Olá alunos,
A notícia de hoje
mostra que, alguns dos programas sociais como o Bolsa
Família e o Minha Casa Minha Vida precisam ser mantidos e, inclusive, reforçados
em períodos de recessão, a fim de que se alcance a redução da pobreza no Brasil.
Esperamos
que gostem e participem.
Palloma
Borges, monitora da disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade
Federal Fluminense.
A organização, sediada em Genebra,
publicou nesta quarta-feira o relatório "Perspectivas do emprego e
questões sociais no Mundo em 2016 - Transformar o emprego para acabar com a
pobreza".
"É algo bom que o novo governo
(interino brasileiro) tenha afirmado que manterá o Bolsa Família. Programas
sempre precisam de alguns ajustes, mas os elementos principais têm de ser
preservados e até mesmo reforçados, sobretudo em períodos de recessão",
diz à BBC Brasil Raymond Torres, principal autor do estudo e diretor do
departamento de pesquisas da OIT.
"Se a situação econômica se
agravar, será necessário prever mais recursos para os programas sociais. Não
vejo outra saída. Em todo caso, é preciso que os recursos do Bolsa Família não
sejam reduzidos", afirma Torres.
Segundo ele, "os importantes
progressos realizados no Brasil em relação à redução da pobreza nos últimos dez
anos não devem ser questionados por mudanças econômicas e políticas, quaisquer
que sejam as justificativas".
Torres refuta críticas de que o Bolsa
Família não desestimularia as pessoas a procurar emprego.
"As políticas de transferência
de renda não impediram a criação de empregos no Brasil. Eles deram às famílias
a possibilidade de ter mais escolhas e de recusar trabalhos sob formas
inaceitáveis, nos quais são exploradas", diz o autor do estudo, que
ressalta ainda a importância da escolarização e do acesso à saúde das crianças
carentes.
Quase um quarto da população
brasileira está inscrita no Bolsa Família.
O novo ministro do Desenvolvimento
Social e Agrário, Osmar Terra, afirmou na terça-feira que um pente-fino para
detectar eventuais fraudadores do Bolsa Família poderá provocar o desligamento
de até 10% dos beneficiários.
Segundo o novo ministro, se a pobreza
foi reduzida como afirmava o governo nos últimos anos, não haveria
justificativa para quase 50 milhões de pessoas ainda precisarem do benefício.
Também na terça-feira, o novo
ministro das Cidades, Bruno Araújo, cancelou a construção de 11,2 mil unidades
habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida anunciadas recentemente pelo
governo Dilma Rousseff.
O ministério informou que o
cancelamento ocorreu por "medida de cautela", já que as portarias
autorizando as construções teriam sido publicadas sem os recursos necessários
para a execução.
Emprego
De volta ao estudo da OIT, Torres
afirma que os programas sociais são importantes, mas insuficientes para a
redução da pobreza.
O estudo da entidade ressalta a
necessidade da criação de empregos para diminuir as desigualdades sociais.
A organização estimou, diz o diretor,
que seriam necessários US$ 600 bilhões por ano em programas sociais para
reduzir ou acabar com a pobreza no mundo.
"Isso não é realista para os
países em desenvolvimento", diz ele.
Para a OIT, além dos programas de
transferência de renda, também é preciso melhorar a qualidade e produtividade
do emprego, reduzir o trabalho informal e o número de empresas não declaradas.
Diversificação da
economia
A organização defende que a diversificação
da economia seria fundamental para obter-se uma redução perene da pobreza.
A organização ressalta os problemas
ligados a economias dependentes da exportação de commodities, como o Brasil.
"A queda da demanda chinesa por
esses produtos primários "revela a vulnerabilidade de uma acentuada
especialização em matérias-primas e recursos naturais", diz Torres.
O estudo afirma, em relação aos
países emergentes, que "uma base econômica rígida não permitiu reduzir a
pobreza no ritmo desejado. As exportações de produtos primários têm em geral
efeitos limitados sobre o restante da economia".
"É preciso uma política
industrial e uma diversificação da economia. É algo que está ao alcance do
Brasil", diz o diretor de pesquisas da OIT.
Torres preferiu não fazer comentários
sobre o novo ministro da Indústria, o bispo Marcos Pereira, que admitiu ter
"pouca afinidade" com esse setor econômico.
O diretor da OIT cita o exemplo da
Coreia do Sul e da China, que desenvolveram setores industriais ligados a
recursos naturais.
A diversificação da economia também
passa, diz ele, pela luta contra a corrupção.
"É um elemento muito importante
na diversificação da economia porque empresas que desejam se lançar em setores
mais complexos, de tecnologia, precisam ter uma ambiente de negócios mais
transparente", afirma.
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