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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Como países como o Brasil podem se beneficiar da vinda de refugiados

Olá alunos, 

A chegada de venezuelanos no Brasil tem estampado manchetes devido às tensões entre moradores de Pacaraima (RR) e os estrangeiros. A situação da cidade fronteiriça e do Estado é descrita por moradores como crítica, à medida que migrantes pobres se instalam nas ruas, a sensação de insegurança aumenta e os serviços públicos ficam ainda mais sobrecarregados. A notícia de hoje discorre a respeito do tema e os principais desafios na inclusão desses migrantes no país. 

Agradecemos a notícia sugerida pelos alunos: Isadora Janssen Santos, João Victor Soares da Silva, Pedro Victor, e Jomar.

Esperamos que gostem e participem. 
Nathalia Marques e Lucas Pessoa são monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.


Crises do tipo se repetem em diversas fronteiras onde o fluxo de refugiados é ainda maior. Mas, embora as tensões sejam latentes, a imigração pode representar oportunidade de desenvolvimento aos países que a recebem. De acordo com estudos e especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, uma onda migratória, se for bem gerida, pode ser positiva.
Mundialmente os imigrantes correspondem a 3,4% da população, mas contribuem desproporcionalmente mais à economia, produzindo quase 10% de toda a riqueza mundial (PIB), aponta levantamento de 2015 da consultoria McKinsey. Imigrantes contribuem com US$ 6,7 trilhões à economia global - cerca de US$ 3 trilhões a mais do que teriam gerado se tivessem apenas permanecido nos países de origem.
Em países como a Suíça - onde há políticas de integração -, os imigrantes pagam mais impostos do que recebem de benefícios. Nesse caso o aumento líquido da arrecadação chega a até 2% do PIB, apontam dados da OCDE, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Outro estudo vai na mesma linha: uma onda migratória proporcional a 1% da população local resultaria em ganhos econômicos de até 4,35% no PIB per capita a esse local após uma década. A simulação, feita pelo professor Hyppolyte d´Albis, da Paris School of Economics, tomou por base dados compilados de 19 países, entre 1985 e 2015.
Mas tudo depende da forma como um governo irá receber esses imigrantes, explica a pesquisadora Cindy Huang, da organização Center for Global Development (CGD): "Se os imigrantes e refugiados são um peso ou uma oportunidade depende das escolhas políticas", diz.
"Garantir direito a trabalhar, a ter um negócio e a viajar livremente permite a eles que contribuam mais integralmente. Restringir o acesso ao trabalho ou à liberdade de movimento dificulta o potencial dos imigrantes de se tornarem contribuintes econômicos e consumidores e pode deixá-los dependentes de ajuda."

Questão de gestão

Um levantamento do Carnegie Endowment for International Peace reconhece que, quando imigrantes forçados chegam em grandes números a Estados frágeis, "pode haver perda de bem-estar social" temporária. Mas para que uma piora definitiva se materialize é necessário que o número de imigrantes seja "relativamente grande em relação à população local".
No caso do Brasil, vieram 50 mil venezuelanos até abril de 2018, segundo relatório de julho da Organização Internacional para Migrações (OIM). Trata-se de 0,024% de uma população de 208 milhões.
Um exemplo de boa gestão, a Suécia é um país de população pequena (9,6 milhões) que ainda assim recebeu uma onda migratória expressiva. Desde a virada do século, o país escandinavo acolheu 15 mil pessoas a cada ano no período entre 2000 e 2014. Esse influxo resultou em um crescimento de meio ponto percentual no PIB. Isso se explica porque os imigrantes aumentaram a população economicamente ativa, trazendo talentos complementares e se inserindo em segmentos onde havia déficit de mão de obra, aponta relatório da Delegação para Estudos da Imigração da Suécia.
"No caso da Suécia houve um forte investimento público em integração também porque estava claro que a maioria das pessoas iriam permanecer no país", explica Thomas Liebig, especialista em imigração na OCDE.

Como inserir migrantes em meio ao desemprego?

Há uma diferença entre refugiados e imigrantes econômicos: a definição clássica de refugiado é "o imigrante (que sofre de) fundado temor de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas", diferentemente de um migrante que busca melhores condições econômicas. Mas a Acnur (agência da ONU para refugiados) já incorpora na definição de refugiados as vítimas de uma crise humanitária, com fome generalizada e a ausência de acesso a medicamentos e serviços básicos, que é o caso de muitos venezuelanos.
Arredondando os números da OIM, dentre os cerca de 50 mil venezuelanos que se encontram no Brasil, pouco menos de 33 mil se inscreveram para receber status de refugiados. Os restantes 17 mil solicitaram residência.
Entre os que chegaram ao Brasil no primeiro trimestre desse ano a maioria (71%) está na faixa etária economicamente ativa, tendo entre 25 e 49 anos, é do sexo masculino (58%) e possui nível educacional secundário (51%) e superior (26%), segundo a OIM.
Esse é justamente o perfil de indivíduo apto a se inserir produtivamente no mercado de trabalho. Mas como aproveitar 50 mil pessoas a mais em um Brasil que já regista 13 milhões de desempregados?
"Não é que simplesmente irá aumentar o número de desempregados. Essa não é a dinâmica. Essas são pessoas qualificadas, com demandas, e haverá atividade econômica criada ao redor disso, o que também pode gerar oportunidades", defende Liebig, da OCDE.
"Isso não quer dizer que não haverá problemas ou que será um êxito. O impacto vai depender muito da vontade de se investir em integração e o idioma é fundamental nisso", opina.
Hyppolyte d´Albis concorda: "Nossa perspectiva macroeconômica mostra que a imigração gera um aumento de demanda global que impulsiona a economia e reduz o desemprego."
"Além disso, a maioria dos imigrantes estão em idade de trabalhar e por isso ajudam a diminuir a taxa de dependência na maioria das populações, promovendo um dividendo demográfico que é benéfico às economias dos países receptores", argumenta d´Albis, em referência à proporção de trabalhadores ativos frente ao número crescente de aposentados.
"Ao contrário do que muitos temem, a maioria das pesquisas concluiu que os efeitos gerais de um influxo de refugiados sobre os salários e o desemprego é mínimo ou nulo", afirma Cindy Huang, do CGD.

Contribuintes líquidos

"Veja os Estados Unidos, por exemplo. Um estudo concluiu que refugiados se tornam contribuintes líquidos (ou seja, passam a gerar mais dinheiro em impostos do que o que recebem em benefícios estatais) à economia apenas oito anos após a chegada deles ao país", continua.
"Um relatório do departamento americano de Saúde e Serviços Humanos calculou que os refugiados contribuíram com US$ 63 bilhões a mais em renda ao governo do que custaram ao longo da última década", diz Huang.
Apesar de serem números oficiais, os dados do estudo ao qual ela se refere foram rechaçados publicamente pelo governo Donald Trump. Na prática, até 2016 o país vinha acolhendo grande número de imigrantes, tendo recebido mais de 290 mil venezuelanos naquele ano.
"É normalmente verdadeiro e os economistas tendem a concordar que os imigrantes contribuem proporcionalmente mais porque são mais jovens e estão na faixa etária economicamente ativa. Eles trazem novas ideias, novos talentos. Há de certa forma um consenso de que a contribuição deles à sociedade é positiva também pelo pagamento de impostos e arrecadação aos sistemas de segurança social", resume o pesquisador especialista em imigração Jasper Tjaden da OIM.

Política para dar retorno

Huang explica que, quando os refugiados chegam, precisam de assistência pública, mas que esse gasto é "um investimento que pode ser mais do que repago", porque com o tempo eles também passam a pagar impostos.
"Quão cedo e quanto os refugiados vão contribuir de volta em termos fiscais econômicos depende em grande parte de quão rapidamente eles conseguirão ser integrados ao mercado de trabalho do país anfitrião", diz.
Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que casos bem-sucedidos de integração (como a Suécia e a Suíça) contaram com governos engajados, que promoveram, por exemplo, o ensino gratuito do idioma local, a promoção do acesso das crianças às escolas, o reconhecimento das qualificações acadêmicas dos imigrantes e a redistribuição dos imigrantes dentro do país.
"Pelo que já foi observado em outros países, a experiência nos mostra claramente que saber falar o idioma é a primeira coisa que você precisa para se integrar. Apoiar as pessoas nesse sentido é fundamental", aponta Liebig.
"Muitas vezes os cursos de idioma podem ser combinados com treinamento vocacional, para que as pessoas se encaminhem mais facilmente a um aperfeiçoamento local, ou um emprego", exemplifica Tjaden, da OIM.
"Investir na educação dos que buscam asilo e ajudá-los a se integrar ao mercado de trabalho rapidamente são as políticas-chave que precisam ser implementadas para que um país se beneficie", reforça d´Albis.
Para evitar sobrecarregar a região de Roraima, o governo brasileiro está redistribuindo os venezuelanos para outras regiões do Brasil. São Paulo, Cuiabá, Manaus, Brasília e Rio de Janeiro acolheram os imigrantes. Há planos de enviar 646 deles ao Rio Grande do Sul, para as cidades de Esteio e Canoas.
"Se alguém está fugindo de desastres, de guerra, você tem uma obrigação internacional de ajudar essas pessoas e de oferecer abrigo. Isso não deveria ser uma discussão econômica", opina Tjaden. "Antes de mais nada, é um dever moral e humano."

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Eleições 2018: Como a disputa presidencial está afetando a saúde mental dos brasileiros.

Olá alunos, 

Angústia, medo, tristeza, raiva, insegurança... esses são alguns dos sentimentos que têm atormentado muitos brasileiros nos últimos meses, motivados pelas eleições. A notícia que trazemos hoje resume o que tem sido essas eleições, em termos psicológicos. 

Esperamos que gostem e participem. 
Nathalia Marques e Lucas Pessoa são monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
Situação semelhante aconteceu nos Estados Unidos em 2016, quando Hillary Clinton e Donald Trump brigavam pela Casa Branca. Naquela época, a Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês) tratou da questão na pesquisa Estresse na América, que realiza anualmente desde 2007.
Pelos dados do estudo, três meses antes da votação, mais da metade (52%) dos americanos acima de 18 anos relataram que a eleição presidencial era uma fonte significativa de estresse. Alguns meses depois, em um levantamento complementar, 57% disseram que o clima político da época continuava sendo fonte de estresse e 66% descreveram o mesmo sobre o futuro do país.
"Quando as pessoas não têm recursos financeiros, emocionais e psicológicos para lidar com os fatores estressantes, elas correm o risco de ficar sobrecarregadas, sentirem-se irritadas, apresentar problemas para dormir e se concentrar, além de dificuldade para se relacionar com os outros", diz Lynn Bufka, diretor-executivo associado de Pesquisa e Política Prática da APA.
Segundo ele, não é possível dizer explicitamente que a política leva os indivíduos a vivenciarem estresse ou outras questões relacionadas à saúde mental. No entanto, os sentimentos de incerteza sobre os resultados eleitorais, a exposição contínua ao noticiário e às redes sociais, a divisão entre os grupos com opiniões contrárias, a presunção de que ações negativas ocorrerão com um resultado ou outro, prevendo possibilidades que nem sempre serão confirmadas, podem, sim, ser estressantes.
"Embora não tenhamos dados sobre outros países, entendemos que os brasileiros estão enfrentando eleições controversas e, da mesma forma, podem se sentir mal em relação ao resultado das urnas e ao futuro", comenta Bufka.
Aqui, por enquanto, nenhum estudo mais profundo sobre o tema foi realizado. Porém, em uma de suas pesquisas eleitorais feitas em outubro, o Datafolha incluiu uma pergunta sobre os sentimentos dos eleitores: Quando pensa no Brasil de hoje, você sente...?.
O levantamento mostrou que 88% dos participantes se sentem inseguros; 79%, tristes; 78%, desanimados; 68%, com raiva; 62% manifestaram medo do futuro e 59%, mais medo que esperança.

Eleição no divã

A polarização provocada pelas eleições, resultando em brigas entre familiares, amigos e até desconhecidos, e a insegurança no trabalho, por conta das posições políticas dos chefes, têm levado muita gente para os consultórios e se tornado o ponto central das conversas com médicos e terapeutas.
De acordo com o psiquiatra paulista Luiz Scocca, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da APA, cerca de 80% dos pacientes que entram na sua sala falam sobre política.
"Nos meus 25 anos de atendimento nunca vi algo parecido, nem em momentos de grande comoção, como Copa do Mundo ou morte de algum ídolo nacional. É um cenário sem precedentes, mas que realmente lembra muito o dos Estados Unidos em 2016. As pessoas têm chegado aqui bem ansiosas, e isso tem a ver o com medo do desconhecido. Ninguém sabe o que vai acontecer, independentemente de quem seja eleito, e é justamente o que tem gerado temor e insegurança", comenta.
No dia a dia do especialista, são os jovens quem mais chamam sua atenção. "Eles estão tensos, inconformados e até frustrados. Os mais novos, em geral, têm dificuldade de lidar com frustrações. Não à toa, os diagnósticos de depressão têm aumentado em cerca de 30% na faixa de 17 a 25 anos", complementa.
O psiquiatra destaca ainda que este é o grupo etário que está mais exposto às redes sociais e aos aplicativos de conversa, locais onde imperam as informações negativas, os discursos de ódio e as fake news.
Ana Maria Rossi, PhD em psicologia e presidente da International Stress Management Association (Isma-BR), afirma que os mais velhos também estão sendo afetados com intensidade pelo agressivo clima político.
"Os eleitores de 25 a 30 anos e os acima de 50, na minha experiência clínica e nas consultorias que realizo, são os que se mostram mais preocupados. E isso faz sentido. Os primeiros estão se graduando ou se formaram há pouco tempo, e ainda precisam se firmar no mercado de trabalho, enquanto os demais estão se aproximando da aposentadoria. Só que toda essa incerteza e insegurança em relação ao futuro tem provocado neles ansiedade, medo e angústia", analisa.
Assim como Scocca, Rossi foi pega de surpresa. "Foi um fenômeno que de repente se tornou avassalador, provocando sintomas físicos e emocionais em grande parte da população."
Seus clientes têm verbalizado dores musculares e de cabeça, desconforto gastrointestinal, cansaço excessivo, ansiedade, angústia, incapacitação, raiva e problemas de sono, como dificuldade para dormir, sono agitado, pesadelos, vários despertares durante a madrugada e insônia.
"As pessoas estão somatizando e precisando de ajuda para enfrentar a situação. Só que, junto com o aumento na procura por terapia, o que vejo são muitas delas lidando com a questão consumindo uma quantidade maior de bebidas alcoólicas", afirma. O que ela também tem notado é a automedicação com antidepressivos, ansiolíticos e estabilizadores de humor, e o aumento na dosagem desses fármacos sem prescrição.

Helio Roberto Deliberador, professor do Departamento de Psicologia social da PUC-SP, corrobora que a permanente instabilidade, a escalada da violência na cena urbana brasileira e as rupturas na sociedade estão gerando um processo de sofrimento psíquico sem precedentes recentes.
"Na nossa clínica, os pacientes têm apresentado quadros de fobia social, medo, depressão e ansiedade. Tem havido aumento do desassossego humano, até com tentativas de suicídio. É uma reação doentia que está se instalando de forma geral, marcada por discurso de ódio, ressentimentos e graves enfrentamentos", analisa, lembrando que muitos cidadãos passaram a ver quem tem opinião divergente como um "inimigo a ser destruído", em vez de um adversário a ser vencido.
No consultório da psicóloga Flavia Roberta Eugênio, em Santo André (SP), os pacientes começaram a relatar todos estes efeitos ainda antes do primeiro turno. "Naquele período, a questão principal eram os conflitos familiares e no ambiente de trabalho. Agora é mais o medo, especialmente para alguns grupos, como negros e LGBTs. Eles estão se sentindo ameaçados e sendo vítimas de violência, hostilidade e preconceito nas ruas."
Percebendo que a disputa política havia se tornado uma constante nas sessões, ela e a colega de profissão Ivani Francisco de Oliveira decidiram promover uma roda de conversa, batizada de Roda de Acolhimento: Sofrimento Psíquico Gerado Pelas Eleições.
A ideia inicial das profissionais era oferecer essa ajuda extra e gratuita apenas para quem já se tratava com elas. Porém, após a divulgação do evento nas redes sociais, a procura acabou sendo maior do que a esperada - em menos três dias as inscrições foram encerradas, e o que era para acontecer em uma única data precisou de duas.
"O temor está instaurado socialmente e, por isso, a demanda por acolhimento cresceu. Entendemos que essa é uma ferramenta importante de compartilhamento, fortalecimento e reconhecimento de pares, para que as pessoas vejam que não estão sozinhas. Acima de tudo, é uma oportunidade de promover a empatia e construir estratégias de superação, autocuidado e autopreservação", acrescenta Eugênio.

Como lidar

De certo modo, todo mundo experimenta ansiedade e estresse em algum momento da vida, mas quando isso se torna crônico e não recebe o tratamento adequado, as consequências podem ser graves para a saúde - com o surgimento de hipertensão arterial, doenças cardíacas, depressão e obesidade e o enfraquecimento do sistema imunológico.
O diretor-executivo associado de Pesquisa e Política Prática da APA explica que é importante cuidar do físico e do emocional, o que se consegue com bom sono, prática regular de exercícios, alimentação saudável, cultivo dos relacionamentos - de modo que possa haver apoio mútuo - e envolvimento em atividades agradáveis.
Ele indica ainda fazer um "detox digital" e limitar as discussões relacionadas à política.
E para quem não consegue ver uma saída, o especialista dá uma esperança: "No geral, a eleição presidencial de 2016 foi uma fonte de estresse para muitos americanos e as preocupações sobre a nação continuam a ser. No entanto, já no ano seguinte, 51% dos indivíduos contaram que isso os inspirou a se voluntariar ou apoiar causas que valorizam, o que sugere que eles estão canalizando suas preocupações para ações que possam ter benefícios para as comunidades locais. Essa é uma maneira positiva de lidar com o estresse e as preocupações e ainda colaborar para a construção de uma sociedade melhor".

domingo, 21 de outubro de 2018

Brasil assume lanterna dos BRICS em índice de competitividade global


Olá alunos, 

A notícia que trazemos hoje diz respeito ao "Relatório Global de Competitividade", publicado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, que trouxe o Brasil três posições abaixo no comparativo com o ano passado. 

Esperamos que gostem e participem. 
Nathalia Marques e Lucas Pessoa são monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.
documento analisa 140 nações e pondera fatores como instituições, infraestrutura, estabilidade macroeconômica, saúde, qualificação profissional, capital humano, dinamismo em ambiente de negócios e inovação. A lanterna geral é ocupada pelo Chade, Iêmen e Haiti, três países que passaram ou passam por conflitos bélicos recentemente.
Para o economista e professor da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga, se levados em consideração os indicadores ponderados pelo levantamento, a colocação do Brasil é justa. O especialista avalia que "burocracia administrativa elevada e a carga tributária alta" são os principais fatores que impedem o país de subir no ranking.
"Quando comparado com países desenvolvidos e os BRICS, o Brasil é aquele que é mais difere. Tem mais burocracia e não possui marco jurídico e regulatório fixo. Aqui se modificam as regras em uma velocidade muito grande, o empreendedor quando abre um negócio, ás vezes antes de começar funcionar vê que a regra já mudou. Não se trata de capacidade ou criatividade, mas de má condição para se fazer negócios quando comparado com outras nações", critica.
Braga aponta que o Brasil usa de 7 a 8 vezes mais funcionários em comparação com a Inglaterra apenas para atender a funções administrativas e governamentais. "No Brasil uma empresa costuma ocupar de 35 a 40% dos seus funcionários administrativos dedicados a trabalhos governamentais como preenchimento de guias, montam arquivos, transmitem informações para órgãos regulares, autoridades tributárias e governamentais", pontua.
Além de trâmites legais complicados, somam-se, na visão do economista, fatores de cunho social como a "má educação [da população], a violência urbana e a corrupção".
Tudo isso faz com que o o investidor, sobretudo o estrangeiro, quando vai direcionar os empreendimentos para determinado país pondere esses fatores. Muitas vezes [o investimento] poderia ser no Brasil, por conta das nossas tradições e potencialidades, e acaba sendo dirigido para outra nação", diz.
No recorte dos BRICS, o ranking traz a China em 28º, Rússia em 43º, Índia em 58º e África do Sul em 67º lugar. O Brasil é apenas o 72º na lista liderada por Estados Unidos, Cingapura e Alemanha.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

A hora do Brasil



Olá alunos, 

A notícia que trazemos hoje aborda o atual cenário político brasileiro e  questões referentes à polarização do debate entre duas frentes com perspectivas bastante diversas.

Esperamos que gostem e participem. 
Nathalia Marques e Lucas Pessoa são monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.

A taxativa vitória do ultradireitista Jair Bolsonaro (PSL) no primeiro turno das eleições presidenciais realizadas no domingo, 7, no Brasil coloca o eleitorado diante de uma decisão radical. No segundo turno, previsto para o dia 28 de outubro, já não se trata de escolher entre duas opções políticas diferentes, mas ambas democráticas, e sim entre um candidato que entende e cumpre os padrões de governança das democracias ocidentais e outro que despreza e considera inválido o sistema de liberdades que desde o final da ditadura garante a igualdade e o progresso de 208 milhões de brasileiros.
Bolsonaro, com um discurso abertamente xenófobo, racista, homofóbico e laudatório da ditadura militar (1964-1985) obteve 46% dos votos, muito perto da maioria absoluta que lhe teria outorgado diretamente a chefia do Estado. Fernando Haddad, do histórico Partido dos Trabalhadores (PT), e candidato sucessor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu passar ao segundo turno com 29,3%. Mais preocupante do que os números é o fato de que as falas de Bolsonaro tocaram amplas camadas da população brasileira que veem esse militar da reserva como a solução da profunda crise institucional e econômica que assola o país há quatro anos e pelas quais culpa exatamente o PT.
A diferença de votos entre os dois é grande, mas não intransponível porque o que está em jogo é muito mais do que uma vitória eleitoral. É assim que devem entender a situação tanto os eleitores de qualquer tendência política quanto Haddad, que pelo segundo turno é obrigado a realizar uma exposição integradora e de abertura em relação aos que até domingo eram seus grandes rivais no campo democrático. Sua candidatura já não é somente a do PT e sim a de todos os democratas do Brasil.
Nessa encruzilhada os que foram rivais de Haddad no primeiro turno farão bem em abandonar a exasperante colocação que apresenta o candidato do PT e Bolsonaro como dois extremos comparáveis. Nada mais longe da realidade. Com todas suas polêmicas, problemas, escândalos e processos judiciais, o PT é um partido que na oposição sempre respeitou as regras do jogo democrático, que ganhou quatro eleições presidenciais de forma absolutamente limpa, sob cujo governo a democracia brasileira se transformou em um exemplo de progresso e que entregou o poder como a lei exigiu mesmo considerando que o procedimento - o impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016 - era politicamente ilegítimo. Pelo contrário, o candidato a vice de Bolsonaro fala abertamente em reformar a Constituição de uma forma ilegal - mediante um conselho de notáveis - e justifica a possibilidade de um golpe de Estado se as circunstâncias permitirem, propostas que Bolsonaro rejeitou. O próprio candidato, no entanto, fala abertamente em dar um papel preponderante ao Exército e carta branca à polícia para matar. Não é possível continuar dando pouca importância a declarações inaceitáveis marcando-as como uma estratégia para ganhar eleições. Nem tudo vale.
O Brasil não é a primeira democracia que vive essa situação. A França já passou por isso em 2002 quando Jean Marie Le Pen chegou ao segundo turno. Os franceses, à época, perceberam que a democracia não tem atalhos e votaram em Jacques Chirac. Agora é a vez dos brasileiros.

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

VI FÓRUM SOBRE ESTADO EMPRESÁRIO E REGULAÇÃO: PERSPECTIVAS LATINO-AMERICANAS



Caros participantes,


Gostaríamos de agradecer a todos que compareceram e vieram prestigiar o "VI Fórum Estado Empresário e Regulação: Perspectivas Latino- americanas" realizado pelo Grupo de Pesquisa Estado, Instituições e Análise Econômica do Direito (GPEIA/UFF) na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense nos dias 27 e 28 de setembro de 2018.

Agradecemos a todos palestrantes que gentilmente aceitaram nosso convite e aos professores, servidores e alunos que de alguma forma estiveram envolvidos com o evento.

Nossos agradecimentos especiais aos discentes da Faculdade de Direito, bem como aos membros do GPEIA, que colaboraram intensamente com a organização do VI Fórum. Esperamos contar com a participação de todos na próxima edição na ocasião do VII Fórum.

Saudações Acadêmicas,

Comissão Organizadora do VI Fórum Estado Empresário e Regulação: Perspectivas Latino-americanas.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Convite!

Olá alunos, 

Viemos convidá-los para o evento "30 Anos de Constituição: Direito, Instituições e Realidade". 




A Conferência Internacional "30 Anos de Constituição: Direito, Instituições e Realidade", organizada pela FGV Direito Rio, tem por objetivo debater criticamente o atual estado do direito constitucional brasileiro, discutindo o processo de construção das instituições democráticas e a sua realidade atual, tendo em vista que este aniversário significa uma transição geracional com impactos diretos no direito constitucional e na realidade política do Brasil.


Data: 04.10 e 05.10
Horário: 9h às 18h
Local: Centro Cultural FGV 
Endereço: Praia de Botafogo, 186 - Botafogo.



Esperamos que gostem e participem, 
Nathália Marques e Lucas Thomaz - Monitores da disciplina "Economia Política e Direito" da Universidade Federal Fluminense.