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O processo de ampliação do agrupamento BRICS, no contexto da iniciativa BRICS+, aprovou, na última cúpula ocorrida entre 22 e 24 de Agosto, a entrada de seis novos membros ao bloco: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.
Para discutir esse tema, trazemos nesta semana uma notícia para debater e avaliar os motivos pelos quais 22 países asiáticos, africanos e latino-americanos solicitaram formalmente adesão ao BRICS, buscando compreender quais os desdobramentos desse processo na arena internacional.
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Alejandro Louro Ferreira é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito.
Chega a 22 o número de países asiáticos, africanos e latino-americanos que solicitaram formalmente a adesão ao Brics. A notícia saiu no diário russo Nezavisimaya Gazeta em 1º de agosto, citando uma fonte da África do Sul. A expansão do Brics é vista como caminho rumo à desdolarização.
A lista de adesão ao Brics inclui sete países árabes: Argélia, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Sudão e Tunísia.
Outras nações africanas também anunciaram oficialmente sua intenção de se tornarem membros do grupo, incluindo República Democrática do Congo, Gabão, Nigéria, Senegal, União das Comores e Etiópia.
Na Ásia e nas Américas, candidatos à expansão do BRICS.
Na Ásia, Bangladesh, Indonésia e Cazaquistão também esperam se juntar ao grupo. O pedido do Irã está sendo considerado desde o ano passado, assim como a candidatura da Argentina. Nas Américas, Bolívia e Venezuela também manifestaram desejo de adesão ao Brics.
A ampliação do bloco é capitaneada pela China e pela Rússia. África do Sul também apoia a expansão. Brasil e Índia tinham restrições, mas agora começam a aderir à tese.
Lula defende desdolarização
Em café da manhã com correspondentes estrangeiros nesta quarta-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que “possivelmente, nessa reunião [Cúpula] a gente já possa decidir, por consenso, quais os países novos que poderão entrar para os Brics”.
“Eu acho extremamente importante a gente permitir que outros países que cumpram as exigências dos Brics entrarem para os Brics. Do ponto de vista mundial, eu acho que os Brics podem ter um papel, eu diria, excepcional”, continuou Lula.
O presidente brasileiro defendeu o uso de uma moda própria para fazer comércio entre os países, seguindo em seu discurso pela desdolarização.
“Por que os países que representam mais da metade da humanidade – se você imaginar Brasil, Índia, China, Indonésia, só esses já representam mais da metade da humanidade – por que a gente não pode discutir isso? Ter uma moeda para fazer negócio entre nós”, disse Lula, citando a Indonésia, que não integra o bloco.
“O Brics, na minha opinião – eu sou um país, mas tem vários outros – o Brics deve vir para ajudar a desenvolver, com financiamento adequado, sem espada na cabeça, os outros países a se desenvolver”, prosseguiu o presidente brasileiro.
“Eu espero que, se a gente conseguir formular esse novo banco [o Novo Banco de Desenvolvimento, NDB, o Banco do Brics] com essa nova mentalidade, a gente possa reeducar as instituições de Bretton Woods a se comportarem de forma diferente com o financiamento para o desenvolvimento”, defendeu Lula.
Índia já admite apoiar novos membros
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, já deu sinais de que poderá apoiar a expansão do Brics. A Índia resistia ao ingresso de mais países, mas começou a mudar de ideia com a ampliação da influência da China no Oriente Médio.
Nesta quinta-feira (3), a Índia qualificou de infundadas notícias de que se opõe à expansão do grupo. “Vimos algumas especulações infundadas de que a Índia tem reservas contra a expansão. Isso simplesmente não é verdade”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Arindam Bagchi, em entrevista coletiva, segundo o diário indiano Economic Times.
“Conforme mandato dos líderes no ano passado, os membros do Brics estão discutindo internamente os princípios orientadores, padrões, critérios e procedimentos para o processo de expansão com base em consulta e consenso completos”, acrescentou.
Países que desejam expansão do Brics têm importante papel regional
Nailya Yakovleva, pesquisadora-chefe do Centro de Estudos Políticos do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Academia Russa de Ciências, destacou ao Nezavisimaya Gazeta que países estão motivados a ingressar no Brics para ter melhores oportunidades de atrair investimentos estrangeiros em infraestrutura projetos.
O Novo Banco de Desenvolvimento – fundado na cúpula do Brics de 2014 em Fortaleza, e que agora é presidido por Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil – é visto como uma fonte ideal de financiamento de que esses países precisam.
Segundo Gustavo de Carvalho, investigador do South African Institute of International Affairs, muitos países candidatos desempenham um importante papel regional e têm economias em rápido desenvolvimento e grandes populações.
A expansão do Brics abre as portas para o uso de moedas alternativas, particularmente no comércio bilateral, tornando os países mais independentes do dólar, cada vez mais utilizado como arma geopolítica e econômica.
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