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sexta-feira, 23 de abril de 2021

Convite Webinar GPEIA/UFF

Caros leitores,

É certo que o contexto pandêmico que vivemos trouxe marcante efeitos em diferentes instâncias da vida cotidiana, sendo um fator relevante de análise o aumento da taxa de pobreza e, por conseguinte, da insegurança alimentar diante da redução da renda familiar em geral.

Nesse sentido, gostaríamos de convidar a todos para a terceira palestra da Série de Webinars do Grupo de Pesquisa Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF), que ocorrerá de forma virtual via Google Meet.

Neste webinar conversaremos sobre "Insegurança Alimentar e Pandemia: a Fome como uma Decisão Política" com Thiago Lima , que é Professor de Relações Internacionais e Coordenador do FOMERI da UFPB.

O webinar será realizado no dia 28 de abril, às 18h (Horário de Brasília) e será realizado em Português. As inscrições podem ser feitas no link a seguir:


http://bit.ly/webinar-gpeia3


Participe conosco e traga seu ponto de vista sobre essa discussão!

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Geopolítica da sustentabilidade e as negociações Brasil-EUA

Caros leitores,

A sustentabilidade se torna um dos assuntos mais relevantes ao momento, diante das exigências que se impõem e a necessidade de preservação ambiental sob o ponto de vista do desenvolvimento sustentável. O assunto, não obstante, recebe pertinência no debate das Relações Internacionais brasileiras e a própria forma de interação diplomática do País.

Diante disso, na matéria de hoje trazemos uma discussão feita pela ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira e pela cientista política e diretora do Instituto Clima e Sociedade (ICS) Ana Toni, em que se analisa a geopolítica sustentável e os panoramas trazidos pelo novo governo norte-americano capitaneado por Joe Biden.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

Em 2021, a celebração do Dia da Terra acontecerá num ambiente de novas expectativas políticas. A Cúpula, chamada pelo presidente Joe Biden e com a presença dos chefes de Estado e de líderes das principais economias do mundo, orienta-se por um novo momento global de enfrentamento à crise das mudanças do clima.

A senha para ser parte dessa “elite climática” é composta pelos “algoritmos políticos” da contemporaneidade: ambição de mitigação de emissões de gases de efeito estufa; transparência nos compromissos no âmbito do Acordo de Paris; eficiência na governança climática e socioambiental; transição justa e empregos verdes; mercados sólidos (compulsórios) de carbono; proteção da natureza e caminhos definitivos às novas economias verdes.

A senha para o diálogo envolve o fim do desmatamento ilegal e a garantia dos direitos dos povos indígenas

A combinação e o peso dados a cada um desses algoritmos são determinantes para o protagonismo político e econômico de governos e de sociedades. O agir internacionalmente não se limita à conexão de temas e à emergência de novas narrativas. Exige capacidade de entrega, credibilidade e relevância, além de liderança orientada por resultados e visão geopolítica.

O tema ambiental tornou-se um pilar central na geopolítica internacional do mundo contemporâneo e tem, nas agendas climática e de biodiversidade, os seus principais alicerces. Na iminente urgência desta agenda, não há espaços para o negacionismo ou obscurantismo climático, nem tão pouco para argumentos falaciosos em contradição com a ciência ou com a democracia. Estas agendas requerem centralidade, pragmatismo e racionalidade por parte dos interlocutores/negociadores, além de civilidade política entre os líderes das nações.

O gesto do presidente Biden de convidar o Brasil para participar da Cúpula deve ser visto, inicialmente, como um reconhecimento das sólidas e históricas relações bilaterais que unem os dois países. Também, deve ser percebido como uma oportunidade de criação de espaço político de diálogo para uma necessária e urgente mobilização com vistas a reverter os retrocessos observados nas políticas socioambientais e climática brasileiras nos últimos dois anos. O Brasil foi um dos arquitetos do Acordo de Paris não somente pela excelência da sua diplomacia e da sua ciência. Mas, também, por ter oferecido ao mundo, por imperativo moral e econômico, o mais expressivo esforço de mitigação climática: a redução não episódica do desmatamento na Amazônia.

Então, o que se esperar do Brasil? Como lidar com os limites tênues que encerram o exercício diplomático em torno dos interesses globais e os temas domésticos? Como lidar com os interesses das sociedades americana e brasileira com a crise de imagem e de credibilidade que revela o Brasil de hoje ao mundo? Como construir este diálogo amplo se limitando a conversas com interlocutores específicos que estão longe de representarem a envergadura política e a diversidade deste debate no Brasil?

Por relatos da imprensa, sabe-se que as conversas bilaterais progridem entre os interlocutores oficiais. Mas como construir confiança mútua sem que as sociedades envolvidas conheçam previamente os termos e as bases do diálogo bilateral? É sempre bom lembrar que toda negociação internacional requer preparação adequada para o passo que se pretende dar, confiança mútua e visão compartilhada de problemas e de soluções.

Cooperar internacionalmente não se limita à alocação de recursos financeiros ou de investimentos que possam beneficiar alguns poucos. Ou tão pouco ao não bloqueio de negociações internacionais de interesse comum. No enfrentamento à crise climática, é essencial ser assertivo nos compromissos, afirmativo e transparente quanto aos objetivos e resultados pactuados e convergente nos interesses bilaterais comuns com co-benefícios globais. Só assim, o mundo voltará a unir-se ao Brasil!

A segurança climática global é fortemente influenciada pela existência das florestas tropicais no mundo nas bacias Amazônica, do Congo e do Mekong. Portanto, para os países amazônicos, particularmente o Brasil, a senha de entrada em qualquer diálogo geopolítico nesta área envolve o fim do desmatamento ilegal e a garantia dos direitos constitucionais dos povos tradicionais e indígenas. É muito mais do que conter os retrocessos ou vender soluções antigas para problemas arquitetados e ressuscitados. O urgente realinhamento com a contemporaneidade requer que o Brasil explicite os nossos interesses reais com o fim do desmatamento na Amazônia.

Além de combate ao crime ambiental na Amazônia, esse realinhamento significa lidar com as mudanças necessárias para promover os avanços nas economias de baixo carbono, circular, bioeconomia, do conhecimento, da ciência e da inovação. Requer a corresponsabilidade dos non-state actors e um robusto sistema de governança climática e socioambiental envolvendo transparência, regulação, accountability, controle social e democracia.

Sem isso, como ter clareza sobre qual a visão de mundo que une os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos sobre a crise climática e os desafios da humanidade na relação entre a natureza? Ou sobre o projeto de país, se é que existe, que está na base dos interesses brasileiros? Qual a clareza de ideias do governo brasileiro sobre os desafios da Amazônia como floresta, território de integração nacional e regional e de desafios de desenvolvimento humano? Qual é seu real comprometimento com nossos povos originários e seus territórios? Quais seus planos para acabar com a pobreza na Amazônia?

A Amazônia é um pedaço grande do Brasil que desperta reações múltiplas e fortes e de diversas naturezas políticas. A comunidade internacional a percebe com olhares próprios e com limitações sobre as suas realidades; os brasileiros das outras regiões de uma maneira talvez distante ou desatenta, mas também com muito orgulho e esperança; e os muitos e diversos amazônidas a percebem sob suas perspectivas próprias, diversas e legítimas de quem vive sua realidade e respira seus sonhos no dia-a-dia. Entretanto, um aspecto político modela o debate que norteia a Cúpula nos Estados Unidos: apesar da Amazônia não ser maior que o Brasil, é ela a senha que coloca ou retira o Brasil do mundo contemporâneo, e que permite ou dificulta que o Brasil seja parte da liderança geopolítica internacional.

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segunda-feira, 19 de abril de 2021

A busca por fortalecimento e cooperação em meio a um cenário de crise na 13ª Conferência dos BRICS


Caros leitores,

A reunião de cúpula dos BRICS consiste em Evento fundamental das Relações Internacionais brasileiras, diante da importância que o bloco assume, especialmente em um contexto de pandemia que tem nos seus membros alguns dos principais produtores de imunizante do globo.

Diante disso, trazemos hoje uma notícia que busca traçar alguns pontos fundamentais que são explorados na 13ª Cúpula dos BRICS, bem como algumas das estratégias que estão sendo tomados em um momento tão conturbado quanto aquele que vivenciamos.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

“Cooperação, continuidade, consolidação e consenso” são as palavras-chave que direcionam os debates travados na 13ª Conferência do BRICS realizada neste ano, sob a presidência da Índia. Enfatizado no tema oficial do evento “BRICS @ 15: Cooperação intra-BRICS para continuidade, consolidação e consenso” anunciado pelo chanceler indiano Subrahmanyam Jaishankar, o 15° aniversário do grupo – composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – surge como momento oportuno de consolidação das relações profícuas entre os cinco países membros, assim como, uma oportunidade ímpar de “revisar as conquistas e contribuições do BRICS para a agenda global.” Nesse sentido, os anfitriões destacam em nível de discurso o papel importante que o grupo tem desempenhado ao longo desse período, como um “farol do multilateralismo baseado na igualdade, respeito mútuo e confiança.”

Apesar de toda cortesia da linguagem e da retórica diplomática empregada pelos anfitriões no texto de abertura do site oficial do evento, lançado em fevereiro, bem como nos discursos oficiais dos seus organizadores, o mesmo se desenrola em um complexo e tenso cenário internacional. Este que deriva não apenas da pandemia da Covid-19 e de seu corolário de danos e impactos nas dinâmicas internas e externas dos países membros, mas também, por uma miríade de fatores e disputas, tanto em nível global como regional, que os têm envolvido dentro e fora da esfera do grupo.

O acirramento da rivalidade EUA-China, as tensas relações Índia-China em função de questões fronteiriças e das delicadas alianças estratégicas regionais – particularmente da China com o Paquistão e a participação da Índia no “Quad” –, o aumento da pressão internacional sobre a Rússia e os entraves nas relações bilaterais com a Índia, as mudanças de perfil político e de política externa dos governos de turno sul-africano e brasileiro, além, é claro, das rusgas surgidas nos dois últimos anos nas relações Brasil-China e o não cumprimento das obrigações financeiras do país latino-americano com o bloco, fizeram do evento deste ano ponto fulcral de observação quanto aos rumos futuros da plataforma BRICS.

Tendo em conta esse complexo cenário, os anfitriões do evento (com um surpreendente apoio público da China anunciado pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin) estruturaram os trabalhos e debates a serem travados no decorrer dos próximos meses, a partir dos três pilares de cooperação estabelecidos no fórum interno do grupo, quais sejam:

1. Política e Segurança: “visa promover o aumento da cooperação e do diálogo sobre questões de segurança global e regional, desenvolvimentos no espaço político global para paz, segurança e prosperidade, com foco prioritário na Reforma do Sistema Multilateral e de Cooperação contra o Terrorismo.”

2. Econômico e Financeiro: “visa promover o crescimento econômico e o desenvolvimento para a prosperidade mútua por meio da expansão da cooperação intra-BRICS em setores como comércio, agricultura, infraestrutura, pequenas e médias empresas, energia e finanças & bancos. Reconhecendo as vantagens do uso de soluções tecnológicas e digitais para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável nos países do BRICS, com foco especial em: Implementação da Estratégia de Parceria Econômica do BRICS 2020-2025; Operacionalização da Plataforma de Pesquisa Agrícola do BRICS; Cooperação em Resiliência a Desastres; Cooperação em Inovação; Saúde Digital e Medicina Tradicional.”

3. Cultural e Interpessoal: “visa enriquecer qualitativamente e aumentar os contatos intra-BRICS de pessoa para pessoa nas áreas cultural, acadêmica, juvenil, esportiva, empresarial, por meio de intercâmbios regulares. Também são realizados intercâmbios entre parlamentares, jovens cientistas, etc.”

Ainda cercado por diversas incertezas e tensões, o encontro desse ano promete ser decisivo na configuração (ou reconfiguração) das agendas dos países membros. Principal interessada, a China tem procurado demonstrar de forma bastante pragmática que está disposta a cooperar e viabilizar o estreitamento das relações e, se necessário, a fornecer suporte àqueles países membros com menor capacidade de desenvolvimento e de projeção no cenário internacional.

Nesse sentido, a expectativa sobre os desdobramentos das discussões lá desenvolvidas e sobre o futuro desse grupo – considerado pelo Prof. Dr. Jonnas Esmeraldo M. Vasconcelos da UFBA, em publicação recente, “um dos feitos geopolíticos mais importantes do início do século XXI” – deve ser mantida até o fim dos trabalhos, quais se estenderão até 01 de junho do corrente ano, segundo calendário oficial, mas ainda sujeito a alterações devido à pandemia da Covid-19.  

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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Webinário ABRI | Pandemia e crimes contra a humanidade

Caros leitores,

Muitos debates surgem sobre o combate à pandemia e a possibilidade de enquadramento de condutas, sejam omissivas ou comissivas, por partes de autoridade em diferentes crimes tanto em escala nacional quanto internacional.

Diante disso, viemos convidá-los ao Webinar "Pandemia e Crimes contra a Humanidade", promovido pela Associação Brasileira de Relações Internacionais e que ocorrerá no dia 19/04/21 às 17:00 digitalmente e de forma gratuita. O Evento contará com a presença de figuras especializadas na matéria, inclusive Deisy Ventura e Thiago Amparo, e buscará debater perspectivas sobre o assunto.

Para alunos de graduação, a participação é livre e a inscrição pode ser feita pelo link abaixo:


https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSeQrhdDAe2LKoJo1QpROJpJgJgC1PECyawUvOjOb47VOs6Iaw/viewform


Esperamos que gostem e participem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Palestra "Relações Econômicas Externas e Inserção Econômica Internacional do Brasil: 200 anos de história"

Caros leitores,

O Brasil, economicamente falando, transpassou um lento e gradativo processo de evolução, que incluiu uma inserção cada vez mais pungente no mercado internacional, especialmente no tocante às commodities. Em razão disso, muito se discute as estratégias que nos trouxeram até esse status, mas também as perspectivas futuras diante de diferentes obstáculos que insurgem.

Em razão disso, hoje viemos convidá-los a palestra "Relações Econômicas Externas e Inserção Econômica Internacional do Brasil: 200 anos de história", promovida pelo Centro de Estudos Globais da Universidade de Brasília. O evento ocorrerá no dia 26 de abril de 2021 às 16:00 e contará com a presença do embaixador Paulo Roberto de Almeida, que debaterá diferentes temas sobre a matéria. 

Para inscrição gratuita, basta acessar o seguinte link:


https://www.sympla.com.br/palestra-relacoes-economicas-externas-e-insercao-economica-internacional-do-brasil__1180054


Esperamos que gostem e participem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


sexta-feira, 9 de abril de 2021

Convite

Caros leitores,

O belicismo e uma caracterização intervencionista, especialmente norte-americana, foi fundamento característico das Relações Internacionais à partir dos anos 1990, abarcando especialmente áreas estratégicas globalmente como o Oriente Médio. Nesse sentido, a mudança de governo e a adotada de uma agenda liberal-progressista sob a pessoa de Joe Biden suscita debates sobre como agirá os EUA nesses próximos anos.

Nesse sentido, trazemos hoje um convite para a Aula Inaugural "O paradoxo de Kant e a leveza da paz" do Instituto de Relações Internacionais da Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro (IRI/PUC-Rio), cujo objetivo é trazer esse debate em perspectiva futura junto com nomes renomados da área, dentre os quais estão José Luís Fiori

A participação é gratuita e o Evento ocorrerá virtualmente às 17:00  do dia 12/04. O link para maiores informações e inscrição pode ser encontrado abaixo:


https://puc-rio.zoom.us/meeting/register/tJUrdO-uqT8vHtOpIpFcFMCcux5cE8T8TqZI


Esperamos que gostem e participem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).


segunda-feira, 5 de abril de 2021

Convite

Caros leitores,

É certo que o assunto China assume cada vez maior relevância, uma vez que se trata do mais relevante parceiro comercial do País, trazendo consigo implicações em campos que permeiam desde Direitos Humanos até enfrentamento da crise pandêmica. Indubitável é, porém, que o processo de relação com a América Latina é fonte crucial de análise geopolítica atual.

Nesse sentido, trazemos hoje a série de Eventos "Webinar BR&Br + Américas", promovida pela Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, iniciando-se no dia 13 de abril e indo até 18 de maio de 2021 sempre ocorrendo de 10:00 às 12:00 e trazendo consigo especialistas de toda a região latino-americana para debater diferentes pontos que abrangem a China e sua relação regional.

Todas as palestras serão realizadas em espanhol e por via digital e de forma gratuita. Para se inscrever, o link encontra-se disponível abaixo:


https://direitorio.fgv.br/eventos/webinar-brbr-americas


Esperamos que gostem e participem dos Eventos!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Risco de morrer de covid-19 no Brasil foi mais de 3 vezes maior que no resto do mundo em 2020, calcula economista

Caros leitores,

É notório que nos encontramos em um epicentro da pandemia do novo coronavírus no País, atingindo recordes de números de mortes como um resultado da demora pela oferta de vacinas em larga escala e a inexistência de medidas de isolamento social rígidas que controlem a taxa de transmissão da doença.

Nesse sentido, na matéria de hoje trazemos uma constatação, através de um trabalho produzido pelo economista do INPE Marcos Hecksher, acerca da gravidade da situação brasileira desde o ano de 2020, tendo em vista a taxa de mortes e as particularidades da pirâmide etária e da natureza social brasileira. A partir daí, faz-se possível traçar cenários sobre a perspectiva futura do contexto pandêmico em solo nacional.

Esperamos que gostem e compartilhem!

Ygor Alonso é membro do Grupo de Pesquisa em Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF).

As quase 195 mil mortes por covid-19 oficialmente registradas no Brasil ao final de 2020 não só escalonaram rapidamente neste ano — hoje, essa cifra já passa de 225 mil — como fizeram do país um dos mais mortíferos da pandemia em todo o mundo, se levadas em conta a composição demográfica e etária brasileira.

Na prática, o risco de um morador do Brasil ter morrido de covid-19 em 2020 foi quase quatro vezes maior do que no resto do mundo, em média.

As conclusões são de um trabalho ainda em andamento do economista Marcos Hecksher, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Segundo seus cálculos, cedidos à BBC News Brasil, 169 países de um total de 178 (ou seja, 95%) tiveram uma taxa menor do que a do Brasil em mortes por covid-19, quando comparam-se não só os números absolutos, mas o tamanho da população e os óbitos em cada faixa etária.

Isso quer dizer que, caso em todos esses países os cidadãos tivessem morrido na mesma proporção, por sexo e por idade, em que morreram no Brasil, só nove deles estariam em uma situação pior do que a brasileira — ou seja, nessa comparação, registraram mais mortes do que teriam tido.

Há meses o Brasil ocupa o segundo lugar do mundo em número absoluto de mortes por covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, que hoje contabilizam mais de 443 mil óbitos.

Quando a comparação leva em conta o número de mortes por 100 mil habitantes, porém, diversos países europeus, como Bélgica, Reino Unido, Espanha e Itália, passaram à frente do Brasil ainda em 2020. Afinal, têm um número proporcionalmente alto de mortes pelo novo coronavírus em relação ao tamanho de sua população.

Isso continua valendo em 2021. No levantamento mais recente da Universidade Johns Hopkins, o país com mais mortes por 100 mil habitantes é o Reino Unido, seguido pela República Tcheca e a Itália. O Brasil aparece em 12° lugar.

Mas essa conta tampouco pinta um quadro completo.

Hecksher lembra que países europeus (e os EUA também) têm uma população com maior porcentagem de idosos do que a brasileira, portanto muito mais suscetível a adoecer gravemente quando infectada pelo coronavírus.

"O número de mortes de covid-19 por 100 mil habitantes indica o risco de uma pessoa qualquer em uma população ter morrido por causa da doença. Essa taxa é influenciada pela demografia de cada país. Como os idosos têm risco muito maior de morrer de covid-19 do que os mais jovens, é esperado que países com população mais envelhecida tenham mais mortes por 100 mil habitantes", explica o pesquisador.

Uma das formas de corrigir isso para fazer uma análise comparativa com o desempenho do Brasil na pandemia, diz Hecksher, é incorporando ao cálculo a mortalidade por faixa etária e sexo.

Em seu trabalho, o pesquisador levantou portanto não só a quantidade de mortes de cada país por covid-19 e sua população, mas também a composição da população em cada país analisado, a partir de dados da OMS, da ONU e do Ministério da Saúde brasileiro.

É nessa conta que o Brasil aparece pior que 169 países.

Hecksher calculou que, se os demais países do mundo tivessem, com as suas respectivas pirâmides populacionais e divisões por sexo, repetido o padrão brasileiro de mortes em cada faixa etária e sexo, apenas nove deles teriam tido menos mortes do que de fato tiveram.

São eles: Peru, México, Belize, Bolívia, Equador, Panamá, Colômbia e — os únicos não latino-americanos da lista — Macedônia do Norte e Irã.

"Entre os 179 países analisados, o Brasil fica na 10ª pior posição do ranking. Isso significa que 95% dos países (analisados) tiveram resultado melhor que o Brasil no combate à covid-19 em 2020 quando se leva em conta a demografia de cada um", aponta Hecksher.

O Peru, que em junho e julho do ano passado começou a enfrentar uma crise semelhante à vivida agora por Manaus — com colapso do sistema de saúde e escassez de cilindros de oxigênio —, acabou se tornando um dos países com mais alta taxa de mortalidade por covid-19 em todo o planeta.

No outro extremo dessa comparação está o Vietnã, que até esta semana contabilizava um total de apenas 35 mortes por covid-19, segundo a OMS.

"No Vietnã, morreram apenas 0,05% do que se esperaria se o país replicasse o padrão de mortalidade brasileiro. Em outras palavras, dados o sexo e a idade de uma pessoa, o risco médio de morrer em 2020 de covid-19 foi 2 mil vezes maior no Brasil do que no Vietnã", compara Hecksher.

Na prática (veja gráfico acima), a cada morte por covid-19 no Brasil em 2020, o Peru registrou 1,42 morte — levando-se em conta o ajuste por faixa etária e sexo. Ou seja, cada cinco mortes no Brasil equivaleriam a cerca de sete no Peru.

O Vietnã, enquanto isso, registou apenas 0,0005 morte a cada pessoa que perdeu sua vida para o coronavírus no Brasil. Ou seja, para 2 mil mortes brasileiras, o Vietnã contabilizou apenas uma.

É bom destacar que os cálculos são feitos com base nos dados oficiais da pandemia em cada país, sem levar em conta a subnotificação de mortes por covid-19 — por exemplo, de pessoas que não foram testadas para covid-19 e cujo atestado de óbito consta apenas que ela morreu de problemas respiratórios.

Aqui no Brasil, diferentes especialistas estimaram à BBC News Brasil em dezembro que a subnotificação foi tão grande que o número de mortes por covid-19 no ano passado pode ter sido 50% maior do que o registrado oficialmente. Isso faria o número absoluto de mortes subir dos quase 195 mil oficiais em 2020 a mais de 290 mil.

'Pior gerenciamento' da pandemia

Os motivos por trás desse mau desempenho comparativo do Brasil também quando levada em conta sua composição etária exigiriam uma análise mais aprofundada, mas as conclusões de Hecksher são reforçadas por outros estudos.

Na última semana, o Instituto Lowy, da Austrália, listou o Brasil como o pior no gerenciamento da pandemia entre 98 países analisados, com base em seis critérios (número de casos de covid-19, mortes, casos por 1 milhão de pessoas, mortes por 1 milhão de pessoas, casos confirmados em proporção aos testes, e quantidade de testes por mil habitantes) analisados ao longo de 36 semanas. Níveis de desenvolvimento socioeconômico e tamanho da população também foram levados em conta.

Nas contas do Lowy, o melhor desempenho na pandemia coube à Nova Zelândia, que pontuou 94,4 em uma medição de zero a cem. Na lanterna do ranking, o Brasil pontuou meros 4,3.

De volta aos cálculos de Hecksher, de modo geral, "o risco de uma pessoa qualquer no mundo ter morrido de covid-19 no ano passado, dados seu sexo e sua idade, foi 27,9% do risco enfrentado pelos brasileiros".

Ou seja, diz o pesquisador, "o risco de morrer de covid-19 é multiplicado por 3,6 vezes se a pessoa morar no Brasil".

O 'debate' entre economia e saúde

Além dos dados de mortalidade, Hecksher tabulou também os dados de desemprego do Brasil e do resto do mundo durante a pandemia, usando os dados mais recentes disponíveis (do terceiro trimestre de 2020).

E a conclusão é de que, na suposta "briga" entre abrir a economia ou preservar a saúde, alimentada nos meses iniciais do avanço do coronavírus, o Brasil perdeu nas duas pontas.

Calculando a proporção de pessoas ocupadas em relação à população com idade de trabalhar, o Brasil tinha menos da metade (47,1%) desse contingente empregado no terceiro trimestre de 2020.

Trata-se de uma queda de 7,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2019, quando a relação entre pessoas ocupadas e população em idade ativa era de 54,8%.

"O Brasil já estava mal antes da pandemia, e tivemos uma queda ainda maior do que até mesmo países como a Argentina", diz Hecksher.

Na comparação com o resto do mundo em termos de população ocupada, o Brasil do terceiro trimestre de 2020 só se sai melhor do que a África do Sul (37,5%) e bem atrás de países como a Suíça (79,8%).

Embora Hecksher reforce que não existe causalidade entre esses dois indicadores ruins brasileiros — o de mortes e desemprego elevados —, eles indicam que a ideia de que há um dilema entre estimular a economia ou defender o isolamento social não faz sentido.

"A gente embarcou nesse falso dilema, não se protegeu direito e acabou sendo mais afetado do que a maioria dos países tanto pela covid-19 quanto pelo desemprego", aponta o economista.

Outro caso internacional destacado por Hecksher é o da Suécia, apontado pelo presidente Jair Bolsonaro, no início da pandemia, como exemplo de país que manteve sua economia aberta e não promoveu lockdowns (fechamentos totais, em inglês).

Em comparação com seus vizinhos nórdicos (Noruega, Dinamarca e Finlândia, que têm padrão de vida e perfil populacional semelhante), a Suécia teve a maior variação negativa no nível de emprego, na diferença entre os terceiros trimestres de 2019 e 2020.

Os suecos também perderam muito mais vidas para a covid-19 do que seus pares nórdicos: foram 11,5 mil mortes confirmadas até 2 de fevereiro, mais que o triplo das mortes registradas em Noruega, Dinamarca e Finlândia somadas.

"Lá, assim como aqui, priorizar empregos na pandemia também não funcionou", diz Hecksher.

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