Olá
alunos,
As
notícias do reatamento das relações entre Estados Unidas e Cuba tem chocado
todo o mundo. A postagem de hoje procura buscar um melhor entendimento acerca
do acontecimento e ver quais fatores estão por trás do fato.
Agradecemos
a sugestão dessa notícia que foi enviada pelos alunos Guilherme Paradella,
Marcos Gomes, Anderson Silva, Camilo Dias e Elaine das Neves da turma P1 do
primeiro período, da Faculdade de Direito da Universidade Federal
Fluminense.
Esperamos que gostem e
participem.
Joyce Borgatti e Palloma Borges.
Monitoras da disciplina “Economia Política e Direito” da Universidade Federal
Fluminense.
Desde que Estados Unidos e Cuba
anunciaram em dezembro que começavam a normalização de relações interrompidas durante
mais de meio século, as calculadoras dos empresários norte-americanos não
pararam de trabalhar. Na equação: avaliar os benefícios de fazer negócios na
ilha ante os riscos implicados pelas várias incertezas – legais, regulatórias e
até políticas — que ainda rodeiam a aproximação entre Washington e Havana
.
A conclusão geral é que, apesar
de ainda haver muitas interrogações a serem resolvidas de ambos os lados do
estreito da Flórida, vale a pena desembarcar em Cuba. Mais ainda quando o
Governo da ilha parece estar disposto a receber investimentos que necessita com
urgência. “Os cubanos deixaram muito claro que estão tentando atrair
investimento estrangeiro”, afirma Ted Piccone, da Brookings Institution.
Um chamado que muitos empresários
norte-americanos estão desejosos de aproveitar, como ficou evidente na
conferência Oportunidades em Cuba, realizada na semana passada na sede da
Nasdaq em Nova York. Lá, 240 empresários se dedicaram a escutar autoridades do Governo de
Barack Obama e especialistas sobre as possibilidades e os
riscos de se fazer negócios em Cuba.
Faquiry Díaz é o presidente da
empresa de software Tres Mares, uma das realizadoras, junto com o Council of
the Americas, da conferência nova-iorquina organizada pela escola de negócios Wharton, da
Universidade da Pensilvânia. Antes do encontro, perguntou aos participantes
quanto dinheiro estariam dispostos a investir em Cuba na próxima década. O
valor ronda os 12 bilhões de dólares (37,6 bilhões de reais).
Atrai
tanto uma ilha empobrecida de apenas 11 milhões de habitantes? Sem dúvida,
afirma Díaz, que compara Cuba com o interesse empresarial que Israel desperta
por contar com “um povo super educado, com um nível muito alto de cientistas e
programadores”.
Também se inclui o fator turismo
na “maior ilha do Caribe”, acrescenta. A apenas 140 quilômetros dos EUA. “E a
proximidade é muito importante no mundo econômico”, diz Mauro Guillé, diretor
do Lauder Institute, de Wharton. Enquanto a Europa está a nove horas de avião
da ilha, “50% da população dos EUA pode chegar a Cuba em um voo de três horas”,
afirma.
Ou em uma prazerosa viagem de
barco. Frank Del Río, presidente da empresa norte-americana de cruzeiros
Norwegian Cruise Line, que o diga. Essa indústria emprega mais de 100.000
pessoas nos EUA e tem um impacto no sul da Flórida de mais de cinco bilhões de dólares.
Tudo isso sem Cuba, que, se levantar totalmente as restrições de viagem aos
norte-americanos –o turismo na ilha ainda está proibido — estaria em cinco anos
entre os 10 melhores destinos do mundo, segundo ele. E isso “também
significaria bilhões para Cuba”.
O empresário não é o único
convencido do potencial turístico. Todos os especialistas do setor afirmam que
Cuba desperta enorme interesse entre os norte-americanos. Se forem eliminadas
as restrições ao turismo, calculam, o número poderia passar de meio milhão de
viajantes por ano em 2014 para dois milhões em 2017. E para muito mais no
futuro.
“Cuba poderia se tornar para os
EUA o que a Espanha é para a Europa”, prevê Guillén. “Se a Espanha recebe 60-70
milhões de europeus por ano, dentro de 15 a 20 anos, pode ser que 70 milhões de
norte-americanos viajem para Cuba”.
E isso quando em matéria se
infraestrutura – de estradas a aeroportos e hotéis — quase tudo está por se
fazer, além do potencial de setores como as telecomunicações, a indústria
farmacêutica e a agricultura, que também fazem os especialistas salivarem. A
grande dúvida nesse mar de tentações empresariais é a interrogação sobre a
situação legal, com um embargo comercial ainda em vigor.
“Enquanto as regras estão
mudando, há incerteza sobre o que se pode e o que não se pode fazer; e se puder
fazer como”, reconhece Gustavo Arnavat, ex-diretor-executivo dos EUA no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Conferências
como a de Nova York, que seus organizadores querem repetir ainda este ano em
Havana, buscam dar algumas respostas. A secretária de Estado adjunta para
América Latina dos EUA, Roberta Jacobson, reconheceu aos presentes que o
caminho para normalizar relações será longo e difícil. Mas, para empresários
como Andrés Fanjul, um dos mais influentes da comunidade cubano-americana, é um
processo inevitável. “Temos que continuar tendo melhores relações com Cuba, e
com a América Latina”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário