso e projeção global, essas instituições financeiras dos BRICS ganham potencial para, em outro momento, pressionarem a própria hierarquia monetária internacional atual, por meio da difusão do uso de uma moeda de referência diferente do dólar norte-americano.
Observa-se, por fim, que a VI Cúpula dos BRICS ocorreu em Fortaleza, em julho de 2014, onde se anunciou a assinatura do Acordo constitutivo do Novo Banco de Desenvolvimento e do Tratado para o estabelecimento do Arranjo Contingente de Reservas. Aos olhos de outros, a foto de encerramento da Cúpula não passou despercebida. A presidenta Dilma estava ao centro dos presidentes da Rússia, V. Putin, e da China, Xi Jinping, cercados, por sua vez, pelo primeiro-ministro indiano, N. Modi, e o presidente da África do Sul, J. Zuma.
Arrematando, não é com indiferença que potências estrangeiras analisam as iniciativas de projeção internacional do Brasil por meio de uma política externa autônoma e de uma política de defesa organizada com base em ameaças externas, articuladas a instrumentos militares assentados em energia nuclear, tendo por trás reservas expressivas de petróleo, garantidoras da segurança enérgica nacional, com potencial de uso enquanto instrumento de política externa e, também, como instrumento para reforçar, quando conveniente, as reservas internacionais em moeda estrangeira do país. Alguns dos alvos da operação lava jato constituem-se pilares deste conjunto de iniciativas. Sob a névoa das disputas políticas domésticas, as conexões estrangeiras da operação lava-jato ainda não estão claras, mas seus efeitos já se fazem sentir.
Mauricio Metri - Professor de Economia Política Internacional da UFRJ.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Austeridade, uma ideia perigosa






Olá alunos,

Na matéria de hoje, veremos o efeito do equilíbrio geral, abordado dentro da escola neoclássica. Uma das políticas utilizadas pelo segmento é a austeridade fiscal, ou seja, é um rigor teórico no controle de gastos. Uma política de austeridade é requerida quando o nível do déficit público é considerado insustentável e é implementada através do corte de despesas.

Esperamos que gostem e participem.
Ramon Reis e Caio Malta, monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

O think tank americano National Bureau of Economic Research publicou recentemente um cuidadoso estudo econométrico sobre os efeitos da austeridade fiscal pós-2008, envolvendo os países da União Europeia.
Os autores, Christopher L. House, Christian Proebsting e Linda L. Tesar, amparados em uma modelo dinâmico de equilíbrio geral – nada mais convencional e ortodoxo –, concluem que os dados apontam “diferenças de desempenho econômico que podem ser atribuídas à austeridade fiscal. Em particular, a evidência sugere que as contrações nas compras dos governos desempenharam um surpreendente e enorme papel na redução do PIB em muitos países”.
Em 2016, o FMI publicou o artigo “Neoliberalism: Oversold?”, que aborda especificamente os efeitos de duas políticas inscritas na agenda da globalização neoliberal, entre elas a austeridade, para reduzir os déficits fiscais e o nível da dívida.
Depois de percuciente análise, os economistas do Fundo concluem: as políticas de austeridade não só geram substanciais custos ao bem-estar pelos canais da oferta, como deprimem a demanda e o emprego. A noção de que a consolidação do Orçamento pode ser expansionista (isto é, aumenta o crescimento e o emprego), por elevar a confiança do setor privado e o investimento, é uma falácia.
Episódios de consolidação fiscal foram seguidos por reduções mais do que expansões no crescimento. Na média, a consolidação de 1% do PIB eleva a taxa de desemprego em 0,6% no longo prazo, e o Coeficiente de Gini (concentração de renda) em 1,5% dentro de cinco anos.
No Brasil, a editora Autonomia Literária exercita sua ousadia ao publicar a tradução do livro Austeridade. A História de uma Ideia Perigosa. O economista Mark Blyth persegue as origens, os fracassos e os ralos sucessos das políticas de austeridade.
Blyth desvela as razões das políticas de austeridade que se seguiram à crise de 2008, com mais intensidade na Europa. Diz ele: “A Europa precisa ser austera porque os balanços financeiros dos Estados Nacionais têm de funcionar como amortecedores de choques para o conjunto do sistema... Primeiro, ocorreu a crise bancária, depois uma crise das dívidas soberanas. Mas isso é o efeito, não a causa”.
Os bancos centrais e os tesouros nacionais mobilizaram seus balanços para socorrer os bancos quebrados, o que resultou na expansão dos déficits e das dívidas dos Estados.
São saborosos os capítulos do livro que avaliam a história da Ideia Perigosa. No âmago dos enganos e desenganos está o autoengano do ideário liberal. Nos momentos de crise, o liberalismo econômico aponta invariavelmente o dedo acusador para o Estado irracional e gastador.
Blyth inicia a investigação histórica da Ideia Perigosa com a análise meticulosa dos escritos de Locke, David Hume e, talvez injustamente, Adam Smith. Críticos do mercantilismo, os ícones do pensamento liberal advogam a regra inviolável do Orçamento equilibrado, independentemente das flutuações cíclicas da economia. No fim do século XIX, a hegemonia da “economia científica” de Jevons, Walras e Edgeworth, entre outros, associou o dogma do Orçamento equilibrado às crenças do padrão-ouro para sacralizar o mercado autorregulado e bloquear as ações estabilizadoras dos governos.
Depois da Grande Depressão, Keynes justificou teoricamente as políticas fiscais e monetárias destinadas a recuperar as economias prostradas. Mas, atenção!: a austeridade, ademais de perigosa, é uma ideia persistente. Derrotada por Keynes, ela voltou vitoriosa nos braços dos corifeus do neoliberalismo, de Milton Friedman a Robert Lucas.
Brasil, crepúsculo de 2014: o tropel midiático-financeiro instilou a pré-verdade econômica nos ares de Pindorama. Já escrevi nesta coluna que o consenso da “Turma da Caixinha” propalava o desastre: a economia cresceu apenas 0,5% e apresentou um déficit primário de 0,6% do PIB em 2014.
A política econômica da Turma da Caixinha foi executada com esmero pelo ministro Levy. Dois anos depois, os incautos e crédulos descobriram que a Caixinha da Turma era a de Pandora.
Aberta a Caixinha, os monstros ficaram à solta: o choque de tarifas voou lado a lado com o choque de taxa de juros, de mãos dadas com a forte desvalorização cambial. Para não deixar barato, os preços desaforados convidaram os cortes nos investimentos públicos para mais um Baile da Ilha Fiscal.
A elevação da inflação, em simultâneo à contração do nível de atividade, detonou a restrição do crédito. O encolhimento do circuito de formação da renda levou à derrocada da arrecadação pública. O déficit primário fugiu ao controle. 

quarta-feira, 21 de junho de 2017

O mundo está mudando para melhor ou para pior?




Olá alunos,

A notícia de hoje mostra como a evolução digital é vista pelos moldes da sociedade atual, se de maneira positiva ou negativa. Dessa forma, estamos frente a uma reestruturação econômica brutal e mais do que isso, também é a mais rápida da história. 

Esperamos que gostem e participem.
Ramon Reis e Caio Malta, monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

Falam dois especialistas que há muito tempo estudam o novo paradigma enfrentado pela sociedade. O primeiro: “Seria presunçoso tentar descrever com precisão a próxima era no mundo digital. Mas é razoável concluir que a internet que conhecemos há quase três décadas está em mutação, e que a próxima vai mudar o mundo mais do que sua irmã mais velha”. Estas são as palavras com as quais o acadêmico canadense Vincent Mosco, autor de obras de referência como To the Cloud, vai começar seu próximo livro.
Mais contundente é o consultor em transformação digital e inovação, o hispano-alemão Alex Preukschat. “A tecnologia blockchain, em combinação com outras tecnologias, como a internet das coisas, a inteligência artificial, o big data, os drones ou a biotecnologia, vai refazer o mundo tal como o conhecemos, muito mais rápido do que tem sido nos últimos anos, como parte da quarta revolução industrial.”
Em conclusão: Não apenas estamos em meio a uma reestruturação brutal, como também é a mais rápida da história. A questão que se coloca nesta situação é: esta mudança vai ser para melhor ou para pior?
Como acontecia no romance de Umberto Eco, estamos diante de apocalípticos e integrados, especialistas que preveem um universo distópico, mescla de 1984 e Matrix,governado pelo desemprego em massa, que parecem ser maioria. E outros que preveem uma sociedade mais transparente e descentralizada, na qual a informação flui e onde os robôs farão o trabalho tedioso em nosso lugar.
O historiador israelense Yuval Noah Harari, nascido em 1976, faz parte do primeiro grupo. Não acredita que acabaremos como em Matrix, mas argumenta em livros como Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã que,enquanto a profusão de tecnologia tem conseguido que a humanidade melhore em coisas como a fome e as doenças, as ideias fundamentais das democracias liberais correm perigo de se tornar obsoletas em um mundo de ciborgues e inteligência artificial. Nada de descentralização em sua opinião: as grandes corporações conhecerão os indivíduos nos mínimos detalhes, e algumas pessoas monopolizarão o poder econômico e político, os algoritmos e a tecnologia, para criar classes biológicas.
A eliminação de postos de trabalho é outro mantra dos apocalípticos. Carl Benedikt Frey, pesquisador da Universidade de Oxford, realizou há pouco mais de um ano um estudo que viralizou rapidamente, no qual argumentava que 47% dos postos de trabalho correm risco de desaparecer. Na mesma linha anunciada por nada menos do que o Fórum Econômico Mundial. No ano passado, um relatório apresentado em Davos afirmava que a digitalização da indústria resultará no desaparecimento de 7,1 milhões de empregos e na criação de outros 2,1 milhões em 2020. Um pouco de matemática: serão cinco milhões de empregos líquidos a menos.
O ferrenho integrado Manish Sharma, diretor de operações da Accenture Operations, tem uma visão diferente. Em sua opinião, “as pessoas fazem trabalhos chatos porque esses são os empregos que lhe são oferecidos”, afirma. “A automação dos processos proporcionará uma vida melhor para as pessoas”.
O economista José Moisés Martín Carretero, autor de España 2030Gobernar el Futuro, compartilha a visão de Sharma: “O progresso tecnológico tem deslocado trabalhadores, mas criado muito mais empregos”, afirma. “No curto prazo, pode haver reduções, mas, no longo prazo, a criação de empregos é inquestionável”.
O dinamarquês Erik Brynjolfsson e o norte-americano Andrew McAffee, cofundadores do departamento de Economia Digital do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), lançaram em 2011 o livro Race Against the Machine(Corrida Contra a Máquina, MIT, 2011). A obra explica como atividades que, até recentemente, eram reservadas para os seres humanos já são território para as máquinas. E a mudança é vista como algo positivo. “A economia mundial está na cúspide de um período de crescimento espetacular, impulsionada por máquinas inteligentes que aproveitarão ao máximo os avanços no processamento por computadores, pela inteligência artificial, pela comunicação em rede e pela digitalização de quase tudo.”
Isso, claro, sempre que estejamos de acordo de que ter um trabalho é sinônimo de ser feliz.

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segunda-feira, 19 de junho de 2017

Descubra os motivos pelos quais a Dinamarca tem os políticos menos corruptos do mundo





Olá alunos,

A notícia de hoje apresenta como um pequeno país europeu se mantém no topo do ranking das nações menos corruptas do mundo. O ótimo desempenho econômico da Dinamarca intriga especialistas por todo o mundo, simplesmente pelo fato deles não contarem com uma variável altamente subjetiva, a honestidade. 

Espero que gostem e colaborem,
Ramon Reis, monitor da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.



A edição mais recente do Índice de Percepção da Corrupção mediu os níveis percebidos de corrupção no setor público em 176 países, com base na opinião de especialistas. Os países receberam notas que variaram de 0 a 100; quanto mais próxima de zero é essa pontuação, mais corrupto é o setor público daquele lugar. Enquanto a Dinamarca liderou o ranking, em 79 º lugar, o Brasil ficou entre os que mais perderam posições nos últimos cinco anos.