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terça-feira, 24 de outubro de 2023

O que esperar da economia da China em 2023?


Caros Leitores, 

Nos últimos tempos, tem circulado na mídia internacional análises que questionam a credibilidade e longevidade da posição de destaque alcançada pela economia chinesa.

Desde a crise financeira de 2008, a China vem conquistando espaço na economia mundial, seja através de financiamento de investimentos em infraestrutura, seja por meio de aumento de sua participação no comércio internacional resultando na guerra comercial com os Estados Unidos nos últimos anos.

Para compreender o que se pode esperar da economia chinesa, trazemos essa semana uma notícia que apresenta perspectivas sobre a performance dos principais projetos chineses que já estão em curso e as previsões sobre seu desempenho para as próximas décadas.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.

Assustam as análises da mídia internacional sobre o que poderá ocorrer na China, a partir da desvalorização do yuan, a inadimplência recente de duas megaempresas do setor imobiliário, mais todos os "absurdos" que foram feitos no país, em financiamentos e investimentos em infraestrutura, na época (2008) da grande crise financeira dos Estados Unidos (EUA), que rapidamente se espalhou pelo mundo. Aí complementam com a informação que o PIB chinês deverá crescer menos do que o anunciado, que o PIB da Índia será maior e que o desemprego na China deverá aumentar.

Segundo país do mundo em quantidade de milionários e bilionários, a China tem também a segunda maior quantidade mundial de empresas com maior faturamento. De acordo com o Global Wealth Report 2022, publicação do Credit Suisse, a China passará de 6,2 milhões de milionários para 12,2 milhões, de 2021 para 2026 (+97%). Os 745 bilionários da China concentravam US$ 3,3 trilhões em 2021 – superados pelos US$ 4,4 trilhões dos 724 bilionários dos EUA, de acordo com a Revista Forbes. Com o aumento constante do poder aquisitivo da sua população, a China constitui-se hoje no maior mercado consumidor do mundo, segundo estudo da consultoria McKinsey. O Produto Interno Bruto (PIB) pela Paridade do Poder de Compra (PPP) atingiu US$ 24,3 trilhões equivalentes a 18,3% do PIB mundial, e a renda per capita na China em 2022 foi de US$ 21,5 mil, bem acima da renda do Brasil (US$ 17,8 mil) e da Índia (US$ 8,4 mil).

Todos esses fatores justificam o enorme receio com o que poderá acontecer com a economia chinesa até o final de 2023. Até porque o enorme poder de influência da mídia e dos agentes do setor financeiro norte-americano podem causar "estouro da boiada", fazendo com que realmente aconteça o que agora estão prevendo. Aliás, foi justamente por sempre haver esse risco que o governo dos EUA garantiu os depósitos dos correntistas dos quatro bancos que faliram lá entre março e maio de 2023: Silicon Valley, Signature, Silvergate e o First Republic.

No entanto, o mais provável é que o governo central chinês continue no comando do processo, agindo através das estruturas do Estado para manter a economia crescendo, conforme definido no 14º Plano Quinquenal (2021-2025), aprovado em março de 2021, e referendado no 20º Congresso do Partido Comunista (outubro de 2022), e na Assembleia Nacional, durante o Congresso Nacional do Povo, em março de 2023. A resiliência da Economia da China tem a ver com a garantia de execução do planejado, graças a essa "amarração política" nacional, e do que ainda está sendo planejado, para os cinco anos seguintes.

Até o final da década de 2030, e até pelo menos 2075, a China será a maior economia mundial também pela paridade cambial. Os dois maiores projetos estruturantes da China, o "Cinturão e Rota" e o de Ciência, Tecnologia e Inovação, têm 2050 como horizonte e o espaço sideral como limite. Outro projeto fundamental, o da modernização da agricultura, de 2018, que começou acabando com a pobreza extrema nas áreas rurais, visa garantir segurança e soberania alimentar para a população chinesa, garantindo todos os anos mais de 600 milhões de toneladas de grãos, 150 milhões de toneladas de pescado e carnes, 40 milhões de toneladas de leite de vaca e quantidades também milionárias de frutas e hortaliças.

Tendo tais esteios, o governo chinês está ousando realizar três revoluções ao mesmo tempo, o que explica a turbulência e a gritaria, principalmente dos EUA: 1) substituir a "moeda do mundo" (dólar) pela moeda chinesa (yuan) – por enquanto em transações comerciais e financeiras com alguns países, e em breve com todos com os quais realiza negócios, impactando assim 20% da economia mundial e diretamente o lucro histórico dos EUA com o dólar triangulando o yuan e outras moedas; 2) substituir o "made in China" pelo "made by China", com impactos significativos nas empresas estrangeiras instaladas na China; e 3) estabelecer efetiva conectividade mundial, com investimentos em infraestrutura de transporte em países pobres da Ásia e África, que lhes permitirá dinamizar muito a sua economia.

Enquanto isso, aqui no Brasil vamos chegando aos 50 anos de relações diplomáticas com a China, nos quais a segunda metade do período caracterizou-se por enorme salto em todas as áreas, com destaque para a balança comercial (de US$ 2 bilhões para US$ 150 bilhões) e o total de US$ 70 bilhões de investimentos. Apesar de saberem disso, e da China comprar do Brasil menos de 2% de tudo o que compra do mundo, muitas empresas brasileiras ainda relutam em investir para vender para o mercado chinês – para onde menos de três mil empresas exportam. A participação brasileira na Feira de Importações da China, em Shanghai, de 5 a 10 de novembro de 2023, será um indicador importante da disposição das indústrias e empresas agropecuárias e comerciais enfrentarem a concorrência internacional e as previsões catastróficas para ingressar no mercado chinês, decisão estratégica de olho em 2030/2040.

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