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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Quatro áreas inesperadas em que a China investe para ser número 1 do mundo


Olá alunos,

A notícia de hoje busca mostrar que, os investimentos realizados pela China surpreendem não somente por seus números, como também por serem investimentos diversificados, os quais abrangem a chamada “energia verde”  e se estendem até  o campo dos esportes, como é caso do futebol. Esses são alguns elementos que fazem da China um país interessante a ser observado pelo Brasil e pelo mundo.

Esperamos que gostem e participem.
Palloma Borges, monitora da disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal Fluminense.
  
Após mais de duas décadas de crescimento acelerado e com US$ 3,3 trilhões em reservas, a China tem dinheiro de sobra para investir no que quiser – e quando resolve investir, não costuma economizar.
Seu orçamento militar aumenta a cada ano, suas ambições espaciais crescem enquanto outros países fazem cortes em programas dessa área e seu investimento em fontes de energia é cada vez maior para sustentar seu crescimento.
Mas a China também surpreende com seus investimentos.
Ao mesmo tempo em que o gigante asiático é reconhecido como principal poluidor do planeta e potência "dependente" de combustíveis fósseis – como petróleo e carvão -, Pequim também gasta bilhões de dólares em energia verde.
E quando investe em esporte, o país não se contenta em sediar e brilhar nos Jogos Olímpicos, mas mostra que busca se reinventar como novo polo do futebol mundial – como era de se esperar, não está economizando para conseguir isso.
Oferecendo salários astronômicos, a China tem atraído grandes jogadores do Brasil e da Europa para fortalecer sua liga.
Veja abaixo quatro áreas inesperadas em que a China está investindo pesado para ser a "número 1 do mundo".
1) Exploração espacial
Há poucos dias, a China surpreendeu o mundo ao anunciar um deslocamento de quase 10 mil pessoas na província de Guizhou, no sudoeste do país, para instalar o maior radiotelescópio do mundo.
O objetivo desse projeto gigantesco é buscar vida inteligente em outros lugares do universo. Mas a China não só observa o espaço, como também vai até ele.
O país asiático investiu relativamente tarde na corrida espacial e fez isso utilizando tecnologia estrangeira – mais precisamente, a russa.
Quando a China lançou seu primeiro satélite, em 1970, os Estados Unidos já haviam colocado vários em órbita e seus astronautas já haviam até chegado à Lua.
O país asiático só levou seu primeiro homem ao espaço em 2003 – mas desde então, os chineses não pararam mais.
Dez anos depois, o robô "Coelho de Jade" chegava à Lua.
E enquanto outros programas espaciais começaram a reduzir seus orçamentos, o programa espacial chinês continua sendo sustentado "por sua ambição", como disse à CNN o professor Louis Brennan, autor do livro O Negócio do Espaço.
"A China alcançou sucesso rapidamente e agora tem planos a longo prazo para futuras aventuras espaciais, incluindo Marte", acrescentou Brennan.
E ainda que o orçamento do programa espacial chinês siga sendo menor que o da Nasa (agência espacial americana), a China continua traçando planos ambiciosos para o futuro.
Seus objetivos declarados são colocar um homem na Lua até 2022 e existe ainda um rumor sobre uma parceria com a Rússia para construir uma base lunar.
Em terra, os cientistas chineses constroem sua própria estação espacial: Tiangong 2.
A primeira peça poderia viajar ao espaço ainda neste ano e todo o projeto estaria terminado em 2022, época em que a atual Estação Espacial Internacional (EEI) poderia ficar fora de uso.
A EEI é um projeto conjunto de Estados Unidos, Europa, Rússia, Japão e Canadá; a China sempre foi deixada de lado nesta iniciativa devido à desconfiança americana sobre as intenções do programa espacial chinês, controlado em grande parte pelo Exército do país.
2) Energia verde
"As pessoas acham que a China continua sendo como era nas décadas passadas. Mas agora eles são o maior produtor de energia eólica no mundo. O país aumentou cerca de 25% sua produção de energias renováveis em 10 anos, começando (praticamente) do nada. São sinais muito importantes de que a China está caminhando na direção correta."
Essa declaração de Maria van der Hoeven, titular da Agência Internacional de Energia, foi dada à BBC em 2015, em referência ao pouco crédito que se dava à aposta do gigante asiático por mudar sua matriz energética.
Ainda assim, a fama da China como país contaminador não é infundada: o país continua sendo o principal emissor de gases do efeito estufa e planeja reduzir essas emissões somente no ano de 2030.
Segundo a ONG The Climate Group, em 2020, a China será responsável por 32% das emissões globais desses gases, produzindo 70% mais dióxido de carbono do que os Estados Unidos.
Mas sua sede insaciável por petróleo importado e os altos índices de poluição do ar em suas principais cidades, causada, entre outras razões, pelas minas de carvão que ainda funcionam no país, obrigaram-na a refazer sua estratégia alguns anos atrás.
Segundo dados da agência Bloomberg, o gigante asiático se tornou o maior mercado de energia renovável do mundo.
Ao fim de 2014, as energias renováveis geravam ao país 433 gigawatts, mais que o dobro dos 182 gigawatts alcançados pelos EUA no mesmo período.
Ainda que mais de 60% do sistema de geração de energia da China dependa do carvão, o combustível fóssil que mais polui o ar, outras fontes de energia começam a surgir com força. As usinas hidrelétricas geram 21% da energia do país, seguidas pela eólicas.
Quase uma em cada três turbinas eólicas do mundo se encontra na China, assim como 17% da produção de energia solar.
Outra aposta é a energia nuclear: dos 67 reatores que estão atualmente em construção no mundo, 23 se encontram na China.
E em 2017 entrará em vigência o mercado nacional de emissões de carbono, que obrigará as empresas chinesas que excederem os limites de emissões fixados pelo governo a pagarem multas - e permitindo que as empresas que gerarem abaixo do limite vendam cotas de emissão.
3) Futebol
Já há alguns anos, o futebol chinês tem atraído jogadores do mundo todo pelos altos salários. Mas neste ano, esse "fenômeno" ganhou proporções inéditas, com a liga do país atraindo craques de seleções mundiais - como a brasileira.
Somente o Corinthians, atual campeão brasileiro, perdeu quatro titulares para o futebol chinês: o zagueiro Gil, o volante Ralf, e os meias Renato Augusto e Jadson. O país ainda está tentando levar mais jogadores no Brasil, como o atacante Ricardo Oliveira, do Santos, que teve uma oferta recusada pelo clube.
"Eu não escolhi a China, a China me escolheu. Minha ideia inicial não era essa, mas os jogadores têm 10 anos para ganhar dinheiro. Então, quando chega uma proposta dessa, que te permite pensar nos seus filhos e talvez até nos seus netos, é lógico que você balança", disse Renato Augusto em sua entrevista de despedida do Corinthians.
Na Europa, outros brasileiros também deixaram suas equipes atraídos pelos altos salários da China - como o volante Ramires, que estava no Chelsea, e o também volante Paulinho, que era do Tottenham.
Outros grandes nomes do futebol europeu também optaram pela China, como o argentino Ezequiel Lavezzi, que estava no PSG, o senegalês Demba Ba, que jogava pelo Besiktas, e o costa-marfinense Gervinho, que atuava pela Roma.
Chamaram a atenção também a compra do atacante colombiano Jackson Martínez, que estava no Atlético de Madri, por US$ 45 milhões – e a do brasileiro Alex Teixeira, adquirido do Shaktar Donetsk por US$ 54,4 milhões - a contratação mais cara da história do futebol asiático e também a mais cara desta janela de transferências no mundo todo.
"Martínez não só se tornou a transferência mais cara do recém-finalizado período de contratações no mundo, superando inclusive as transferências da Premier League (inglesa), como também mostra a força que a China está tendo no mundo do futebol", analisou Jose Miguel Pinochet, especialista de esportes da BBC Mundo.
O principal aliado do futebol chinês atualmente tem sido o presidente do país e chefe do Partido Comunista, Xi Jinping. Grande admirador do esporte, ele aprovou, no ano passado, um plano de reforma para o futebol no país.
"Xi, que chegou a sugerir que a China deveria começar a treinar os bebês para conseguir sucesso, disse que seus três desejos são: voltar a classificar o país para uma Copa do Mundo, sediar o Mundial e conquistá-lo", disse Pinochet.
Curiosamente, o crescimento do futebol chinês também permite uma comparação com os Estados Unidos, assim como ocorre com os orçamentos da Defesa e do programa espacial e com a geração de gases poluidores.
Nos últimos 10 anos, a liga americana de futebol (MLS) vem aumentando a atratividade do seu torneio graças às contratações de David Beckham, Thierry Henry, David Villa, Andrea Pirlo, Frank Lampard e Kaká, entre outros.
Mas o investimento chinês na liga local pode até superar o da MLS na hora de seduzir as estrelas do futebol mundial, ao menos no quesito econômico.
Isso porque atualmente os times americanos só estão autorizados a pagar salários acima do teto permitido a três de seus jogadores (no caso, por exemplo, do New York City FC, os três que ganham acima do teto são Villa, Lampard e Pirlo).
Na China, não existem regulamentações nesse sentido, então os times da liga podem pagar o que quiserem a quem quiserem.
4) Porta-aviões
O país asiático é o segundo com maior gasto militar do mundo – ainda que fique muito longe do primeiro da lista: os Estados Unidos.
Enquanto o orçamento militar chinês chegou a US$ 130 bilhões em 2014, o solicitado para o ano fiscal de 2016 por Barack Obama foi de US$ 585 bilhões.
Mas em que a China gasta esse dinheiro, além de pagar os salários de sua estrutura militar onipresente?
Grande parte do orçamento de defesa é investido para incrementar sua força naval e desenvolver armas para manter os navios rivais – especialmente os americanos – longe de sua costa.
A Marinha chinesa incorporou dezenas de navios de guerra e submarinos, mas o maior investimento foi mesmo na construção de seu próprio porta-aviões.
Poucas máquinas de guerra podem fazer frente ao poder dos Estados Unidos nas águas do Sudeste Asiático como essas que a China tem agora.
Em 1996, quando Pequim reforçava sua pressão sobre Taiwan, a ilha que considera parte de seu território, Washington enviou dois porta-aviões à região e o governo comunista chinês deu um passo para trás.
Seis anos depois, a China incorporava à sua frota o porta-aviões Liaoning, adquirido por US$ 20 milhões da Rússia.
Na véspera do Ano Novo de 2016, funcionários de defesa confirmaram que agora o gigante asiático está construindo seu próprio porta-aviões.
Em um artigo na publicação Foreign Policy, o analista James Holmes afirmou que a pergunta que o mundo deve se fazer agora é: quantos porta-aviões a China construirá?
"Minha opinião é que o país asiático está em busca de uma frota de sete, com o objetivo de operar seis e utilizar o Liaoning como navio de treinamento. Isso é bastante, considerando que os próprios americanos só têm 10."
Mas esse não é o único motivo de preocupação de Washington: o país asiático também desenvolveu um míssil chamado Dong Feng-21, que pode provocar danos catastróficos a porta-aviões inimigos.
O DF-21 é particularmente efetivo devido ao seu alcance (entre 800 e 1000 milhas náuticas) e seu método de ataque: pode atingir seu alvo com velocidade hipersônica e é incrivelmente difícil de ser interceptado.

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