Caros leitores,
É fato que um dos efeitos mais marcantes em termos econômicos da crise que se postula é o agravavento do quadro de dívida pública, especialmente dos países em desenvolvimento, diante da necessidade de aumento de gastos para a garantia da situação sanitária e - mais recentemente - para aquisição de insumos e vacinas para superação deste cenário.
Nesse sentido, trazemos hoje uma matéria que busca destacar a atuação do presidente do Banco Mundial na criação de um projeto que busque sanar a questão das dívidas envolvendo os países de baixa renda, como um mecanismo de recuperação econômica e de superação desse cenário que se coloca.
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Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, advertiu nesta segunda-feira 11 para o risco de superendividamento nos países pobres que emergem da pandemia da Covid-19 e pediu “um plano integral” para abordar o problema da dívida.
A carga da dívida nos países de baixa renda aumentou 12%, chegando a um recorde de 860 bilhões de dólares em 2020, em meio à crise sanitária global, anunciou a instituição.
Os esforços para combater a Covid-19 exacerbaram os níveis de endividamento, e um alívio da dívida será necessário, disse Malpass.
“Os níveis sustentáveis de dívida são vitais para a recuperação econômica e a redução da pobreza”, declarou Malpass.
A situação é urgente. Lançada pelo Grupo dos 20 países mais industrializados do mundo (G20) no início do ano passado para permitir aos países adiar o pagamento da dívida em meio à pandemia, a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida expira no final do ano.
“O mundo deveria pensar no que fazer depois de 1º de janeiro”, disse Malpass em uma videoconferência, insistindo em que a continuação do dispositivo DSSI “é algo que deve ser considerado”, porque “o risco agora é que muitos países saiam da crise da Covid-19 com uma grande dívida pendente que pode levar anos para ser administrada”.
Dados do Banco Mundial divulgados nesta segunda-feira mostram que a deterioração nos indicadores da dívida é algo generalizado, afetando países em todas as regiões e todos de renda baixa e média renda.
“Muitos países em desenvolvimento começaram 2020 em uma posição vulnerável, com a dívida externa pública já em níveis elevados”, e então os governos forneceram recursos sem precedentes para tentar conter o vírus e suas consequências econômicas, explica o relatório.
Para alguns deles, o aumento da dívida foi de 20%, ou mais. E, para a maioria, o aumento do endividamento não foi acompanhado do crescimento da renda nacional bruta e das exportações.
“É necessária uma mudança em grande escala na abordagem da transparência da dívida para ajudar os países a avaliar e administrar seus riscos de dívida externa e trabalhar em direção a níveis e condições de dívida sustentáveis”, enfatizam os economistas do Banco.
David Malpass e a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Kristalina Georgieva, defendem que uma maior transparência de dados é essencial para resolver o problema da dívida, em particular para negociar com os credores.
Se somados os países de renda média, a dívida externa em aberto aumentou 5,3%, em média, chegando a 8,7 trilhões de dólares no ano passado – um aumento em ritmo anual comparável ao registrado em 2018 e 2019.
“Para muitos países, porém, o aumento foi de dois dígitos”, acrescenta o documento.
“As economias em todo mundo estão enfrentando um desafio assustador representado pelos níveis de dívida altos e crescentes”, comentou a economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, em um comunicado.
“Os formuladores de políticas devem estar preparados para a possibilidade de superendividamento quando as condições do mercado financeiro se tornarem menos favoráveis, especialmente em países emergentes e em economias em desenvolvimento”, ressaltou.
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