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quarta-feira, 5 de maio de 2021

Vacina contra covid: fortuna dos 10 mais ricos 'pagaria imunização para o mundo todo', diz Oxfam

Caros Leitores,

Diante da discussão sobre o processo de patentes envolvendo os essenciais imunizantes para o combate da pandemia da COVID-19. Com a nova posição tomada pelos Estados Unidos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), tem-se diferentes nuances inclusive em termos geopolíticos diante da escassez de oferta de vacinas em cenário global.

Dessa forma, trazemos hoje uma notícia que busca combater, sob o prisma da desigualdade de renda, a possibilidade de aquisição destes imunizantes, tendo como base uma pesquisa realizada pelo reconhecido instituto Oxfam.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

A riqueza combinada dos 10 homens mais ricos do mundo aumentou durante a pandemia do coronavírus em US$ 540 bilhões (R$ 2,9 trilhões), segundo a Oxfam (organização que trabalha pela redução da desigualdade).

Segundo a entidade, essa quantia seria suficiente para pagar por uma vacina para todos os 7,5 bilhões de seres humanos no planeta e ainda evitar que pessoas caiam na pobreza por causa da pandemia. 

O relatório mostra que a riqueza estimada dos bilionários é equivalente a todos os gastos de todos os governos do G20 (o grupo de 20 países mais ricos) no combate à pandemia.

A instituição está pedindo aos governos mundiais que considerem criar impostos sobre os super-ricos para financiar o combate ao coronavírus.

Comparação simbólica

O relatório da Oxfam, chamado O Vírus da Desigualdade, foi publicado enquanto os líderes globais se reuniam virtualmente para uma reunião do Fórum Econômico Mundial.

Os pacotes de auxílio bilionários lançados por diferentes países para amortecer os efeitos da pandemia de covid-19 sobre a economia acabaram promovendo um boom nas bolsas de valores. Com os juros baixos e a grande liquidez, muitos investidores migraram para a renda variável em busca de maior rentabilidade.

Isso levou a uma valorização das ações de diferentes empresas — e, por consequência, do valor de mercado dessas companhias e da fortuna daqueles que detêm uma parcela delas.

Assim, em parte por decorrência desse efeito, a fortuna dos bilionários do planeta saltou de US$ 3,9 trilhões (R$ 21,32 trilhões) para US$ 11,95 trilhões (R$ 65,33 trilhões) entre 18 de março e 31 de dezembro de 2020 — aumento equivalente ao aporte feito pelos governos dos países membros do G20 para fazer frente à pandemia, de acordo com o relatório.

O objetivo do levantamento da Oxfam é evidenciar as desigualdades de renda globais. Na prática, parte da fortuna dos bilionários do mundo não necessariamente pode ser convertida em dinheiro vivo no curto prazo. No caso dos investimentos em ações, por exemplo, a riqueza pode flutuar a depender do desempenho do mercado e só entra na conta corrente de seus detentores caso eles se desfaçam dos papéis.

As 10 pessoas mais ricas do mundo incluem o fundador da Amazon, Jeff Bezos, o cofundador da Tesla, Elon Musk, e o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg.

O relatório diz que Bezos lucrou tanto em setembro de 2020 que poderia ter dado a todos os 876 mil funcionários da Amazon um bônus de US$ 105 mil (R$ 574 mil) e ainda ser tão rico quanto antes da pandemia.

Enquanto isso, para os mais pobres a recuperação dos efeitos da pandemia pode demorar mais de uma década. A Oxfam estima que entre 200 milhões e 500 milhões de pessoas estavam vivendo na pobreza em 2020, revertendo o declínio da pobreza global visto nas últimas duas décadas.

"Achamos que esta é uma oportunidade para fazer algo radical, para reconsiderar a taxação de grandes fortunas e os impostos corporativos", diz Danny Sriskandarajah, CEO da Oxfam no Reino Unido.

"Precisamos considerar aumentar a renda básica de cada cidadão."

Os mais ricos do mundo não estão fazendo a sua parte?

Desde o início da pandemia houve um número considerável de mega-doações de celebridades, atletas famosos e empresários para o combate ao vírus.

Em um relatório de outubro de 2020, o banco UBS disse que 209 bilionários destinaram um total equivalente a US$ 7,2 bilhões (R$ 40 bilhões) entre março e junho de 2020 para lutar contra a covid-19.

"Eles reagiram rapidamente, da forma como se faz ajuda humanitária em desastres, fornecendo subsídios e permitindo que as entidades que receberam decidam a melhor forma de usar dinheiro", acrescentou o relatório.

No entanto, essa contribuição dependeu da vontade individual de cada um — apesar do grande debate sobre o assunto, houve poucas iniciativas de países de fato taxando grandes fortunas no meio da crise. A Argentina foi um deles: o país aprovou um imposto que tributa uma única vez fortunas acima de 200 milhões de pesos (R$ 13 milhões) em até 3,5%.

Quem doou?

No mês passado, MacKenzie Scott, a ex-mulher de Jeff Bezos, anunciou que doou mais de US$ 4 bilhões (R$ 21,87 bilhões) para bancos de alimentos e fundos de ajuda emergencial em quatro meses.

Em junho do ano passado, Bezos disse que doou US$ 125 milhões (R$ 683 milhões) para a luta contra o coronavírus.

O cofundador do Twitter, Jack Dorsey, anunciou em abril que estava transferindo US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) de seus ativos para um fundo de apoio ao combate à pandemia e a outras causas. Isso era cerca de um quarto de seu patrimônio líquido, de US$ 3,9 bilhões (R$ 21,3 bilhões).

A escritora JK Rowling, autora de Harry Potter, destinou 1 milhão libras (R$ 7,5 milhões) para ajudar moradores de rua e vítimas de violência doméstica durante a pandemia.

Enquanto isso, o fundador da Microsoft, Bill Gates, e sua mulher, Melinda, destinaram US$ 305 milhões (R$1,6 bilhões) para vacinas, tratamento e desenvolvimento de métodos de diagnóstico por meio de sua fundação de caridade. A Fundação Bill e Melinda Gates também é o terceiro maior doador da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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