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sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Estudo da Consultoria Legislativa da Câmara mostra desafios no combate à pobreza e às desigualdades sociais

Caros leitores,

Nos últimos anos o país tem passado por uma acentuação significativa nos indicadores de pobreza e desigualdade, voltando a fazer parte do mapa da fome no cenário internacional, agravado ainda mais pela gestão do contexto da pandemia e pelos efeitos socio-econômicos dele advindos.

Diante disso, trazemos hoje um estudo da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados -  conduzido pelos consultores Pedro Garrido Lima (colaborador do GPEIA/UFF)  e Alan Ribeiro de Castro - que destaca os indicadores de desigualdade em âmbito nacional, bem como a piora do quadro nos últimos anos. 

A gravidade da situação, que vem se demonstrando de forma cada vez mais acentuada, requer urgência na articulação de políticas públicas que visem a mitigação dos efeitos e das necessidades que se apresentam no momento atual.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

A Revisão Periódica Universal dos Direitos Humanos (RPU) avalia, a cada quatro anos, as condições de 193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação a diversos parâmetros. São os próprios países que fazem recomendações uns aos outros sobre os pontos que precisam ser levados em conta.

Um Observatório Parlamentar, fruto de parceria entre a ONU e a Câmara dos Deputados, ligado à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, examina o cumprimento dessas recomendações. Estudo recente da Consultoria Legislativa da Câmara mostra que, nas áreas de trabalho, redução da pobreza e da desigualdade, das 13 recomendações, 10 não foram cumpridas, duas sofreram retrocessos e só em uma houve avanços. 

Os consultores Pedro Garrido Lima e Alan Ribeiro de Castro também compararam a avaliação do cumprimento das recomendações com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela ONU para serem seguidos até 2030. O período estudado vai de 2017 a 2021, com algumas atualizações de dados para 2022.

No que diz respeito à proteção social, ou seja, ao atendimento à população mais vulnerável, a conclusão do estudo é que o desempenho governamental oscilou nesse período e melhorou diante dos desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus. Ainda há barreiras a serem transpostas, como diminuir a fila de espera pelos benefícios e estabelecer uma indexação do valor dos auxílios de acordo com a inflação.

Em entrevista à Rádio Câmara, o consultor Alan de Castro salientou o papel fundamental do Estado no amparo à parcela mais vulnerável da população. “Essas pessoas pobres, que vivem em extrema privação de uma série de direitos de cidadania, privação não somente na dimensão monetária, na ausência de renda, mas também no acesso a direitos de educação, saúde, trabalho, moradia, infraestrutura, transporte, uma série de privações... essa população sofre com a informalidade, uma inserção mais precária no mercado de trabalho, essas altas taxas de rotatividade, enfim, é uma população que é marcada por uma grande volatilidade de renda”, disse.

Em relação ao mercado de trabalho, a avaliação é que a recuperação depois do período mais grave da pandemia trouxe uma diminuição no desemprego, mas o nível de renda média também caiu. Houve queda de investimentos em áreas como saúde, educação e políticas para crianças e adolescentes, o que impacta na redução das desigualdades.

O consultor Pedro Garrido Lima lembra que está em vigor a Emenda Constitucional 95, que estabelece um teto para os gastos públicos. “Essa tendência de redução de gastos públicos se torna muito complicada pra a estratégia de desenvolvimento econômico e social brasileiro, porque, sejam os gastos sociais, sejam os investimentos públicos, eles são essenciais para o crescimento da economia e também para a redução das desigualdades”, disse.

Os dois consultores informam que, apesar dos esforços governamentais para a redução da pobreza e do alívio obtido em 2020 com os auxílios emergenciais, o percentual da população brasileira em pobreza extrema passou de 5,3% em 2019 para 5,9% em 2021. O total de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave foi de 19 milhões, em 2020, para 33 milhões em 2022.

O consultor Pedro Garrido Lima aponta que é possível, ao mesmo tempo, promover o crescimento econômico e melhorar os índices de desigualdade entre os diversos extratos da população. “Existem grandes estudos recentes em economia que mostram que, para um país crescer, ele não precisa ser mais desigual. Pelo contrário, os países mais ricos são menos desiguais. Também os países que têm políticas industriais, políticas de desenvolvimento produtivo, de geração de emprego, emprego de melhor qualidade, seja pelo nível tecnológico, seja por elos que trazem maior valor à produção, também são países menos desiguais”.

Os especialistas sugerem a adoção de várias políticas públicas que sejam planejadas de maneira integrada e que contemplem áreas como transferência de renda, geração de emprego, inovação e industrialização. Eles ressaltam que o Poder Legislativo tem participação essencial no estabelecimento dessas políticas públicas. 

Não Cumprida - Continuar com os esforços louváveis para fortalecer o quadro jurídico e institucional para a promoção e proteção dos direitos humanos e reduzir a pobreza e promover a igualdade social,

Em Retrocesso - Consolidar os progressos para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e dar continuidade aos esforços voltados para programas inclusivos de desenvolvimento socioeconômicocom foco na erradicação da pobreza.

Em Retrocesso - Continuar a promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável e elevar o padrão de vida da população.

Em Progresso - Continuar e reforçar o programa Bolsa Família no contexto da luta contra a fome e a pobreza.

Não Cumprida - Continuar a implementar e fortalecer políticas e programas públicos para redução da pobreza e desigualdade, não discriminação e promoção da igualdade e da inclusão.

Não Cumprida - Dar continuidade aos esforços substanciais nas áreas de governança e redução da pobreza.

Não Cumprida - Continuar os esforços para combater a pobreza e promover a igualdade social.

Não Cumprida - Reforçar ainda mais o sistema de segurança social e proteger eficientemente os direitos de grupos vulneráveis.

Não Cumprida - Dar continuidade aos esforços de redução das taxas de desemprego, reforçando os programas de treinamento vocacional.

Não Cumprida - Continuar e implementar novas políticas e ampliar a abrangência de políticas existentes para ampliar a promoção da igualdade de gênero, em particular para mulheres em áreas rurais e de famílias de baixa renda.

Não Cumprida - Adotar uma lei de proteção de mulheres vulneráveis, particularmente donas de casa de baixa renda.

Não Cumprida - Adotar políticas e programas para fortalecer os direitos das crianças e adolescentes nas áreas da educação, treinamento e saúde.

Não Cumprida - Continuar a investir em políticas de alívio da pobreza e assegurar uma implementação mais focada e efetiva, a fim de reduzir desigualdades sociais e econômicas, em particular para populações rurais e indígenas.

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