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domingo, 16 de junho de 2013

As semelhanças do Brasil com os EUA de 2008


Olá alunos,

A notícia de hoje aclara a relação de similitude que há entre os Estados Unidos à época da crise de 2008 e o Brasil hodierno. Considerando os pontos em comum, e também as diferenças existentes entre os dois contextos, o autor atenta para as consequências decorrentes dessa situação.
Esperamos que gostem, reflitam e participem.

Lucas Dadalto e Silvana Gomes
Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense

Mais importante jornalista econômico do planeta, Martin Wolf, do Financial Times, lançou um capítulo especial ao seu "A Reconstrução do Sistema Financeiro Global", no qual agrega os ensinamentos pós-crise de 2008.

Seu raio-x da crise norte-americana é um bom caminho para se entender para onde caminha a economia brasileira, desde que ressalvados os seguintes pontos: a dinâmica é a mesma que levou à grande crise nos EUA; mas a dimensão, por aqui, é infinitamente menor e há condições de se reverter essa caminhada.
O ponto em comum, entre EUA e Brasil, é o déficit nas contas correntes com o câmbio apreciado. E a necessidade dos respectivos governos de buscar o pleno emprego, estando atrofiada uma das penas do crescimento - a da oferta interna de produtos.
O déficit surge quando a demanda interna cresce mais do que o PIB (Produto Interno Bruto) e a oferta interna não acompanha. O aumento da demanda é suprido pelas importações, resultando daí o déficit.
A estagnação do PIB reduz o potencial de crescimento das receitas fiscais e dos salários. A saída, então, é recorrer ao endividamento puxado pelo setor privado ou pelo setor público.
Nos dois casos, Brasil e EUA, apesar dos alaridos reiterados em relação às contas públicas, o endividamento foi puxado pelos gastos das famílias, graças ao desenvolvimento de novos instrumentos financeiros.
E aí se entra em uma espiral conhecida. Há um aumento do endividamento, que leva preferencialmente à compra de imóveis, promovendo sua valorização e consequentemente, a ampliação dos limites de crédito, por conta da melhoria do valor das garantias.
No caso norte-americano, recorreu-se a uma miríade de produtos financeiros tóxicos, nos quais a concessão de crédito estava descasada do risco. A instituição gerava um financiamento, passava os créditos para frente.
No caso brasileiro, houve dois instrumentos tradicionais para incrementar o crédito, a revitalização dos financiamentos habitacionais e o crédito consignado, permitindo ao Banco Central manter a inadimplência sob controle.
Nos EUA, o crédito vazou por instituições não-financeiras, impedindo a fiscalização do FED. Por aqui, o BC manteve a fiscalização e o controle do mercado de crédito.
A segunda diferença é que, no caso norte-americano, esse modelo ganhou uma enorme sobrevida pelo fato dos EUA ser a pátria do dólar, portanto imune a crises cambiais.
No caso brasileiro, a sobrevida é garantida pela acumulação de reservas cambiais. E também pela extraordinária liquidez internacional empoçada: os Bancos Centrais emitiram para salvar os bancos; o dinheiro não era carreado para a atividade real; ficando empoçado, os bancos saíam atrás de melhores oportunidades de investimento.
Nos próximos dois anos, esse modelo será submetido a dois testes de stress.
O primeiro  - que já começou - a queda nas cotações de commodities, reduzindo ainda mais as exportações brasileiras.
O segundo, a própria situação dos ativos brasileiros. A queda dos juros internacionais promoveu um fluxo de recursos para os emergentes, levando à valorização dos ativos internos. Esse fluxo prosseguirá até o ponto em que se perceber que as cotações bateram no pico. 

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